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Desarmamento
no Brasil:
Um golpe fatal na Democracia*
O mais grave é verificar o silêncio quase
unânime da oposição,
da imprensa, dos formadores de opinião.
Sarney acaba de defender a revogação do chamado Estatuto do
Desarmamento, aquele que, aprovado ao apagar das luzes de 2003, ainda
sobre a vigência do mensalão, prometia acabar com os homicídios, diminuir
a criminalidade e desarmar os criminosos e malucos. Ele ainda vai mais
longe, defende que uma nova lei seja aprovada imediatamente, proibindo
qualquer possibilidade de o cidadão possuir uma arma legal.
O chamado Estatuto do Desarmamento falhou inexoravelmente
em todos os quesitos em que se propôs a trazer melhoras. Nos últimos dados
divulgados pelo Ministério da Justiça, o número de homicídios ultrapassa
novamente a casa dos 50 mil mortos, a violência assola o Brasil, os
malucos compram armas ilegais sem qualquer problema e os traficantes e
membros do crime organizado desfilam com seus fuzis e metralhadoras.
Mas voltemos ao Sarney. Não se trata de qualquer um, não se
trata apenas de um político demagogo querendo chamar atenção. Ele não
precisa disso, afinal, de forma direta ou indireta, está no poder há mais
de 30 anos ininterruptos, com democracia ou na ausência dela. Trata-se do
presidente do Senado Federal, que quando fala, o faz em nome daquela casa,
de seus integrantes e, no atual momento, do próprio governo federal.
Sarney então propõe, na prática, que o resultado do
referendo de 2005 seja apagado, cancelado por decreto! Será que todos
conseguirão entender a gravidade disso? O duro golpe que a nossa
recém-nascida democracia irá levar? O perigo de se abrir um precedente
onde o “clamor popular” é mais forte que o voto e a constituição?
A verdade é que não existe democracia onde o voto da
maioria não é respeitado. Caminhamos para uma democracia de faz-de-conta.
Uma democracia como a de Hugo Chaves e outros tantos tiranetes que
infestam o mundo. Um exemplo do que não se pode fazer em uma democracia.
O mais grave é verificar o silêncio quase unânime da
oposição, da imprensa, dos formadores de opinião. Triste Brasil, onde
democracia é quando eu mando em você e ditadura é quando você manda em
mim; onde o sangue de crianças em uma pobre escola de periferia, sem
segurança nenhuma, é usado para escrever o AI-5 da “segurança pública”.
*
Informações de Agência Viva Brasil (www.movimentovivabrasil.com.br).
08/04/2011.
* * *
Comparações
trabalhistas:
Vale quanto pesa
Poderá o cortador de cana alcançar o cargo
de procurador, mas ao
procurador não se admite utilizar de seus
conhecimentos para cortar cana.
Por
Caio Britto*
Certa vez ouvi alguém
falar que um procurador deveria ganhar o mesmo tanto que um cortador de
cana. Está errado!
Os dois poderiam até
ganhar o mesmo perdão, mas em termos materiais, isso nunca poderia
ocorrer, sob pena de se massacrar o que se definiu por igualdade.
Em Portugal, o “vale
quanto pesa” era utilizado pelos mercadores e comerciantes para definir o
valor dos produtos comercializados tendo como parâmetro o peso que
apresentavam.
Com base nisso, a
considerar a necessidade de se igualar os rendimentos de um cortador de
cana ao de um procurador, estabelece-se a relevância dos serviços
prestados por aquele e a irrelevância dos serviços prestados por este.
Será esse pensamento fruto do socialismo?
Esta resposta somente
se dará ao se comparar as oportunidades postas à disposição do povo, ou
seja, se ao cortador de cana foi dada a mesma oportunidade dada ao
procurador para exercerem a mesma função.
Poderá o cortador de
cana alcançar o cargo de procurador, mas ao procurador não se admite
utilizar de seus conhecimentos para cortar cana.
Aqui reside o
verdadeiro socialismo, ou seja, na igualdade de oportunidades, sobretudo
no que tange à alimentação, transporte, saúde e educação, dentre outras
definidas na CF. Todavia, essa igualdade não poderá corromper as carreiras
de Estado, altamente relevantes para o desenvolvimento da nação.
Lei 11.890 de 24 de dezembro de 2008.
Já ouviram falar na
expressão “o tiro saiu pela culatra”? É basicamente isso, ou seja, a
ideologia política aplicada no país poderá render péssimos frutos se não
reconhecer a relevância das carreiras de Estado, inclusive e, sobretudo no
que tange às suas remunerações.
A CF determinou que
nenhuma remuneração ou subsídio dos cargos relacionados à carreira de
Estado possam ser superiores, em espécie, à dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, especificando as diferenças nos Estados e Municípios no
que tange aos cargos do Executivo, Legislativo e Judiciário. Tá certo!!!
O que não está certo é
a tentativa frustrada de mais uma vez igualar os rendimentos de todas as
carreiras, na conhecida modalidade do “efeito cascata”.
Ministros do Supremo
Tribunal Federal tem que ter o reconhecimento de suas funções com
remunerações dignas, proporcional à relevância de suas atribuições, o
mesmo ocorrendo com o Presidente da Republica e Presidente do Congresso
Nacional e suas respectivas paridades nos Estados e Municípios, inclusive
com o maior escalonamento com os demais cargos.
O que não se tem como
razoável é que todas as carreiras se igualem em relevância, refletindo
essa igualdade nas remunerações em espécie.
A permanecer a
estrutura atual com a tentativa de se igualar o inigualável, “só por
Deus”, evidenciada esta conclusão nos diversos escândalos noticiados pelo
país. Este é o cerne da igualdade.
Salvo melhor juízo,
esta é única esperança de se imperar no país a verdadeira segurança
jurídica, a esperança de se ter o povo sendo atendido por servidores
verdadeiramente comprometidos e éticos, esperança de se fazer prevalecer
os direitos das crianças e adolescentes, de menos normas penais, de mais
cadeias, mais hospitais, mais escolas, mais transportes, enfim, de um país
mais justo para se viver.
Se após isso, alguém
não se definir com estas qualidades, “nem por Deus”...
* Juiz de Direito -
Especialista em Direito Tributário/UFMG - Doutorando UMSA.
Art. 37 – A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XI – a remuneração e o
subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o
subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos.
* * *
Brasil das eleições 2010:
Terrorista e lésbica não assumida
'Daí
a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus'.
Por Guaracy de Castro Nogueira*
A Igreja Católica, religião da imensa maioria do povo
brasileiro, como responsável pela defesa da fé, da moral e dos princípios
fundamentais da lei natural que – por serem naturais, procedem do próprio
Deus e por isso atingem a todos os homens, denunciou e condenou, como
contrárias às leis de Deus, todas as formas de atentado contra a vida, dom
de Deus, como o suicídio, o homicídio, assim como o aborto, pelo qual,
criminosa e covardemente, tira-se a vida de um ser humano, completamente
incapaz de se defender. Por isto a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), recomenda a todos os cristãos e verdadeiros católicos a que
não dêem seu voto à Senhora DILMA ROUSSEFF e demais candidatos que a
aprovam e sustentam sua candidatura, independentemente do partido a que
pertençam.
“Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
Com esta frase, Jesus definiu bem a autonomia e o respeito, que deve haver
entre a política (César) e a religião (Deus). Por isso, a Igreja não se
posiciona nem faz campanha a favor de nenhum partido ou candidato, mas faz
parte de sua missão zelar para o que é de “Deus” não seja manipulado ou
usurpado por “César” e vice-versa.
Na atual conjuntura política, o PT, através de seu III e IV
Congressos Nacionais (2007 e 2010, respectivamente), ratificando o 3º
Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3) se posicionou pública e
abertamente não só a favor da legislação do aborto, contra os valores da
família e contra a liberdade de consciência. Vale dizer, é favorável ao
controle e limitação da liberdade de imprensa.
O PT de José Dirceu, eterno presidente de fato do partido,
que Dilma Rousseff esconde com muita habilidade, terá mais poder com ela
do que com Lula. O PT é que vai dar as cartas e, segundo as pesquisas,
está numericamente mais forte. Vai fazer uma bancada grande e experiente
no Senado. Será, assim, o líder no Congresso de uma imensa tropa formada
desde o PC do B ao PP do Maluf, depois de já ter transformado a CUT, o MST
e a UNE em agências do governo, financiadas com gordos recursos públicos;
já ter aparelhado o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a
Petrobrás, o BNDES; e estar em vias de extirpar a oposição, como disse
Lula sobre o DEM.
José Dirceu tem razão: “a eleição de Dilma é mais
importante do que a de Lula, porque é a eleição vitoriosa do projeto
político”. Lula foi apenas um meio para se chegar a um fim, ao tal sonhado
projeto político do PT. E viva Maquiavel!
E tudo com o inestimável apoio do PMDB e de outros canalhas
e calhordas (os ‘cc’ que ainda dominam parte da política brasileira): José
Sarney agregado ao Michel Tener. Está de volta Fernando Collor. E Renan
Calheiros e Jader Barbalho. Rosana Sarney e seu irmão Sarney Filho, no
Maranhão. Ideli Salvati em Santa Catarina e Martha Suplício em São Paulo.
E não podemos nos esquecer dos velhacos Delúbio Soares e José Genoíno, os
líderes dos bandidos “Sem Terra”, Pedro Stedille e José Rainha, além do
Minc com uniforme de guerrilheiro e sequestrador. Temos no governo
professores especializados em mensalinhos e mensalões, com curso intensivo
como esconder dinheiro na cueca, na meia, na bolsa, ministrado por Marcos
Valério, José Adalberto Vieira e José Nobre Guimarães.
No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis,
como diz Arnaldo Jabor, ou melhor, explicáveis demais. Toda a verdade já
foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas.
Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão fichados pela Justiça
e nada rola. A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe. A mentira
é a base deste sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias,
mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão
inútil, impotente, desfigurada! Isto é uma situação inédita na História
brasileira!
Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os
cheques assinados, as contas no estrangeiro, as provas irrefutáveis, mas o
governo psicopata de Lula que nada vê, nada escuta, nega e ignora tudo!
E a população ignorante engole tudo e nada reclama. Como é
possível isso? Simples: O Judiciário paralítico entoca todos os crimes nas
garras da lentidão e da impunidade.
A última notícia é mais do que um grande escândalo, é uma
prova de que a terrorista não assume o que ela mesma certamente considera
reprovável. No vale tudo da campanha eleitoral, surge a figura de Verônica
Maldonado, com dois retratos na Internet, dizendo que “Dilma Rousseff é
lésbica, mas nunca quis, publicamente, assumir o romance com ela, e diz a
morena Verônica: “nós nos relacionamos durante mais de quinze anos, mas
quando surgiu oportunidade em Brasília, ela nunca mais quis saber de mim”.
Possui fotos, cartas e outros documentos que comprovam a relação
duradoura. E diz que deixou de trabalhar, de estudar, apenas para ficar
com ela. Por achar que tem direitos como qualquer outra mulher, contatou o
advogado Dr. Celso Langoni Filho que lhe disse ser concreta a
possibilidade de ganho, porque houve uma relação estável e duradoura fácil
de provar.
É o fim do mundo. Está provado que Lula não gosta do
Brasil, mas somente dele mesmo, quando nos empurrou esta candidata,
terrorista e lésbica (não assumida!). E, ainda, teremos que tolerar o
continuísmo de uma incompreensível política externa, uma vergonha para o
Brasil, de braços dados com Chavez, Evo Morales, o Bispo Papão do
Paraguai, Fidel Castro e seu irmão Raul Castro, amigos das FARC`s da
Colômbia, para não falar do líder de um regime teocrático, violento e
isolado, Ahmadinejad, do Hamas.
* Guaracy de Castro Nogueira é genealogista
e historiador mineiro. Foi reitor da Universidade de Itaúna e
vice-prefeito da cidade.
* * *
Apagão de 10/11:
E fez-se a escuridão...
Todos nós sabemos que a energia elétrica é
fundamental.
