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Uma vertiginosa aventura:
U2
no Morumbi: apoteose de som e luz
Uma verdadeira maratona para assistir a um
histórico show da música pop mundial em São Paulo.
Por Márcio
Rodrigues MENDES*
De Dois
Córregos-SP
Exclusivo para
Via Fanzine
Turnê de Vertigo teve duas apresentações no Brasil.
Deslocamos de Dois Córregos/SP para São Paulo,
com o intuito de assistirmos a segunda apresentação da banda irlandesa
U2 em sua passagem da tour de Vertigo pelo Brasil.
Conseguimos um hotel e na segunda-feira, foi dia de retirarmos nossos
ingressos no estádio do Pacaembu. Fizemos isso logo pela amanhã e foi
tranqüilo. Finalmente chegamos na terça-feira (21/02/2006), para a
assistirmos à segunda apresentação da banda irlandesa. Ouvimos muitas
recomendações pela tevê - sobre confusões na fila de entrada, pessoal
que acampara dias antes para o show, falavam daquilo que era
recomendado levar e o que não era...
Tentamos com antecedência, mas não conseguimos
hospedagem no mesmo Hotel da banda, o motivo foi a "superlotação" no
Grand Hyatt: além da acomodarem os integrantes da banda, o
hotel sediava um Congresso Mundial de Oftalmologia. Ficamos num outro
hotel bem próximo e um ou dois dias antes do show, nossos passeios
levou-nos defronte ao Grand Hyatt: pudemos conferir a legião de fãs,
esquemas de segurança e a eterna tietagem no próprio local.
Tudo fez parte da experiência vivida e
certamente constituirá boas lembranças; aliás, foi impressionante ver
como o show movimentou aquele setor de São Paulo: mesmo no nosso hotel
houve confusão. Estava "lotado" por conta dos fãs e participantes do
congresso - havia inclusive aqueles informes sobre o "translado" de
pessoal do nosso hotel para o Grand Hyatt. Tivemos alguma
dificuldade em permanecer no nosso hotel: houve engano quanto ao
período que permaneceríamos ali e quase que tivemos que arrumar outras
acomodações... Justamente no dia do show! Felizmente tudo se resolveu
bem.
Saímos do hotel por volta de 17h e não foi fácil
chegar ao estádio. Nosso táxi teve que parar um quilômetro antes. Sob
um céu que prometia alguma chuva, mas de um bonito pôr-do-sol havia
inúmeros helicópteros observando toda movimentação: a passagem pela
rua de um “sem número” de pessoas hora tentando comprar “ingressos
sobrando”, outros tentavam vender “ingressos de última hora”. Havia
ainda inúmeros ambulantes comercializando camisetas e tudo mais o que
se possa imaginar relativo à banda.
Parte do palco e público.
Tudo isso foi uma constante em toda caminhada.
Isso por si só, já era algo excitante.
'Homens
engravatados olhavam detidamente os ingressos e,
finalmente, para o nosso alívio ouvirmos: ...tenham um bom show!'
Ao adentrar o estádio, passamos por inúmeras
"conferências": uma equipe fazia uma simples olhada, e passávamos para
etapa seguinte: código de barras! Até aí tudo ‘ok’, mas havia ainda
enormes tendas, onde luz ultravioleta denunciaria se era genuíno ou
não o bilhete de entrada. Passamos sem problemas. Enfim, homens
engravatados olhavam detidamente os ingressos e, finalmente, para o
nosso alívio ouvirmos “...tenham um bom show!”.
Que alívio! Àquela altura, confesso, uma forte
emoção tomou conta. Inúmeras barreiras foram vencidas: desde os
angustiantes momentos em que tentávamos via Internet e/ou
telemarketing conseguir ingressos; viagem, a espera, para que eu
pudesse estar ali etc. Finalmente estava consumada a expectativa de
poder estar frente aos “ídolos”, enfim, tudo isso somado resulta numa
experiência inesquecível a ponto de evidenciar a questão: será que sou
merecedor?
Conseguimos nos acomodar em cadeiras numa
cobertura com boa proximidade do palco. Não levei nem a filmadora, nem
a máquina digital. Além das recomendações para não levar esses
equipamentos, desisti também de levar binóculos.
Poder estar acomodado no estádio Morumbi, vendo
aquele enorme palco e um “mar de gente”, já foi uma experiência e
tanto. Estávamos ainda a quatro horas do início do show.
'Foi impossível ouvir os primeiros acordes a despeito de toda potência
gerada,
pois a manifestação ensurdecedora do público para recepcionar Bono Vox
e companheiros foi um show à parte'
Às 20h apresentou-se a banda Franz Ferdinand.
Acho que agradou, mas trata-se daquelas bandas cujas músicas tem uma
toada só. Depois de ouvir três ou quatro daquelas, parecia-me todas
iguais. Um bom jogo de luzes, telões e uma potência de som que enchia
o estádio. Uma hora e meia de show. Ao término, um batalhão de
técnicos, faxineiros e sabe-se lá mais o que, tomaram o palco e
mudaram tudo. Após as mudanças pareceu-me um outro lugar, maior e mais
aberto...
Como mostra o DVD dessa turnê Vertigo, os
protagonistas se apre-sentam na abertura e imaginei que a estrutura do
Morumbi não deveria suportar tanta vibração. Foi impossível ouvir os
primeiros acordes a des-peito de toda potência gerada, pois a
manifestação ensurdece-dora do público para recepcionar Bono Vox e
companheiros foi um show à parte.
Iniciada a apresentação, o som explode com uma
iluminação totalmente renovada e ao ritmo frenético da banda,
justifica-se o porque de serem considerados uma das maiores bandas da
atualidade. Impossível ficar indiferente ou não se contagiar.
'O estádio permanecia totalmente às escuras e uma quantidade
astronômica
de celulares ligados constituíam uma vasta constelação de luzes
mortiças'
O show evolui com alternância de músicas novas,
incluindo as “velhas e consagradas”, além de muita “conversa
interativa” e evoluções do Bono Vox, tão características. Ele é uma
verdadeira ‘figurassa’! A certa altura do show, dando continuidade à
letra de uma das canções, o estádio em peso cantou para a banda (que
permaneceu atônita): “Ai, ai, ai-ai... está chegando a hora...”.
Foi muito engraçado! Não sei como tudo começou, mas marcou a
apresentação. Foi uma inversão e tanto: a banda assistira às pessoas
ali presentes, em sua totalidade, cantarem-lhes uma “saudação”
brasileira...
Nas músicas lentas e melodiosas, o estádio
permanecia totalmente às escuras e uma quantidade astronômica de
celulares ligados constituíam uma vasta constelação de luzes mortiças.
Aquilo foi um espetáculo sem par, rompido ao final por outra seqüência
de músicas mais agressivas. Tudo muito bem arranjado e planejado. Até
a interação com a platéia próxima, parecia coisa ensaiada.
Curioso também é comparar a agitação de toda
galera no Morumbi ao que pode ser visto em DVD da mesma turnê,
como por exemplo, a apresentação de Anaheim/2005. A recepção/manifes-tação/agitação
no Morumbi pareceu-me ser muito mais calorosa, participativa e
ruidosa, sem nenhuma margem de dúvida. Bono Vox, com certeza,
levou boa impressão de sua fama no Brasil.
A saída do pessoal da banda foi interessante:
você sabia que o show terminara, mas era difícil colocar-se em
movimento para ir embora. Na verdade, custa a crer que terminou.
'Alguém
que ainda sonha em salvar o Mundo ou tentar consertá-lo,
deve ser um sonhador...'
Porém, na volta, tivemos de andar madrugada
adentro, ladeados por inúmeras pessoas, sem termos a menor idéia da
direção em que se está indo, não foi uma sensação nada agradável.
Passamos até por mato! Havia milhares de táxis, mas nenhum disponível!
Foi uma sensação ruim, tivemos que andar muito para conseguir um. Nem
oferecendo pagar três vezes o valor da corrida no taxímetro se
conseguia um deles. Isso já era esperado. Ao chegarmos no hotel, um
banho, comida decente e ver o meu pequeno Daniel em seu sono ingênuo
foi a coroação do dia. Enfim, valera a pena todo o esforço de “ir e
vir” para assistir ao vivo à histórica apresentação de Vertigo
no Brasil.
Após toda essa maratona, muita coisa passa pela
cabeça. A figura do líder do U2 é forte. Acho-o um sonhador. Sim,
alguém que ainda sonha em salvar o Mundo ou tentar consertá-lo, deve
ser um sonhador... Contudo, trata-se de alguém que não está parado.
Ele faz alguma coisa pelo Mundo e seus semelhantes. A música é sua
ferramenta; boa ferramenta! Gostei.
O Senhor 'ilustre desconhecido'
Márcio R. Mendes*
Palco da turnê Vertigo:
bandeiras ao fundo.
Devido ao longo
tempo em que permanecemos no estádio, as pessoas próximas e ao
nosso redor foi a princípio sempre "renovada". Era um tal de
"guardar lugar" para fulanos que saíam e voltavam, enquanto outros
nunca mais voltavam. Lugares estes que eram freqüentemente
disputados. Isso foi uma constante, até que o show do U2
começasse, pois a partir daí todos realmente se acomodaram.
Ao lado da
cadeira da minha irmã havia um dos "lugares vagos" mais disputados
do pedaço, até que um "ilustre desconhecido" ocupou o lugar. Era
um tipo "gente boa": camiseta larga, bermudão, bastante agitado,
falando freqüentemente ao celular, parecia dar as coordenadas a
alguém sobre sua localização. Conversava muito com todos ao seu
redor e não que pudesse fazer muito, mas o que estivesse ao seu
alcance, para ajudar alguém, ele faria.
Quando o show
começou, foi um dos que mais se agitou por ali. Praticamente
cantou todas as letras das músicas, em coro com o próprio U2. Nos
primeiros minutos do show, ao perceber que fazíamos fotos,
implorou por "uma só", de forma que o mostrasse com a banda
ao fundo. Uma figura: mãos justapostas, implorava pela foto, como
se fosse a "foto da sua vida", acompanhado de pedidos para receber
a foto via Internet. Minha irmã fez a foto, para deleite do Senhor
"ilustre desconhecido" e a vi tomando nota de alguma coisa
(provavelmente o telefone do sujeito). Creio que a essa altura,
ele já deva ter recebido seu "prêmio".
O fato é que
acabou "lançando moda" no pedaço, pois muita gente se preocupou em
seguida em fazer fotos nessas condições: com a banda e o bonito
visual do estádio lotado como fundo.
Num dos poucos
momentos em que a banda fez aquele "intervalinho" - acenam para
todos, saem do palco e retornam minutos depois - o Senhor "ilustre
desconhecido", em sua agitação característica, nos confidenciou: "Sabem
como entrei aqui? Negociei um jaleco do pessoal que vende água e
refrigerante, entrei e devolvi o jaleco para seu dono!". Um
autêntico "bicão"! Com as inúmeras barreiras, não creio que
houvesse muitos deles, mas pensando nisso, creio que o número de
pessoas naquele estádio deve ter sido ligeiramente maior do que o
número oficial de pagantes.
* Márcio
Rodrigues Mendes
é físico, professor, astrônomo
amador e articulista dos portais
Via Fanzine e
UFOVIA (www.viafanzine.jor.br).
- Ilustrações:
“U2”, Fotomontagem e desenho por
Fábio Vieira,
exclusivo para
Via Fanzine.
- Fotos:
Arquivo Via Fanzine.
- Nota do Editor:
O
presente texto foi enviado a mim em forma de correspondência pessoal
pelo amigo e colaborador Márcio Mendes. A meu pedido e com seu
consentimento, este texto sofreu devido trabalho de edição. Márcio
assistiu à apresentação do U2 em companhia de sua esposa, sua irmã e
amigos de Belo Horizonte.
-
Produção:
Pepe Chaves.
* * *
U2 no Brasil:
U2 se reunirá com Dilma antes de shows
no Brasil*
A banda U2 pretende se encontrar na
sexta-feira com Dilma em Brasília.
Em sua passagem
anterior pelo Brasil, o U2 incendiou São Paulo.
A banda irlandesa U2, que fará três shows em São
Paulo nesse mês de abril de 2011, se reunirá nesta semana com a
presidente Dilma Rousseff, informou nesta segunda-feira o jornal
"Folha de S.Paulo".
U2 pretende se encontrar na sexta-feira com Dilma em
Brasília, um dia antes de se apresentar no primeiro dos três shows no
Brasil, segundo o jornal.
No entanto, fontes da Presidência disseram à Agência Efe
que não têm confirmação da suposta reunião da governante com os
artistas.
