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Preparativos
finais
Os programas Mercury e Gemini, que levaram respectivamente um e
dois homens ao espaço, responderam questões
básicas para as primeiras incursões além da atmosfera terrestre.
Estava claro que organismo humano poderia ir ao espaço, trabalhar e descansar naquele
ambiente. Já era possível encontrar-se com um alvo espacial, acoplar-se à ele,
efetuar transferências de órbitas e muito mais. Tudo fora testado nas
imediações do nosso planeta, de forma competitiva até, entre
norte-americanos e soviéticos.
Naquela altura, algumas sondas não tripuladas já haviam
pousado com sucesso na Lua e de lá transmitiram imagens de um mundo
totalmente diferente de nossas paragens aqui da Terra. Apesar do
ambiente severo (muito quente ao sol e muito frio à sombra), tudo levava a crer que
seria possível um pouso tripulado
em nosso satélite natural. Para tanto, os dois projetos anteriores,
Mercury e Gemini, culminaram no Programa Apollo tornou-se real, na forma de um
mega-empreendimento.
Naqueles anos, após equiparar-se aos concorrentes
soviéticos, a Nasa transformava-se, especializava-se e também tornava-se
um pouco arrogante. Parece ter se esquecido das inúmeras lições de
cautela, sobretudo, quanto aos testes dos foguetes antes de inserir
qualquer tripulação. Talvez, instigados pelo discurso do já falecido
Kennedy e pelo excesso de confiança, marcaram o voo inaugural da missão
Apollo 1 (a primeira a levar três homens ao espaço) com uma tripulação
que reunia o veterano Virgil Grisson, o primeiro norte-americano a
realizar uma EVA (caminhada espacial), o experiente Edward White e o
estreante Roger Chaffe.
Apollo 1
Alguns meses antes, em 27 de janeiro de 1967, uma
sexta-feira, o astronauta Michael Collins, que voou com John Young no
Gemini 10, entrava no gabinete dos astronautas para tratar de
trivialidades administrativas, quando viu um de seus dirigentes atender
o telefone vermelho sobre a mesa. Não era um bom sinal. Conta que o
atendente desligou em seguida e com alguma perplexidade comentou aos
presentes “(...) fogo na espaçonave!”, referindo-se aos
astronautas Grisson, White e Chaffe que treinavam na nova Apollo 1.
A tragédia teve origem em um curto-circuito no interior da
espaçonave, que mantinha uma atmosfera de oxigênio puro à pressão de 16
psi, junto a muito material inflamável, começando por boa parte do
próprio traje dos astronautas. Conta Collins em seu livro Carrying
the fire – as astronaut’s journeys que havia preocupações com o
desempenho dos motores, sua atuação no espaço e até como a redução da
pressão na cabine poderia extinguir um incêndio no espaço. Mas nunca
haviam pensado em um incêndio ali, na plataforma de lançamento,
vitimando fatalmente, três grandes astronautas. Havia planos complexos
para salvaguardar a vida dos ocupantes, se o foguete incendiasse na
plataforma de lançamento, mas o incêndio no interior da cápsula,
simplesmente não era considerado. E foi o que aconteceu.
O fato atrasou bastante os planos da viagem lunar,
começando pelas trocas de acusações entre a Nasa e a North American. A
primeira acusando de negligências e a outra se defendendo com os
“limites” apertados de prazos a cumprir. Collins chega a lembrar da
possibilidade de quantos astronautas poderiam ter desistido (apoiados
pelas respectivas esposas); do caos que se instalou ao recomeçarem os
trabalhos, revendo detalhes da espaçonave, da pesada escotilha, das
vestimentas, dos sistemas de suporte de vida e dos desentendimentos das
empresas envolvidas. O fato é que ninguém desistiu e tanto a Nasa quanto
a North American se entenderam, retomando suas responsabilidades e
executando seus trabalhos com grande profissionalismo.
