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Passado histórico
Minas Gerais: Minas Gerais e sua agitada História no Século XVIII
“Dorme, meu menino, dorme - que Deus te
ensine a lição Cecília Meireles, Romance V - ou da Destruição do Ouro Podre
Por Paulo Roberto Santos* De Divinópolis-MG Para Via Fanzine 11/03/2013
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Com o fim da ditadura (1964-85), deu-se início a uma revisão e reescrita da historiografia brasileira. Muitos – especialistas ou não – se debruçaram e se debruçam sobre documentos e vestígios, sobre o eco da história que nos chega pelos ditos populares, pelas tradições e costumes, sobre os raros documentos confiáveis e os depoimentos possíveis.
A Real Capitania das Minas Gerais dos Cataguases, com sua capital na Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto (uma das antigas nomenclaturas da atual Ouro Preto), está entre os estados brasileiros a necessitar de profunda revisão, para que se despersonalizem os movimentos e insurreições que demonstravam o nascer do sentimento nativista. Isto é, do germe da brasilidade e, por outro lado, deixar os documentos oficiais – como os Autos da Devassa -, obviamente suspeitos, apenas para complemento e não fundamentação de nossa história.
Não podemos deixar de trazer para esse esboço perguntas que muita gente se faz: para que aprender história? Por que ocupar-se com o passado, com o que já se foi e aconteceu? Que importância tem saber o que se passou em Minas Gerais, mais de dois séculos passados? Em que isso nos serve, hoje?
Certamente, uma pessoa mais ou menos bem informada sabe que, quem não conhece a história costuma repetir a lição, isto é, a repetir os mesmos erros. Esse raciocínio vale tanto para o individual quanto para o coletivo, por isso conhecer a história de um povo, além de aumentar a própria segurança individual e o entendimento de suas origens, ajuda também a sabermos por que, hoje, as coisas são e estão assim e não de outro modo!
Riquezas escavadas, cujo o maior legado, foi o nascimento de várias localidades.
Não resta dúvida de que o século XVIII foi o mais marcante na construção do mineiro e da mineiridade atual. Os antigos ‘geralistas’ foram se constituindo como um povo singular, seguindo caminhos que suas próprias ações abriam, como ocorreu e ocorre em outros estados e países.
No caso de Minas Gerais, nada de um “povo de índole ordeira e pacífica”, como nos ensinavam nas escolas até bem pouco tempo atrás, com fins ideológicos naturalmente. Aqui, como em qualquer parte do mundo, quando os donos do poder atingem e passam dos limites, o povo – de algum modo – reage, e costuma reagir violentamente, seja ou não bem sucedido.
Minas não foi diferente nesse aspecto e esse breve levantamento demonstra um pouco do que se passou nestas terras:
- Guerra dos emboabas, em 1708/09; - Revolta de Pitangui, em 1718; - Revolta de Vila Rica (Felipe dos Santos), em 1720; - Revolta do Sertão, em 1736, uma das mais longas, e que envolveu Brejo do Salgado (atual Januária), Montes Claros, Barra do Rio das Velhas, Urucuia, São Romão, São Caetano do Japoré etc.; - Destruição do quilombo do Campo Grande (do Rei Ambrósio), em 1759, que abrigava escravos fugidos, brancos pobres, indígenas, mineradores, endividados, mamelucos e todo o tipo de gente perseguida naqueles tempos; - Conspiração do Curvelo, em 1775; - Conjuração Mineira, em 1789, abortada pelas inúmeras delações feitas por infiltrados e gente que tinha interesses particulares numa eventual ruptura com Portugal. Militares, padres, fazendeiros, nobres e pobres, escravos e indígenas se misturavam no ressentimento contra a exploração da metrópole portuguesa.
Um fato que não deixa de chamar a atenção é essa participação de vários estratos sociais nas insurreições. Essa composição social diversificada não dava homogeneidade aos movimentos, o que não deixa de lhes abrir determinada fragilidade, considerando que portugueses e nativos dificilmente desejavam, sempre, a mesma coisa naqueles tempos difíceis.
Tais eventos mostram que a história de Minas, tal como foi escrita até pouco tempo atrás, não corresponde à realidade dos acontecimentos – desconhecidos da maioria dos mineiros -, e aguarda pesquisas e novas interpretações, para que se compreenda melhor a Minas de hoje, em função do fio histórico estabelecido com a Minas de ontem.
* Paulo Roberto Santos é professor e sociólogo, seu blog é http://animalsapiens.blogs.sapo.pt/.
- Fotos: Divulgação / Wikipedia.
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