Por Ana Vargas*
Para
Via Fanzine
Pelo menos milhões de nós não conseguiram ou conseguiriam
imaginar a vida sem a possibilidade de uma luz sempre acesa, de um
computador sempre acessível, de informações televisivas sempre renovadas
etc. Todos nós lemos tanto, muito, incessantemente; sobre a maravilha que
é viver em meio a tanta modernidade, tantas facilidades tecnológicas – “o
mundo ao alcance das mãos”, nos dizem as propagandas; “ a vida em um
segundo”, “em um clique!” nos diz alguém em outro comercial – todos nós
podemos viajar para o extremo do mundo porque os aviões são tão seguros e
é possível comprar a passagem pela internet (mesmo que você vá para a
Turquia! Isso, absolutamente, não importa!); aliás, é possível comprar
tudo pela internet, até pessoas (que o digam os dados relacionados ao
tráfico humano neste milênio).
No meio de tanta contemporaneidade – o mundo urbano moderno
é clean e belo como um sonho cinzento, mas doce – nos esquecemos que esta
modernidade tem um preço. Estamos no meio da máquina consumista, mas não
conhecemos de fato, seu centro; e não nos demos conta por exemplo, que a
água que bebemos não “nasceu” naquela garrafa de plástico e o mesmo vale
para o leite; que a caixinha não produziu por sua própria vontade.
Estamos alheios aos processos de produção, apenas
consumimos e consumimos.
Mas, e quando há uma pane em uma das grandiosas empresas de
energia (uma das maiores do planeta) que impede que a roda continue
girando? E quando a fagulha que permite que todas as conexões se façam de
forma adequada; simplesmente para. Estanca? Em um segundo – um clique –
toda a modernidade urbana desaba no vazio e mal enxergamos nossos pés!
São Paulo mergulhada na escuridão: trens parados cheios de
gente (apesar de não ser horário de pico), plataformas lotadas, pontos de
ônibus às escuras, pessoas perdidas no cinza chumbo das ruas e tentando
usar celulares que não funcionavam; semáforos cegos, um horizonte de
edifícios semelhantes a esculturas tenebrosas, como rochedos pontudos em
noites de tempestade.
E o pior: de repente percebemos ‘claramente’ (um paradoxo)
que o céu urbano não tem estrelas, que as camadas de poluição
constantemente lançadas na atmosfera encobriram-nas e transformaram este
céu em uma massa de cor indefinível, nem marrom nem cinza – feia, apenas.
Ver a maior cidade do Brasil às escuras é uma experiência que faz pensar o
quão pequenos somos nós, o quanto a modernidade não resiste a uma queda de
energia e todas as discussões sobre acesso à Internet, avanços
tecnológicos, googles e derivados, são nada, diante do fato de que é
preciso energia para que tudo isso funcione (e para que viajemos, tenhamos
a água e o leite, a tevê nos contando do “apagão”: - isso não é
bizarro?!).
A energia é o anima da modernidade, mas nada sabemos sobre
ela e seus intrincados processos de produção (talvez não sejam assim tão
intrincados) até que nos falte. Cegos, como personagens de Saramago,
dormimos, em meio a toda modernidade que fomos (e somos) capazes de
produzir ( enquanto houver energia).
* Ana Claudia Vargas é jornalista, mineira de Dores
do Indaiá. Seu e-mail de contato é
vargas.anac@gmail.com.
* * *
A segurança em voo:
Aviação: o destino preso por um parafuso
Quando a tecnologia faz com que a vida de
centenas de pessoas
dependa cada vez mais de pequenos
microchips de 10 dólares.
Por Fábio Bettinassi*
De Araxá-MG
Para
Via Fanzine
Painéis do Airbus
330.
Ao ver acidentes como este voo 447 da Air France imagino
quantos universos deixaram de existir numa fração de segundos, universos
pessoais formados pela experiência adquirida ao longo de uma vida de
esforços e renúncias, momentos felizes e amores vividos. Universos que
compunham o filme da vida de todas as pessoas que lá estavam.
Diante tamanho acontecimento chocante, eu, particularmente,
prefiro acreditar que fatos como estes seguem desígnios divinos baseados
em leis do karma e do destino, as quais cada pessoa está predestinada ao
evento. Porque não raro são os casos onde sobreviventes de tragédias saem
ilesos em condições ‘miraculosas’, seja na aviação, em incêndios ou
explosões, nas navegações marítimas e até o caso de um físico russo que
estava presente no momento da explosão do reator de Chernobyl e vive até
hoje, mesmo tendo recebido uma quantidade enorme de radioatividade.
Independente da ação de uma força divina, dos possíveis
desígnios de um karma coletivo, ou qualquer outra explicação impressa pelo
prisma das crenças, fato é que a tecnologia da aviação atingiu um ponto de
extrema complexidade, tornando-se dependente de uma ampla quantidade de
sistemas e componentes. Todo este aparato tecnológico, a qualquer momento,
pode entrar em pane, provocando um ‘shutdown’ em cascata e
fatalmente levar uma aeronave ao colapso. Isso mostra que a tecnologia
está fazendo com que a vida de centenas de pessoas dependa cada vez mais
de ‘pequenos microchips de 10 dólares’, o que, em termos humanistas, se
traduz na imagem da própria desvalorização da vida.
É muito triste constatar que o acidente da TAM, no
aeroporto de Congonhas, ceifou mais de cem vidas por causa de um parafuso
que travou o mecanismo do reverso do motor. Mais triste ainda foi o
destino do Boeing da Gol se chocou com um Legacy, apenas porque um piloto
não apertou determinado botão e não ouviu a ordem do rádio de elevação de
altitude, ou seja: nossos amigos e parentes estão morrendo por causa de
relés, parafusos e botões desligados. Afora uma infinidade de pequenos
problemas em termos de segurança, que não vemos e nem ouvimos falar, mas
que podem ser configurados como ‘potenciais acidentes’ que ainda não
ocorreram.
Quem assiste ao clássico programa May-Day exibido no
National Geographic Channel, pode ter uma idéia da complexa rede de
sistemas interoperando em harmonia, envolvendo os sistemas aviônicos da
aeronave, satélites, sistemas redundantes, regras de voo e todo um extenso
e maçante protocolo de comunicação que faz parte do mundo da aviação
comercial. A dúvida começa a incomodar quando vemos que toda esta
tecnologia que requer atenção e comprometimento, passa a ser operada por
profissionais estressados, sob pressão de uma companhia, massacrados pela
burocracia interna e com as capacidades psicofísicas alteradas, somados os
problemas naturais do cotidiano. São fatores que abalam a plenitude dos
sentidos e do raciocínio rápido.
Isso tudo me faz crer que a aviação moderna precisa
urgentemente ser repensada em sua totalidade, envolvendo não só a
tecnologia de aeronaves, como toda a estrutura aeroportuária e a forma que
o público se relaciona com este meio de transporte fantástico.
É um absurdo que, após altas cifras gastas em
desenvolvimento, acidentes como estes façam desaparecer centenas de vidas
num piscar de olhos. Afinal, neste mundo, ninguém pode ser substituído,
pois quem é capaz de substituir um bondoso pai ou a mãe dedicada? Ou mesmo
substituir um grande músico como Bach ou um pensador com Einstein?
A aviação necessita de uma reengenharia total, levando em
consideração não só o presente como o futuro das gerações. Já se torna
necessária nova tecnologia em propulsão; aeronaves menos complexas e com
combustíveis diferentes; outros materiais para fuselagem, bem como design
completamente diferente das aeronaves convencionais da atualidade, que
envolveria não só uma nova visão de engenharia e arquitetura como também o
estudo de uma nova física de materiais.
Algo assim, seria o maior projeto em conjunto já feito pela
humanidade e levaria décadas para ser implementada em totalidade, pois
exigiria uma avançada cooperação internacional, conectando institutos de
pesquisa, universidade e cientistas de todos os ramos. Além disso, seria
necessária uma completa reforma nas leis da aviação global, bem como um
giro de 180 graus na concepção de aeroportos e a localização destes. Com a
expansão da aviação comercial, o voo de baixa altitude sobre grandes
centros urbanos, se faz cada vez mais um grande risco.
O investimento será alto e a trilha muito dura, mas os
benefícios que vão surgir para a aviação mais segura serão enormes, o que
por si só já compensa o esforço, pois para quem cruza os céus
apressadamente, não há nada mais gratificante do que a certeza de um outro
dia.
*
Fábio Bettinassi é publicitário, pesquisador em assuntos aeroespaciais e
co-editor do portal
UFOVIA.
* * *
Crença e lei:
Estuprar está permitido: só não pode
abortar!
Quem poderá nos dizer
o
que são pecadinhos e pecadões?
Por
Rita Shimada Coelho*
De São
Paulo-SP
Para
Via Fanzine
Em meio a correntes, campanhas e repasses de mensagens na
internet sobre as atitudes intransigentes do Arcebispo de Olinda, não pude
deixar de escrever sobre minha opinião diante desse ocorrido.
Quando vi a primeira entrevista, a frase que mais me chocou
foi: “As leis humanas quando vão contra as leis de Deus, vão contra Deus”.
Embora me trouxesse a memória às tantas leituras que fiz sobre a
Inquisição, onde a Igreja Católica usava o nome de Deus para impor seu
poder até mesmo sobre os soberanos, me contive, mesmo sabendo que as leis
humanas tiveram como base e inspiração os dez mandamentos.
Mas, quando ouvi esse senhor dizer que “o aborto é pior que
o estupro”, eu não pude me aguentar! Me questionei o que homens que vivem
em celibato sabem sobre sexo. Homens que não se casam por suposta devoção,
acreditam poder opinar ou formar opinião sobre sexo e casamento.
Justamente esse homens que em números só aumentam, são acusados de abuso
sexual e pedofilia. E não sou eu quem está afirmando, esse fato é
noticiado todos os dias.
Mais estarrecida eu fiquei ao assistir o documentário da
BBC de Londres Sexo e o Vaticano, mostrando em países onde a Igreja
Católica domina, crianças sendo violadas, se engravidando e sendo exigidas
a terem os bebês. No México uma criança de oito anos foi estuprada e seus
pais optaram pelo aborto, mas foram também excomungados pelo líder
religioso local. Na África, o índice de gravidez por estupro e a AIDS
cresce descontroladamente, pois a própria igreja proíbe o aborto e o uso
de preservativos, sob alegação ignorante: a camisinha possui micro poros
que permitem a passagem do vírus HIV. O que se pode compreender quanto a
isto? Os homens podem deflorar quantas mulheres quiserem e podem ser
infiéis, e as mulheres não devem exigir proteção, pois não adianta? É
isso?
'Gostaria de entender
que pensamento é esse que acredita
existir um poder
masculino sobre a vontade das mulheres'
E a afirmação desse senhor de que aborto é pior que estupro
latejava em minha mente. E a história de influência dessa religião através
dos tempos me fez ter mais convicção do poder nocivo que ela causa à
sociedade. No dia Internacional da Mulher, não pude escrever uma mensagem
decente pela realidade absurda que as mulheres vivem em pleno século XXI.
A Mulher, ao longo de nossa história, sofre todo tipo de preconceito e
podemos ver de onde a semente vem sendo proliferada.
Gostaria de entender que pensamento é esse que acredita
existir um poder masculino sobre a vontade das mulheres. Que pensamento é
esse de homens que acreditam poder possuir e violar o corpo da mulher
quando bem deseja, sem levar em conta a vontade dela? Não me generalize
alguém o comportamento da mulher baseando-se na postura vulgar de algumas
poucas que foram condicionadas a acreditar que para serem alguma coisa é
preciso ser submetidas a caprichos... A mulher nasce com sensualidade,
beleza, doçura à flor da pele e até hoje é mal interpretada por homens que
só conseguem pensar com aquilo que balança entre as pernas.
Que tipo de pessoa é essa que determina que um estupro não
seja pior do que um aborto? É por isso que as mulheres estupradas além de
viverem suas vidas estigmatizadas pela vergonha e trauma dessa experiência
brutal, ainda assim são discriminadas?