Foto curiosa mostra os três astronautas
vitimados na Apollo 1 "venerando" uma maquete da cápsula em que
morreriam mais tarde. São eles: Edward White (voou na Gemini e
foi o 1º americano a fazer caminhada espacial, depois do russo Alexei Leonov),
ao centro, o veterano Virgil Grisson (o 2°
americano a voar depois de A. Shepard) e à direita, o novato Roger Chaffe
que iria ao
espaço pela 1ª vez. Na outra foto a
tripulação aparece com seus novos trajes Apollo (diferentes dos usados na
Gemini que,
por sua vez, era diferente do da Mercury). A
foto menor mostra um dos astronautas da Apollo 1, com os trajes incinerados.
Apollo 2 a 7
Seguiu-se uma série de testes Apollo, com lançamentos de
espaçonaves não tripuladas. Apesar de terem siglas específicas de
batismo, tratavam-se do que seriam as missões Apollos de 2 à 6.
Finalmente, em 12 de outubro de 1968, a Apollo 7 faz o
primeiro lançamento bem sucedido levando uma tripulação de três
astronautas, tendo como comandante o veterano, dos voos Mercury, Walter
Schirra e os estreantes Don Eisele e Walt Cunningham. O lançamento e o
voo de 11 dias foram bem comportados, provando que o gigantesco foguete
Saturno V poderia levar homens à órbita terrestre. A pergunta então foi
a seguinte: este potente foguete poderia levar o homem até à Lua?
Tripulação da Apollo 7: da esquerda para
a direita, Don Eisele (novato); o veterano
Walter Schirra (voou na Mercury e na
Gemini) e este foi seu último voo e o também
novato Walt Cunninghan. Os dois novatos
fizeram somente este voo.
Apollo 8
Com apenas um lançamento tripulado bem sucedido (Apollo 7),
o passo seguinte foi bastante ousado: a Apollo 8, quando, pela primeira
vez, seres humanos romperiam os laços gravitacionais com o planeta natal
e voariam até a órbita da Lua. Até então, apenas sondas não tripuladas
já haviam cruzado essa distância.
Naquela época, segundo Michael Collins, uma preocupação
particular maior que os detalhes do voo à Lua começou a atormentar-lhe.
Embora tenha relutado, sentia que havia algo errado com ele: a perna,
por vezes, parecia não obedecer comandos do cérebro; sensações estranhas
de extremos de temperatura numa e noutra perna, além de outros sintomas,
fizeram-no procurar o médico da Nasa. Seu temor estava relacionado com
os dois modos com que poderia sair dali: em condições de voo ou preso a
uma cadeira de rodas.
Com a premissa de que se tratava de um oficial altamente
especializado da Força Aérea, então seu corpo pertencia à Força Aérea e
outros centros médicos cooperaram em sua recuperação. Neurologistas de
Harvard, da Força Aérea e de Houston “disputavam” o paciente Collins.
Nas palavras de Michael Collins
“No domingo, 21 de Julho, Susan Borman
(referindo-se à
esposa do comandante da Apollo 8)
veio para ficar em nossa casa
(...) e Pat (sua esposa) e eu,
fomos de carro pelas duzentas milhas até San Antonio, a fim de jantarmos
e eu entrar para o Hospital”. Collins seria submetido à uma
fusão cervical anterior no Wilford Hall Hospital.
Continuando, declara Collins, “Pat
e eu desfrutamos um jantar calmo, em magnífico restaurante mexicano...
Certamente não tinha motivo nenhum para sentir amargura, mas terminar
assim desse modo, após o trabalho de cinco anos? Paguei a conta, deixei
uma gorjeta especial para dar sorte e, tomado por sentimento pesado e de
resignação, caminhei para o Hospital e o bisturi. A enfermaria T-2
(ala de neurocirurgia) no Wilford Hall Hospital era um lugar de fazer
medo...”.
Passado o período pós-cirurgia veio a recuperação, enquanto
os planos para o voo da Apollo 8 se desenvolviam francamente.
“Na verdade meu futuro dependia de duas
chapas de raios-X, revelando se a mancha da fusão estava de fato
soldando as vértebras cervicais 5 e 6 em elo ainda mais forte. Quando a
primeira chapa, trinta e dois dias após a operação, revelou bom
crescimento, senti grande alívio...”.
