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Pré-história mineira
Minas Gerais: Há 10 mil anos O que houve em Minas é uma pequena amostra do que a natureza é capaz. Nada e nenhuma espécie, vegetal ou animal, é estático, imutável.
Por Paulo Roberto Santos* De Divinópolis-MG Para Via Fanzine 23/11/2012
Luzia: uma mineira pigmeu de épocas pré-indígenas. Seu fóssil foi pesquisado por Walter Alves Neves. Leia também: Um reino africano no Centro de Minas? Andanças por Minas: segredos pouco explorados Brasil Antigo: Algumas Hipóteses Antepassado do homem não estava só Museu Peter Lund vai reunir descobertas Pesquisador russo destaca o trabalho de Gabriele Baraldi Rússia: Mistérios em torno do geoglifo no Ural Entrevista com o pesquisador Carlos Pérez Gomar
Será muito difícil imaginar como era Minas Gerais há dez mil anos ou mais? Com alguma pesquisa e as informações já coletadas pelos pesquisadores, dá para visualizar uma região com topografia um pouco diferente da atual, embora não com a mesma flora e fauna.
Animais imensos, como um bicho preguiça do tamanho de um carro popular, ou um tatu de proporções também imensas, se comparado com seus parentes atuais, perambulavam por aqui. Predadores como o tigre dente-de-sabre, convivendo com uma espécie humana de baixa estatura, que habitou entradas de cavernas praticamente por todo o estado, com vestígios bem visíveis ainda hoje de Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, a Pains, no centro-oeste mineiro.
Um ambiente mais úmido do que o de hoje. Os animais desapareceram e os humanos daquela época também. As plantas se modificaram com as variações do clima, e o cerrado de hoje é o resultado do processo de adaptação às mudanças, tanto quanto os animais que hoje por aqui vivem são, em parte, os sucessores dos seus antepassados enormes ou mesmo, menores.
Os indígenas vieram depois, lentamente. Não se sabe ao certo se do norte, pela América do Norte e Caribe, ou se pelo oceano Pacífico, ou se de ambas as direções, o que é bastante provável. Os traços asiáticos demonstram sua origem ancestral, e depois espalharam-se por várias regiões. Muitas espécies humanas desapareceram e outras se aclimataram aos novos ambientes. O homem de Neanderthal cedeu lugar ao Homo sapiens de hoje, a partir do período holoceno.
O que houve em Minas é uma pequena amostra do que a natureza é capaz. Nada e nenhuma espécie, vegetal ou animal, é estático, imutável. As mudanças climáticas – nos ritmos e ciclos da natureza -, se revelam pelas adaptações de algumas espécies, ao lado do desaparecimento de outras. Adaptar-se faz parte dos mecanismos de sobrevivência.
Minas Gerais de hoje é diferente da Minas de dez mil anos atrás. Sem dúvidas! Ainda são muitos os segredos e mistérios. Nos últimos quinhentos anos, mais mistérios e segredos se somaram para serem desvendados pelos pesquisadores e interessados em conhecer melhor como a vida acontece.
Há lugares para se visitar e conhecer como era essa região nos milênios passados. O Museu de História Natural da UFMG e o museu da PUC-MG são duas boas opções. Pode-se visitar também a Gruta da Lapinha, próxima de Lagoa Santa; ou ainda a Gruta de Maquiné, perto de Cordisburgo, terra do escritor João Guimarães Rosa.
Existem aqueles que montaram coleções pessoais, a partir de achados em fazendas, durante escavações para construções, por conta de desabamentos, barrancos que caem e deixam à vista um ou outro segredo do passado, ou mesmo quando os tratores passam para arar a terra em preparo para o cultivo e arrancam pedaços de urnas funerárias indígenas, ou restos de cabanas de quilombolas.
Pena que nossa gente saiba tão pouco sobre isso. Parece que a história de Minas começa com o suposto descobrimento do Brasil em 1500, ou quando os ditos 'bandeirantes' se aventuraram por essas terras a partir do século XVI, ou pior: há quem pense que nossa história começa com os personagens que marcaram movimentos, como o da Inconfidência Mineira.
Com isso, não é de se estranhar um fato da minha infância, que só vim a compreender mais tarde: que uma 'pedra' usada para segurar uma porteira era, na verdade, um machado de pedra polida, sabe-se lá feito há quantos séculos.
Desinformação, desinteresse das autoridades públicas, escassez de pesquisadores, sejam amadores ou profissionais, falta de verba para um tipo de pesquisa sempre demorada, multidisciplinar, perigosa e cara, dentre outras coisas, permite que nosso passado pré-histórico (e histórico também) seja destruído pelo tempo, pela ignorância ou pela ganância das mineradoras que transformam pré-história em cimento e cal.
Há que se fazer alguma coisa, como se faz em outros países onde se sabe que a história da terra é parte da história constitutiva de um povo, e da formação do sentimento de coletividade e de pertencimento (tão necessários à estabilidade social), como da formação da personalidade de cada indivíduo.
Divulgar, informar, esclarecer… São tarefas para todos aqueles que conhecem, mesmo que um pouco, o assunto aqui tratado.
Luzia**
Luzia foi o nome que recebeu do biólogo Walter Alves Neves o fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas, com cerca de 11.400 a 16.400 anos e que reacendeu questionamentos acerca da teorias da origem do homem americano [imagem cima].
Este crânio de uma mulher, com cerca de 20 anos, foi encontrado no início dos anos 70 pela missão arqueológica franco-brasileira, chefiada pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire (1917-1977).
O crânio foi achado em escavações na Lapa Vermelha, uma gruta na região de Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, famosa pelos trabalhos do naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880), que lá descobriu, entre 1835 e 1845, milhares de fósseis de animais extintos do período Pleistoceno - além de 31 crânios humanos em estado fóssil - no que passou a ser conhecido como o Homem da Lagoa Santa. Tinha hábitos de comer plantas, frutas, raízes e raramente carne.
* Paulo Roberto Santos é professor e sociólogo, seu blog é http://animalsapiens.blogs.sapo.pt/.
** Informações da Wikipedia.
-Foto: Divulgação / Wikipedia.
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