Onde estão os bispos e arcebispos para excomungar
estupradores, políticos corruptos, médicos negligenciadores, pedófilos,
assassinos, ladrões, exterminadores? Seria preferível assistir uma criança
inocente perder a vida por causa dos atos bestiais de um adulto
descontrolado, a poupar-lhe a vida? E quem trabalhou por isso é que merece
punição? É impressionante: já trabalhei no Censo e muitas pessoas sem
religião definida respondem serem católicas apenas 'para constar'. Já vi
traficante se declarar católico e frequentar assiduamente terreiros de
Umbanda e missas e nenhum dos dois lados o excomunga!
Eu cresci assistindo a hipocrisia católica, principalmente
em época de Carnaval, onde durante três dias são permitidos todo tipo de
sandice sodomista e depois basta um dia de missa para expurgar os pecados.
'Acabei de receber
comunicado de uma campanha onde várias pessoas
estão enviando
e-mails para o arcebispo de Olinda pedindo excomunhão'
E estão aí os donos da verdade, pretensas vozes de Deus na
Terra dizendo quem deve ser punido e quem não deve... Que estuprador
merece participar de missas, mas quem luta por vida merece o inferno.
Prova disto são as senhoras de bem das
Comissões Pastorais dos Direitos Humanos que defendem os
infratores de nossas leis que colhem as consequências de seus atos, após
assassinar e violar a vida de pais mães de família que não recebem nenhuma
assistência.
Crianças são estupradas e abusadas todos os dias e
compreendo que sob proteção desta igreja que releva e justifica estupros e
atos impensados, mas pune atos em prol da vida. As atitudes desse senhor,
assim como de outras religiões são a causa da injustiça ter tanto poder!
Acabei de receber comunicado de uma campanha onde várias
pessoas estão enviando e-mails para o arcebispo de Olinda pedindo
excomunhão e aplaudi de pé essa atitude. Pois acredito piamente que aquilo
que é nocivo e traz morte e destruição, não provém de Deus. E ninguém
perde nada renunciando uma religião que prega com imposição que as pessoas
devem manter-se sujeitas a todo tipo de opressão. Onde a mulher é vista
como objeto e fossa de dejetos... Como uma preocupação secundária... Como
causadora de uma situação e não vítima...
Após o dia internacional da mulher, ela ainda é colocada na
fogueira e no lago de enxofre para arder até a alma. O estuprador, o
marido que agride e espanca, o assediador, o macho que acredita numa falsa
superioridade é sempre poupado, enquanto a mulher continua sendo válvula
de escape, saco de pancada e artifício para justificar a extrema
ignorância de pessoas que utilizam o que acreditam ser mais fraco para se
impor.
Até quando as mulheres precisarão usar a desculpa da dor de
cabeça para que os homens compreendam que elas tem vontades e são elas
quem determinam quando devem usar ou não os próprios corpos? Até quando
fazer sexo será uma moeda de barganha ou uma obrigação? Até quando estupro
será entendido como resultado de uma insinuação ou provocação? E ficar
quieta vendo um pretenso dono da verdade dizer que um aborto é pior do que
um estupro? Esse senhor tem noção da imbecilidade que disse? Ele sabe o
que é um estupro?
'Está escrito: 'Não
julgueis para que não sejam julgados'.
O juízo final ainda
não veio para que as sentenças sejam estabelecidas'
Para qualquer arcebispo que exista, não se dê o trabalho de
me excomungar! Já fiz isso por mim ainda criança, quando soube que minha
mãe antes de mudar de religião decidiu por mim ainda bebê e me banhou nas
águas cheias de pecado desta tal igreja! Eu sempre renunciei e abominei a
igreja católica e a excomunguei de minha vida.
E ao ser levada forçada para participar de cultos da nova
religião que minha mãe escolheu, eu também me expulsei dela depois de
várias vezes que fui punida por questionar e me mostrar indignada com as
duras leis impostas que infringem qualquer direito do cidadão declarado
por lei. A outra igreja que pregava a hipocrisia, que tem seus membros
afirmando para todo lado que são salvos e por isso se acham dignos de
condenar as pessoas ao inferno. Os salvos, os ditos santos, são aqueles
que discriminam, que fazem acepção, que humilham, que vandalizam, que
oprimem!
Eu sou revoltada contra religiões? Isso não é trauma, é
inconformismo mesmo. Basta viver alguns anos enfiados em uma igreja para
saber que ela é quem mais infringe as leis de direitos humanos. Uma pessoa
merece ser expulsa por cortar o cabelo? Por se depilar? Por beijar o
namorado? Por usar calça? Por pintar os cabelos? Por ser estuprada aos
nove anos e abortar o filho do próprio padrasto?
Religião só é boa quando trabalha em prol do bem comum.
Religião só é boa quando segue à risca os passos de Jesus, que não
condenou uma prostituta e se sentou com os rejeitados da sociedade para se
alimentar. Religião só é boa quando luta pela vida, independente de que
corpo ela habite.
Repudio qualquer religião que se imponha forçosamente e não
respeite a crença que cada vida faz segundo seu entender e visão. A
verdade é identificada assim: ela jamais será uma obrigação e nunca será
imposta.
Está escrito: “Não julgueis para que não sejam julgados”. O
juízo final ainda não veio para que as sentenças sejam estabelecidas.
Se uma religião medir pecados e determinar o que é
pecadinho e pecadão e ainda por cima determinar métodos de expurgação de
pecados, abra o olho e saia correndo!
Mal é mal, não se mede! Pecado é pecado, não tem tamanho e
profundidade!
* Rita Shimada Coelho
é artista plástica, poetisa e escritora.
* * *
Reforma ortográfica:
Uma questão ortográfica em Bom Despacho
Neste momento, quando iniciamos uma Reforma
Ortográfica, registra-se em pequena cidade
de Minas Gerais uma curiosa questão que
pode ser resolvida pela Academia Brasileira de Letras,
numa das próximas edições do Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa.
Por
Jacinto Guerra*
De
Brasília-DF
para
Via Fanzine
Em meus escritos e, principalmente, no livro Gente de
Bom Despacho – histórias de quem bebe água da Biquinha (Thesaurus,
Brasília, 2003), adotei, por razões diversas, o adjetivo pátrio
bondespachense, de uso consagrado pela tradição em minha cidade, no
lugar de bom-despachense, duas palavras separadas por hífen, como
registram alguns dicionários.
O professor Aires da Mata Machado, notável escritor,
natural de Diamantina e um dos maiores estudiosos da Língua Portuguesa, de
quem fui aluno na Faculdade de Letras da UFMG, afirma em seu livro A Palavra é de Ouro – termos que dispensam gramática e
dicionário: “Ao uso local cabe decidir qual a forma correta do
gentílico ou pátrio de cada localidade”. Em seguida, o ilustre mestre pede
ao leitor que lhe comunique “o modo como se chamam os naturais do lugar
onde mora, se possível, com elementos colhidos na imprensa da região ou em
livros”.
A língua é um instrumento de cultura que se transforma ou
se conserva, pelo uso do povo e dos escritores. O gramático e o
dicionarista registram, divulgam e ensinam o que o povo, os escritores e a
mídia consagram pelo uso.
Em Bom Despacho, é clara a preferência pelo bondespachense, uma só
palavra, tanto que um dos nossos melhores jornais foi a Tribuna
Bondespachense, fundada e dirigida por Itamar de Oliveira, experiente
jornalista e professor universitário com pós-graduação na França.
O termo bondespachense, como adjetivo pátrio que
existe para designar os naturais de Bom Despacho e os moradores da cidade
da Senhora do Sol, está registrado oficialmente na denominação de
instituições históricas do lugar: Cia. Industrial Aliança
Bondespachense, pioneira dos serviços de energia elétrica e de nossa
indústria de tecidos; Rádio Difusora Bondespachense, primeira
emissora de rádio da cidade, além da Associação Atlética Bondespachense,
da simpática Associação Bondespachense dos Escoteiros – e
da Abap – Associação Bondespachense de Amparo e Proteção Social,
uma Organização Não-Governamental que presta inestimáveis serviços na
melhoria das condições de vida do povo.
Entre os escritores que usam aquela forma de adjetivo
pátrio para designar os cidadãos de Bom Despacho, encontra-se Pedro
Rogério Moreira, da Academia Mineira de Letras, principalmente em sua
crônica “Retratos na Parede”, quando, inspirado num poema de Drummond, o
escritor lembra “retratos de homens e mulheres da boa grei bondespachense”.
Outro exemplo é autor deste artigo e de alguns livros, entre os quais O
gato de Curitiba – crônicas de viagem (Thesaurus, 2004, 2ª
edição, premiado pelo BDMG Cultural/Banco do Desenvolvimento de Minas
Gerais).
A idéia que defendemos é simples: o Novo Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa poderia adotar, em suas novas edições,
também o termo bondespachense como adjetivo pátrio do povo e da
terra de Nossa Senhora do Bom Despacho, conciliando, assim, a opinião do
dicionarista com a tradição de uma pequena cidade do globalizado mundo da
Língua Portuguesa.
* Jacinto Guerra,
mineiro de Bom Despacho e morador de Brasília, é professor de Língua
Portuguesa, formado em Letras pela UFMG.
* * *
Oriente Médio:
Prêmio Nobel de Guerra para Shimon Peres
Presidente de Israel é um confesso matador
de crianças palestinas.
Peres, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em
1994, devia trocá-lo pelo Nobel da Guerra.
Por
Pepe Chaves*
Para
Via Fanzine
Peres: onde está a paz que justifique o seu Nobel?
O presidente de Israel, Shimon Peres, ex-prêmio Nobel da
Paz, desafia o bom senso global e continua a desferir ataques covardes ao
povo da Palestina. É certo que o lançamento de foguetes contra Israel é
também um ato de covardia, já que irá atingir inocentes na certa.
No entanto, declarar à imprensa internacional que “tem
morrido muitas crianças em Gaza” e não em Israel, "porque os israelenses
cuidam bem de suas crianças", é a maior hipocrisia do mundo político a
que já pude ouvir.
Morrem crianças em Gaza justamente porque citado estadista
israelense, trocando em miúdos, está assassinado-as. E se não estão
morrendo crianças israelenses agora – felizmente -, não quer dizer que num
futuro breve, elas também não sejam mutiladas pelo mesmo ódio que o seu
governo move com os inocentes de Gaza.
É um absurdo que um presidente afirme em público, que
promove matança de crianças. Longe de saber quem está certo ou errado
nesta guerra que remonta décadas, o fato é que inocentes estão morrendo
por causa de questões diplomáticas mal resolvidas entre as duas partes
envolvidas no conflito.
É inadmissível que a Organização das Nações Unidas (ONU)
não tenha tomado nenhuma medida efetiva para cessar a matança que já
ultrapassa 600 palestinos e oito israelenses em apenas 12 dias de
conflito. Esta não é mais uma questão
de terra, fronteiriça, de interesses materiais ou de rivalidade entre duas
etnias; esta se tornou uma questão humanitária.
Nada justifica uma ação de guerra, realizada
por ar e por terra, de forma tão desproporcional como a esta que
assistimos com indignação. Não são foguetes "terroristas" que podem matar
uma ou outra pessoa, que vão justificar a invasão do território palestino
e o transtorno moral, psicológico e emocional a que foi submetido toda a
população da estreita e povoada Faixa de Gaza.
E esperamos que cessem a hipocrisia dos
líderes nacionais que, sob a penumbra da democracia ou do humanitarismo,
pedem ao Hamas para cessar o conflito, quando se sabe que, na verdade, as
forças isralenses são muito maiores estão mandando 100 vezes mais neste
conflito.
Shimon Peres, que nasceu em 02 de agosto de 1923, é
ex-membro e co-fundador do Partido Trabalhista israelense e ganhou o
Prêmio Nobel de Paz em 1994. Ele foi primeiro-ministro de Israel nos
períodos de 1984 a 1986 e 1995 a 1996 do Partido Trabalhista israelense
(1968). Shimon Peres foi eleito e tomou posse em junho de 2007 para
exercer o cargo de presidente de Israel.
* Pepe Chaves
é editor do jornal
Via Fanzine.
- A opinião do editor não
representa necessariamente a opinião deste jornal.
