'A linguagem das pedras nos corações dos homens' - Com a qualidade jornalística  Via Fanzine

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Pedra da Gávea

 

Especial:

Recuperando sua história: As várias faces da Pedra da Gávea - Por Carlos Pérez Gomar

PARTES 01  02  03  04

 

Recuperando sua história:

As várias faces da Pedra da Gávea

Por Carlos Pérez Gomar

PARTE 3

 

Três ângulos onde se nota a intenção de uma face. A escavação, ou não foi terminada, ou ficou assim mesmo em função

da dificuldade do trabalho, ou até pelo próprio conceito do que seria o mínimo necessário para transmitir a mensagem.

Na parte que corresponde à bochecha, parece haver vestígios de muitas marcas de desbaste.   

 

Estórias e fatos

 

No entanto tudo isto não quer dizer que os fenícios não possam ter vindo até a América do Sul e, inclusive, terem estado na Pedra da Gávea. Santuários em montanhas eram comuns para eles, sobretudo, quase sem construções.

 

Porque há viagens voluntárias e viagens forçadas. E nesses casos as correntes marítimas e os ventos, além da própria vontade e experiência podem ajudar a realizar tarefas quase impossíveis. A história do mundo está cheia de navegações conhecidas e não conhecidas em pequenos barcos atravessando milhares de quilômetros.  Mas, aparentemente, os fenícios não escreveram nada, ou pelo menos, não achamos ainda alguma estela com um texto púnico e, com certeza, não fizeram nem a Face, nem o Portal.

 

Poderiam ter deixado algum testemunho superficial e que se perdeu ou foi destruído pelos frequentadores do local desde o século XVII ou mesmo antes. Pode ter havido, e com certeza houve, muita gente que nem imaginamos, subindo a Pedra da Gávea, por ser este lugar, um magnífico ponto de vigilância e, inclusive, do ponto de vista defensivo.

 

Esta montanha vem sendo revolvida superficialmente por quantidade de aventureiros e buscadores de tesouros fazem mais de 300 anos, em função das lendas. E o pior é que alguém pode ter achado algum vestígio importante e, simplesmente, tê-lo destruído.

 

Aqui vamos dar uma guinada radical nesta incógnita da Pedra da Gávea, porque parece que as coisas apontam a outra direção.

 

Nestas fotos abaixo, vemos a face da Gávea e outra face da América do Sul, a de Tunupa, em Ollantay Tambo, no Peru. Ambas são enormes, tendo mais de 140 metros de altura. Em cima da face de Tunupa (os incas o chamaram de Wiracocha) há um pequeno templo, enquanto em cima do topo da cabeça da Gávea há uma plataforma.

                                                   

 

Neste ângulo da face da Gávea, se nota o pronunciado supercílio, que parece ter sido o determinante da profundidade da escavação. Aqui também vemos o que parece ser uma sobrancelha levantada em atitude de severidade, igual ao outro lado da face. Esse supercílio simplificado lembra, um pouco, o supercílio estilizado dos moais da Ilha da Páscoa. 

 

Faces na pedra

 

Como argumento definitivo, diria que não conheço outras duas faces tão próximas e com essas características no mundo. Por uma questão elementar de lógica, torna-se evidente que o mais provável seja que as duas estejam relacionadas. No Peru há pelo menos mais duas faces não esclarecidas, uma em Machu Pichu e outra, menor, ali mesmo, um pouco acima dessa de Tunupa. 

                                                         

As duas faces têm seus detratores dizendo que são naturais. Chega-se a dizer que a face peruana teria aparecido no século passado depois de um terremoto. Pode até ter acontecido.

 

Sabemos que o domínio espanhol destruiu templos e tradições religiosas do império inca e uma face gigantesca de uma divindade incaica, inclusive, anteriormente pode ter sido ocultada de alguma maneira e, posteriormente, descoberta com um tremor de terra.

 

Sabemos que houve uma atividade intensa na destruição de templos, altares e tradições indígenas, incluindo a deformação da tradição indígena para adaptá-la às crenças cristãs. 

 

No solstício de inverno os primeiros raios do sol que entram no vale resvalam na face de Tunupa, dia 21 de junho, solstício de inverno e início do ano nas culturas andinas.

 

Nestas marcas existentes junto à face, no local que corresponderia à têmpora esquerda, no inicio da

Travessia dos Olhos se veem marcas verticais que poderiam ser de retirada de pedra através de estacas.

Haveria que examiná-las com cuidado. Ficam à esquerda da base da Chaminé Hungar.

 

As duas faces estão orientadas na mesma direção olham para o nascente no dia 21 de junho. Ou melhor, estão viradas ligeiramente para esse lado. Os traços das duas faces são elementares, não são, nem poderiam ser muito refinadas em acabamento. Na verdade, não têm acabamento algum. Mas se percebe que ambas representam uma fisionomia severa com sobrancelhas levantadas numa atitude séria.