Dentro da turnê "U2 360º", a banda irlandesa, liderada pelo
vocalista Bono, se apresentará nos dias 9, 10 e 13 de abril no estádio
do Morumbi em São Paulo.
Em 2006, em outra visita ao país, Bono se reuniu com o
então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o qual abordou
diversos assuntos sociais.
Dilma, por sua parte, recebeu a cantora Shakira no dia 17
de março, que lhe pediu apoio para o projeto social da Fundação
América Latina Solidária, que ela incentiva junto com outros artistas
latino americanos.
O U2 realiza uma turnê mundial e na semana passada, durante
sua passagem pela Argentina, Bono foi recebido na sede do Governo pela
presidente Cristina Fernández.
* Informações da
EFE.
- Ilustração:
Fábio Vieira/Arquivo VF.
* * *
Rio:
Arnaldo Brandão lança ‘Amnésia
Programada’
Novo CD do
ex-líder do Hanoi-Hanoi traz suas novas composições.
Da Redação
Via Fanzine
Arnaldo Brandão está com novo CD.
O cantor e compositor Arnaldo Brandão está promovendo o
lançamento nacional do seu novo CD “Amnésia Programada”. O evento está
programado para a quinta-feira (09/11), no Hipódromo UP, na Praça
Santos Dumont, Gávea, Rio.
“Numa rede viciada em informações, estados alterados de
consciência navegam em alta velocidade no córtex do sistema. Bem
vindos ao mundo de Amnésia Programada!”, afirma Brandão no flyer de
divulgação.
O baixista e vocalista Arnaldo Brandão se tornou conhecido
após gravar com diversos nomes de destaque a MPB. Ele liderou a banda
Hanoi-Hanoi que fez grande sucesso nos anos 80 e 90, na qual gravou
algumas de suas parcerias com o parceiro Tavinho Paes.
O evento conta com as participações especiais de Ana Élle,
Tavinho Paes, Beatriz Provasi e Álamo Leal. Arnaldo Brandão será
acompanhado pelos músicos Eliza Schinner (baixo), Robson Riva
(percussão) e Pedro Augusto (teclados).
- Valor da
entrada: R$ 20,00
- Mais
informações:
planod@arnaldobrandao.com.br
- Leia
também:
Entrevista
histórica de Arnaldo Brandão ao VF
* * *
Música mineira:
Compositor Fernando Oly lança o seu site*
Seus trabalhos já estão disponibilizados para audição e download na
sessão "Acervo".
Fernando Oly.
Fernando Oly, compositor e instrumentista mineiro, acaba de
lançar um site dedicado inteiramente à produção de músicas via
Internet, além de disponibilizar todo o seu trabalho musical,
gratuitamente, na Web.
Está lançando on-line seu novo trabalho de nome "Pintanto
Música", que já conta com três músicas disponibilizadas, dentro da
proposta da "Música da Nascente", conceito que envolve muitos
aspectos, dentre eles, o oferecimento das músicas ao público, sem
passar por intermediários. É a música que vem direto da fonte.
Seus trabalhos já realizados estão disponibilizados para
audição e download na sessão "Acervo", tais como o disco "Tempo Pra
Tudo" de 1981 e o CD "Caminho Azul" de 2002, além de fotos e,
futuramente, contará com vários outros atrativos.
Além disso, conta com a Banda Pleyon, à qual vários músicos
e compositores são convidados a integrar, em um trabalho livre e
criativo, além da possibilidade de realizá-lo e divulgá-lo através da
Internet.
Há também uma rádio que irradia entrevistas, músicas, bons
papos com amigos e pessoas ligadas à arte em geral, bem como tem o
propósito de integrar a região onde se encontra o estúdio Exoflora,
pequeno grande estúdio, dotado de equipamentos de qualidade e situado
no Município de Ouro Preto.
Para saber mais, acesse:
www.fernandooly.com.br e participe.
*
Informações e imagem da Equipe Fernando Oly.
-
Mais informações:
contato@fernandooly.com.br
* * *
Música brasileira:
Revista Rolling Stone destaca trabalho
de SR&G
Álbum do trio está entre os 10 melhores
de março.
Por Pepe Chaves
para
Via Fanzine
Sá, Rodrix &
Guarabyra
O álbum "Amanhece um Outro Dia", de Sá, Rodrix & Guarabyra
está entre os 10 melhores, segundo a revista Rolling Stone de março.
Com sua originalidade, o trio marcou a música brasileira
nos anos 70. Com a saída de Zé Rodrix no final da década de 70, Sá e
Guarabyra, como dupla, gravou diversos discos dos anos 80. Com o
retorno de Zé Rodrix o trio foi refeito e se apresentou em diversas
localidades do Brasil.
Em 2009, ano da morte de Zé Rodrix, o trio SR&G gravou o
álbum Amanhã que, por causa da morte do músico, permaneceu
arquivado.
Agora este álbum está sendo lançado e tem como destaque
"Amanhece um Outro Dia", em que o trio revisita a sonoridade do
passado.
-
Saiba mais sobre Sá, Rodrix & Guarabyra:
Minha vida com o Zé - artigo de Luiz Carlos Sá
Entrevista exclusiva com Luiz Carlos Sá
- Clique aqui para ver os 10 melhor de março da Rolling
Stone
* * *
Divinópolis:
Trio presta tributo ao músico Túlio
Mourão
Nascido em Divinópolis, Túlio Mourão
tem uma bela trajetória pela música brasileira.
Túlio Mourão
A música mineira tem uma expressiva participação no
reconhecimento da cultura brasileira em outros países. O músico Túlio
Mourão faz parte do acervo de competentes artistas que colaboraram
para que a visibilidade das manifestações artísticas nacionais fosse
conquistada para além de nossas fronteiras.
Nascido em Divinópolis, Túlio Mourão tem uma bela
trajetória pela música brasileira. Sua caleidoscópica diversidade o
leva do rock dos Mutantes às partituras barrocas do filme “O
Viajante”, das Congadas de Minas ao “Free Jazz”, do Pannis Angelicus
orquestrada para Milton Nascimento aos tambores ancestrais de
Mandinga.
Mourão também esteve ao lado de uma das memoráveis
apresentações de Milton Nascimento, se apresentando com o músico
inglês Jon Anderson (do grupo Yes), quando de sua passagem por Belo
Horizonte na década de 1990.
Esta diversidade o leva ainda a ser um compositor gravado
por nomes expressivos e de estilos musicais completamente
diferenciados. O músico ainda tem em sua bagagem os discos solo:
Trilhos, Jasmineiro, Carioca, Jorge um Brasileiro, Teia de Renda,
Eterno de Vez em Quando, Mandinga, Cine Popular, Silence 12, O
Vestido, e é também detentor dos mais importantes prêmios brasileiros
para trilha de cinema, entre eles: Kikito (Festival de Gramado),
Prêmio Festival de Brasília, APCA (Associação Paulista de Críticos de
Arte) e Festival de Cinema de Natal.
Em reconhecimento a este grande nome da música brasileira,
o show Túlio Por Um Trio faz uma bela homenagem a Túlio Mourão e suas
obras.
O permanente resgate de nossas sonoridades permite
simultaneamente a manutenção da memória da cultura brasileira e a
produção de novos significados sobre nossas expressões artísticas
vivas e em rápida construção.
Desta forma, um harmonioso show, apresentado pelo trio
Rodrigo Rios (bateria), Aulus Mourão (piano) e Vagner Faria (baixo),
traz convidados de renome como a nova revelação da música brasileira
Vander Lee.
O show conta também com as participações de Beto Lopes, Gê
Lara e Lemão, Anthonio, Luiza Lara, Bernardo Rodrigues, Jairo de Lara,
Violeta Campos, Sérgio de Castro, Grupo Pharmácia e Paulinho Trompete
os quais irão interpretar as clássicas canções de Túlio Mourão em uma
nova roupagem.
O projeto de Rodrigo Rios tem direção musical e arranjos de
Aulus Mourão e produção executiva de Roberta Machado.
SHOW: TÚLIO POR
UM TRIO e convidados
DATA: 11/03/2010
- quinta-feira
HORÁRIO: 20h30
LOCAL: Teatro
Municipal Usina Gravatá - Divinópolis.
Ingressos
antecipados na Sorveteria SLEP (Divinópolis)
- Informações:
3222-6000 ou e-mail:
rms_producao@yahoo.com.br.
* * *
Beatles:
‘Ganham milhões cantando mal’
Assim, a revista brasileira ‘Visão’
descrevia The Beatles, em 1964,
quando o grupo estava prestes a ser
reconhecido em todo o mundo.
Por Vermelho*
De
Belo Horizonte
Para Via
Fanzine
The Beatles
Sim, foi um texto com esse mesmo título, com a mesma foto
que li, se não me engano, na revista Visão (uma espécie de IstoÉ ou
Veja da década de 60). Eu, como muitos outros jovens da época,
estávamos fascinados com a música e tudo mais que os Beatles traziam
de novo em beleza, energia musical e mudança de costumes, além dos
sonhos de mudar o mundo.
Sei que a maioria de vocês sequer sonhava nascer naquela
época... Mas, podem estar certos que todos nós um dia teremos ou
tivemos 15 anos, porém, o tempo vai passar e um dia teremos cinqüenta
e tantos e continuaremos a valorizar muita coisa boa que gostaremos
para sempre.
E Beatles, Stones e outros, me abriram um mundo novo, ainda
mais eu, que vinha de um colégio onde tocava órgão, acompanhando pela
partitura, obras de Palestrina, Praetorius, Bach, Haendel, Mozart,
Beethoven, Schumann, Wagner etc.
Quando fui estudar em Belo Horizonte, mudou tudo – além do
governo militar: a gente via nas bancas de revistas fotos dos Beatles
e suas músicas tocavam o dia inteiro nas rádios. Nem sei mais qual me
encantou primeiro, se foi Please, please, I wanna hold your hand ou
She loves you, mas todas mostravam uma energia, uma capacidade musical
incrível, seja na composição como na execução. Sobretudo, os vocais,
ate hoje insuperáveis, principalmente, John Lennon e Paul McCartney,
grandes cantores solo que, cantando juntos com Harrison, faziam um
vocal harmonioso, rico e cheio de vida.
Voltando ao título acima, que vi quando ainda estudava num
colégio de padres alemães, onde interpretávamos canto gregoriano e eu
tocava órgão durante as infindáveis missas e preces, pude ter acesso a
estes Mestres que citei acima.
Um dia me deparei com esta foto, exatamente a mesma, e um
artigo onde o articulista (se não me engano Sílvio Lancelloti – posso
estar sendo injusto, pois infelizmente não guardei a reportagem) dizia
que “Ganham milhões cantando mal” – se referindo aos Beatles que
estavam começando a ganhar os Estados Unidos e o mundo com sua música
contagiante.
Bem, sem mais detalhes. Existe até crítica construtiva e
muita gente que entende o que está ouvindo e escrevendo sobre. Mas
muitas vezes, eles escrevem verdadeiras asneiras, como esta.
Mas isto tudo passa e a boa música, como a dos Beatles
permanece, inclusive, sendo apreciada pelas novas gerações. Este CD é
muito interessante, pois contém muitas músicas que chamávamos de “lado
B” - os discos compactos da época eram lançados com duas musicas,
geralmente, porque a gravadora acreditava ter mais probabilidade de se
tornarem um hit nas rádios. Acontece que, muitas vezes, a faixa do
outro lado era tão boa que caia no gosto do público e as rádios
acabavam seguindo. E com os Beatles tudo era surpresa, e sempre
sucesso.
Apesar de Lennon ter certa razão quando disse que “O sonho
acabou” - o sistema escravizou o mercado da música - e o que se ouve
hoje em geral é música de péssima qualidade, ainda há esperança.
Muita música boa está acontecendo ou vindo por aí - mesmo
que as emissoras de rádio e tevê ignorem - muita gente nova está
interessada em música, seja estudando, compondo, se apresentando ao
vivo, ouvindo e aprendendo. E, claro, sonhando com um mundo melhor.
Também acreditamos nisso, que nossa Terra seja um Planeta Sonho para
todos nós.
Na próxima vez, vou escrever sobre minha paixão pelos
Rolling Stones que, se não eram tão sonhadores quanto os Beatles,
tinham uma energia impressionante e continuam até hoje como a maior
banda de rock’n’roll de todos os tempos.
Sei bem o que isto significa, pois, sem pretensão de nos
compararmos a ninguém, temos o nosso estilo próprio, e vamos comemorar
30 anos de 14 Bis nesse ano. Temos planos de gravar um DVD com nosso
amigo Flávio Venturini, que juntamente comigo, teve o sonho de fundar
essa banda, reconhecida tanto pela nossa geração, quanto pela linda
juventude de hoje.