Enquanto ainda convalescia, descreve seu estado de espírito
ao saber que voltaria ao corpo de astronautas:
“Ademais, era um prazer dos mais raros, dar ordens de navegação à
minha esposa, sentado no banco de trás, como um rei em sua cadeira...”.
Tripulação da
Apollo 8 na época do voo: F. Borman, J. Lovell e W. Anders. Na
comemoração dos 40 anos do voo
da Apollo 8: o
entrevistador na extrema esquerda e os astronautas na mesma sequência da foto anterior.
Eles foram os
primeiros seres humanos a sair da Terra e contornar a Lua, conhecendo o
seu lado escuro de perto.
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Clique aqui para ver o vídeo do lançamento da Apollo 8
Collins estava escalado como Capcom (o responsável pela
comunicação entre o centro de controle de voo e os astronautas) da
Apollo 8 e treinava junto com um batalhão de outros técnicos e
engenheiros, escrevendo memorandos direto à tripulação da Apollo 8, com
teores preocupantes, uma vez que o voo já estava para acontecer. Para se
ter uma idéia, consta em seu livro, itens como:
1 – O que acontece se o Saturno V começa a se descontrolar
e colocar a espaçonave em trajetória incorreta?
2 – Devem ou não experimentar o motor do módulo de serviço
uma vez, antes de precisar dele para frear, entrando em órbita lunar?
(Caso o único motor não funcione, as espaçonave passaria reto pela Lua,
indo espaço adentro...).
3 – Como desejam passar 20 horas em órbita lunar? Com
ciência lunar ou nos problemas tecnológicos de manter a espaçonave
voando?
4 – Que lado fica para cima? Como querem que seu horizonte
artificial defina o alto ou o baixo? Por referência ao horizonte
terrestre, ou ao da Lua, ou algum outro vetor que continue por todo o
voo?
5 – O controle da missão não pode mantê-los em trajetória
tão precisa quanto o astronauta Borman gostaria que fosse, simplesmente
porque...
6 – Quando estiverem de volta a Terra, se uma tempestade
violenta se apresentar na região de queda, preferem: a) pousar no tufão
e terem a certeza de descer, ou b) usar um processo não-experimentado,
de ricochetear na atmosfera e descerem em outro lugar?
É quase inacreditável que perguntas como estas (e muitas
outras) ainda estivessem por responder, às vésperas do primeiro voo
tripulado que circularia a Lua com seres humanos.
O voo da Apollo 8 contava com três Capcoms, identificados
por cores. Jerry Carr da equipe preta, Ken Mattingly da equipe marrom e
Michel Collins da equipe verde (ainda, segundo o próprio Collins,
“verde” de inveja!), cada Capcom era especializado em uma etapa do voo.
A etapa de Collins era justamente a do lançamento e inserção na
trajetória translunar. De modo geral, costuma haver algum tempo para
ordens e reações entre os tripulantes e os Capcoms, exceto para os da
equipe verde. Se este optar pela ordem “Aborta”, baseado em rápidas
checagens, deve haver o mínimo tempo entre a mensagem do Capcom e os
astronautas.
Segue a narrativa de Collins:
“Por este motivo eu me achava
realmente nervoso às sete da manhã do dia 21, quando a Apollo 8,
rugindo, começou a viver. Debruçava-me sobre a mesa do Controle da
Missão, observando um blip eletrônico atravessar a tela e ouvindo os
peritos em volta de mim, reportando atentamente os sinais importantes.
Pressão boa, temperatura boa, azimute bom... Tudo bom... Sobe e vai...
Saiu da torre de lançamento... 100 mil pés. Marca! Modo 1 Charlie...
Dois minutos e meio... Estagiando... Aí é um estágio a menos com que nos
preocupar... Desligamento da torre de escape. Modo 2... Boa
orientação... Cinco minutos; se o segundo estágio falhar agora, podemos
conseguir a órbita, usando o terceiro estágio... estagiando, ‘adiós’
segundo estágio... Boa luz no S-IVD... Cem milhas agora, aumentando a
velocidade... Prontos para desligamento. Puxa vida! Eu podia descansar
agora em minha mesa, pois a espaçonave encontrava-se em órbita, onde
ficaria por cera de três horas”.