 

Ambas insinuam uma barba. Na verdade nenhuma das duas tem boca porque a protuberância do nariz basta para insinuá-las.  Na face da Gávea não há insinuação de boca, pode não ter sido acabada, mas o nariz está lá.

 

Diz-se que esse nariz teria sido maior. Não foi. O nariz da face da Gávea é o nariz possível se escavarmos o paredão até certa profundidade. Do contrário, para fazer um nariz maior haveria que fazer uma prótese ou escavar muito mais o paredão, o que seria muito difícil ou impossível.

 

Se observarmos com atenção, a ponta do nariz está em uma curva côncava que vem desde a fronte e vai até a barba e que nos dá a ideia de como era originalmente esse paredão da montanha.

 

Dizer que essas faces são ilusão de ótica ou pareidolia é simplificar muito. As duas faces estão em posição de difícil aceso. Isso é usado como argumento para dizer que são apenas naturais. Pelas características, é quase evidente que estão relacionadas.

 

Se a face peruana é mais antiga, é provável que alguém tivesse vindo de lá e fez a da Gávea, porque a motivação parece ter sido a mesma. E aqui teríamos que associar este assunto com o suspeito caminho de Peabiru, que seria em parte uma penetração exploratória incaica, com evidente aceitação das tribos guaranis, já no fim do império e que foi sustada pela sua queda, através da conquista espanhola.

 

Poderíamos situar este episódio entre 1438 e 1525, o momento de maior aceleração e expansão do império, seguido imediatamente à derrocada repentina. Não esqueçamos que o Rio de Janeiro foi fundado em 1565. Mas, pode se considerar ter havido um contato muito anterior.

 

Mas, novamente, como no caso dos fenícios devemos frisar que até agora não achamos na montanha, nenhum objeto ou corte de pedra mais sofisticado que possa colocar o império inca na questão. Ainda que seja uma possibilidade menos forçada que a dos fenícios, mesmo dentro do terreno das hipóteses.

 

Nestas fotos fica bem claro que, onde a montanha parecia uma cabeça, foi feita uma face, e justamente no local certo.

A face é reconhecida de qualquer ângulo, até dos menos favorecidos. O local para fazer esta face foi muito bem escolhido.

Fica bastante evidente que é produto de um raciocínio e não capricho da natureza. A rocha naquele ponto é menos resistente.

 

Mas, também poderíamos aventar a hipótese de que a face da Gávea seja mais antiga, nesse caso, alguém chegou a estas costas e, posteriormente, subiu para os Andes. Parece-me mais provável que a face da Gávea foi inspirada na do Peru. Nesse caso representaria Wiracocha, ou Tunupa, ou melhor, Tupã.

 

Os tamoios diziam que era a cabeça de um deus e isso viria ao encontro dessa hipótese e praticamente resolveria o mistério. Mas era mais conhecida como “cabeça enfeitada” ou “metara canga”. “Metara” quer dizer enfeite e “canga” significa cabeça.

 

É o caso de se perguntar se Tunupa e Tupã não são na origem, a mesma divindade. Tanto no Brasil como no Peru, estes eram associados ao raio, trovão e divindades supremas. Tanto Tunupa ou Wiracocha, na lenda, eram barbudos, assim como Sumé. Na Argentina, Paraguai e Uruguai temos Tupã como divindade. Portanto, o deus Tupã seria praticamente comum a toda esta parte da América do Sul. E aqui há muito mais a dizer, mas não vou estender o assunto, porque já estou fazendo isso em outros textos.   

 

      

A face reconhecível à esquerda, e a direita um ângulo muito divulgado, mas dá uma idéia

errada do trabalho existente, de fato. Quem julga por esta vista dirá que seja apenas erosão.

 

Não me parece que tenha que se procurar uma esfinge na montanha. A própria montanha tem uma forma que, para quem quiser, pode passar por um arremedo de esfinge. Mas é muito pouco provável que alguém tenha trabalhado em toda a montanha. Isso está fora da lógica.

 

Tampouco, percebo outra face do lado do mar, como alguns dizem vê-la. E, muito menos, vejo um sarcófago egípcio como alguns dizem. Só se vê algo parecido ao perfil de um sarcófago, olhando desde a lagoa Rodrigo de Freitas e, diga-se, só é considerado um sarcófago por quem não conhece bem o que é um sarcófago.

 

Pode-se levantar a hipótese da impossibilidade de fazer um trabalho no local da face por causa da dificuldade de acesso. Isso não seria grande problema. Raciocinando um pouco, podemos admitir que a parte da chamada Barba, foi, em épocas passadas, muito mais coberta por terra e árvores, o que permitiria firmar uma estrutura para trabalhar no local.

