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De volta à Lua: NASA lança missão robótica em solo lunar Perto de completar 40 anos da chegada do homem à Lua, a NASA lançou uma dupla de sondas que deverá pesquisar água no pólo lunar e de quebra, ainda poderá mostrar vestígios das antigas missões americanas e soviéticas no satélite terrestre.
Por Márcio R. Mendes* de Dois Córregos-SP Para ASTROVIA
Foguete Atlas V partiu com sucesso, levando a dupla de sondas que executará pesquisas lunares. Clique aqui para assistir vídeo do lançamento
No dia 18 de junho de 2009, cerca de um mês antes do aniversário de 40 anos do histórico vôo da Apollo 11, se iniciou mais um notável empreendimento da exploração da Lua. Há quem diga se tratar do empreendimento mais ambicioso desde a última visita ao nosso satélite natural, feita pela Apollo 17, que encerrou prematuramente a missão Apollo.
A agência espacial americana (NASA) confirmou que a dupla sonda lunar LRO/LCROSS partiu com sucesso para sua missão primordial: verificar a existência de água na região polar da Lua. O lançamento ocorreu da Base Militar no Cabo Canaveral (Flórida). O foguete Atlas V levou dois equipamentos da Nasa que, em breve, deverão fornecer dados inéditos acerca do nosso satélite.
O novo engenho, batizado LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter), trata-se de um módulo orbitador de reconhecimento, que terá enormes implicações para futuras missões tripuladas ou não à Lua, quer do ponto de vista geológico, quer do ponto de vista estratégico, dando continuidade à pesquisa e busca de água nos pólos lunares. Já o LCROSS, trata-se de um Satélite de Sensoriamento e Observação de Cratera.
Além desses objetivos prioritários, a LRO permitirá um mergulho na História da conquista da Lua, graças à tecnologia de seus sistemas de imageamento de alta precisão. Será uma excitante "janela para o passado", segundo Craig Tooley, administrador do Goddard Space Flight Center.
Segundo informações da Nasa, uma lista com mais de 50 alvos, incluindo as seis áreas de pouso das missões Apollo e dezenas de pontos onde se encontram artefatos robóticos soviéticos (ainda dos tempos da Guerra Fria), bem como alguns pontos de impactos (como os da parte superior do módulo lunar, depois que eram descartados pelos astronautas) poderão ser revisitados e observados, através da da LROC (Lunar Reconnaissance Orbiter Camera).
Para tanto, o engenho será colocado em uma órbita polar (trajetória que cruza toda superfície lunar de pólo a pólo) a apenas 50 quilômetros de altitude, lançando mão da LROC, que consiste em duas câmeras NACs - Narrow Angle Cameras (proporcionando imagens pancromáticas), uma WAC - Wide Angle Camera (proporcionando imagens em uma escala de 100m por pixel em muitas bandas de cores) e o SCS - Sequence Compressor System, para aquisição de dados.
O veículo lançador (Atlas V) sendo embarcado em avião especial.
Para se ter uma ideia do grau de resolução, será possível ver algo em torno de 0,5 metro por pixel. Com esta resolução, muito provavelmente, será possível ver os artefatos deixados na Lua pelas missões Apollo e outras, contudo, não será possível ver as pegadas dos astronautas, a não ser nas áreas próximas ao estágio inferior do Módulo Lunar ou do carro usado pelos astronautas, onde o solo foi bastante marcado pelo passeio dos astronautas.
Dessa forma, os pontos de interesse histórico envolvem o local de alunissagem dos voos Apollo 11, na região do Mar da Tranquilidade, que serão tomadas conforme evolui o desenvolvimento dos objetivos primários da LRO. Assim, revisitar os pontos históricos não será o objetivo primário da exploração, mas sim a descoberta da água, que seria vital para a futura permanência humana naquele satélite.
Entretanto, serão criadas oportunidades para verificação e tentativa de solucionar velhos mistérios da conquista da Lua, como o paradeiro do primeiro "rover" lunar, o Lunokhod de oito rodas, pesando uma tonelada. Imagens também poderão mostrar o que aconteceu com a Surveyor 4 que, em julho de 1967, parou de transmitir seus sinais, justamente, quando estava pousando em solo lunar. Muito provavelmente, espatifou-se contra o solo e, talvez, seja possível ver o material resultante do impacto.
Também poderá ser confirmado o que aconteceu com um outro engenho soviético, projetado para coletar roboticamente amostras do solo lunar e trazê-las de volta à Terra, que "desapareceu"..
Outra expectativa envolve visualizar o quão perto da cratera "Cone" estiveram os astronautas da Apollo 14, Alan Sheppard e Edgar Mitchell, quando foram forçados a desistir desse objetivo, devido à exaustão. Neste caso estavam a menos de 100 pés da borda da cratera, levando pela primeira vez um carrinho de mão que puxavam, para levar diversos instrumentos e ferramentas (no "jipe lunar" só foi levado material pelas missões posteriores, Apollo 15, 16 e 17).
Veículo lançador é colocado na posição vertical em sua base de lançamento, com o estágio superior sendo montado. O estágio impulsionará o LRO da órbita da Terra para a Lua.
O contexto geológico das áreas de pouso das missões Apollo estará novamente em foco, dando continuidade às pesquisas que tiveram início com as análises das amostras trazidas pelos astronautas. Outro aspecto interessante é o da pesquisa das alterações das áreas de pouso nestes últimos anos, considerando que seja possível a identificação de micrometeoritos (e sua frequência) que podem ter surgidos nos últimos anos, desde que essas áreas foram visitadas.
Mark Robinson, principal investigador do LRO acredita que possa haver mudanças observáveis e isso constituirá em informação importante para futuras missões, no sentido de se estabelecer em solo lunar por períodos mais prolongados.
Também é ponto de interesse a observação das crateras produzidas pelo impacto do estágio superior dos módulos lunares e pelo estágio do foguete Saturno S-4B que foi intencionalmente posto em rota de colisão com o solo, para a produção de crateras e avaliação dos sismógrafos deixados em solo lunar.
Talvez seja possível também a observação dos objetos soviéticos, como as Luna 16, Luna 20 e Luna 24; todos os três foram engenhos de missões bem sucedidas de pouso seguido de retorno à Terra trazendo amostras.
Assim como estes, muitos outros engenhos poderão ser revistos dado o valor histórico e o interesse em conhecer sua atual condição, especialmente no que tange a possíveis mudanças na paisagem lunar observável.
Tudo isso consiste, sem dúvida, em um empreendimento excitante, sobretudo, pelo caráter histórico envolvido por novas descobertas e possíveis surpresas que nos aguardam em nosso satélite natural.
Concepção artística da nave em orbita lunar, antes de mergulhar contra o solo do satélite terrestre.
* Márcio Rodrigues Mendes é professor, físico, astrônomo amador e colaborador de Via Fanzine (Brasil).
- Imagens & vídeo: NASA/JPL.
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