Tratando-se de um voo singular, que não se restringe às
órbitas terrestres, neste tempo há um trabalho frenético a bordo. É a
última chance de verificações de praticamente tudo o que é vital ao
prosseguindo do voo. São conhecidas por órbitas de parqueamento. O motor
do 3° estágio tem que ser disparado no momento preciso do plano de voo,
sem falhas, pois irá definir o sucesso da TLI (injeção translunar), uma
manobra de extrema precisão e importância. Tal manobra distinguia esse
voo de tudo o que já foi feito antes nas Mercury, Gemini e na Apollo 7.
Pela primeira vez seres humanos seriam impulsionados ao espaço externo,
rompendo os grilhões do campo gravitacional da Terra. Um pesado silêncio
recaiu no Controle da Missão. Assim colocou Collins em seu livro,
“depois do TLI haveria três homens no
sistema solar que teriam que ser contados à parte de todos os outros
bilhões... Cujo movimento obedecia regras diferentes e cujo habitat
precisava ser considerado planeta separado”.
Ilustração reconstitui
a cápsula da Apollo 8 em órbita lunar com a Terra ao fundo.
Ao lado, o módulo de
reentrada "castigado" pelos impactos do atrito com a atmosfera.
Leia também:
Nasa comemora 40 anos da histórica Apollo 8
Registre-se que o primeiro TLI humano ocorreu dentro da
perfeição, garantindo esta etapa como exequível para todas as outras
missões. Exceto, por um detalhe não muito agradável à tripulação:
justamente o comandante da missão, Frank Borman, vomitou no ambiente sem
gravidade, solicitando uma conversa particular com o “esquecido” médico
da missão, enquanto a Apollo 8 afastava-se vertiginosamente da Terra.
Apesar dos seguidos sucessos até aqui, havia preocupações
sobre enjoos e embora não haja registros, não é exagero pensar que
muitos daqueles diretamente envolvidos com o voo podem ter tido seus
problemas de enjoo, mesmo em terra firme. A saber: 1) a Apollo 8 deveria
“errar” a Lua por apenas 80 milhas, na velocidade em que viajava, para
que a gravidade lunar fosse capaz de capturá-la; 2) o sistema de
propulsão do módulo de serviço (SPS) deveria funcionar perfeitamente
para tirá-los da órbita lunar no retorno a Terra; 3) a preocupação geral
por estarem longe de casa com cinco mil e seiscentas falhas possíveis
naquele estágio do voo. Se para aquela época estava dentro dos
parâmetros de segurança, seria um voo proibitivo nos dias de hoje, sob o
mesmo ponto de vista.
A etapa seguinte tinha a sigla LOI (de “inserção em órbita
lunar”), dividida em duas etapas: acionamento do SPS a fim de reduzir a
velocidade, fazendo com que a gravidade da Lua conseguisse segurar a
espaçonave. Em seguida, disparos menores, ajustariam a órbita a um
círculo no qual permaneceriam as próximas 20 horas, em 10 revoluções
completas.
O famoso astrônomo Fred Hoyle dizia que as imagens da
Terra, tomadas à distância fomentariam novos sentimentos e ideias para
com nosso planeta natal. De fato, estávamos acostumados a ver detalhes
da Terra em fotos espetaculares, tomadas a algumas centenas de
quilômetros, a partir das órbitas terrestres; contudo, as fotos da
Terra, tomadas pela Apollo 8, mostrando a pequena esfera azul, como uma
bola de baseball contrastando com o horizonte cinza e poeirento da Lua,
é uma das imagens mais fortes da nossa geração.