 

Com a perda da cobertura vegetal, o solo está deslizando em vários pontos da montanha. Havia uma floresta com árvores enormes. Portanto, montar escadas, andaimes e passarelas para trabalhar, não seria algo impossível. Que o trabalho era perigosíssimo, estou de acordo. E, possivelmente, deve ter morrido muita gente até a conclusão da obra. 

 

A face da Gávea, no Rio de Janeiro e a face de Tunupa, em Ollantay Tambo, no Peru.

 

Na face da Gávea, acima, percebe-se a escavação pouco profunda. Ao lado está a Face de Tunupa em Ollantay Tambo. Note-se o templo em cima da cabeça. Sua altura é superior a 140 metros. A face da Gávea, dependendo de onde se queira considerar, tem altura mais elevada por causa do paredão da testa. Como argumento definitivo diria que não conheço outras duas faces tão próximas e com tais características no mundo. No Peru há pelo menos mais duas faces não esclarecidas, uma em Machu Pichu (conhecida como "El Magnífico") e outra, menor, ali mesmo, um pouco acima da de Tunupa.

 

Ponte pênsil

 

Também poderíamos levantar outra hipótese não muito irreal. Se quem talhou a face era de origem andina, sabia fazer pontes de corda, comuns nos Andes e nesse caso teríamos mais uma solução com passarelas pendentes feitas de cordas. Levando esta hipótese a sério poderíamos dizer que o trabalho seria mais seguro do que com andaimes de madeira.  Não seria, portanto, muito diferente da maneira que se fazem pontes de corda até hoje nos Andes, algumas de grande comprimento. E quem achar esta hipótese fora de questão veja como se levanta este tipo de ponte e qual é sua segurança. Na internet há vários vídeos sobre o assunto.

 

Na comunidade peruana de Queswachaka perto de Cuzco todo ano a população se junta para fazer uma nova ponte pênsil, que é trançada a partir de palha, chegando às cordas que aguentam várias toneladas. Trabalham da mesma maneira que na época do Império Inca. Já fizeram testes com as cordas mais grossas e puxaram um caminhão sem arrebentar a corda.

 

No caso da face, provavelmente foram usados métodos mistos tanto com cordas como com troncos. Os pisos do andaime ou ponte seriam de madeira. E, aqui entram outros detalhes, como o fato de ter que imobilizar muito bem a ponte ou andaime para que homens, movimentando-se ou dando golpes no paredão, não provocassem muito balanço. Mas isto não seria difícil de solucionar estabelecendo muitos pontos de amarração. E a coisa ficava muito mais fácil do que a maioria imagina. Seria uma questão de interesse e prioridade, gerada por motivações de outra época que para nós, talvez, não fizessem sentido.   

 

Quando ainda não tinha sido aberta a via de escalada horizontal, chamada de Passagem dos Olhos, ou seja, os olhos da face, um grupo de montanhistas resolveu descer e um deles desceu, amarrado a uma corda, desde o topo da cabeça, para chegar até os olhos.

 

Nessa empreitada, aconteceram vários problemas. Quanto ele chegou até os olhos, não tinham notado que o paredão da testa é levemente inclinado à frente, ou seja, tem certa negatividade. Quando o montanhista chegou até a altura dos olhos, ainda se encontrava muito distante deles. Portanto, não conseguiu desembarcar e, para piorar as coisas, a corda entrou em movimento de rotação que se prolongou em parte da subida. Quando finalmente foi guinchado, ele estava completamente tonto.

 

O que quero ressaltar desse episódio, é que, seria possível descer cordas e até mesmo uma ponte de cordas (mista de andaime), trabalhando a partir do topo da montanha, com recursos, pessoal e experiência para tanto. Bastaria que fossem lançadas cordas que, posteriormente, estivessem amarradas na horizontal para aproximar andaime ou ponte de cordas ao paredão. A partir daí se poderiam fazer muitas coisas e estabelecer outros pontos de apoio. Com certeza tanto da Gruta da Orelha como a base da Chaminé Hungar (do lado oposto), seriam dois pontos de controle das operações.

 

Tudo isso parece esquisito para a nossa visão prática moderna, mas pode não ter sido para outras pessoas em épocas passadas. Algo parecido deve ter acontecido. E mais, não posso arriscar a dizer, pois não sou vidente. 

 

Ir para a parte 4 - final

 

PARTES - e subtítulos

01 - Introdução / Lendas em torno da Pedra da Gávea / A 'inscrição' e a tradução

02 - A Face e a Íbis / Simplesmente lendas / Fenícios no Rio / Versão da Sociedade Teosófica

03 - Estórias e fatos / Faces na pedra / Ponte pênsil

04 - O Portal e as peculiaridades / ‘Íbis’ do Pão de Açúcar

 

- Textos e fotos: Carlos Pérez Gomar©

 

- Produção: Pepe Chaves

   © Copyright 2004-2012, Pepe Arte Viva Ltda.

 

 

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