*
Vermelho é compositor e instrumentista, membro da banda 14 Bis e
colaborador do jornal
Via Fanzine.
Seu blog é
http://vermelho14bis.blogspot.com.
- Foto: Arquivo VF.
- Produção: Pepe
Chaves.
* * *
67 anos de Hendrix:
Sony relança obra
de Jimi Hendrix
James Marshall
Hendrix, originalmente John Allen Hendrix,
teria completado
67 anos em novembro de 2009.
Por Antonio
Siqueira
& Sandra Britto
do Rio de Janeiro
para
Via Fanzine
Guitarrista denunciou a matança de jovens dos EUA na Guerra do Vietnã.
A Sony Music informou através de seu site que comprou os
direitos autorais da obra do guitarrista, cantor e compositor Jimi
Hendrix durante um período de oito anos, a partir de 1º de janeiro de
2010.
Em comemoração aos 40 anos da morte do músico em 2010, a gravadora afirma que vai reeditar na íntegra toda a obra
do “guitarrista dos guitarristas” e que serão lançados, também, DVDs
de apresentações de Hendrix no Royal Albert Hall, em Londres, entre 18
e 24 de fevereiro de 1969.
Além disso, a grande expectativa fica por conta da reedição
em formato digital, dos três álbuns “clássicos” do power trio The Jimi
Hendrix Experience: Are You Experienced? (1967), Bold as
Love (1967) e Electric Ladyland (1968) e ainda das
coletâneas extraídas do acervo do selo Dagger Records.
Se estivesse vivo, Hendrix teria completado seus 67 anos em
27/11/2009. Faz 39 anos, ele eternizou sua obra, irremediavelmente
marcada por sua morte precoce. E assim, Jimi Hendrix, com a perfeição
da mistura eclética de blues, rock e jazz, constituiu o seu estilo
inigualável. Hedrix is Hendrix... is anyone else.
Johny Allen Hendrix nasceu em Seattle, Washington em 1942.
Depois teve o seu nome mudado por seu pai para James Marshall Hendrix,
pouco depois que sua mãe o abandonou e morreu.
Notando o amor de seu filho pela música, seu pai, Al, lhe
deu uma guitarra pequena guitarra quando ele tinha cinco anos.
Aprendeu a tocar guitarra com 14 anos de idade, começou a compor antes
de ler e escrever, decorando tudo. Hendrix foi capaz de pegar uma
sequência numa guitarra acústica, que o inspirou e tocar como Muddy
Waters e Lightnin'Hopkns. Ele aprendeu a tocar de ouvido e a praticar
horas intermináveis de Chuck Berry.
Depois de um curto período no serviço militar, foi
dispensado por ser um soldado não combatente, porque tinha adquirido
uma lesão na perna devido a um salto de paraquedas, mas tudo o que ele
queria fazer era tocar guitarra.
Ao deixar o Exército, ele se mudou para Nashville, onde
tentou montar uma banda que pudesse acompanhar seu estilo, só passou a
tocar em clubes negros, mas aspirava por algo mais. Mudou-se para Nova
York, Greenwich Village e foi descoberto por um produtor que,
eventualmente, assistiu sua apresentação e o convidou para tocar em
Londres.
Em 1967, já no Reino Unido, regravou "Hey Joe", que logo
foi sucesso. Lançou outras duas canções que havia escrito e que também
foram ‘número um’ em vendas. Hendrix é considerado o pai do
blues/rock.
Hendrix e sua inseparável Fender 'Stratocaster'.
Após sua volta aos Estados Unidos em 1969, Hendrix foi
participação vip no legendário Festival de Woodstock. Sua performance
tocando o hino americano, com aqueles barulhos de explosões e bombas,
se tornou um clássico da música mundial. Depois do protesto, ele ainda
fez um culto às drogas, um símbolo de Woodstock e da cultura hippie.
A apresentação de encerramento de Hendrix, diante de um
público estimado em “apenas” 40 mil pessoas ocorreu até a manhã de
segunda-feira e se tornou um dos momentos icônicos do festival. Apesar
disso, o co-fundador de Woodstock, Michael Lang, tentou ao máximo
colocar o guitarrista diante de um público maior. Mas, o empresário de
Hendrix insistiu até o fim que ele deveria fechar o Festival de
Woodstock. Jimi Hendrix, também cantou "The Star-Spangled Banner",
canção-símbolo da grande resistência contra a Guerra do Vietnã - que
já eliminara inúmeros jovens americanos.
De volta a Londres em 1970, aos 27 anos, Hendrix foi
encontrado morto em seu apartamento no hotel depois de tomar uma
pílula para dormir. Aparentemente foi uma overdose de álcool e
barbitúricos e dada à vontade de viver e a felicidade do grande
momento que atravessava, descartou-se a hipótese de suicídio.
Jimi Hendrix era neto de um índio cherokee. Além de roupas
extravagantes, ele se distinguia por seus longos cabelos crespos. Era
particularmente notável como cada percepção acústica, como o som de
uma maçaneta da porta ou passagem do automóvel, se transformado em
percepção óptica. Seu feedback (solos pesados e melodias
alucinógenas) ajudou a definir a década psicodélica de 1960 e foram
eternizados, assim como todo o seu estilo ímpar. Hendrix cresceu e se
tornou uma lenda da guitarra, do rock’n blues ao rock n’roll. A
guitarra se tornou uma extensão de seu corpo, num passeio elegante
entre cordas, melodias e acordes. Dispensava as famigeradas paletas,
solava sua guitarra com os dedos, nas costas, deitado e de pé, além de
toca-la com a boca (usando a língua) em suas performances quase que
surreais.
Um amigo disse: “Se eu tivesse que escolher ser outra
pessoa, um músico, talvez, seria provavelmente Jimi Hendrix. Ele
cruzou a divisão racial, atraiu fãs de todo o mundo. Inesquecível. A
assinatura mais fiel em um estilo diferente de qualquer outra coisa na
época".
* Antônio
Siqueira e Sandra Britto são correspondentes de Via Fanzine no
Rio.
- Fotos: Arquivo VF.
- Leia também:
Woodstock acabou?
- Leia outras matérias do autor:
www.viafanzine.jor.br/express.htm
- Produção: Pepe
Chaves.
* * *
Rock Progressivo:
Phil Collins diz
que parou de tocar bateria
Por causa de
problemas ortopédicos, música pop perde um dos maiores bateristas da
história.
Por Pepe Chaves
para
Via Fanzine
Phil Collins
O músico britânico Phil Collins, declarou na segunda-feira
(19/10) que vai abandonar as baquetas. Ele afirmou que por causa de um
problema de saúde, não tem mais condições de tocar bateria. O músico
que se revelou no Genesis é considerado um dos mais ousados bateristas
da música pop.
A declaração de abandonar a bateria foi feita em entrevista
de Collins ao jornal alemão 'Hamburger Abendblatt'. Faz algum tempo,
agências internacionais de notícias anunciaram que o músico estaria
ficando surdo, por causa de problemas de audição adquiridos por longas
exposições a altos decibéis.
Na entrevista ao jornal alemão, onde declara passar por
problemas ortopédicos, Collins disse que após passar por uma cirurgia
em abril para reparar uma vértebra deslocada no pescoço, não tem mais
sensibilidade nos dedos. Ele afirma que não tem mais forças para
fechar os punhos e segurar as baquetas. Segundo ele, a única maneira
que conseguiria tocar bateria, seria se 'colassem as baquetas nas
mãos'.
Exímio baterista e denodado vocalista, Phil Collins é uma
das lendas vivas do chamado Rock Progressivo, estilo musical que tomou
conta do cenário inglês no final da década de 70. Ele foi co-fundador
do Genesis, grupo progressivo surgido no Reino Unido em 1967. Collins
se iniciou como mero baterista, para depois assumir os holofotes
principais do microfone e a liderança da banda.
Com a saída de Peter Gabriel em meados dos anos 70,
Collins, além de gravar as baterias em todos os álbuns do Genesis,
também assumiu os vocais. Além disso, comandou uma modernização no som
e na temática da banda, que a permitiu se manter no topo das paradas
por longos períodos.
Depois de muito sucesso e muita estrada ao lado dos também
remanescentes do Genesis, Tony Banks (teclado) e Mike Rutterford
(Baixo e guitarras) e de transformar a banda num ícone da música pop,
no final dos anos 90, Collins resolve abandoná-la e empreender sua
carreira solo. Ele foi substituído na banda, mas o álbum sem sua
participação, “Calling all stations” (1999), apesar de muito bom, foi
considerado um fracasso comercial.
Apesar de seus problemas ortopédicos, o músico planeja para
2010 um novo álbum. Neste novo trabalho, Phil Collins deverá dar nova
roupagem a 30 canções do selo de música soul Motown.
Feliz de quem o viu tocar bateria ao
vivo.
* Com informações do jornal 'Hamburger
Abendblatt' (Alemanha).
- Tradução do autor.
- Foto: Virgin
Media.
- Leia mais sobre
o Genesis:
www.viafanzine.jor.br/monstros.htm
* * *
São Paulo:
Tavito faz
pré-lançamento seu CD “Tudo”
Músico mineiro se
apresenta com banda em shopping paulista.
Por Pepe Chaves
para
Via Fanzine
O cantor e compositor mineiro Tavito já está com o seu CD
“Tudo” sendo vendido em todas as lojas do país. No entanto, por
motivos pessoais, o músico ficou impossibilitado de fazer o lançamento
oficial do mesmo.
Ele anuncia o lançamento oficial para setembro de 2009,
quando será apresentado um big-show em quatro capitais, São Paulo,
Rio, Belo Horizonte e Recife. “Mas antes disso, haverá um
tira-gosto pra moçada ligada”, afirma Tavito.
Tavito estará fazendo o pré-lançamento do CD “Tudo” no
espaço da Saraiva MegaStore do Shopping Center Morumbi, em São Paulo,
às 19h30 de 15 de agosto (sábado). O músico vai estar acompanhado pela
banda "Ananeu & os Precários". Haverá noite de autógrafos e venda do
CD por preço especial. A entrada é franca.
Espirituoso, no convite enviado ao seu círculo de amigos,
Tavito grafou: “O I Ching, que certa vez tive o saco de ler
inteirinho, deixou-me um precioso ensinamento de 3.000 anos que me é
de grande valia nos dias de hoje: os fatos são soberanos e imutáveis.
Só se curvam a um valor maior - o da VIDA, que continua sempre e
sempre, inexorável em seu propósito fundamental de nos deixar
doidinhos da silva (vide o austero senado brasileiro e seus capitães -
ou serão cafetões?)”.
Tavito é um dos maiores ícones da música mineira.
Participou da legendária banda Som Imaginário, tocando ao lado de Zé
Rodrix, Wagner Tiso, Fredera, Robertinho Silva, Nana Vasconcelos e
integrando o movimento do "Clube da Esquina". É autor de um dos
maiores hits, o clássico flashback “Rua Ramalhete”, em que
narra detalhes de sua infância em Belo Horizonte.
Zé Rodrix era mais pop/rock (confiram o
fulgurante solo de órgão em Para Lennon e McCartney) e já
Wagner Tiso, mais bossa-nova. Mas, ambos tinham um grande conhecimento
de jazz, erudito e, junto com a viola de 12 do Tavito, a guitarra do
Fredera e a fantástica ‘cozinha’, composta por Robertinho Silva na
batera, Naná Vasconcelos na percussão e Luis Alves no baixo. Formavam
uma banda de riqueza sonora diversificada e incrível, a ponto de criar
um verdadeiro “som imaginário”.
Mais que um músico compositor, Tavito é um
maestro que domina toda a harmonia musical e a transforma em emoções
poéticas.
São Paulo:
- Pré-lançamento do CD “Tudo” no espaço
da Saraiva MegaStore do Shopping Center Morumbi, às 19h30 do sábado,
15 de agosto.
- Foto:
Divulgação.
Colaborou: Luiz
Carlos Sá.
-
Clique aqui para ouvir "Rua Ramalhete"
* * *
Música mineira:
Flávio Venturini
lança seu novo DVD
Trabalho será
lançado no Palácio das artes com participações especiais de músicos
mineiros.
O músico, compositor e intérprete Flávio Venturini está
fazendo lançamento nacional de seu novo CD/DVD, “Não se apague esta
noite”, no dia 31/07, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte (Av.
