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Astrofotografia

Astrofotografia Amadora:

Registros no interior do Mato Grosso

Uma jovem pesquisadora tem se destacado na astrofotografia amadora do Brasil, ao produzir belos registros celestiais com sua câmera e por seu constante interesse pelas técnicas e conhecimentos astronômicos. Ela se chama Jéssica Alves e nos fala de sua experiência com os poucos recursos que detém.

Por Jéssica Alves*

De Comodoro/MT

Para ASTROvia

& Via Fanzine

27/12/2018

O cometa P46 Wirtanen em registro da astrofotógrafa Jéssica Alves.

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Moro em uma cidadezinha chamada Comodoro, com cerca de 19 mil habitantes no interior do estado de Mato Grosso, Brasil. De acordo com o site Light Pollution Map, a escala Bortle aqui no meu quintal é de Classe 4, mas isso nunca me impediu de, em noites sem lua, ficar deitada no quintal admirando as estrelas, de levantar de madrugada e apreciar várias chuvas de meteoros, e mais recentemente, de fotografar o cometa 46P/Wirtanen.

Faço astrofotografias amadoras a pouco mais de um ano, desde que tive acesso pela primeira vez a uma câmera com modo manual. Na época, ainda sem um tripé, aprendi os princípios básicos da astrofotografia apoiando a minha câmera em qualquer coisa, para deixá-la inclinada em direção ao céu, usei chinelos, tênis e até tijolo antes de finalmente comprar um tripé.

Um dos meus primeiros registros da nebulosa de Órion.

A jornada de aprendizado foi longa, e continuará sendo, mas me empenho em fazer sempre o meu melhor com o equipamento que tenho, somente uma câmera, um tripé e três lentes.

Não tenho telescópio, então todas minhas imagens são de uma Canon T5i e recentemente, às vezes, consigo uma Canon 6D emprestada, mas nenhuma é modificada para astrofotografia. Fotografar o céu acabou se tornando uma das coisas que mais gosto de fazer. Encontrar conteúdos em português para aprender astrofotografia foi uma das minhas maiores dificuldades no início, sendo que a maioria das coisas fui aprendendo testando, errando e aprendendo com os erros.

A grande nuvem de Magalhães à direta.

O registro [acima] da Grande Nuvem de Magalhães foi uma das minhas primeiras astrofotografias que realmente tive orgulho, embora não sabia ainda fazer empilhamento, nem mesmo tirar o ruído da imagem, mas guardarei essa foto com muito carinho.

Tomei conhecimento da passagem do cometa 46P/Wirtanen, através de amigos que conheci graças a astrofotografia, e com o apoio desses amigos também aprendi usar o programa Stellarium que foi de grande ajuda para localizar o cometa. E então tentei pela primeira vez, fotografá-lo.

A primeira captura que fiz foi mágica, na noite do dia 03/12/2018, apontei a câmera para o céu, fiz a primeira foto e lá estava ele, verde clarinho, bastante apagado, mas ele estava lá. Foi emocionante ver um cometa através da minha lente, com a minha captura, e então, finalmente comecei as demais capturas para fazer o empilhamento.

O clima não ajudou muito nas noites seguintes, o céu sempre nublado me deixou meio frustrada, mas no dia 14 de dezembro, o céu limpou de novo, e consegui fazer, o que considero, minha melhor captura do cometa [imagem abaixo].

Registro do cometa 46P/Wirtanen.

Nas noites seguintes, o céu voltou a ficar nublado, e não consegui mais fotografar nosso visitante, mas não fiquei triste, de forma alguma, estou até hoje muito feliz com as minhas imagens. Fiquei incrivelmente admirada com alguns registros do cometa que vi em grupos de astrofotografia amadora, sou muito grata por poder aprender e compartilhar o que aprendi.

O ano de 2018 foi de enorme aprendizado referente a astrofotografia amadora, sou muito grata a todos que me ajudaram de alguma forma. E em 2019, eu espero aprender e melhorar cada vez mais.

Foi uma honra ser convidada para escrever para o portal ASTROvia, eu me chamo Jéssica Alves e desejo um feliz ano novo para todos!

* Jéssica Alves é estudante e pesquisadora em astronomia e astrofotografia.

- Imagens: Jéssica Alves.