* * *
São Paulo:
Estado diminui aulas de História e Geografia
SP retira aulas de História por causa da
editora Abril*
Júlio
César Lourenço*
Sinsesp -
Sindicato dos Sociólogos de São Paulo
A Secretaria da Educação de São Paulo, cortou aulas de
História, Geografia, Educação Física, Artes por causa de uma disciplina
estranha, chamada "Apoio Curricular", que tem o absurdo de 6 aulas no
terceiro ano (para 2009) e o material desta estranha matéria criada por
Serra, são cadernos inúteis e duvidosos de qualidades, fabricados, não
pela gráfica oficial do Estado, mas por ninguém menos que a Editora Abril
e pelo grupo Rede Globo.
O jornal folha de São Paulo mente e desvirtua o assunto
quanto a diminuição das aulas de história na grade curricular do ensino
médio.
O grande problema da retirada das aulas de história, (mas
de geografia, educação física e artes no terceiro ano também) não é culpa
da sociologia nem da filosofia, que tem reles 4 aulas na grade do ensino
médio para o ano de 2009, e sim uma certa disciplina, chamada "apoio
curricular", criada no governo José Serra, que não tem propósito nenhum.
Ninguém sabe para que serve a tal "apoio curricular", e que
na grade curricular de 2009 ficou com o absurdo de 6 aulas por semana, no
terceiro ano do ensino médio.
Essa disciplina, sem propósito nem objetivo, que retirou as
aulas de outras matérias, principalmente as de humanidades, enquanto as de
"exatas" ficaram intocáveis, como química, física e etc.
A Folha de São Paulo, em matéria de Fabio Takahashi,
publicada no dia 6 de dezembro de 2008, com o título "São Paulo corta
aulas de história para pôr sociologia no currículo", é mentirosa e
tendenciosa, e diz que a inclusão da sociologia é uma lei sancionada pelo
"PT", essa uma lei, é a LDB, lei nacional da educação, e não foi criada
pelo "PT" e sim por um movimento de 11 anos de luta para incluir o ensino
de Sociologia em pé de igualdade com outras disciplinas não mais
importantes que a sociologia e a filosofia.
Essa lei, que o jornalista insinua como sendo do "PT", foi
aprovada pela câmara dos deputados e pelo senado federal, e foi sancionado
pelo presidente em exercício na época, José Alencar (já que a matéria quer
buscar culpados por quem sancionou essas disciplinas). Sociologia e
Filosofia levam os alunos a refletirem sobre diversidade, a cultura,
crítica, cidadania e etc, não são as únicas que promovem estes temas, mas
são as essenciais para tratarem sobre eles.
Cidadania, desenvolver capacidade de crítica, entender a
cultura, são conceitos que aparecem na proposta curricular do ensino médio
de São Paulo, de forma destacada, mas na hora de colocar as disciplinas
centrais que tratem sobre este assunto, elas são retiradas da grade, são
excluídas, e o pior, colocadas como culpadas, quando na verdade a
ignorância veio direto do gabinete da secretária da educação Maria Helena,
ao propor a diminuição das ciências humanas no currículo do ensino médio
paulista.
O que a Folha de São Paulo não diz,e o senhor Fabio
Takahashi também não, é que a verdadeira culpada, pelas míseras aulas de
sociologia, filosofia ( 4 por semana), pela diminuição da carga horária
de história e geografia, artes e educação física é uma tal disciplina
desconhecida e inventada para o terceiro ano, chamada de "apoio
curricular", que ganhou 6 AULAS no terceiro ano de 2009 (em 2008 eram
duas), e com a desculpa de preparar os alunos para o vestibular(será que a
escola media deve virar cursinho pré-vestibular, porque não fazem isso
fora do horário normal de aulas ?) e com material produzidos pela Editora
Abril, e pelo grupo rede globo, sendo que existe a gráfica oficial do
estado para isso.
Essa questão é de interesse da Editora Abril e de outros
grupos empresariais, interessados em pegar um vasto mercado (são centenas
de escolas no ensino médio no estado inteiro, que vão receber material da
Editora Abril) para venderem seu peixe para o Estado de São Paulo, não
aparece na matéria escrita por Takahashi da Folha de São Paulo, jornal
que é ligado ao grupo "todos pela educação", que são mega empresários
prontos para ganharem dinheiro com a educação pública, vendendo milhares
de suas apostilas medíocres e caras, bem caras para o Estado gastar com
isso, e a Fiesp é que vai sair ganhando, com o governo PSDB de José Serra.
A grande intenção de Serra, e seus amigos pessoais dos
editoriais Folha de São Paulo, foi criar disputa e conflitos entre os
professores de humanas com a retiradas de aulas de geografia e história.
Agora, como um grande corvo, Serra diz que a grade
curricular para o ensino médio de 2009 está suspensa, devido aos protestos
de sindicatos, inclusive o dos sociólogos, contra a retirada das aulas de
História.
Mexer na disciplina fictícia "apoio curricular" que vai
encher os bolsos da editora abril, fabricando cadernos de péssima
qualidade, com o absurdo de 6 aulas no terceiro ano, isso ele não fala,
muito menos este jornal medíocre e ultrapassado chamado Folha de São
Paulo.
Se o governo de São Paulo quisesse daria sim para colocar
todas as áreas em perfeito equilíbrio, exatas e humanas, e matemática e
português, como prioridades, normalmente com a maior parte das aulas.. Mas
o interessa não é este, o interesse é criar conflitos para não mexer nos
ganhos da Editora Abril em cima da educação pública paulista.
São os interesses empresariais, de lucro sobre a miséria
educação pública paulista, que estão determinando essa questão.
* * *
Santa Catarina:
Furtos de Donativos: sórdido demais
Os
furtos de donativos para as vitimas de Santa Catarina,
escandaliza a opinião publica e deixa uma questão antiga em foco:
Até
onde vai a falta de ética? Qual é o limite para a falta de vergonha?
Por
Antônio
Siqueira*
Do Rio
de Janeiro-RJ
Para
Via Fanzine
Num ponto a mídia moderna funciona e muito bem: quem tem
uma câmera à mão, oculta ou aberta e está no lugar certo, na hora certa
pode, na maioria das vezes, prestar um serviço de grande valia para a
sociedade como um todo. Os flagrantes de furtos de donativos envolvendo
voluntários da Central de Recepção e Distribuição de Donativos de Blumenau
(SC) foram registrados por uma emissora de TV gaúcha. Tais atos, enojaram
a opinião publica e abriram uma questão que envolve profundamente a
sociedade: até onde vai a falta de ética e vergonha na cara?
O casal que foi flagrado por esta mesma emissora ao levar
mantimentos doados para os desabrigados, resolveu devolver o que retirou
da central de recepção da Vila Germânica. O gesto, certamente, servirá
para atenuar a pena, mas o crime e as péssimas intenções já ocorreram e
correram mundos pelos jornais e tevês. Sabe-se que se trata de voluntários
de classe média, cadastrados. Pagando ou não pelo que fizeram, tiveram
suas caras estampadas para o grande público. Provavelmente, se
transformaram nos indivíduos mais impopulares de Santa Catarina.
Simplesmente horrorizaram a todos. Não somente os citados, como também
militares, aparecem em outras imagens feitas com câmeras ocultas. Deixaram
a central de distribuição com as mochilas abarrotadas de roupas, tênis e
até sutiãs.
'Restou o que somos ou o que eles são; um
bando de almas martirizadas
e barbarizadas por uma casta de valores
consumistas'
Alguns, debochavam com brincadeiras imbecis, enaltecendo
seus feitos. Jovens soldados sorriam como se estivessem fazendo compras: “Aí,
você tá levando o meu tênis!”... “Esse sutiã eu vou levar para a
minha mãe!”. Doações que deveriam ser entregues por eles aos
desabrigados, acabaram sendo tratadas desta forma ignóbil depois de uma
das maiores catástrofes naturais da historia do país, ter quase varrido do
mapa cidades inteiras de Santa Catarina.
Estamos, realmente, num beco sem saída. Justamente no dia
em que a ONG Transparência Internacional, com sede em Genebra na Suíça,
idealizadora da “competição” divulga o ranking dos 10 países mais
corruptos entre os 22 mais ricos do mundo. Na avaliação lançada ontem, o
Brasil ficou com um honroso 5º lugar. Nosso territorialmente grande país
empatou com a pequena e poderosa Itália, que já fora várias vezes campeã
dessa disputa. Mas derrotamos vilões, meu melhor, rivais de peso como
Taiwan e Coréia do Sul. Nesta nada honrosa competição, o Brasil só não
superou Rússia, China, México e Índia.
A corrupção, na acepção da palavra, pode aglutinar e gerar
toda sorte de desgraças sociais em um só termo. É onde colide o bom senso
e a falta dele, a canalhice, a sordidez humana em toda a sua plenitude. É
onde reside toda a sorte de infortúnios éticos. A coisa está se tornando
patológica sintomática e com contornos trágicos para um futuro nada
distante.
Discutir esses fundamentos básicos para a formação do
caráter humano, tornou-se uma batalha sem vencedores ou vencidos. Restou o
que somos ou o que eles são; um bando de almas martirizadas e barbarizadas
por uma casta de valores consumistas. É um trabalho sociológico, mas que
precisa ser focado antropologicamente em suas origens mais profundas.
*Antonio Siqueira
é pesquisador musical, cronista e correspondente de
Via Fanzine
no Rio de Janeiro/RJ.
* * *
Preconceito racial:
Dia da “inconsciência” negra
O dia da consciência negra deveria ser todo
dia e não apenas o dia 20 de novembro.
Por
Pepe Chaves*
Para
Via Fanzine
Minha mãe conta que sua avó era uma escrava negra que fora
trazida para o interior de Minas Gerais a cerca de um século e meio.
Segundo me contou, sua avó sofrera muito, inclusive, trazia marcas que
franziram sua pele, resultado de “castigos” promovidos pelos antigos
senhores mineiros. Tais atos bárbaros ocorriam corriqueiramente em meados
do século 19, diga-se, poucas décadas antes da abolição da escravatura em
1888. Época em que os negros eram trazidos da África, sob a força das
armas para trabalhar na agricultura.
Por isso, reconheço e admiro o sangue negro que carrego nas
veias, misturado
pelo passado da minha estirpe ao do português e do índio brasileiro. Sempre assumi meus traços negros, de homem mestiço e
também mantive saudáveis contatos com pessoas negras ao longo da minha vida. Aprendi a
admirá-las e amá-las, não pela cor de suas peles ou feições físicas, mas
por suas personalidades. O talento, o caráter e a boa índole não escolhem
cor de pele para se abrigar.
No Brasil, o negro se fundiu a outras raças, ainda que
existam em menores escalas, grupos que ainda preservem a legitimidade
africana. O negro brasileiro de hoje já se misturou com raças vindas de
todas as plagas da Terra, aqui neste caldeirão racial em forma de país. E
o resultado da fusão negra com outras raças que se encontravam na América
do Sul é o mais variado em termos genéticos e isso só poderia ocorrer após
a grande quantidade de indivíduos negros que fora trazida forçadamente para
cá.
De um continente para outro, foi exportada uma raça, claro,
por motivos nada nobres. E assim, no Brasil, como noutros países, que
usufruíram da mão-de-obra escrava, as raízes desse povo permaneceu e
frutificou nestas terras. Muitos sofreram e ainda sofrem até hoje pelo
simples motivo de ter a pele escura, isso é fato.
Apesar de casos isolados, sobretudo, por haver também a
Lei de “crimes raciais”, prevendo punições, bem como pela convivência entre
as raças, o preconceito no Brasil contra os negros, segue de forma
relativamente branda. No entanto, os próprios negros também geram
preconceito contra outras raças e em alguns casos, de forma até mais
requintada. A simples criação de grupos negros, que cerceiam a entrada de
brancos, seja de cunho cultural, religioso ou outro, é uma forma declarada
de preconceito.
É isso que quero tratar. O próprio dia da consciência negra
se torna um ato de preconceito por parte da raça negra brasileira.
Escolher um dia apenas, para ser o da “consciência negra”, é discriminar o
negro durante os outros 364 dias do ano. Ora, o negro está presente todos
os dias na vida brasileira, se antes nos campos, produzindo alimentos,
hoje nas mais distintas áreas e posições sociais.