Afonso Pena, 1537 -
www.palaciodasartes.com.br). Ex-integrante das bandas O Terço e 14
Bis, Flávio Venturini é um dos expoentes da música mineira em todos os
tempos.
Autor de várias canções conhecidas nacionalmente, Flávio
seguiu em carreira solo após gravar sete álbuns com o 14 Bis. Sua
apresentação no Palácio das Artes contará com as participações
especiais de seu irmão Cláudio Venturini (14 Bis), do guitarrista
Toninho e Horta, entre outros.
“Não se apague esta
noite”, DVD de Flávio Venturini*
Por Julio Moura
“Não se apague esta noite”, novo CD/DVD de Flavio
Venturini, reforça a velha máxima de que o palco é a extensão da casa
do artista. Gravado entre o Museu das Artes da Pampulha – a casa de
todos os mineiros – e a própria sala de estar de Venturini, o álbum
percorre uma trajetória devotada à busca da melodia perfeita.
Seja qual for o ambiente, o compositor se encontra ativo,
em permanente reconstrução, alinhando novos temas aos sucessos que há
gerações transbordam de sua nascente musical. Há cinco anos, Venturini
trocou o Rio de Janeiro – depois de quase três décadas – por um
regresso feliz a Belo Horizonte. É lá que a imensidão das montanhas
emoldura a inspiração sonora de sua nova Casa Encantada.
Em casa ou no palco, Flavio recebe novos amigos com a mesma
hospitalidade devotada aos antigos companheiros de estrada. A começar
por sua banda, formada por jovens músicos mineiros, onde perfilam a
guitarra e as cristalinas cordas vocais de Kadu Vianna; o baixo de
Aloísio Horta; os teclados de Ricardo Fiúza e a bateria de Arthur
Resende.
Para que nossas noites nunca se apaguem, Mantra da criação,
parceria com Ronaldo Bastos, legitima a crença em um mundo melhor, sob
a bandeira fincada na esquina mais musical do planeta. Uma balada-rock
com ecos do Terço e do 14 Bis – duas de suas escolas sonoras - em
registro mais grave que o habitual, sem perder a ternura. Se o “futuro
está na criação”, Venturini jamais desiste da beleza.
“A luz que deu a luz ao universo conspira a seu favor”,
decretam os versos de Ronaldo que fazem de Recomeçar uma destas
evidências. Outras e novas parcerias luminosas: Minha estrela (com
Ronaldo), O melhor do amor (com Ronaldo e Torcuato Mariano), Romance
(com Juca Filho) – esta com a presença do irmão camarada Claudio
Venturini, na guitarra -, Verão nos Andes (com Aggeu Marques); além de
Morro branco e Alegria, com participação do violonista Nando Lauria.
Flavio joga limpo com quem vem depois. Compartilha a
intimidade dos hits com três novas vozes femininas: Mart´nália
ambienta o Pierrot – parceria com Murilo Antunes – na ginga carioca.
Luiza Possi flutua estilosa em Beija-Flor, enquanto Marina Machado
expressa prazer e privilégio em Noites com sol, ambas feitas com
Ronaldo Bastos.
Dos estertores setentistas estão Não se apague esta noite,
de Lô Borges, lançada no chamado disco do tênis, e a versão em voz e
piano de Criaturas da noite, parceria com Luiz Carlos Sá nos tempos de
contracultura e lançada pelo Terço. Alma de balada, feita com Murilo
Antunes para o álbum “Porque não tínhamos bicicleta”, de 2004,
homenageia o baterista Luiz Moreno, companheiros dos tempos dos
cabelos compridos, calças boca-de-sino e música lisérgica.
Das estações pop do anos 80, Flavio embarca no Trem do
Amor, com letra de Ronaldo, para o álbum “Andarilho de luz”. Dali para
as estações atemporais, Céu de Santo Amaro realiza a alquimia de
tornar a sonata de Bach – escrita no século XVIII – numa das mais
inspiradas canções brasileiras contemporâneas. O futuro – e também o
passado - está na criação.
Já diz o I-Ching que se ao andarilho a perseverança traz
boa sorte, o suave alcança o centro no exterior. E Flavio voou para
Paris ao encontro do supremo xamã dos templos sonoros de Minas. No
estúdio Davout, juntou-se a Milton Nascimento no dueto de Música.
Sob o piano de André Mehmari, os parceiros aproximam o
canto da aurora ao espírito da cidade luz. A solenidade da cerimônia
evoca uma vaga sagrada que bebia cachaça nas andanças pelo Brasil
distante dos anos 70.
Flavio, entretanto, não se lembrava da vaca, para a
surpresa de Bituca: “Mas como é que pode esquecer uma coisa dessas?”.
Conversa de compadre no tempo em que se via televisão de cabeça pra
baixo.
De Paris a São Paulo, é a vez de encontrar Toninho Horta,
no estúdio Monteverdi, de Mehmari. Em trio, recriam a eterna Nascente
(de Flavio e Murilo Antunes) e proseiam até o sol esconder a clara
estrela.
A direção do show é de Ronaldo Bastos e Leonel Pereda, com
roteiro de Hudson Vianna, produção de Fabiane Costa e direção musical
de Chico Neves e Flavio Venturini. “Não se apague esta noite” é uma
co-produção da Caramelo Produções com o Canal Brasil.
Faixa a faixa,
por Flavio Venturini
1. Não se apague
esta noite –
“Sempre gostei desta música, de um disco clássico de Lô Borges: o
disco do tênis, que ele gravou logo depois do “Clube da Esquina”. Já
havia escrito um arranjo pra ela e achei a letra forte o suficiente
para dar nome ao novo trabalho”.
2. Recomeçar –
“Escrevi com Ronaldo Bastos nos anos 90 e a reencontrei recentemente
enquanto remexia meus arquivos em busca de canções inéditas. Lembra as
baladas de Paul McCartney, eu a canto como uma homenagem a ele”.
3. O melhor do
amor –
“Iniciei a melodia, tempos depois o Torquato Mariano compôs uma parte
diferente e o Ronaldo letrou. Foi feita na Bahia, tem uma sensualidade
de que gosto muito”.
4. Pierrot –
“Soube que Martinália gostava desta canção e a convidei para cantá-la
comigo. Minha relação com o samba e a bossa começou depois que fui
morar no Rio e achei legal chamar uma personalidade tão carioca para
gravar na minha casa em Minas”.
5. Noites com sol – “A sugestão de Ronaldo foi que
eu gravasse coisas novas e chamasse convidados para interpretar
antigos sucessos. Chamei Marina Machado, ótima cantora da atual cena
de Belo Horizonte, de quem me aproximei muito depois que voltei a
morar na cidade”.
6. Minha estrela
– “Esta
eu canto sem instrumento, feito crooner. Costumo falar pouco em cena e
é uma oportunidade de olhar nos olhos das pessoas, chegar mais perto
do público. Me levar mais pra frente do palco foi outra idéia de
Ronaldo”.
7. Céu de Santo
Amaro –
“Outra que fiz na Bahia, na festa de Reis de Santo Amaro da
Purificação. Acompanhei a procissão e escrevi a letra ao ouvir uma
interpretação do violonista espanhol Steve Erquiaga para esta ária de
Bach, numa bela noite de lua de janeiro”.
8. Beija-flor –
“Um grande sucesso, com participação de Luiza Possi. Eu a conhecia
pouco, mas já a admirava pela delicadeza e técnica, na escola de sua
mãe, Zizi. Fiquei muito feliz com o resultado”.
9. Alegria –
“Há anos quero gravar um disco todo instrumental, mas como até agora
não fiz, aproveito para colocar um ou dois temas em cada novo
trabalho. Foi feita logo depois que voltei a Belo Horizonte, com
participação do violonista Nando Lauria, que tocou na banda de Pat
Metheny”.
10. Romance –
“A letra é de Juca Filho, com quem tenho apenas quatro ou cinco
parcerias, mas adoro todas. Foi gravada pelo 14 Bis e convidei meu
irmão, Claudio, para participar, como uma homenagem à banda. Tem um
sabor acústico, um lado folk de que gosto muito”.
11. Alma de
balada –
“Outra que fiz na Bahia, onde costumo compor muitas vezes. Sempre que
viajo consigo dar uma desligada e as músicas vem naturalmente. Tem um
som mais pop, com letra do Murilo sobre o ofício do baladista,
originalmente lançada no disco Quando não tínhamos bicicleta”.
12. Verão nos
Andes –
“Conheci Aggeu Marques em um estúdio de Belo Horizonte e me encantei
com sua música. Um cara super talentoso, totalmente Beatles. Lancei o
disco dele pelo meu selo, Trilhos.Arte, e nos tornamos parceiros”.
13. Trem do amor
– “É do
Andarilho de Luz, meu segundo disco solo, todo ele influenciado por
uma viagem que fiz a Machu Pichu, nos anos 80. Adoro o humor e a
disponibilidade expressados na letra do Ronaldo”.
14. Criaturas da
noite –
“Da época do Terço, quando comecei a me descobrir como cantor e a
compor de uma maneira pop. Eu dividia um apartamento em SP com o Luis
Carlos Sá e a fizemos numa noite muito fria. No DVD eu fiz um
improviso, sem preparar nada, tudo na hora”.
15. Mantra da
criação –
“Numa noite cheia de estrelas cadentes na Bahia, alguns amigos
discutiam sobre o momento delicado que o planeta atravessa. Criei a
melodia na hora e passei para Ronaldo fazer a letra. Pedi que ele a
escrevesse como um mantra, em que o poder da palavra está na
repetição”.
16. Morro branco
– “Outro
tema instrumental, feito numa praia cercada de falésias e areias
coloridas, no Ceará, um lugar que me deu muita inspiração. Chamei o
Nando Lauria para participar também desta”.
17. Nascente –
“Nascente é minha música mais conhecida, são mais de 20 gravações
diferentes. Chamei Toninho Horta, com quem tenho grande cumplicidade
musical, e gravamos no estúdio de André Mehmari, na Serra da
Cantareira. André reúne técnica e sensibilidade num nível altíssimo”.
18. Música –
“Milton é uma das minhas maiores influências e eu queria muito tê-lo
no DVD. Ele estava em Paris e decidi ir até lá para encontrá-lo.
Gravamos em um estúdio histórico, o Davout, com André Mehmari no
piano. Foi um momento emocionante, místico. Uma homenagem à música”.
*
Informações e fotos de
www.flavioventurini.com.br.
* * *
Heavy Metal:
Iron
Maiden de passagem pelo Brasil
A 'Donzela de Ferro' faz apresentações
históricas em seis capitais brasileiras.
Da Redação*
Via Fanzine
Liderado por
Bruce Dickinson, o Iron Maiden vai abalar seis capitais brasileiras.
Considerada a mais original banda de heavy metal em vida, o
Iron Maiden se tornou uma lenda viva no mundo da música. Sua atual
passagem por seis capitais brasileiras está mobilizando todos os seus
fãs no país.
Manaus (12/03), Rio de Janeiro (14/03), São Paulo (15/03),
Belo Horizonte (18/03), Brasília (20/03) e Recife (31/03) são as
cidades que receberão os shows dessa consagrada banda londrina. A
produção é da
Mondo Entretenimento, produtora de alguns dos maiores nomes da
música mundial e responsável pela atual turnê do Iron Maiden ao
Brasil.
Em Belo Horizonte o show será realizado no dia 18/03
(quarta-feira) no ginásio Mineirinho e os ingressos tem valores entre
R$180,00 a R$400,00. Mais informações no site
www.livepass.com.br.
Confusão em Bogotá
O show do Iron Maiden em Bogotá, Colômbia, foi marcado por
tumulto e choque com a polícia. Os portões do Parque Simón Bolivar, na
capital colombiana, foram abertos à tarde, já que também estavam
marcados shows de bandas locais e dos norte-americanos Anthrax, mas a
confusão começou mais tarde, quando o grupo comandado por Bruce
Dickinson apareceu.
O empurra-empurra teve início no momento em que um grupo de
fãs pulou a grade que separava a pista normal da vip e fez de tudo
para chegar o mais próximo possível do palco. Além disso, outros que
não haviam conseguido ingresso tentaram entrar à força no local, mas
foram contidos pela polícia. Isso não impediu, no entanto, que
houvesse troca de socos e pontapés com os policiais. Várias pessoas
foram presas e o caso deflagrou um debate para analisar se a Colômbia
voltará a receber shows de heavy metal no futuro.
