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Pedra da Gávea

 

Especial:

Recuperando sua história: As várias faces da Pedra da Gávea - Por Carlos Pérez Gomar

PARTES 01  02  03  04

 

Recuperando sua história:

As várias faces da Pedra da Gávea

Por Carlos Pérez Gomar

PARTE 4 - final

 

 

À esquerda o portal da Gávea e à direita a porta de Hayu Marca. O da Gávea tem 16 metros

de altura por oito de largura. O de Hayu Marca tem sete metros de altura por sete de largura.

 

O Portal e as peculiaridades

   

Falta dizer algo sobre o chamado Portal. Essa formação também desperta opiniões radicalmente opostas. Uns acham que é uma porta, outros uma simples formação natural. Os teosóficos e outras seitas místicas já a apontam como porta para o mundo de Agartha. Ou que o portal é uma entrada não material para evoluídas cidades no interior da Terra e etc. Mas esse tipo de análise não nos ajuda.

 

Depois de estar 449 vezes em frente ao Portal, eu analisei algumas coisas. Não parece uma porta totalmente, porque apesar de estar separada dos lados e em baixo, do resto da rocha, nota-se que, em alguns locais, principalmente nas partes superiores chega a estar soldada às laterais e a marquise.  Essa situação poderia nos sugerir que uma grande rocha se deslocou daí, para cair no vazio e, consequentemente, seria uma formação natural.

 

Mas surge uma pergunta. Por que uma rocha que estava - com certeza - atritada entre as outras duas laterais e ligada na parte de cima se deslocou sozinha e caiu? Teria sido mais lógico cair alguma das laterais.

 

Por que ficou aquela marquise que tem uns dois metros de espessura? As duas rochas laterais estão soldadas ao resto da montanha e apesar de terem parte em balanço não caíram. Por que a superfície que constitui o portal propriamente dito, apesar de curva é quase plana? Pelo o que vemos no local parece que andaram iniciando um trabalho de cantaria bruta.

 

Provisoriamente fico com a idéia de que alguém iniciou uma falsa porta, uma espécie de nicho. E, novamente, estamos com similares dos Andes, onde esse tipo de monumento é comum. Portas que insinuam acessos ao interior da montanha, tal como a porta de Hayu Marca, em Puno.

 

O caso do Portal e da face nos leva a crer que podem ser início de monumentos que não puderam ser terminados. Destarte, enquadrar-se-iam em uma relação com os Andes.  

 

As duas laterais do Portal da Gávea e a visão da marquise, com a face propriamente dita do Portal, bastante lisa.

Com certeza não há nenhum túnel atrás dele. De qualquer maneira, há algo a investigar.

A orientação do Portal é para o oeste.

 

Nunca foi feita nenhuma pesquisa arqueológica na Pedra da Gávea porque o local foi desmoralizado por versões delirantes e se tornou maldito para pesquisadores sérios. E não ficava bem se envolver com o assunto.

 

As narrativas de pesquisas feitas por clubes de montanhismo e outros organismos foram nada mais do que excursões domingueiras. No mínimo, há muita pesquisa a se fazer em relação a muros e caminhos empedrados que, inclusive, chegam até a cota de 500 metros pelo lado do Pico dos Quatro, e são muitos. Além disso, há dois caminhos paralelos que sobem muito próximos um do outro. No mínimo, estes se enquadram na arqueologia histórica.  

 

Há onde escavar objetivamente. Um dos locais seria embaixo da Gruta da Orelha. Esta gruta, desde que existe, deve ter servido de abrigo a todos os que por ali passaram e me refiro aos que sabemos e aos que não sabemos.

 

Dormi por 40 vezes na Pedra da Gávea e, na maioria das vezes, na Gruta da Orelha. Tudo o que se descartava na gruta era jogado na base de uma pedra logo abaixo dela. Isso, desde tempos imemoriais com certeza. É claro que deve haver uma camada muito espessa de detritos modernos, porém, mais abaixo, pode haver vestígios de outras épocas.

 

Na década de 1960, encontrei por lá um pequeno fragmento do que parecia ser uma borda de tampa de um vaso de cerâmica, enterrada no pequeno túnel que há no fundo da gruta. Passei este fragmento a uma pessoa para examiná-lo e nunca mais me disse nada a respeito.

 

Esta gruta vem sendo ampliada desde épocas muito antigas.  Pessoalmente, assisti a algumas ampliações. Cabe a pergunta: inicialmente teria sido escavada? Porque está claro que ela sofre dois processos. Ampliada por mão humana e soterrada lentamente por infiltrações provenientes da Chaminé dos Porcos (a garganta que separa a cabeça do resto da montanha).

 

Há centenas de anos ela deveria ser bem diferente. O próprio uso dos excursionistas a modifica, porque era comum melhorar o espaço para acomodar mais gente. Assisti a varias escavações para ampliá-la. Já vi mais de 30 pessoas dormindo no local. É claro que os últimos dormiam “na varanda”.