O negro no Brasil atual exerce uma força inestimável na
economia, nos esportes, no jornalismo, na política e nas mais diversas
profissões e ofícios, todas elas, altamente essenciais para rodar a engrenagem do
país. Quando vejo indivíduos negros “comemorando” o dia da consciência
negra, vejo o quanto de preconceito ainda existe neles próprios. Vejo o
quanto ainda se distinguem dos brancos e dos mestiços que perfazem a maior
parte dos brasileiros.
Distinguir uma raça apenas, entre as quatro básicas
(Vermelha, Amarela, Negra e Branca) e enaltecê-la perante às demais, se
torna, antes de qualquer boa intenção, um ato de assumido preconceito
racial. Em diversos casos, nem os próprios negros se respeitam, como
vemos, diversas mulheres negras, à base de produtos químicos, alisam seus
cabelos, para fazê-los se assemelhar aos de outras raças. O negro, por
vezes, nega o seu cabelo e somente não nega a cor da sua pele, porque
quanto a isso, não tem como se expressar.
Considero
as mulheres negras das mais belas do mundo, por isso, não
entendo porque grande parte delas renega seus genuínos cabelos crespos,
numa espécie de “mania racial” contra um item de seu corpo. Este é apenas
um exemplo, de como determinados indivíduos da raça negra se comportam e
eles mesmos, negam a si próprios, ainda que venham a fazer parte ou
participar de comemorações que enalteçam a raça negra.
Penso que, raças existem para se misturar. Apesar de distintas
cores de pele, todos os homens da Terra têm sangue vermelho. Todos sentem
dor, prazer, fome e tem suas necessidades orgânicas e fisiológicas, de
forma idêntica. O homem, é o homem, não é o negro, branco, vermelho ou
amarelo. Até porque, estas quatro raças, ao longo dos tempos, estão
desaparecendo e a parte genuína de cada uma delas se torna cada vez menor;
nalguns casos, raras.
Tenho absoluta certeza que a fusão dessas raças humanas, um
dia, num futuro longínquo culminará numa raça única e uniforme que pisará
sobre a Terra e quem sabe, promoverá um mundo melhor que o atual.
Mas, se surgiram ao acaso de Darwin ou se alguém - conforme
alegam os criacionistas - colocou estas quatro distintas raças aqui na
Terra, discute-se. O que parece certo é que a fusão de tais raças é algo
eminente dentro da espécie e o
seu
efeito se dará, efetivamente, somente ao longo dos séculos,
dos milênios e sob os pontos de vista genético e anatômico dos indivíduos.
Mas, até lá, enquanto ainda temos que conviver com
infinitas gamas de ramificações raciais, passaremos por eventos e situações que, futuramente,
com toda certeza, serão vistos como gestos de atraso, preconceito e distinção racial, como
o próprio "dia da consciência negra".
* Pepe Chaves
é editor do jornal
Via Fanzine.
* * *
Dinheiro:
O seu FGTS
e a hidrelétrica
O que o seu fundo de
garantia tem a ver com os atritos entre
o governo do Equador e a
Construtora Odebrecht?
Por
Pepe Chaves*
Para
Via Fanzine
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS) foi criado para compensar a perda da estabilidade no emprego e para
oferecer uma garantia financeira ao trabalhador demitido sem justa causa.
Consiste em depósito feito mensalmente pela empresa em nome do trabalhador
e corrigido de forma absurda, ou seja, 3% ao mês mais o índice da “TR”,
que confere um rendimento anual de aproximadamente 6%. Em suma, esta é a
pior aplicação que pode existir no Brasil, mas como é dinheiro do
trabalhador, gerido pelo governo, não era de se esperar coisa melhor.
Argumenta-se que o rendimento é baixo porque
os recursos são aplicados na construção de habitações para a população e
financiamentos com correções módicas? Bom, não conheço ninguém que tenha
um financiamento que pague apenas 6% de juros ao mês. Ainda assim,
engolimos mais esta e procuramos tentar entender os nobres motivos que
levam este fundo a ter este ridículo índice de correção.
Mas, gostaria de demonstrar mesmo o meu
espanto ao ouvir a notícia sobre o conflito entre o Brasil e o Equador
envolvendo a construção de uma usina hidrelétrica naquele país pela
Construtora Odebrecht, empresa brasileira. Segundo as informações, a
Odebrecht construiu a hidrelétrica e a mesma teve de ser paralisada por
problemas estruturais, sendo que o Governo do Equador informou que não
arcaria com o compromisso de pagar pela obra o valor combinado de 273
milhões de dólares.
Sem entender, e como se deve proceder nestes
casos, li uma reportagem um pouco mais completa e entendi que o pagamento
que o Equador não irá realizar será para a Construtora e não para o
governo do Brasil. Então, presumi que não se tratava de um problema
diplomático ou nacional, mas de direito internacional, envolvendo comércio
exterior.
Mas afinal o que tem a crise
Brasil/Equador/Odebrecht, a ver com o comentário relativo ao FTGS?
Tem tudo a ver e aí é que entra qualquer
pessoa que trabalha no Brasil: segundo a reportagem, para construir a
hidrelétrica no Equador, a construtora obteve recursos do FGTS, através do
Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDS) que, em tese, serve para
amparar o trabalhador e em outras funções mais nobres, como moradia e
saneamento.
Fiquei atônito com tal informação, pois,
como pode um Fundo que tem uma remuneração ridícula, ter seus recursos
utilizados para que uma construtora privada de grande porte assuma
negócios com outros paises lucrando em milhões de dólares à custa do Fundo
de Garantia dos trabalhadores brasileiros? Como trabalhador eu me sinto
indignado e em momento algum autorizei ninguém a utilizar meu pobre
dinheirinho para aumentar lucro de grandes empresas.
É um tremendo paradoxo, vez que eu que sou o
dono do dinheiro não posso nem pensar em tocar nele, a não ser em
situações especialíssimas, no entanto, grandes empresários podem se
utilizar dele da forma como melhor lhe convier, inclusive, em negócios de
risco.
E o pior disto tudo é que se o governo do
Equador bater o pé e não pagar, provavelmente o governo brasileiro é que
deverá assumir a divida da construtora, possivelmente, perdoando-a e não
exigindo que a mesma, pelo menos, devolva o dinheiro que pegou
“emprestado” junto ao BNDS.
* Pepe Chaves
é editor do jornal
Via Fanzine.
* * *
Itaúna:
Jornalista veste
batina e dá uma de advogada
Moradora de
Divinópolis usa jornal de Itaúna e dá mostras de falta de respeito ao povo
da cidade.
Por
Pepe Chaves*
Para
Via Fanzine
Uma jornalista de Divinópolis-MG vestiu a camisa do padre,
ou seja, a batina, e dando uma de “advogada” do mesmo, partiu para o
ataque contra quem se opõe a esdrúxula idéia (dela e do padre) de retirar
a banca de revistas da Praça da Matriz de Itaúna. Inexplicavelmente, esta
senhora que nem conhecemos e vem palpitar de forma tão íntima no seio de
Itaúna, deve ter muitos ofícios para desempenhar em sua Divinópolis, mas
ainda assim, se mostra preocupada com uma questão exclusiva da cidade
vizinha. Aliás, cidade esta, a qual ela jamais teve a mínima participação
social ou sequer, detém alguma justificativa que convença às suas missivas
desaforadas, cínicas e irônicas contra o povo de Itaúna, qual ela nem
conhece – desempenhando exatamente a mesma “linha” de seu amigo padre que,
por sinal, também não é itaunense.
Como boa advogada, a jornalista arrota uma refinada
pseudo-intelectualidade, ao vir defender o padre que a levou de carona a
escrever no mesmo jornal em que ele é colunista. E parece que também ela,
tomou gosto pela coisa. Como toda boa intelectualóide, esta senhora cita
até Dom Quixote e afirma que, doravante, pegará na espada do mesmo, para
levantá-la em defesa do padre.
Talvez, esteja faltando jornais em Divinópolis e por isso,
esta senhora busca se projetar “profissionalmente” em jornal de Itaúna.
Inclusive, ela deve ser uma profissional muito participativa em seu
município, considerando que a única referência à dita jornalista que
encontrei nos buscadores da internet, se refere a um elogio de sua autoria
(em meio a tantos outros) a um artigo da revista Veja Online, onde
não assinou como jornalista, mas cobriu esta publicação de loas rasgadas,
contrastando fortemente com as missivas agressivas, desrespeitosas e
desaforadas que ela manda publicar na imprensa itaunense. Como jornalista,
ela me pareceu uma atriz mediana.
Entretanto, sem que ao menos a tivéssemos citado, esta senhora nos ataca nas entrelinhas de sua nota publicada pelo
jornal Brexó do último fim de semana, nos acusando de estarmos
promovendo "reforma urbana", por defendermos a permanência da banca de
revistas na praça. Em seus ataques (à pessoa que ela não conhece) julga-se
praticar um cinismo inteligente, refinado, mas, em verdade, bem típico de
jornalista frustrada ou pior, desempregada, do tipo que vive catando
jornais e revistas que tenham coragem de publicar o seu “pensar”, no afã
de se projetar.
Segundo ela, Itaúna não pode ter sua banca de revistas na
praça da matriz porque a mesma é de propriedade particular. Neste caso, em
vez de atacar pessoas que trabalham, ela deveria enviar a sugestão de um
projeto à Câmara Municipal de Itaúna, pedindo que a prefeitura instale uma
banca de revistas pública na praça da matriz. Mas, em vez disso, a dona
jornalista prefere atacar aqueles que trabalham para construir uma cidade
da qual ela ignora inúmeros detalhes, sobretudo, humanos, históricos e
comunitários. Sua participação na grandeza de Itaúna, se restringe a uma
pequena nota de jornal, onde, no cúmulo do surrealismo, critica o povo de
uma cidade (que não é a dela), por permitir o funcionamento de uma banca
de revistas em praça pública. E não poupa ataques a quem seja contrário às
suas idéias de desapropriação do referido comércio de impressos.
Estou
por entender o seu interesse em tal questão, mas, somos obrigados a reconhecer que se trata de uma
heroína, pois, ainda que ela deva ser muito atarefada na resolução dos
problemas de sua própria terra, a próspera Divinópolis, cidade esta que,
infelizmente, já está repleta de favelas e vem sofrendo com a falta de
infra-estrutura básica (esta tem sido uma reclamação constante de alguns
daqueles munícipes), a competente e dedicada palpiteira profissional ainda
encontra tempo para se preocupar com os problemas urbanos da cidade
vizinha.
O padre, natural de Carmo do Cajuru, pelo menos, diz que
paga imposto em Itaúna (IPTU) e por isso, se julga no direito de faltar
com respeito ao povo da cidade, como notoriamente o fez, ao imprimir seus
escárnios de cunho católico apostólico retrógrado contra a dita banca de
revistas e os seus "opositores". No entanto, até onde sabemos, esta
senhora que se diz jornalista, não detém o menor subterfúgio para
justificar suas grosserias, sua falta de respeito em público e seu aguçado
espírito de enxerida na cidade alheia.
Até piadinha ela fez com o título de “Cidade Educativa”,
concedido pela
UNESCO em 1974 à cidade de Itaúna, ao afirmar que a banca de revistas da
matriz deveria ter sido o prêmio por essa conquista do município... Prêmio
maior para a cidade educativa do mundo, seria se gente como essa
"jornalista" nos deixasse em paz e voltasse a escrever para a sessão de
cartas da revista Veja, onde a projeção para quem deseja aparecer
sem méritos próprios, sem dúvida, é muito mais evidente.
* Pepe Chaves
é editor do jornal
Via Fanzine.
* * *
Celibato, sexo e política:
Os
‘pedófilos-políticos’ da
Igreja Católica em Minas Gerais
A
hipocrisia envolve o rebanho que não a reconhece.
Por
Pepe Chaves
De
Itaúna-MG
Para
Via Fanzine
www.viafanzine.jor.br
Temos visto que uma
das principais tradições negativas da Igreja Católica, tem sido a prática
da pedofilia pelo seio do clero. Em diversas nações do globo, sacerdotes
católicos são flagrados diariamente na companhia de crianças ou
adolescentes, em situações de envolvimento sexual.