A banda
O Iron Maiden é uma banda inglesa de heavy metal, formada
em 1975 pelo baixista Steve Harris, ex-integrante das bandas Gypsy's
Kiss e Smiler. Originária de Londres, considerada uma das principais
bandas do movimento musical que ficou conhecido como NWOBHM (New
Wave of British Heavy Metal). O nome "Iron Maiden" foi inspirado
em um instrumento de tortura medieval que aparece no filme O Homem
da Máscara de Ferro. Esse também era o apelido da ex-primeira
ministra britânica Margaret Thatcher, que aparece nas capas dos
compactos Women in Uniform e Sanctuary.
Com mais de três décadas de existência, 14 álbuns de
estúdio, seis ao vivo, 14 vídeos e diversos compactos, o Iron Maiden é
uma das mais importantes e bem sucedidas bandas de toda a história do
heavy metal, tendo vendido mais de 100 milhões de álbuns registrados
em todo o mundo. Seu trabalho influenciou diversas bandas de rock e
metal. Eles são citados como influência por bandas como Hazy Hamlet,
Slayer, Metallica, Slipknot, Anthrax, Angra, Helloween, Death,
Megadeth, Dream Theater e Umphrey's McGee, entre muitos outros.
Em março de 2001, a banda recebeu o prêmio Ivor Novello
Award em reconhecimento às realizações em um parâmetro
internacional como uma das mais bem-sucedidas parcerias de composição
da Inglaterra. Durante a turnê americana de 2005, foi adicionada à
Calçada da Fama de Hollywood. A banda também está presente nas
principais listas de maiores bandas de rock de todos os tempos.
O Maiden já encabeçou diversos grandes eventos, entre eles
Rock in Rio, Monsters of Rock em Donington, Ozzfest ao lado do Black
Sabbath, Wacken Open Air, Gods of Metal, Lollapalooza, Download
Festival e os Festivais de Reading e Leeds.
A banda tem diversas canções baseadas em lendas, livros,
histórias e filmes, entre as quais The Wicker Man, The
Prisoner, Stranger in a Strange Land - que é um romance de
ficção científica de 1961, escrito por Robert A. Heinlein, Murders
In The Rue Morgue, Flight of Icarus, Where Eagles Dare,
Rime of the Ancient Mariner - baseada no poema de Samuel
Coleridge -, To Tame a Land - da série de ficção científica
Duna, de Frank Herbert - e The Trooper - canção baseada no
romance The Charge of The Light Brigade.
Outros temas bastante recorrentes nas músicas da banda são
o ocultismo, assassinatos e o “escuro”.
*
Referências e mais informações sobre o Iron Maiden:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Iron_Maiden
http://www.metalclube.com/content/view/6876/2/
- Fotos: Divulgação.
* * *
Inglaterra:
Richard Wright, do Pink Floyd,
morre de câncer aos 65 anos
Co-fundador e
tecladista do Pink Floyd foi um
dos grande ícones
da música pop no século passado.
Por Pepe Chaves
de Contagem
para
Via Fanzine
Richard Wright
O tecladista inglês Richard Wright, membro do Pink Floyd
morreu na segunda-feira (15/09), aos 65 anos, de câncer. No final dos
anos 60 ele fundou o grupo Pink Floyd, juntamente com o guitarrista
Sid Barrett (falecido), o baixista Roger Waters e o baterista Nick
Mason.
Richard Wright, como músico e compositor, participou da
maioria dos álbuns lançados pelo Pink Floyd, mas esteve de fora da
trilha sonora de um dos maiores clássicos do grupo, a ópera-rock “The
Wall” (1978).
Após um desentendimento com os demais membros, Roger Waters
abandona o Pink Floyd no início dos anos 80. O grupo retornaria sem
ele e os demais membros originais, em meados dos anos 80, o que gerou
uma celeuma judicial, já que Waters tentou impedir que eles se
apresentassem com o nome de Pink Floyd.
Wright lançou três álbuns solo e fez participação especial
em trabalhos de outros músicos, dentre eles, David Gilmour,
guitarrista do Pink Floyd. A música pop não perde somente um
tecladista, mas sim um dos maiores compositores do século passado que,
como cantor, possuía um timbre de voz único.
- Foto: Arquivo VF.
* * *
Rio de Janeiro:
O Terço: a volta
do bom gosto de sempre
Banda progressiva
dos anos 70 retorna em grande estilo e grava DVD histórico.
Por Antônio Siqueira*
Do Rio de Janeiro-RJ
Para
Via Fanzine
Palco do novo
show do grupo O Terço.
Maior banda progressiva do Brasil nos anos de 1970, O
Terço, que revelou grandes feras da MPB contemporânea, marca seu
retorno, após uma pausa de 32 anos, apresentando um excelente DVD com
participações mais que especiais.
O projeto já era antigo. Em 2001 já se profetizava e se
cogitava a volta da maior banda de rock progressivo das Américas, logo
após o evento em que se comemorou os 50 anos de Flávio Venturini no
extinto Direct TV Hall em São Paulo. A melhor formação de O
Terço se reunia depois de quase 30 anos para reverenciar o compositor
e instrumentista mineiro que ajudou a imortalizar o grupo.
Agradeçam a Alexandre Maraslis, jovem arranjador,
compositor e produtor, com a bagagem já cheia de realizações quase que
despercebidas do grande público consumidor graças às forças ocultas
culturais. O rapaz de 32 anos formou um caldeirão de influências no
seu primeiro cd instrumental, Awakening, que vão de bandas
progressivas como Pink Floyd, Gênesis, King Crimsom e Premiata a
grandes nomes do jazz fusion como Jean Luc-Ponti e Mahavishnu
Orchestra. Coisa luxuosa. E sua iniciativa conjunta com a formação
mais importante e bem sucedida de O Terço, foi mais suntuosa ainda.
Flávio Venturini (teclados e violão), agora aparece acompanhado de
três Sérgios: Sérgio Hinds (guitarras e violão), Sérgio Magrão (baixo)
e, eventualmente, Sérgio Melo (magnífico baterista que substitui o
imortal Luiz Moreno - in memoriam - com competência e
eficiência extremas). Foi o que de melhor aconteceu no cenário musical
brasileiro nos últimos anos.
Com um cenário “floydiano” (uma esfera reproduzindo imagens
e vídeos dos melhores momentos da banda e a melhor iluminação que já
vi em um show de rock), com direção musical e roteiro impecáveis, a
gravação deste ótimo DVD teve momentos de nostalgia e emoções fortes.
Bastava reparar no semblante de cada um, dos remanescentes de 1974 a
1976 e da satisfação do jovem baterista Sérgio Melo, que pertence a
uma escola mais recente de grandes bateristas. O cara toca e muito.
Luiz Moreno, lá do outro lado, deve ter sorrido e suspirado
satisfação.
O DVD
Flávio revisitava um tempo mais alternativo e de certa
independência de estereótipos que o mercado da música brasileira exige
e impinge ao artista; solto, criativo, improvisador, dinâmico,
virtuoso e de voz límpida e afinadíssima. Um Sérgio Magrão eficiente
como aquele majestoso baixista que reinou por uma década como melhor
do rock nacional e um Sérgio Hinds viajante, elevando o progressivo ao
ápice das grandes maravilhas sonoras com belos rifs e guitarra.
Hinds Iniciou a carreira em 1969, quando formou o grupo.
Sempre foi um dos guitarristas mais requisitados do país, participou
de shows e gravações de vários artistas da MPB, como Jorge Benjor,
Walter Franco, Ivan Lins, Marcos Vale, entre outros. Em 1979, com a
saída de Flávio Venturini e, logo em seguida, Sérgio Magrão, o grupo
se dissolveu e ele lançou-se em carreira solo com o disco "Sérgio
Hinds". Neste trabalho ele mesclava ao rock elementos de reggae e
samba. Porém, três anos depois, reativou o grupo e só retornaria a
fazer outro trabalho solo, em 1996, quando lançou pelo selo Velas
o CD Compositores, no qual interpretou obras inéditas de
compositores da MPB, como Pixinguinha e Ivan Lins.
Magrão comentou com este escriba por telefone, comovido e
feliz com o belo resultado do trabalho sobre o grande retorno: “Há
30 não tocávamos juntos, foi muito bacana participar desse projeto e
também matar a saudade dos bons anos 70, onde os temas eram ricos em
melodia, harmonia e ritmo, bons textos. Isso durou até o começo da
década de 90, depois, com raras exceções a coisa mudou muito”.
Antiga formação:
Hinds, Moreno, Venturini e Magrão,
na capa da
coletânea "para sempre" (EMI).
Outra celebridade do progressivo nacional que se pronunciou
para esta coluna foi Vermelho, tecladista e um dos fundadores do grupo
14 Bis que, inclusive, participou dos pré-ensaios em São Paulo e na
regência e orquestração, “Foi a banda que defendeu ‘Espaço Branco’,
música minha e do Flávio, que ganhou, na interpretação deles, o
Festival Universitário da Canção de 1969, aqui em BH. Além do prêmio,
nos trouxe prestígio com a moçada da música de BH, principalmente do
Clube da Esquina. Ficamos amigos dos carioca Vinícius Cantuária, Jorge
Amiden e Sérgio Hinds (que na
época tocava
baixo). Nos encontramos na casa do Flavio, saboreando comida mineira e
eu e Flávio tocando dois violões e cantando; eles gostaram muito.
Tempos depois quando precisaram de um tecladista chamaram o Flávio (a
banda já estava com outra formação) e eu me mandei para Bahia, fui
tocar com o Bendegó, também ótima banda que não teve o merecido
sucesso, a não ser alguns ótimos shows e a gravação de ‘Canto do povo
de um lugar’, com Caetano Veloso, que foi um experiência ótima, a de
tocar com um artista que surfava na frente da onda”. Vermelho é parceiro de Flávio em Cabala (a letra é de Murilo
Antunes) um dos maiores hits do TERÇO e anda ás voltas com as
incessantes viagens do 14 BIS e a produção do seu primeiro trabalho
solo.
O Show
A abertura não poderia ser mais apoteótica, a suíte
instrumental “1974”, autoria de Venturini e considerada a musica mãe
do progressivo brasileiro, ganhou uma super produção do Royal
Ballet de Montreal, encenada pela primeira vez em 1979, na cidade
de Porto Alegre. Após a estréia, este espetáculo ganhou o mundo e se
tornou num dos grandes hits que fizeram essa formação decolar e
escrever seu nome na história da música pop. A desenvoltura do
quarteto é impressionante, demonstrando ali, que ninguém perdeu a mão.
A emoção era evidente no semblante de cada um nos mais de nove minutos
de peso e harmonia na medida certa. Neste trabalho, o gênio criativo
de Venturini recebe uma releitura magnífica.
Em seguida, Tributo ao Sorriso de Hinds e Jorge
Amidem, trouxe de volta O Terço que começa a introduzir elementos do
som progressivo às suas obras. Maravilhosamente interpretada, vocais
impecáveis, fez jus a uma das poucas vezes em que o popularesco grupo
Roupa Nova foi feliz na sua escolha de repertório (o RN gravou essa
canção em 1979); não ficou nada a dever. Hinds também emenda seu
belíssimo instrumental, Guitarras, onde Venturini se solta no
teclado como nos velhos tempos. Na seqüência, PS Apareça, surge
como belíssima balada trazida do farto nipe de belas composições de
Venturini e Murilo Antunes.
Magrão, Flávio
Venturini e Sérgio Hinds: O Terço de volta ao mundo lunar.
Um dos momentos mais emocionantes, com certeza, é quando
essa turma se reúne para uma viagem há um tempo em que o lirismo e a
poesia se sobrepunham a tudo. Em Pássaro de Sá e Guarabyra, a
participação de Irinéia (esposa de Luiz Moreno) e do competente Ruria
Duprat foram dos momentos mais belos e emocionantes desta noite épica.
Venturini, Hinds e Magrão, engrenam com Casa Encantada,
belíssima balada folk mineiríssima de Venturini e Sá. Essa luz sempre
acesa aguardou 30 anos para receber seus ilustres habitantes. Os
vocais e a prorrogação dos temas (os originais são mais curtos)
empolgaram o público e adicionaram um tom bucólico e romântico ao
show.
Daí para frente foi porrada da melhor. O Terço mostrou já
nos idos setentistas que o Rock Progressivo Made in Brasil não devia
tanto aos seus originais criadores. Foi a banda do gênero que mais fez
sucesso no Brasil até hoje e, pela lotação do Canecão, deixou saudades
nos fãs e admiradores quarentões e, ainda por cima, amealhou uma
rapaziada que, quando bateu às portas do mundo, O Terço já havia
encerrado as atividades da grande formação de 1974.