 

Outro ponto interessante de pesquisa seria o topo da Cabeça. Porque se a montanha teve um fim cerimonial em algum momento, esse local seria o ponto principal. O fato de estar revolvido o terreno superficialmente não importa, porque mais embaixo deve estar preservado o terreno mais antigo.

 

Fala-se muita coisa sobre essas pedras que estão no topo, mas pouca coisa objetiva. E haveria mais algumas coisas a observar. Existe o que parece ser um petróglifo na figura de um sol, em parte destruído, situado na ponta norte da cabeça e tem mais ou menos 60 cm de largura. Em outro ponto há outro que parece ser um pássaro de perfil com mais ou menos 40 cm de altura.

 

Por coincidência ou não uma das rachaduras nas pedras do topo parece estar indicando exatamente o nascer do sol nos equinócios, mas será preciso observar mais a fundo para  confirmar este fato.   

 

O desenho do pássaro, chamado de Íbis, no Pão de Açúcar seria obra da natureza?

  

‘Íbis’ do Pão de Açúcar

 

Finalmente não poderia deixar de falar algo sobre a “Íbis” do Pão de Açúcar. Se a face da Gávea é obra humana, com certeza, a “Íbis” também pode ser, porque os buracos que formam as patas são muito parecidos com as escavações dos olhos da Gávea. E esses buracos estão colocados exatamente no local apropriado para completar a dita ave. Ela está na mesma orientação que a face da Gávea.  Mais uma vez, há indícios de inteligência e não de simples erosão. Sendo um pássaro, estaria relacionado com a face da Gávea. Na tradição religiosa andina, Wiracocha era acompanhado por uma ave.

                             

Mas poderíamos presumir, por via das dúvidas, que os buracos na parte de baixo do pássaro sejam o resultado de canalização das águas junto à protuberância do peito, causando erosão. E esta seria uma boa explicação natural para o pássaro [veja acima].

 

As cavidades estariam sendo ampliadas nas partes mais baixas pela passagem da água, porque o que corre na ocasião das chuvas não é apenas água, é água e partículas de material que tem grande efeito abrasivo. E nesse caso, os buracos têm maior dimensão em baixo por ter sido canalizada a água pluvial em escavações que talvez já existisse como parte dos traços da escultura.

 

Não seria necessário que eles fossem tão alargados na parte mais baixa para dar a ideia de um pássaro levantando voo. Mas para aumentar tanto estas cavidades por processo natural, seria necessário muito tempo.

 

Já no caso da face da Pedra da Gávea, fica difícil aceitar que um processo similar tenha moldado a face, porque não explicaria o desgaste desigual em partes da face deixando um nariz, justamente onde escorreria muita água de chuva e cavado o local mais protegido, os olhos.

 

Teríamos também que levantar a hipótese de que o pássaro seja resultado da erosão e, no entanto, a face da Gávea seja trabalho humano. Uma coisa não depende necessariamente da outra.

 

Mas também poderíamos admitir que a maior parte do pássaro do Pão de Açúcar seja natural, uma protuberância que forma o peito, entretanto, aproveitando isso, alguém tenha escavado os buracos das patas para completá-lo. E, este caso, parece que poderia ter ocorrido o mesmo da cabeça da Pedra da Gávea, onde teriam colocado a face em consonância com a geografia já moldada naturalmente.

 

Se, por acaso, estes monumentos têm uma origem andina, poderiam estar também relacionados com o provável falso portal. Ou seja, os três elementos se sustentam e se apóiam mutuamente, além de se enquadrar em um mesmo contexto cultural. Como última hipótese, poderíamos atribuir tudo a uma cultura megalítica sul americana, mas da qual temos poucas informações e elementos para se formar um quadro inicial, mas isso não estaria descartado.

 

Portanto, essa hipótese de possível correlação entre estes três elementos geográficos da cidade do Rio de Janeiro (a Esfinge, o Portal e a Íbis) deveria ser considerada seriamente.

 

Este artigo pretendeu ensaiar outros caminhos um pouco mais sérios para a incógnita da Pedra da Gávea. Se o tom deste texto pareceu um pouco áspero é porque indignamo-nos com a falta de interesse, acomodação e irresponsável deformação desta incógnita da Pedra da Gávea, o que ocorre há muito tempo, desvirtuando a realidade do local. 

 

*  *  *

 

PARTES - e subtítulos

01 - Introdução / Lendas em torno da Pedra da Gávea / A 'inscrição' e a tradução

02 - A Face e a Íbis / Simplesmente lendas / Fenícios no Rio / Versão da Sociedade Teosófica

03 - Estórias e fatos / Faces na pedra / Ponte pênsil

04 - O Portal e as peculiaridades / ‘Íbis’ do Pão de Açúcar

 

- Textos e fotos: Carlos Pérez Gomar©

 

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