E, assim como
sabidamente ocorrem em outros estados brasileiros, Minas Gerais, um dos
mais destacados da União, não poderia ficar de fora desta tradicional
“mania” dos maus profissionais da Igreja Católica. Devemos entender que
uma pessoa que pratica tal ato, deve ser vista como um hipócrita criminoso
e, à parte as crenças religiosas, deve ser julgado pelos ditames da lei,
sem sofrer influências externas de quem quer que seja.
No Centro, Triângulo
Mineiro, Zona da Mata, regiões Sul, Norte e, claro, aqui no Centro-Oeste
de Minas, diversos padres foram acusados e até presos por prática de
pedofilia nos dois últimos anos (2006/2007), como é mostrado pela imprensa
do país e, inclusive, pelo buscador Google (pesquise: “Padre
pedófilo em Minas Gerais” no
www.google.com.br).
Um recente caso
ocorrido com um padre de Carmópolis de Minas, cidade aqui do Centro-Oeste
mineiro dá a mostra da hipocrisia de determinados membros ativos da Igreja
Católica: ele foi flagrado pela polícia na companhia de uma pessoa de 13
anos de idade em um hotel de Belo Horizonte. Foi detido e ainda assim, ao
retornar à sua cidade, recebeu todo o apoio da comunidade, crente que o
mesmo fora vítima de uma “armação” – palavra usada por ele próprio para se
defender. Este é o povo que vota; este é o povo que elege no Brasil, o
mesmo que contesta provas criminais e cuja ignorância lega as mais
deformadas figuras políticas.
Tenho visto também,
determinados padres buscarem a mídia para “pagar lição de moral” ao
rebanho. Seja criticando políticos, partidos ou atitudes pessoais de
alhures. Geralmente, são padres declaradamente petistas, naqueles moldes
mais nojentos dessa incestuosa relação do PT com a Igreja Católica no
Brasil. São padres que não têm onde colocar suas línguas e fecham seus
olhos diante aos absurdos praticados por sua própria classe. De cima do
tapete onde esconde suas próprias sujeiras, eles vêm debater as mazelas e
vícios do mundo em páginas de jornal.
Falo de padre que nada
fez ou fará de EFETIVO ao social, para que seja tratado como pessoa séria.
Mas, ainda assim, vem demonstrar o seu descontentamento, trazer suas
cobranças sociais, chorar soluções políticas ou quiçá, destilar em papel a
ira reprimida por sua castidade clerical. E isso, seja em relação às
questões fúteis ou às mais “relevantíssimas” da sociedade... Sacerdote
católico não tem moral para vir a público apontar seu dedo acusador e
atingir a reputação e a liberdade de quem quer que seja. Ou, pelo menos,
enquanto não age da mesma forma justa: assumindo seus erros; procurando
repará-los e, por que não, também sendo transparente ao vir debater suas
mazelas em público, nos mesmos moldes que costuma empregar aos terceiros.
Com efeito, temos
visto que o silencioso corporativismo clerical é parte destacada da
hipocrisia praticada pela igreja e vem enganar uma grande massa de
ignorantes, mas não as pessoas que tenham um mínimo de consciência. Não há
nada mais anti-ético, nojento e fora de senso, quando um padre se aproxima
de políticos, seja para adulá-los ou expeli-los e, se ele ainda usa a
mídia para acentuar publicamente atos desse calibre, se torna ainda mais
baixo do que podemos imaginar.
Padre não tem que
discutir política, senão rezar o pai-nosso-de-cada-dia e cumprir sua
literal função de pastor. Mas que pastor da Igreja Católica é esse que,
“metido a velho comunista radical”, não vê que o clichê “cheguevarense” a
que pertencia já evaporou e agora se vive o mundo da globalização; dos
bites, celulares, computadores e outras soluções? Acostumado na
"oposição", como agora casar idéias arcaicas de sofríveis anos da ditadura
com a modernidade atual da situação? Este é o paradoxo desafiador, levado
a cabo por determinados padres católico-petistas em Minas Gerais,
completamente destituídos de senso de justiça e que, além de tudo, se
extravasam escancaradamente ao fazer mentiras rústicas parecer verdades
tenras, além de virem auto-afirmar uma pseudo-moral do alto de seu "limpérrimo"
tapete de pelúcia. Entendo que, aquele que se porta de tal forma excede os
limites da ética humana e profissional.
Da mesma forma que
padre não tem que se meter com sexo, não deve também se meter com
política, com aquilo que é "público ou privado" e, tampouco, criticar em
público outros credos. Pode até o fazer, sob garantia da Constituição, no
entanto, tal garantia não certifica seu ato como genuinamente ético,
porque ele carrega o peso da batina. Qualquer "pastor" que se preze deve
ter o mínimo de educação, de bom senso, de respeito às idéias e
comportamentos alheios, de limite da sua liberdade. Não deve proceder como
um "escroto ditador católico" parido pela democracia nacional, apenas
porque tem a liberdade constitucional assegurada para assim sê-lo.
Pelo menos até onde
sei (e se entendi bem...), a função de um padre seria única e deveria ser
a de levar conforto humano ou pelo menos teoricamente, “abrir os
horizontes espirituais” das pessoas. Padre que não age assim, em verdade,
não passa de um inútil social e não fica tão distante dos pedófilos que
citamos no início, pois, a falsidade ideológica emana da mesma fonte,
sendo mantida pelo mesmo corporativismo. E, inclusive, sugiro às pessoas
que se sentirem atingidas publicamente por qualquer tipo de falsa
ideologia ou manifestação exagerada praticada por algum padre católico,
que procurem os seus direitos junto ao código penal da República
Federativa do Brasil, onde serão amparadas. Além disso, devem denunciar
formalmente tal indivíduo junto à direção da diocese católica a que ele
pertence. Padre não é santo.
Portanto, na
atualidade, nenhum padre católico que se preze tem a mínima autoridade
para subir sobre o tapete que camufla a sujeira de sua própria casa e
julgar atos alheios. Até porque, se um dia este tapete voar, a sujeira que
tal padre gerou escondidamente por tanto tempo poderá se espalhar à sua
volta...
*
Pepe Chaves é editor do jornal eletrônico
Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br).
-
Ilustração:
http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com
* * *
Estatística:
O
caráter individualista e
pouco
solidário do brasileiro
Dejalma Cremonese*
De
Ijuí-RS
Para
Via
Fanzine
O Informe do
Latinobarômetro 2007, estudo realizado em 18 países da América Latina,
demonstrou que, entre 2003 e 2007, o desempenho econômico e social dos
latino-americanos tem melhorado nos últimos 25 anos. Houve uma redução da
pobreza, diminuição do desemprego, melhor distribuição de renda, redução
da inflação e um aumento no nível de consumo da população. Por outro lado,
os percentuais ligados à dimensão da solidariedade têm piorado. O estudo
demonstra que, ao examinar as atitudes individuais efetivamente da região,
ela se situa como pouco solidária e individualista (as pessoas têm-se
ocupado apenas com seus próprios problemas e não tratam de ajudar os
outros). Há uma evidente tensão entre as atitudes coletivas e as atitudes
individuais. Entre os mais solidários, encontram-se os venezuelanos e
porto-riquenhos. Os chilenos, equatorianos e paraguaios são os mais
individualistas. Os brasileiros ocupam a 11ª colocação no quesito
solidariedade, ficando abaixo da média dos demais países do continente.
Aliás, este caráter pouco solidário do brasileiro não chega a ser
novidade. Já nos meados do século passado, Oliveira Vianna havia percebido
tal característica. O autor considerou o insolidarismo como o traço mais
marcante de nossa gente, razão pela qual defendia o papel coativo e
educador do Estado na formação do que ele chamava de um comportamento
culturológico, capaz de sobrepor-se ao espírito insolidarista. Vianna
escreveu Instituições políticas brasileiras (1955), no qual efetuou, na
segunda parte, intitulada Morfologia do Estado, um estudo pertinente sobre
o significado sociológico do anti-urbanismo colonial (gênese do espírito
insolidarista).
Para o autor, o espírito insolidarista tem sua origem nos primórdios da
“colonização”. Dessa maneira, criou-se, no Brasil o homo colonialis, tendo
como característica fortes traços de individualismo e desconfiança: “um
amante da solidão, do deserto, rústico e anti-urbano”. Na questão do
trabalho, o homem brasileiro, comparado com outros homens do mundo,
caracterizou-se pelo particularismo e individualismo: “O trabalho
agrícola, em nosso país – ao contrário do que aconteceu no mundo europeu –
sempre foi essencialmente particularista e individualista: centrifugava o
homem e o impelia para o isolamento e para o sertão” (p.151). Não houve a
formação da solidariedade social, hábitos de cooperação e de colaboração,
nem mesmo espírito público. O que houve, na verdade, foi uma solidariedade
social negativa. Em relação a outros povos latino-americanos, e também na
formação social e econômica, o brasileiro é, segundo Vianna,
essencialmente, individualista, não necessita da ajuda comunitária e vive
de forma isolada. Estas manifestações têm raiz na tradição cultural. O que
existe, no Brasil, é apenas uma solidariedade parental, isto é, desde que
se mantenham os interesses fechados entre as famílias dominantes: “Esta
solidariedade inter-familiar e clânica é, assim, peculiar e exclusiva à
classe senhorial” (p.272).
No âmbito do comportamento político-partidário, percebe-se, igualmente, a
carência de motivações coletivas. Além disso, são muitas as citações em
que Oliveira Vianna queixa-se da inexistência da cooperação do povo do
Brasil, da sua pouca participação na vida pública (que se mantém desde o
Império até a República) e, por que não dizer, até os nossos dias.
Por fim, o pioneirismo dos estudos de Oliveira Vianna, mais os dados do
Informe do Latinobarômetro 2007 evidenciam que práticas individualistas e
insolidárias persistem nas relações interpessoais dos brasileiros. Sem a
dimensão da solidariedade, do civismo e do espírito público, o projeto da
construção de um Estado-nação estará sendo novamente adiado, ou, na pior
das hipótese, suplantado.
*Cientista Político, professor do Departamento de Ciências Sociais e do
Mestrado em Desenvolvimento da Unijuí – RS
Site Pessoal:
www.capitalsocialsul.com.br
* * *
Energia elétrica:
Lucro da CEMIG = Prejuízo do Consumidor
Cemig anuncia recordes em lucros, mas nenhum
benefício aos consumidores.
Marcelo Malagoli da Silva*
De Belo Horizonte
Para
Via Fanzine
Vem sendo divulgado aos quatro cantos que a
Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig apresentou um lucro líquido
de R$ 2,003 bilhões em 2005. A divulgação vem sendo feita com estardalhaço
e muito festejada. A pergunta é o que nos consumidores e cidadãos ganhamos
com isto?
Nada! Seria uma ótima resposta, mas a resposta
correta é: nos só perdemos com este resultado extremamente positivo da
Estatal Mineira de Energia.
A explicação se dá porque uma boa parte deste
“lucro” não é proveniente da boa atuação da empresa no mercado e sim foi
conseguido a custa de reajustes de preços muito acima do necessário para
manutenção dos custos da mesma.
Ora, não é que o Estado foi idealizado para
servir ao cidadão, pelo menos na teoria? Temos uma Estatal que se preocupa
com o lucro a qualquer custo, mas que deveria proporcionar uma energia a
custos menores visando inclusive a atração de empresas e o desenvolvimento
do Estado, mas a meu ver não é o que acontece.
Fico indignado por ser consumidor, não ter opção
de escolha e agora ter que engolir mais um reajuste na conta de energia,
que conforme foi divulgado pela impressa será de aproximadamente 5 %, com
o “intuito de cobrir os custos de manutenção da empresa”.
A pergunta que eu faço é: lucro é custo de
manutenção de uma empresa pública? E temos como explicação que a Cemig é
uma empresa de economia mista, que tem o Governo de Minas como principal
acionista, mas é preciso remunerar melhor os acionistas da iniciativa
privada.
Isto explica o comportamento da empresa em
perseguir aumentos sucessivos a custa do consumidor.