Em o Vôo da Fênix, o quarteto mudou quase nada dos
arranjos originais, preservando a batida arrojada e agora um pouco
mais pesada com a presença de um baterista especialista quando o
assunto é rock’n roll. Melo emendou um som fantástico com suas
baquetas nervosas, após a maravilhosa instrumental Ponto Final
de Moreno, o inspirado baterista compositor de instrumentais como
Solaris do lendário álbum Casa Encantada (1976), que teve
lugar neste belo DVD. Todos esses instrumentais de Moreno têm no baixo
de Magrão um diferencial de virtuosismo. Melo, por fim aplica K,
uma homenagem a Keith Emerson, ex-Emerson, Lake & Palmer e leva o
publico ao delírio.
O espetáculo embeleza-se ainda mais com Sentinela do
Abismo de Venturini e do “nerudeano” Márcio Borges, acompanhada
pelo talentoso Quarteto Uirapuru, e segue ao gran finale com
Flávio chamando ao palco ninguém mais do que Marcus Vianna para dar o
tom sagrado a este Terço de grandes surpresas. Junta-se às feras
também, Ruria Duprat, sobrinho de Rogério, o homem que revolucionou os
arranjos na Musica Brasileira Contemporânea e criou a sonoridade
personalizada de grupos como O Terço, 14 Bis e tantos outros nomes da
nossa música regidos pelogrande maestro. Ruria seguiu esses mesmos
passos para o infinito dos sons e da harmonia universais.
Criaturas da
Noite ao
violino de Marquinhos Viana foi das coisas mais lindas que ouvi. Logo
em seguida, a linda instrumental Suíte quebra tudo, com a
genialidade de todos ao palco (a guitarra de Sérgio Hinds com o
violino de Marcus Viana criou algo insólito).
O show finaliza com a mística Cabala (Vermelho,
Venturini e Murilo Antunes), uma das mais aplaudidas, marcando a cara
do verão carioca: lindo, emocionante, nostálgico e gratificante. A
apresentação mostrou que é possível recuperar o que se perdeu com o
tempo, transformando todo o marasmo cultural em que mergulhou a
cultura pop nacional numa grande Casa Encantada, onde todos possam
beber da fonte do mesmo bom gosto de sempre.
* Antônio
Siqueira é cronista e correspondente de Via Fanzine no Rio.
- Fotos: Carlos Vaz / Divulgação.
- Vídeo indicado: "1974"
(instrumental):
http://br.youtube.com/watch?v=Iyfg1tLFNPs (parte 1)
http://br.youtube.com/watch?v=NsrBSU0jYCQ&feature=related (parte
2)
- Leia outras matérias do autor:
www.viafanzine.jor.br/express.htm
- Produção: Pepe
Chaves.
* * *
Música
mineira:
A importância do disco Milton,
Anterior ao álbum Clube da Esquina, esta obra reúne a nata da
música mineira.
Por Vermelho*
De Belo Horizonte-MG
Para Via
Fanzine
Muitas pessoas, entre as quais me incluo, consideram o
álbum Milton, gravado com a grande banda que era o Som
Imaginário e os memoráveis shows que realizaram, a grande virada na
carreira de Milton Nascimento, que viria, logo a seguir, com o
Clube da Esquina, somando tantos talentos individuais, como Lô
Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, e no segundo disco, Flavio
Venturini, Vermelho, Tavinho Moura, Paulinho Jobim e muitos outros.
No site do Clube da Esquina é reconhecida a
importância deste disco Milton: “Porém, é em seu disco
‘Milton’, de 1970, que Milton e os rapazes do Clube da Esquina passam
a trilhar um caminho sonoro totalmente próprio, autêntico e mais
independente do passado da música brasileira. Esse disco tem como
banda de apoio o Som Imaginário, mais Lô Borges e Naná Vasconcelos.
Nele, o Clube se faz mais presente nas composições dos irmãos Lô e
Márcio Borges e da sonoridade que funde recursos diversos existentes
na MPB – como guitarras distorcidas – e inovações – como o uso
determinante da percussão na música “Pai Grande”. A percussão não faz
mais o papel de acompanhante rítmico: agora é a de criadora de um
evento que corre concomitantemente à voz e ao violão e com um volume
maior que o usual das gravações”.
A importância deste álbum Milton – gravado com o Som
Imaginário, que era uma banda que fez shows com o Milton por todo o
país, apresentando “ao vivo” o repertório do LP “Milton” e mais
algumas músicas-surpresas – lançando, inclusive, dois ou três álbuns.
No álbum Clube da Esquina, por outro lado, tocaram
juntos vários artistas talentosos, que mais tarde tiveram grande
sucesso em suas carreiras individuais - mas que não eram, na verdade,
uma banda. Por isso não fizeram shows de lançamento do disco Clube
da Esquina, ao contrario desse Milton, gravado com o Som
Imaginário. Era uma banda coesa, com estilo próprio e original,
misturando rock com jazz; bossa-nova com maracatu; barroco mineiro com
influências das guarânias paraguaias que tanto se refletem na música
mineira.
'O disco Milton, é um dos meus preferidos e tem para mim, a
mesma importância
que o Rubber Soul ou Revolver dos Beatles, em relação ao
Sgt. Pepper’s'
Era uma época difícil, o governo militar tinha exilado os
mentores do tropicalismo (Caetano e Gil), sem falar de Chico Buarque e
Vandré, que também foram para o exílio. Milton teve várias de suas
músicas censuradas, mas seguiu em frente, mantendo acesa a chama da
boa música, se apresentando por todo o país, às vezes, apresentando
canções com letras ousadas, que a censura dos órgãos de repressão
muitas vezes nem entendia... Sorte nossa.
O fato é que eu e Flavio (Venturini) assistimos quase todas
as apresentações deles no Teatro Marília, em Belo Horizonte. O
repertório era tão genial, que começava com um tema instrumental
maravilhoso (acho que, gravado depois no Matança do Porco –
disco do Som Imaginário). Passava por Durango Kid (linda canção
de Toninho Horta) e por A Felicidade (Tom Jobim-Vinícius de
Morais) com Milton sozinho com seu violão, numa interpretação digna da
beleza da música e de sua voz privilegiada. Mergulhava no crepuscular
e wagneriano tema cinematográfico de Os Deuses e os Mortos para
surgir de repente na ensolarada canção de Simon & Garfunkel, The
Only Living boy in New York.
Mais tarde, ouvi a gravação original com essa dupla,
comparável, talvez, a Lennon & McCartney. Se não me engano, é uma das
faixas do disco que traz America, além do grande sucesso que
foi Brigde over troubled Waters – uma das mais belas e bem
sucedidas (comercialmente) canções jamais escritas.
Mas, se gosto muito da interpretação deles, do arranjo e da
voz angelical de Garfunkel, não me esqueço de como me impressionou
essa música interpretada pelo Milton.
O disco Milton, é um dos meus preferidos e tem para
mim, a mesma importância que o Rubber Soul ou Revolver
dos Beatles, em relação ao Sgt. Pepper’s, que é considerado o
mais original e, talvez, a obra-prima dos Beatles. O mesmo vale para
esse Milton em relação ao Clube da Esquina.
Mas, são todos excelentes e eu amo a musicalidade, a poesia
e o que representam todos eles...
*
Vermelho
é músico e compositor profissional,
integrante e co-fundador do grupo 14 Bis.
- OBS.:
O grupo Som Imaginário era formado
pelos músicos: Tavito, Zé Rodrix, Luiz, Frederico, Wagner Tiso e
Robertinho.
- Visite o blog
do Vermelho:
www.vermelho14bis.blogspot.com.
* * *
Rock'N Roll:
A volta do Led Zeppelin
Lenda do rock
retorna aos palcos para apresentação na Inglaterra.
Pepe Chaves
Para
Via Fanzine
Led Zeppelin
Uma
das mais consagradas bandas do cenário do rock mundial volta a se
apresentar. O Led Zeppelin se reúne para uma apresentação em Londres
no dia 26/11. Fundada no final da década de 60 esta banda arrebatou
uma imensa legião de admiradores por todo o mundo.
Com o falecimento do
baterista John Bonham na década de 70, a banda entrou em inatividade.
Para esta apresentação de novembro serão reunidos os membros
remanescentes do antigo Led, Robert Plant (vocal), John Paul Jones
(baixo), Jimi Page (guitarra). O baterista falecido será substituído
por seu filho Jason Bonham, que em outras oportunidades já se
apresentou com a banda.
Na Inglaterra, cerca de
20 milhões de pessoas já disputam os 20 mil ingressos que serão
colocados à venda, ao custo unitário de cerca de R$ 500.
- Leia matéria
exclusiva sobre o Led Zeppelin:
http://www.viafanzine.jor.br/monstros.htm
* * *
Syd Barret:
Morre
uma Lenda
Uma Lenda. É o mínimo que se pode dizer
de Syd Barret.
Por
Sílvio MOSER*
De
São Leopoldo (RS)
para
Via Fanzine
Syd Barret
Um
dos mais criativos músicos da psicodelia britânica, influenciou
artistas do porte de David Bowie, compôs praticamente sozinho obras
como o primeiro disco do Pink Floyd, “The Piper at The Gates of Down”
que foi mencionada por Paul McCartney como sendo o melhor disco de
rock psicodélico já gravado, teve hits que foram gravados e
re-gravados pelos mais diversos artistas das mais diversas vertentes
do rock.
Este
foi Syd, um ícone da história do rock que, vítima de complicações de
diabetes, nos deixou na última sexta-feira dia 07 de Julho para entrar
no hall das grandes personalidades influentes da música.
Seu
gênio extremamente inventivo talvez tenha decretado seu próprio
inferno pessoal, com o abuso de drogas e conseqüente demissão por
parte de seus companheiros de grupo. |
|
Ao Louco Diamante,
Syd Barrett
(1946-2006)
Por
Marcelo Simas (RJ)
Enfim, esvaeceram-se os
buracos-negros de teus olhos,
Agora o que nos resta é este Universo
de astros opacos,
Com brilhos fugazes, que ardem sem
paixão,
Por fim, o teu viver intenso
recompensou-se em suave morte,
Já nem mais importam os poemas que
deixastes,
Junto às inimagináveis melodias que
ouvias em teu mundo,
Ora partes, rumo à dimensão de tua
natureza,
E o pranto dos poetas, loucos, e
visionários, sulca vales pelo mundo,
E a dor dos teus órfãos se faz sentir
no silêncio de suas almas,
O que ora nos resta, é fazer do teu
escuro, chama eterna,
E nela nos guiarmos rumo à paixão
verdadeira;
Único lugar onde se vive. |
O
Pink Floyd tinha recém conseguido sua primeira excursão pela América
quando seus costumes de viver completamente sem limites forçou os
outros integrantes a substituí-lo em definitivo por David Gilmour
.
Em
1975 o Pink Floyd lançou “Wish You Were Here”, um disco em homenagem
ao seu ex-integrante, que
apesar de ter a ingrata tarefa de substituir o grande “Dark Side of
The Moon”, contém na música título um dos maiores sucessos da banda.
Uma
grande e lamentável perda.
Shine On, Syd, wherever you are.
*
Sílvio
Moser
é profissional liberal e colecionador do Pink Floyd.
- Fotos:
The Jerusalem Post.
* * *
Música
mineira:
Beto Guedes: o Homem Música
O sentimento humano é a máquina de qualquer realização, a intuição,
por si só é um fenômeno de cunho pessoal; música, voz, instrumento,
raízes profundas com diversificados estilos, simplicidade e ousadia.
Se falarmos de música, com esses elementos e aspectos, estaremos
falando do compositor,
cantor e multi-instrumentista Beto Guedes.
Por
Antônio SIQUEIRA*
|
BH CITY -
Para alguns mortais como eu, chegar a Belo
Horizonte de carro, ônibus ou avião, é ingressar no coração da
música no Brasil. Lá ainda se garimpa, sem muita dificuldade,
espaços nos quais se ouve boa música, assiste-se a uma boa peça
teatral e boas performances (assim como em Porto Alegre), a poesia
é quase um moto-contínuo da efervescência cultural de uma cidade
que entre os anos 60, 70 e final dos 80, expôs ao mundo,
mineiramente, um prisma musical luxuoso, abraçando diversos
estilos e trabalhado com extremo carinho e bom gosto por seus
expoentes, gerando assim, uma forte sedução ao primeiro flerte.