Além das centenas de fotografias, a tripulação realizou
algumas atividades programadas, de cunho científico, e fecharam o ano de
1968 (considerado por muitos, até hoje, como o “ano que não acabou”...)
com chave de ouro. O velho chavão é necessário aqui. Um ano de
atribulações políticas em todo o mundo, de conflitos, de injustiças e de
severas mudanças de todas as espécies. Nossos três embaixadores tiveram
um Natal bastante diferente, contornando a Lua e compartilhando com seus
semelhantes essa experiência, lembrando-nos que nossa existência e
sobrevivência está muito acima de nossas próprias mazelas. Nas palavras
de Collins: “A tripulação comemorou o Natal
lendo a Bíblia, cada um dos três dando uma volta no primeiro capítulo do
Gênese. Foi impressionante, achei eu, um golpe genial, relacionar seu
cenário primordial à origem da Terra e apresentá-lo na bela poesia em
prosa do século 17, dos eruditos no tempo do Rei James I. Borman, Lovell
e Anders mereciam só por este motivo, voltar para casa, por terem
pensado em nos levar, a todos os outros, à sua Lua, cheios de humildade
e reverência. Foi um toque gracioso”.
Capa do livro de
Collins, citado neste artigo.
A próxima sigla preocupante era TEI (injeção
transterrestre), envolvendo o disparo do único motor que poderia
trazê-los de volta à Terra. Esse disparo também requeria uma precisão
extrema. Esse disparo estava por conta dos astronautas e dos sistemas de
bordo, sem nenhuma ajuda possível do pessoal da Terra, pois deveria
acontecer quando a espaçonave ainda estava quase por sair do “lado
oculto”, onde as comunicações entre tripulação e Capcoms são
impossíveis.
As esposas dos astronautas estavam reunidas na casa de
Susan Borman, na cozinha, e entre outras amigas, Pat Collins, todas
aguardando a confirmação do sucesso na TEI. Como lembra Collins, mais
uma vez o SPS funcionou perfeitamente e o sucesso no disparo foi
considerado como o melhor “presente de Natal”. Estava aberto o caminho
para a Lua e o fato foi bastante comemorado. De forma mais enfática
ainda, pelas esposas dos astronautas.
Collins lembra da emoção ao terminar esse feito, afinal,
antes de ter se submetido à cirurgia, estava escalado para tripulação da
Apollo 8, fato que teve que ser alterado.
“Quando a Apollo 8 bateu, com suavidade, nas
águas do Oceano Pacífico, a 13 milhas do porta-aviões Yoktown, pouco
antes do amanhecer, o Controle da Missão se descolou e o pandemônio
explodiu naquele ambiente geralmente sério. As pessoas sacudiam
bandeiras em miniatura e davam tapas umas nas costas das outras; os
charutos tradicionais apareceram e todo mundo os acendeu. Nenhuma de
nossas preocupações se concretizara, todos os medos haviam sido
infundados, nosso planejamento fora firme, as simulações precisas, as
avaliações corretas. Podíamos ter destruído a Apollo 8 de mil modos
diferentes, mas, em vez, aviamo-la nutrida e orientada, passando pela
semana de maior alcance em toda história humana. No meu caso pessoal, o
momento era um conglomerado de emoções e recordações. Eu era uma cesta
de papéis emocionalmente retorcida. Vira aquele voo evoluir na sala
branca em Downey, na série interminável de reuniões em Houston,
transformando-se em viagem épica. Eu o ajudara a crescer. Tinha dois
anos investidos nele – era meu voo. No entanto, não era meu voo; eu não
passava de um, em meio a uma centena aglomerada em sala barulhenta.
Podia sacudir minha bandeira e fumar meu charuto, acariciar a cicatriz
na garganta. Por algum motivo, senti vontade de chorar, mas não podia
fazer isso no Controle da Missão, de modo que bati nas costas de alguns
bons trabalhadores e me retirei”.
Quanto a mim, que escrevo essas linhas, em meus 10 anos,
mantinha-me sentado em escadarias da minha casa, enquanto minha mãe lia
pacientemente todas as páginas do jornal, contando a epopéia dos
astronautas, impetrando-me emoções, em nada menores, que aquelas criadas
no Controle da Missão. Sonhos de criança...
Ir para a Parte 5
*
Márcio Mendes
é físico, professor em Dois Córregos/SP, astrônomo amador
membro da
REA
(Rede Astronômica Observacional) e consultor de Astronomia para
Via Fanzine.
- Fotos:
Nasa/divulgação/do Arquivo de M. R. Mendes.
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- Produção:
Pepe Chaves.
Do Vale do Antílope ao solo lunar
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