Mas entendo que há uma outra explicação, e está
se encontra no âmbito de arrecadação do Estado, é que o ICMS da energia
elétrica é de 30% (trinta por cento) para consumo residencial.
30% (trinta por cento), é o absurdo dos
absurdos, pois nem mesmo produtos considerados supérfluos como, por
exemplo: cigarros, produtos de tabacaria, bebidas alcoólicas, armas,
munições, fogos de artifício e perfumes são tributados a esta escorchante
alíquota. A propósito a alíquota destes produtos é de 25%.
É desta forma fica realmente fácil de
compreender que é interessante o máximo de aumento para a energia, pois a
arrecadação aumenta consideravelmente, sem haver qualquer preocupação do
governo, pois a arrecadação fica na mão de uma única empresa o que
facilita bastante a fiscalização.
Para a população fica a demagogia do governo
fazendo propaganda sobre a redução de impostos sobre mais de 100 produtos,
mas que na verdade em sua maioria são produtos onde a arrecadação era
insignificante e o custo de fiscalização muito alto, situações inclusive
que o governo queria ver se livre.
Será que queremos manter estatais como a citada
acima ou em outro exemplo, a Copasa que apresentou lucro de 600 milhões
nas nossas costas, empresas estas mantidas pelo Governo com finalidade de
utilização política e de arrecadação?
Entendo que não. O que a população quer é pagar
o preço justo pela utilização dos serviços públicos, inclusive sem ser
extorquida pelo Estado com impostos tão aviltantes.
*
Marcelo Malagoli
da Silva é advogado em Belo Horizonte/MG.
* * *
Transações clandestinas:
Malas
de reai$ e cuecas de dólare$
Por
Pepe CHAVES*
Nada mais dantesco que
um partido que sempre foi de oposição, sempre pautou pela moralidade,
pela transparência, passar a governar e ser associado a episódios
infelizes da vida social, moral e política do país. A roubalheira vaza
para todos os lados. Basta você abrir qualquer torneira que sairá dela
um corrupto. A “festa” se fez geral e praticamente todas as siglas
representativas da política brasileira, estão agora, envolvidas de
alguma forma a algum processo de corrupção, ao pagamento de propinas,
à lavagem de dinheiro, aos esquemas ilícitos de arrecadação,
instalados nos seios das grandes máquinas administrativas do Governo
Federal do Brasil.
E, contudo, ainda vem um
bando de debilóides - saídos da agonizante ignorância do povo
brasileiro - a bradar pela volta da ditadura, como se isso fosse
colocar solução aos larápios, que através das palavras, pastoreiam
seus eleitores fiéis. Um erro não conserta o outro. No entanto, o que
vemos nos dias atuais em termos de política e governabilidade no
Brasil é de fato uma lástima! E isso vale para todas as direções
geográficas, do Oiapoque ao Chuí. Desde deputados envolvidos com
esquemas de propinas até “assessores” e políticos viajando com
dinheiro não declarado pelo mundo afora.
Se agora pegaram um, ou
dois, quantos mais saíram impunes de seus esquemas com cinturões de
dinheiro? Com suas cuecas carregadas de dólares? Com suas descaradas
malas abarrotadas de dinheiro de origem duvidosa, promovendo ainda
mais, dinheiro de origem duvidosa... CPI pra isso, CPI praquilo, cada
dia surge um novo escândalo, cada dia surge um novo nome, nova
investigação. Houve quem propôs a CPI das CPIs, a “Cepeizôna”! Parece
até engraçado, mas lamentavelmente, estes acontecimentos
político-sociais se manifestam como um cancro ativo cobrindo aos
poucos, a imensa trama de rendas que compõe as esferas administrativas
públicas. Este monstro cancerígeno atroz, às vezes, surpreende, ao
fazer “apodrecer” certos perfis políticos, outrora limpos e sadios;
esbravejantes, opositores, justos e honestos, mas que hoje, se
encontram inutilizados, pois foram corroídos pelos vermes da falta de
escrúpulos.
Nunca vamos saber, de
fato, quem se salva nesse mar de lamas. Nunca saberemos se o acusador
de uma CPI tem de fato moral para estar ali cobrando, pois amanhã, ele
poderá estar sentado no banco de réus... Já vimos isso antes. Nunca
saberemos quão mínima fração compõe aquele grupo de cidadãos íntegros
de verdade, que frente à política, representa com honradez e
honestidade os demais cidadãos que o designaram a um cargo eletivo.
Simultaneamente,
enquanto aparecem os podres, há de verificar com positividade pelo
menos uma coisa em tudo isso: o belo trabalho feito pela Polícia
Federal e demais órgãos investigativos do Brasil. Ainda que este tipo
de trabalho não seja perfeito, torna-se imprescindível e louvável. Os
profissionais das investigações públicas no Brasil têm desbaratinado
bandos, descoberto falcatruas e chegando em “peixes graúdos” da
política nacional. Doravante, caberá à Justiça brasileira, após
investigações, apurações e relatórios de CPIs e demais documentos,
aplicar à lei cada caso, para que estes tristes episódios jamais
acabem em pizza, assim como os demais que já presenciamos em outrora.
*
Pepe
Chaves
é editor de
Via
Fanzine (www.viafanzine.jor.br); |
Mala$, maleta$
e malote$.
Gustavo
DOURADO*
Os
mala$ estão
na
ordem do dia.
Mala$ cheias de corrupção.
Mala$ que levam a grana des.lavada.
A
verba que se lava à contra-mão...
Fraudam as licitaçõe$
Fal$ificam o numerário
A
grana desaparece
Dilapidam o Erário
Enquanto o povo vive:
Com
fome e sem salário...
Droga$, jatinhos, caviar
Cinematográficas mansões
Orgia$ melodramáticas...
Tem
grana até na cueca
Do
assessor de "puta" do
O
político desalmado:
Desfalca a educação
A
saúde sem dinheiro:
Vai
tudo pro "Mensalão"...
Tem
ladrão de todo tipo:
Com
mandato, engravatado
Burocrata, executivo
Dirigente de partido:
Ministro, juiz, dele.gado
Presidente de empresa
Governa.dor de estado.
Larápios do patrimônio
Malfeitores do poder
Enganadores do povo
Que
só sabem perverter...
CC-5:
Dólares aos bilhões
Verbas da Imprevidência
Privatizaram a consciência:
Escandalizam a Nação...
A
ju$tiça des.engana
Proteje o endinheirado
Paga-se uma fian$a:
Jamais será condenado...
A
"lei" alguns favorece
Torna tudo desigual
Paga-se e fica livre
É um
sistema desleal
Levam nosso tesouro
Ao
paraí$o fi$cal...
Não
esqueço do Lalau
E do
desem.bar.gador
Tesoureiro partidário
De
"puta" do - sena.dor
Essa
gente que só sabe
Provocar tristeza e dor...
É
preciso uma faxina
Na
sujeira national
Retomar nosso dinheiro
Da
escola, do hospital
Trancafiar os corruptos
Em
presídio federal...
*Gustavo
Dourado é
poeta
e escritor em
Brasília/DF.
|
Comparativo:
Flores,
flores para los muertos
Por
Fernando Gabeira*
Sempre que os fatos ganham
velocidade, costumo comprar um bloco de notas. Anoto frases, idéias,
intuições e deixo que se decantem com o tempo. Volto a elas, depois, para
rejeitá-las ou desenvolvê-las. A primeira frase que me veio à cabeça foi a
da vendedora de flores que encerra um filme.
O pequeno bloco também tem
idéias. Por exemplo: comparar a ditadura com o governo Lula. Uma
neutralizou o Congresso pelo medo; o outro, pelo pagamento de mesada.
Ditadura e governo Lula
compartilham o mesmo desprezo pela democracia, ambos violentaram a
democracia reduzindo o Parlamento a uma ruína moral.
Os militares prepararam sua
saída de forma organizada.
Nem muito devagar para não
parecer provocação nem muito rápido para não parecer que estavam com medo.
Já o núcleo duro do governo
Lula parece perdido, batendo cabeça, ou melhor, enfiando-a na areia, sem
perceber que a polícia está chegando e, daqui a pouco, alguém vai gritar
na porta do Planalto: "Se entrega, Corisco".
Quando era menino e vivia em
Juiz de Fora, fazíamos rodas de capoeira, bastante rudimentares, confesso.
Mas cantávamos: "A polícia vem, que vem brava/quem não tem canoa, cai
n'água".
Tudo isso jorra aos
borbotões na minha caderneta. Anotei: chamar alguém do "Guinness", o livro
dos recordes, para saber se algum tesoureiro de qualquer partido do mundo
se desloca com batedores de motocicleta e carros clones para iludir
perseguidores; se algum tesoureiro partidário se desloca com jatos
particulares, semanalmente; se introduz no palácio associação de
empreiteiros que receberam R$ 1,1 bilhão de dívidas.
'Não sabia que dias tão
cinzentos ainda viriam pela frente.
Que seria liderado por um
homem que achava
que Maurício de Nassau
era um deputado de Pernambuco'
Os militares batiam, davam
choques e insultavam na sessão de tortura, mas vi muitos dizendo que me
respeitavam porque deixei um bom emprego para combatê-los com risco de
vida. Eles viam ideais no meu corpo arrasado pelo tiro e pela cadeia.
O PT queria que eu abrisse
mão exatamente da minha alma, e me tornasse um deputado obediente, votando
tudo o que o Professor Luizinho nos mandava votar.
Os militares jamais pediriam
isso. Desde o princípio, disseram que eu era irrecuperável e limitaram-se
à tortura de rotina. Jamais imaginei que seria grato aos torturadores por
não me pedirem a alma. Não sabia que dias tão cinzentos ainda viriam pela
frente. Que seria liderado por um homem que achava que Maurício de Nassau
era um deputado de Pernambuco.
Logo eu, que sou admirador
de um deputado pernambucano chamado Joaquim Nabuco.
Foram os anos mais duros de
minha vida. No meu caderno anoto frases e indicações da semelhanças da
luta contra a ditadura e da luta contra este governo, desde que comecei a
criticá-lo, com a importação de pneus usados. As pessoas têm suas
carreiras, seus empregos, sua racionalizações. É preciso respeitá-las,
atravessar o deserto sem ressentimentos.
Agora, sobretudo, é preciso
respeitar o sofrimento dos vencidos. Outro dia, quando me referi a um
núcleo na Casa Civil como um bando de ladrões que atentava contra a
democracia, uma jovem deputada do PT estremeceu. Senti que não estava
ainda preparada para essas palavras cruas.
E fui percebendo pelas
anotações que talvez esteja aí, para o escritor, o mais rico manancial de
toda essa crise. Como estão as pessoas do PT? Como se ajustam a essa nova
realidade, que destino tomaram na vida?
Procuro não confundir, entre
os que ainda defendem o governo, aqueles que são cínicos cúmplices e os
outros que apenas obedeceram a ordens sob a forma da aplicação do
centralismo democrático. Alguns defendem porque ainda não conseguiram
negociar com sua própria dor. Não podem suportá-la de frente. Mas terão de
fazer algum dia, porque, por mais ingênuos que sejam, já perceberam que a
mãe está no telhado. Vamos ter de encarar juntos essa realidade. A grande
experiência eleitoral da esquerda latino-americana, admirada por uma
Europa desiludida com Cuba e Nicarágua, a grande novidade que verteu
tintas, atraiu sábios, produziu livros e seminários, vai acabar na
delegacia como um triste fato policial de roubo do dinheiro público e
suborno de parlamentares.
Só os que se arriscarem a ir
até o fundo dessa abjeção, compreendê-la em todos os seus detalhes
mórbidos, têm chances de submergir para continuar o processo histórico.
Por incrível que pareça, o Brasil continua, e a vontade de mudar é mais
urgente do que em 2002. Por isso proponho agora um curto e eficaz trabalho
de luto.
Anotação final: começa o
espetáculo da CPI, secretárias e suas agendas, ex-mulheres e suas mágoas,
arapongas, tesoureiros e seus charutos, vossa excelência para cá, vossa
excelência para lá, sigilos bancários, telefônicos, emocionais.