O movimento Clube da Esquina conseguiu reunir
compositores que gravaram na história da MPB momentos sem igual e
Beto Guedes ajudou a escrever como poucos essa história. |
Beto
Guedes
Beto tem ligação antiga com a música desde sua
infância, pois com cinco ou seis anos assistia aos ensaios da
simpática bandinha de jazz do seu pai, o excelente músico e
excepcional compositor, Godofredo Guedes. “O meu pai, Godofredo
Guedes, lá em Montes Claros fez de tudo: foi pintor de placas
comerciais, trabalhou em farmácia, restaurou imagens de santos, mas
tudo isto sem deixar de lado a sua paixão maior, que era a música”,
conta um Beto com admiração perene pelo pai: “meu pai tocava pra
caramba”.
Do legado do velho Godô, composições singelas e
de beleza ínfima foram gravadas por Beto ao longo de sua carreira; “Um
Sonho”, “Noite sem Luar” e a linda e famosíssima “Cantar”, produzida e
executada com enorme sucesso na voz de Beto. Tavinho Moura
também a gravou e em sua formação, tem o samba e o choro como
elementos imperativos, sendo cantada com a letra na íntegra, incluindo
a belíssima segunda parte, que foi cortada na versão de Beto Guedes.
Pode-se ver essa obra-prima em sua total compleição no DVD que Beto
comemora seus cinqüenta anos, gravado em 11 de setembro de 2001,
coincidindo com a data do maior atentado terrorista da história do
mundo. Logo Beto Guedes que, ao longo de sua carreira, cantou o amor e
a paz sem ser piegas.
AMIZADES MUSICAIS - Beto viveu até seus nove, dez anos em Montes Claros, indo para a
capital mineira com a família. Pouquíssimo tempo se passou para que
fizesse amizade com ninguém mais que Lô Borges (alguns meses mais
jovem), cuja amizade rende belas risadas como a história de um certo
patinete construído por “Seu” Godofredo que encantou Lô e, por sua
vez, propôs uma troca possivelmente por uma bola de futebol que, mais
tarde, não agradou muito ao pequeno Beto. Resultado: até hoje, mais de
40 anos depois, Beto com seu jeitão hilário, reclama da troca, segundo
ele, mal sucedida para o seu lado. Histórias contadas deliciosamente
por Marcio Borges, uma espécie de “motor literário” da música mineira
contemporânea, além de irmão e principal parceiro de Lô Borges no
Sítio Museu Clube da Esquina (www.clubedaesquina.com.br).
Escritor e poeta, Márcio Borges escreveu belíssimas letras encantadas
pelo gênio harmônico e criativo de Beto, as quais marcaram
profundamente sua carreira, tais como “Contos da Lua Vaga”, “Quatro”,
“Caso Você Queira saber”, “Quem Viveu no Mar”, entre outras.
FESTIVAIS
E GRAVADORAS – O “vírus musical” contaminou Beto
prematuramente: “o meu grande medo aqui em BH, quando fui para a
escola, era do pessoal pegar no meu pé, me chamar de capiau, estas
coisas (rísos...). Foi uma fase muito difícil. Mas a música ajudou
muito, éramos fissurados com os Beatles e chegamos até a formar um
conjunto, o ‘The Bevers’, com repertório dedicado a eles, logicamente.
Participavam o Lô, o Yé Borges, o Márcio Aquino e eu. Tocávamos
em festinhas infantis, em alguns programas de rádio, de televisão, mas
chegou uma hora em que aquilo começou a atrapalhar o estudo dos
meninos, a mãe deles deu uma dura (risos...) e então o conjunto
acabou. Depois então, formei outro conjunto, os Brucutus. E com ele
nos apresentamos muito, inclusive em Montes Claros, nas férias, onde a
gente animava festas para a moçada no Automóvel Clube de lá”. Logo
Beto se viu amigo de outros “meninos” geniais como Fernando Brant,
Ronaldo Bastos, Milton Nascimento, Toninho Horta, Novelli e o gênio
criativo se manifestou de uma maneira fantástica: “Com o tempo,
fomos compondo juntos, amadurecendo mais, entrando em festivais, que
eram muito comuns na época. Compus com o Márcio Borges ‘A Quem viveu
no Mar’, que foi minha primeira canção e com a qual fomos finalistas
de um festival. E em 1969, se não me engano, junto com o Lô e também
com o Márcio, fiz ‘Equatorial’, que tirou o quinto lugar no Festival
Estudantil da Canção e por aí afora”. Aos 17 anos, surgiu Feira
Moderna, um dos grandes referenciais do “Homem Música”, partilhada
excepcionalmente com Lô Borges e Fernando Brant e uma das finalistas
do FIC - Festival Internacional da Canção de 69.
Conta Beto que “aquilo para nós foi uma coisa
extraordinária, porque ainda éramos muito novos, fomos finalistas e as
portas começaram então a se abrir. Lembro-me que o Bituca (Milton
Nascimento), nos deu uma força muito grande lá no Rio e nos
aconselhou, sabiamente, que deixássemos o Som Imaginário [banda
mineira] defender a música. Ouvimos a opinião dele e acabou dando
certo. Três anos depois, em 1971, ele me convidou também para
participar do álbum Clube da Esquina. E aquela também foi uma grande
chance. Tanto que, em 1973, a Odeon resolveu gravar um álbum no qual
estavam juntos, além de mim, o Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta.
Quatro anos depois, em 77, eu gravei o meu primeiro álbum solo ‘A
Página do Relâmpago Elétrico’".
Beto Guedes dos
anos 70:
o jovem gênio
musical que saiu do Norte de Minas
para fazer
sucesso nos grandes centros do país.
ABRINDO A FOLHA DO LIVRO -
Depois de participações verdadeiramente
significativas no movimento musical mineiro, da confecção quase que
perfeita do antológico álbum “Clube da Esquina”, assinado por Milton
Nascimento e do então “prodigioso guri” Lô Borges que aos 18 anos
(assim como o próprio Beto) já começava a escrever seu nome na galeria
dos gênios criativos da MPB moderna, Beto Guedes foi convidado pela
Gravadora EMI Odeon para gravar seu primeiro trabalho solo. Suas
performances anteriores como multi-instrumentista e compositor,
impressionaram tanto o público como a crítica, abrindo as portas para
um disco autoral que é, com certeza, um dos mais “Chapantes” das
décadas passadas: “A Página do Relâmpago Elétrico”, tocado e
“abençoado” por uma turma de músicos de fazer tirar o chapéu de sol,
naquele fim de década. Reuniu-se nesse trabalho uma galera
remanescente de diversos segmentos da música nacional como Flávio
Venturini (na época, recém saído de O Terço), Vermelho e Hely
Rodrigues, que faziam parte do Bedengó, grupo que fazia shows
constantes pelas capitais e interior. Toninho Horta, Luiz Alves,
Robertinho Silva, Tavinho Moura, estão entre outros excelentes músicos
que também colaboraram nesta obra-prima. A descontração das gravações
revelariam-se nas fotos de encarte do álbum, incluindo uma tarde
regada à deliciosas rodadas de cerveja nos Intervalos das mesmas,
mostrando a amizade dos gênios que encantaram os anos apaixonados da
MPB, nos quais a era hippie e as revoluções culturais
balançavam o planeta. Tempos de uma criatividade desenfreada e um
charme especial num momento de mudanças profundas na música pop
universal.
Com direção artística de Milton Nascimento e
produção de Ronaldo Bastos, que foi parceiro de Beto Guedes em suas
mais famosas composições, “a pagina do relâmpago” surpreendeu aos
magnatas da EMI e ao próprio Beto com as vinte cinco mil cópias
vendidas naquele ano de 1977. “Naquele disco eu toquei em
todas faixas, Beto é meu amigo de anos. Invariavelmente nos visitamos
e paramos para ouvir peças clássicas e ele se solta a cantá-las com
perfeição. O cara conhece tudo de música”, declarou-me
recentemente o tecladista e compositor Vermelho, do 14 Bis.
FORTES COMPOSIÇÕES - O primeiro disco solo-autoral de Beto Guedes
traz composições fiéis ao estilo mineiro de se fazer música. Algumas
faixas são bastante experimentais, como “Choveu”, canção de um lirismo
impressionante, com duas estrofes escritas por Ronaldo Bastos, poucas
e bem colocadas palavras que antecipam-se a um arrojado instrumental,
aonde o contra-baixo de um fantástico Luiz Alves - por onde andará
essa fera? Beto toca um bandolim virtuoso, destacando-se também, um
piano elétrico muito bem encaixado pelo competente Vermelho. Fica
evidente as influencias do Jazz e do Clássico nas frases desse
primoroso arranjo. Nesse álbum, que poderíamos considerá-lo como um
documento histórico, encontramos a primeira gravação de “Maria
Solidária” de Milton Nascimento e Fernando Brant. Composta para um
musical, ela acabou na voz de Beto. O arranjo nos lembra aquelas
bandinhas maravilhosas que animam os domingos nas praças dos
interiores desse imenso e paradoxal país e o que Toninho Horta faz com
a guitarra nessa gravação é de tirar o fôlego. Os teclados de Vermelho
e Venturini dão um show à parte. Regravada por Beto em 98, no álbum
“Dias de Paz”, acabou virando tema de abertura da novela “Coração de
Estudante” da Rede Globo, virando sucesso entre os pequeninos.
Outras pérolas desse disco são “Chapéu de Sol” -
instrumental que denuncia a competência criativa de Beto com a
parceria iluminada de Flávio Venturini, a belíssima “Tanto” de
Beto e Ronaldo e “Nascente” que, segundo Murilo Antunes, outra fera
poética das Gerais e igualmente parceiro freqüente de Beto, era uma
linda e inspirada de Flávio Venturini, só que sem a letra. A letra foi
encomendada num telefonema de Flávio a Murilo ficou pronta no dia
marcado para a gravação e se tornou um dos maiores êxitos fonográficos
da música brasileira. “Lumiar”, que é um dos referenciais do “Homem
Música”, tem aqui sua gravação original e mais bela. Gravada com muita
beleza pelo grupo Roupa Nova, ganhou o Brasil como hino da juventude
hippie contestadora “passar o dia moendo cana, caçando lua, clarear
de vez, Lumiar”, é o sonho de qualquer mortal em férias e,
inspirada na verdejante cidadezinha serrana situada na região de
Friburgo, no interior do Estado do Rio de Janeiro, é mais um grande
sucesso da dupla Beto Guedes e Ronaldo Bastos.
Fechando a “Página do Relâmpago Elétrico”,
deliciamo-nos com o lindo choro “Belo Horizonte” do genial Godofredo
Guedes. Posteriormente, Beto gravaria as mais lindas canções do velho
Godô em seus outros seis álbuns consecutivos. Sem dúvida, Beto Guedes
teve um início de discografia brilhante, predestinando um dos mais
brilhantes artistas da MPB contemporânea.
*Antônio
Siqueira
(Rio de Janeiro/RJ) é cronista e
articulista de Via Fanzine.
- Leia outras matérias do autor:
www.viafanzine.jor.br/express.htm
- Fotos:
Arquivo do autor.
-
Visite ARTE VITAL
:
http://arte.vital.zip.net O
BLOG DA ARTE UNIVERSAL
- Edição final:
Pepe Chaves.
* * *
A
Música
das três Américas
Com Lili Angel & Mariô.
A
Música das Três Américas é uma das mais ricas experiências
do planeta, fusionando os diversos estilos, que são tão diferentes
em sua multiplicidade, mas nas raízes, no coração, seguem os
mesmos caminhos que fizeram do nosso continente uma inesgotável
fonte de Arte para o mundo.
Lili Angel
começou a se interessar pela música com 5 anos de idade, quando
ganhou sua primeira gaita de boca. Com 8 anos partiu para os
Estados Unidos, onde participou do coral de uma igreja de negros
americanos, em Los Angeles, onde cantava o soul e os “spirituals”.
De volta ao Brasil, na Bahia, ficou encantada pela
bossa-nova e o samba, somando esses estilos a sua bagagem. |
Lili
Angel & Mariô desenvolvem um trabalho de
uma
qualidade indiscutível. Os músicos têm
se
apresentado em diversas cidades brasileiras. |
Em
território nacional tem realizado shows em diversas cidades como São
Paulo, Salvador, Ilhéus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e outras.
Internacionalmente, trabalhou em Nova Iorque e na capital andina da
Colômbia, Bogotá, com Mariô, com quem fusionou os vários estilos, como
o Jazz, o Blues, a Bossa Nova, o Samba, os sons latinos e outros, que
compõem a Música das Três Américas.
Mariô,
(Mário Sérgio Santos)
iniciou sua vida artística aos 17 anos, viajando e tocando durante
anos pela América Latina em festivais e casas noturnas. De volta ao
Brasil, tornou-se músico profissional em 1982 e a partir daí, atuou em
várias produções.
