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Paleontologia
Revista Nature: Antepassado do homem não estava só* As descobertas, publicadas na revista científica Nature, tratam da odisseia do nosso ancestral, o humano primitivo de postura ereta conhecido como 'Homo erectus'.
Reconstrução fotográfica de crânio combinado com nova mandíbula inferior Leia também: Paleotocas: Antigas estruturas cavadas por animais extintos Museu Peter Lund vai reunir descobertas paleontológicas do século XIX Antepassado do homem não estava só Tesouro é achado em local de batalha dos cruzados Nas supostas ruínas de Natividade da Serra - Por C. P. Gomar A antiguidade dos registros rupestres do Brasil - Por J.A. Fonseca Cueva de los Tayos: a verdadeira caverna do tesouro - Por Yuri Leveratto Você sabe o que é Arqueologia? - Por Paulo R. Santos
O antepassado do homem moderno dividiu o planeta com, pelo menos, outras duas espécies relacionadas, quase 2 milhões de anos atrás, afirmaram cientistas nesta quarta-feira, apontando para peças recém-escavadas de um quebra-cabeças que já dura 40 anos.
As descobertas, publicadas na revista científica Nature, tratam da odisseia do nosso ancestral, o humano primitivo de postura ereta conhecido como 'Homo erectus'.
O 'H. erectus' e o parente construtor de ferramentas denominado 'Homo habilis' foram provavelmente contemporâneos de uma espécie ainda mais antiga, denominada 'Homo rudolfensis', argumentam os cientistas.
"A evolução humana não (é) claramente a linha reta que se pensava anteriormente", afirmou o co-autor do estudo, Fred Spoor, em teleconferência.
Spoor e uma equipe de cientistas escavou fragmentos de dentes, face e mandíbula datados do período Pleistoceno, em um sítio a leste do lago Turkana, no norte do Quênia, entre 2007 e 2009.
A descoberta pôs um fim a uma busca angustiante por pistas sobre o hominídeo de rosto reto e grande cérebro, cujo crânio tinha sido encontrado ali perto em 1972.
Conhecido como KNM-ER 1470 ou simplesmente como 1470, o hominídeo teria vivido cerca de dois milhões de anos atrás.
Mas esta foi a única coisa que ficou clara, já que paleontólogos brigaram asperamente sobre sua identidade.
Até 2007, tal evidência permaneceu indefinida, uma vez que no crânio faltava o osso da mandíbula inferior, parte vital da evidência.
"Então, nossa sorte mudou magicamente e no prazo de três anos, encontramos três fósseis que acreditamos ser tributáveis à mesma espécie do 1470", disse Meave Leakey, que tinha descoberto o 1470 juntamente com seu marido, Richard Leakey.
Louise, a filha do casal, integrava a equipe que descobriu os novos fósseis.
Os novos fragmentos de dois indivíduos que se parecem com o 1470 têm entre 1,78 e 1,95 milhão de anos e foram encontrados no raio de um quilômetro do local onde foi descoberto o 1470.
"Um dos grandes problemas com o crânio do 1470 era que, embora fosse notavelmente completo, com a caixa craniana completa e uma parte considerável da face, não tinha dentes, nem a mandíbula inferior", disse Spoor.
"Este (novo) pequeno crânio tem dentes e de fato os dentes estão muito bem preservados", acrescentou.
Os novos fósseis foram cuidadosamente removidos do arenito usando uma broca de dentista antes de serem escaneados por dentro e por fora em um hospital de Nairóbi, capital do Quênia.
Os escâneres foram usados em uma reconstrução virtual de toda a mandíbula inferior, que demonstrou ter um bom encaixe com a mandíbula superior do 1470.
O resultado: um hominídeo que muito provavelmente é de uma linhagem mais antiga do 'homo' chamada 'H. rudolfensis'. Se assim for, significa um golpe em uma teoria contrária de que o 1470 seria um 'Homo habilis' com má-formação.
"Falando estatisticamente, as chances de que esta seja realmente uma espécie diferente aumentaram enormemente", disse Spoor.
As três espécies supostamente ficaram fora do caminho umas das outras e tinham alimentação diferente, supõem os autores.
A descoberta é "significativa porque eles respondem a uma questão chave em nosso passado evolutivo: quão diverso foi nosso gênero perto da base da linhagem humana?", explicou Leakey.
Para outros especialistas, a descoberta mostrou que a família humana de seis milhões de anos teve três raízes complexas, mas alertaram sobre como deviam ser interpretadas.
Algumas autoridades, por exemplo, argumentam que o 'Homo erectus' evoluiu do 'Homo habilis', enquanto outros insistem que os dois eram primos ou espécies irmãs.
Os fósseis "ajudam a confirmar a existência de um tipo distinto de humano antigo cerca de dois milhões de anos atrás", afirmou Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres.
* Informações de Mariette le Roux | AFP.
-Foto: Fred Spoor/Nature.
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