Viu, Duda, que cenas finais
melancólicas quando um mercador tenta aplicar à complexidade da política a
singeleza do vendedor de sabonetes?
*
Fernando
Gabeira
é escritor e deputado federal pelo PV.
- Colaborou:
Ana Mäder
* * *
21 de abril:
Inconfidência: sentimento de liberdade
‘Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós
e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz...’
Por
Pepe CHAVES*
O dia 21 de abril é uma data guardada com muito carinho pelo povo
brasileiro e, sobretudo, mineiro. No entanto, muitos não vêm a
refleti-la dentro de seu verdadeiro significado e por que, realmente
deve-se comemorar este feriado nacional.
Imbuídos na correria do dia a dia, poucos têm a oportunidade de se
inteirar sobre fatos históricos, datas e personagens que marcaram o
país em seu passado, contribuindo para que, hoje tenhamos a liberdade
que detemos, a soberania nacional, o respeito internacional e um nome
autônomo: Brasil.
'Em vez da cruz, a forca;
em vez do túmulo, o esquartejamento' |
Tiradentes |
Muitos nomes vêm à baila quando pensamos em “heróis nacionais”, mas
poucos foram como Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que no
Estado de Minas Gerais, comandou um movimento revolucionário com o intuito
de derrubar a corte portuguesa. Traído, por um de seus inconfidentes –
Joaquim Silvério dos Reis – foi paradigma de Jesus Cristo na história dos
homens, ao qual Judas também entregou de mão beijada.
Em vez da cruz, a forca; em vez do túmulo, o esquartejamento e os
pedaços do seu corpo, sarcasticamente foram espalhados nos principais
pontos de Minas Gerais, como mostra do poderio da corte portuguesa.
Os inconfidentes desejam – antes de tudo – um Brasil autônomo e
livre, tal como o temos hoje, mas agiram numa época em que foram vítimas e
exemplo para outros que ousassem sonhar com a liberdade nacional.
Enquanto algumas datas comemorativas de outros movimentos
acontecidos no passado de alguns Estados brasileiros se voltam a outros
interesses, seja de uma classe, seja por independência local - dentre
outros motivos -, a Inconfidência Mineira foi um movimento
fundamentalmente libertário que faliu, é verdade – como falem os grandes
sonhos -, mas foi suficiente para escrever a palavra “liberdade” na
bandeira do Estado.
A Inconfidência Mineira deve ser reconhecido como um dos mais nobres
gestos civis de nossa pátria e por isso, devemos nos orgulhar: por estes
homens de rara coragem no passado da nossa nação. O sangue de Tiradentes
ainda circula por Minas.
* Pepe Chaves é
editor de Via Fanzine
www.viafanzine.yan.com.br
-
Foto:
http://commons.wikimedia.org
* *
*
Crença:
A
fabricação de “milagres”
Milagres, das duas uma:
farsa ou manifestação de
inteligência superior. Para saber, é preciso
provar.
Por
Pepe CHAVES*
editor
www.viafanzine.jor.br
O que poderíamos definir por
“milagre”? A constatação de algo que não temos consciência de como se dá?
Um milagre, ao meu ver pode ser duas coisas: a primeira, a manifestação de
uma alta tecnologia, incompreensível aos nossos sentidos e, portanto,
impossível de ser explicada ou traduzida por nossos sentimentos; a
segunda, uma grande farsa, montada ao redor de um fato ou fator que gere a
impressão de que algo “milagroso” (incrível e sem explicação) esteja
acontecendo, com o intuito de impressionar e fazer todos crerem naquilo.
Quando os europeus nestas
terras aportaram, trazendo em suas bagagens a pólvora, os índios
americanos que aqui residiam acreditavam que eles faziam milagres, porque
tinham o poder de fabricar o fogo. Para eles, os invasores eram os
“milagrosos peles claras”, com seus “poderes” incompreensíveis. No
entanto, a pólvora e outras invenções que impressionaram os povos
indígenas outrora, na realidade, se tratavam todos de combinações químicas
ou físicas, avanços tecnológicos, criados após a realização de várias
experiências e pesquisas.
O ilusionismo levou e leva
muita gente a crer em milagres. Existem truques altamente desenvolvidos a
ponto de se criar verdadeiras catarses coletivas. Muitas são as fraudes
que sustentam “milagres”, nalgumas das quais, realmente, ninguém jamais
conseguirá comprovar o contrário. Bom exemplo da “fabricação de milagres”
foi expresso na antiga novela “Roque Santeiro”, produzida pela Rede Globo.
A teledramaturgia global mostrava um personagem que teria morrido e que
foi tido como santo após sua morte; porém, na realidade, não havia morrido
e jamais poderia ser visto em vida pelas pessoas do lugarejo, já que teria
se tornado santo milagreiro, morto! Esta é apenas uma sátira à ignorância
do povo de tantos lugares deste planeta, onde foram forjadas aparições de
santos e de outras “entidades” incompreensíveis ao discernimento humano.
Tratados como ignorantes, e obrigados a engolirem goela-abaixo a versão
católica, tais populares passam então a defender o milagre acontecido em
sua terra natal, sem ao menos prová-lo, ou cobrar provas de tal, tudo
porque, dentro de seu limite humano, de sua cobiça e ignorância, crê que
tal fato trará investimentos econômicos à sua cidade.
E, o mais interessante é
que, geralmente, a Igreja Católica apóia e valida os milagres apresentados
por seus fiéis e - o que é mais sério, sem ao menos estudá-los, ou
esclarecê-los cientificamente. Se houve fraude ou se tal fato fora
realmente, manifestação de alguma espécie de consciência superior, apenas
declaram-no milagre e fim de papo! Fatos desse tipo presenciamos aqui em
Itaúna, desde que nascemos, onde teria aparecido uma santa nos anos 50 e a
Igreja Católica apenas deu sua versão, sem JAMAIS, estar aberta para falar
oficialmente desse caso, sob uma ótica científica, ou pelo menos,
sensata. O que fizeram, foi calar as testemunhas e fazê-las dizer a todos
que “a igreja está estudando o caso”. Nenhuma explicação plausível fora
dada ao público, ao contrário, este foi tratado como gado, ao ter que
engolir a versão católica de que “ali apareceu uma santa, semelhante à
Maria”. Será? Até hoje não provaram que foi santa católica mesmo que
apareceu naquele local, pelo menos para mim...
Agora, que isso venha gerar
turismo e emprego para a cidade “contemplada”, é verdade, pois Aparecida
do Norte/SP é uma cidade que tem sua economia à base do turismo gerado
pelos milagre$ da santa homônima. Há ali um grande templo da igreja
católica que leva anualmente ao local, centenas de milhares de fiéis de
toda parte do país. Naquela cidade, os fiéis ocupam hotéis, pensões, usam
serviços diversos, levando considerável renda para a economia municipal.
Porém, penso que, em nome do bom senso, a verdade dos fatos deveria vir à
tona, antes que boatos a transformem numa mentira irreversível, plausível,
aceitável, a ponto de fazer da própria “verdade” um péssimo negócio para
todos! Na realidade, os interesses comerciais podem se tornar mais fortes
e evidentes que o próprio “milagre”, que carecerá de maiores estudos,
porém, os tendo, estará sujeito a ser desnudado e ser explicado,
terminando aí com o "mistério", e conseqüentemente, com o círculo vicioso
de visitações turísticas aos “locais sagrados”. E o que reparamos, é que a
igreja se mostra puramente marqueteira, no sentido de se tratar de uma
milenar multinacional, e saber tão bem administrar e validar seus milagres
e canonizações (estas também rendem turismo às cidades natais dos
canonizados) que ocorrem nos quatro cantos da Terra.
Mas que milagres são estes
que não são explicados cientificamente? Talvez, por que se forem, deixam
de ser milagres... Tantas cidades da Europa e das Américas,
principalmente, tornam-se sagradas após alegações de aparições marianas e
outras semelhantes. Esses fatos se tornaram grandes geradores do turismo
nestes locais e da manutenção da igreja católica através dos últimos
séculos. E ressaltamos novamente, o mais interessante é que tais fatos
recebem toda "assessoria modelo” dos altos escalões da igreja,
transportando-os à visão e ao discernimento exclusivamente catolicista,
sem jamais permitir que novas descobertas sejam feitas acerca do fato em
questão.
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Pepe Chaves
é
editor do jornal Via Fanzine.
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Quem foi Tio Sam?*
Os historiadores não
sabem ao certo quem foi ou quem criou "Uncle Sam" (Tio Sam), porém a
teoria que prevalece é sobre um homem chamado Samuel Wilson.
Wilson nasceu em
Arlington, Ma em 13 de setembro de 1766 e mudou para Troy, NY em 1789.
Durante a guerra de
1812, Wilson, que possuia um matadouro, fornecia grandes quantidades de
carne para o exército americano (US Army) em barris com as iniciais
"U.S.". Supõe-se que alguém que viu as iniciais teria sugerido (talvez
como brincadeira) que as mesmas seriam de "Uncle Sam" Wilson ("Tio Sam"
Wilson em inglês).
A sugestão de que os
carregamentos de carne partiam de "Uncle Sam" (Tio Sam) levaram à idéia de
que Uncle Sam (Tio Sam) simbolizaria o governo federal americano.
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Fonte:
http://www.tiosam.com/tiosam.asp
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Crônica:
Seu lixo, sua personalidade
Reflita sobre o que seu lixo pode revelar de você para outras pessoas...
Por Armando Sérgio de SOUZA*
Se não fosse um incidente ocorrido, eu
nunca haveria pensado nisto. O que a principio se imagina é que aquilo
jogado no lixo não serve para nada mais (pelo menos pra quem joga). Ledo
engano! O lixo pode ser aproveitado, por um cachorro, um ser humano, ou
reciclado.
Para
viver é preciso alimentar-se. Logo, todo vivente se alimenta. E quem se
alimenta defeca. Uma casa também se nutre: de comidas, papeis, produtos de
limpeza, uma parte aproveitada, outra eliminada. Um carro ingere:
gasolina, álcool... Mas também não solta gases? A ração de um computador é
os dados, os elementos de entrada, os quais ele processa (metaboliza),
defecando informações, textos, gravuras... Para nos mantermos vivos,
precisamos de ar, e até de impressões. O resíduo destas são os nossos
gestos, nossos escritos, nossa fala. “A Arte são as fezes da alma”.
Até
Deus se alimenta: dos louvores, das adorações. Seríamos nós, o Universo e
toda a Sua Criação os Seus dejetos?...
Houve
um dia em que eu joguei no meu lixo um vidrinho de fortificante. Uma
senhora passou, revirou ali as coisas, comentando finalmente que eu usava
o mesmo remédio que o seu marido.
Daí por
diante, eu meditei: quem se der ao trabalho de escarafunchar o lixo de
cada família, saberá exatamente o que ela come, o que ela bebe, os
produtos de limpeza que ela usa, se é econômica ou esbanjada, o padrão de
vida que leva, seus deslizes morais (caixinhas de preservativos, calcinhas
da amada, perfumes estranhos...), o grau de religiosidade (retratos de
líderes, restos de velas para macumbas ou despachos...). Na maneira de
amarrar o saco (de lixo) o cidadão mostra a sua personalidade. Há sacos
maiores, menores, mais limpos, mais fedorentos...
Uma
esposa pode descobrir traições do marido, um filho pode esquecer um guimba
de maconha, a filha, pedaços de carta de um namorado, detestado pelos
pais. Um mal intencionado pode descobrir, no seu lixo, um telefone, uma
senha bancária, ou, no mínimo, por curiosidade para saber o que está se
passando na sua família.
Um pouco de nós permanece em tudo o que
fazemos. Até mesmo no lixo que, ao contrário de ficar sem valor e
esquecido, como sempre pensamos, é ainda um documento, do acervo de nossa
história. Portanto, vai aqui uma advertência: Curiosos e malfeitores é o
que não falta. É preciso muita cautela, conferir bem as coisas antes de
jogar fora. Papéis relativos à sua privacidade devem ser queimados, jamais
os jogue no lixo!
* Armando Sérgio de Souza é
professor, músico, tradutor e escritor.
Armando Sérgio. Estúdio Portrait/Arquivo
Via Fanzine.
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