Nesta apresentação, Lilie Angel & Mariô fazem um
mosaico da riqueza musical das três Américas e, além disso, expõem
composições próprias, compondo o panorama artístico da dupla, que será
acompanhada pelo percussionista Fabrício.
Para ouvir o
trabalho de Lili Angel e Mariô, acesse os links abaixo:
www.grupoaa.com/lili/1CD-Bambas.wma
www.grupoaa.com/lili/2CD-Bogota.wma
www.grupoaa.com/lili/3CD-Tootsli.wma
- Contatos para shows:
(021) 2548-1726 / 9343-5504
- E-mail:
angelil2000@yahoo.com.br.
* * *
Clube da Esquina:
Um
museu do presente
Movimento musical mineiro ganha página exclusiva na web.
Por
Pepe CHAVES
O movimento musical mineiro conhecido como Clube da Esquina, comemora
a partir desse mês de dezembro o lançamento de seu portal oficial. O
museu do Clube da Esquina é um portal que abriga histórias e diversas
passagens dos integrantes do mais popular movimento musical do Estado.
Falando conosco recentemente, o escritor Márcio Borges, letrista do
movimento e fundador do museu, garante que ele não será um museu
voltado ao passado, mas ligado no presente e fundamentado no futuro, a
fim de mostrar às novas gerações, os verdadeiros tesouros artísticos
de Minas.
O Clube da Esquina trouxe à cena da MPB nomes expressivos, tais como
Milton Nascimento, Beto Guedes, Flávio Venturini, Lô Borges, Toninho
Horta, Wagner Tiso, membros do 14 Bis, dentre tantos outros. O museu
procura registrar e resgatar um pouco da participação de cada um deles
nesse movimento que levou o nome de Minas a todo o país e também para
fora dele.
Há de se ressaltar, a importante participação da cantora Elis Regina
no movimento. A partir da gravação da canção "Travessia" de Milton
Nascimento e Fernando Brant, apresentada no II Festival Internacional
da Canção, no Rio de Janeiro em 1967. Milton foi premiado como melhor
intérprete e ganhou o segundo lugar com "Travessia". A partir daí,
abria-se o caminho para a emergência do Clube e a enxurrada de
históricas e belíssimas canções que vieram a ser compostas através das
mais brilhantes parcerias.
Lô Borges surgiu em carreira solo logo após co-participar com Milton
Nascimento de dois álbuns intitulados "Clube da Esquina" I e II, estes
trabalhos foram o estopim que fundamentou o movimento. Depois vieram
outros compositores, como o maestro Wagner Tiso, o
multi-instrumentista Beto Guedes, o exímio Toninho Horta e diversos
outros. Os letristas do movimento tinham um estilo quase que único de
escrever, tratando das palavras como se fossem notas musicais e
abordando de forma muito bem arquitetada e, por vezes, o sentido
destas, com sua sonoridade.
E como mostra dessa fabulosa e inspirada música mineira, a qual serviu
de escola para tantos outros músicos brasileiros, de tantas outras
regiões distintas, temos hoje esta precisa e autêntica fonte de
informação, que é o Museu do Clube da Esquina, patrocinado e tido como
de utilidade pública pela Petrobrás, Governo do Estado de Minas Gerais
e Copasa.
- Foto:
Museu Clube da Esquina.
- Acesse o museu:
http://www.museuclubedaesquina.org.br/
- Leia
entrevista exclusiva concedida por Márcio Borges a
Via
Fanzine:
http://www.viafanzine.jor.br/entrevista_musical.htm
* * *
Música Popular Brasileira:
Marcos Damasceno lançou seu primeiro CD
Os Momentos Felizes de um grande compositor.
Comentários
de
Antônio
Siqueira
do
Rio de Janeiro
O meu amigo Marcos Damasceno é uma espécie de
patrimônio do lugar em que nasceu, cresceu e plantou a sua semente
artística: Campo Grande, bairro cravado nas cercanias da antiga
zona rural da cidade do Rio de Janeiro, sempre foi um nascedouro
de grandes artistas na música, literatura, artes plásticas e
cênicas.
Mas Marquinhos tem um carisma e uma força
mística sem igual e sem dúvida foi isso que se viu no Teatro Artur
Azevedo, no dia 04 de dezembro de 2004. |
|
MARCOS DAMASCENO
Teatro esse que o Marcos conhece bem, pois foi
lá a sua mais importante contribuição a arte, para a região: o
BAR 51 onde ele era o Diretor musical, considerado o maior projeto
cultural que aconteceu na Zona Oeste no ano de 1993 a 1994
no Teatro Arthur Azevedo e no ano de 1996 na Lona Cultural Hermeto
Pascoal em Bangu. O projeto era apresentado por ninguém menos
fantástico... Nada mais nada menos que a nossa tempestade cultural,
Dalberto Gomes.
Damasceno encantou o público que já lhe via com
intimidade e conquistou um novo público que estava sendo-lhe
apresentado naquela noite repleta de simplicidade e consistência.
Brilhou com seus olhos cheios do lamento desta
existência, o seu violão e a voz de veludo. O show não queria acabar!
Se não pelo contrato feito com o nosso teatro _ que nunca, diga-se de
passagem, foi um espaço livre _ tentando diluir o calor que existiu
entre o artista e a sua platéia.
Podíamos até ver certas “fadinhas iluminadas”
sobre o homem que caminha com sua canção por três décadas e, apesar do
desconhecimento total da mídia, fez escola e foi mestre de muitos que
estão por aí na estrada elevando a arte. Instrumento e canto num
casamento perfeito e perene. Marcos Damasceno vai se tornando eterno.
'Exalta os bons valores do homem, que, diga-se de passagem, deve ter
nascido provavelmente de um inconsciente coletivo que exibia canções
para registrar
seu cotidiano, na África, somado à busca de força em seu interior'
“Momentos Felizes” é um cd puramente intimista,
como foi na maioria das vezes a carreira deste poeta. Damasceno
destila toda sua ternura e lirismo, ficando à vontade para abraçar
vários estilos. É um apanhado de dez belíssimas canções que ele compôs
ao longo de sua caminhada, pontuada por bons e maus momentos, pois
problemas com sua saúde, fora às pedras que encontramos no caminho
detendo-nos, amarraram a decolagem desse gênio de simplicidade e
singeleza que encantam o seu público: “A Noite chegou p’ra cobrir, o
canto triste que cantei e o pranto que não evitei...” O estilo
harmônico de Marcos é a canção de todas as manhãs.
Exalta os bons valores do homem, que, diga-se de
passagem, deve ter nascido provavelmente de um inconsciente coletivo
que exibia canções para registrar seu cotidiano, na África, somado à
busca de força em seu interior, para suportar a história que lhes foi
imputada pelos vários colonizadores, mas é música brasileiríssima em
toda sua amplitude. “Momentos Felizes” foi o auto-retrato do autor de
tão rica obra, retirada do fundo do baú, pela sua fiel companheira e
admiradora Sandra Conceição, que nos proporcionou esse belíssimo
presente. Abrindo o show, Damasceno entoa os primeiros acordes de
“Ela”, problemas técnicos quase atrapalharam a performance do nosso
cancioneiro, porém, a mínima boa vontade dispensada,
Ajudou e muito para que o espetáculo
transcorresse com a dignidade que sempre foi marca registrada nessa
figura formidável; “Ela que me fez passar momentos felizes, fico a
desejar que volte no tempo...”, a voz passeia por esse samba-canção,
intima e deliciosamente, fazendo o público sorrir intuitivamente. As
pedras fazem tropeçar, mas não impedem-no de chegar.
Na seqüência, “P’ra Você” _ linda canção, linda
letra _, “Ponto de Vista”, em parceria com Antônio Peres, “Tudo é
Nada”, essa, com certeza, a mais ácida criação de Marcos, dão uma
idéia de sua criatividade. Bebendo da fonte de gênios como Jackson do
Pandeiro, Noel Rosa, Cartola, João Bosco e Milton Nascimento,
Marquinhos criou um estilo único e, mesmo que ele não saiba, atual se
olhado do ponto de vista estético. Sua música é de uma plástica
perfeita, o violão bem elaborado, dão luz própria as suas composições.
“Triste Destino” é mais um lamento, uma homenagem a um amigo que
se foi: “Um triste destino, um caminho curto; levaste a tua vida tão
além...” e além, muito além destes versos curtos, vai seguindo a
obra de Damasceno.
A seguir, ouvimos a canção que, talvez seja a
obra mais conhecida do autor, que com boas palavras, mostra-nos o que
é possível na cumplicidade de dois seres: “Você que me canta as
canções, que eu fico ouvindo para me ninar, eu ouço: que voz tão
bonita, estou cansada, eu vou descansar.” Essa música já quase faturou
dois festivais, sendo um deles, o da canção da zona oeste, realizado
em 1999 no Teatro João Caetano, no qual Marcos Damasceno foi aplaudido
de pé por uma platéia que até então não conhecia seu trabalho. “Nega
Marina” é o referencial do compositor. Fechando o cd, “Humanidade”,
Olha”, “P’ra Direção” e “Canto do Trabalhador”, são belíssimas e
mostram sua veia politizada, do homem que não fica indiferente aos
problemas sociais e ambientais que assolam o país e o planeta.
Foi um belo show de lançamento e, aguardamos com
ansiedade, outros deste porte. Marcos Damasceno vai reescrevendo a sua
história no cenário musical, que, com certeza, tem uma vaguinha lá, ao
lado de feras da MPB. Hebert Viana, guitarrista e líder dos Paralamas
do Sucesso o viu tocar a alguns anos atrás e não conseguiu ficar
indiferente; deu-lhe de presente a sua guitarra Lês Paull e se
confessou admirador da voz e do violão deste que, sem sombra de
dúvidas, é o artista com a obra mais bela de toda a zona oeste e,
quiçá, das mais belas da música popular brasileira. Marcos Damasceno
vai deixando as pedras para trás num caminho de pétalas que o aguarda
daqui p’ra frente.
O disco:
"MOMENTOS FELIZES"
De Marcos Damasceno
Produção Executiva: Marcos Damasceno
Produção Musical: Leonardo Alcantara
Produção Artística: Sandra Conceição
Faixas
1) Prá Você (Marcos Damasceno)
2) Ela (Marcos Damasceno)
3) Ponto de Vista (Marcos Damasceno/Antonio
Peres)
4) Tudo e Nada (Marcos Damasceno)
5) Triste Destino (Marcos Damasceno)
6) Nega Marina (Marcos Damasceno)
7) Humanidade (Marcos Damasceno)
8) Olha (Marcos Damasceno)
9) Prá Direção (Marcos Damasceno)
10) Canto do Trabalhador (Marcos Damasceno)
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Contatos para shows: (21) 3157-3224 / (21) 9204-1429.
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Foto: Divulgação.
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Colaborou: Sandra Britto.
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Música na
Internet:
Caiu na rede é peixe
A instituição da pirataria pode gerar falências
de corporações que investem pesado na música.
Por
Pepe CHAVES
Editor de
www.viafanzine.jor.br
Através da criação e uso dos samplers,
nos anos 80, a música já perdera um pouco de sua paternidade, para se
encontrar hoje, totalmente órfã. O sampler (espécie de copiador
eletrônico de sons) veio literalmente “roubar”, canções, sons musicais
e “marcas registradas”, de vozes históricas, vinhetas e músicas
clássicas, buscando a introdução destes – remanipulados, ou não - em
canções contemporâneas.
Mais recentemente, após o advento do MP3,
revolucionário formato musical que facilitou o tráfego de arquivos com
extensão musical pela Internet, a música passou a ser produto fácil e
até descartável, em qualquer parte do mundo Neste processo “copiativo”,
a criação artística cada vez mais é desprezada na música (e nas artes
em geral), relegando seus autores ao segundo plano e os seus
produtos à venda, sem autorização do proprietário - em bancas de
camelôs de todo o mundo ou sites “especializados” da rede.
Como afirmou Bono Vox, vocalista do U2 à Reuters,
após seu último álbum vazar para a rede antes de ser lançado: o fato
de você fazer cópias caseiras não implica em crime, mas sim, se você
passar a comercializar um produto de terceiro, em grandes quantidades
e com intuito de obter retorno puramente financeiro.
A ganância e o oportunismo de algumas pessoas,
verdadeiros piratas do Século XXI, vem desestimular investimentos e
muita das vezes, falir grandes corporações do ramo musical, as quais
geram milhares de empregos por todo o globo. A desmedida ação de
comercializar o produto alheio sem a devida autorização, infelizmente,
se globalizou e já criou uma sólida indústria global da pirataria,
onde produtos falsificados são vendidos até dez vezes mais baratos que
os originais.
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