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Vida no Espaço:

Em busca dos sinais de tecnologia alienígena*

Até agora, o universo continua a ser aos olhos humanos uma extensão intocável, virgem e selvagem, onde parece que ninguém nunca colocou um pé, um artefato ou até mesmo uma onda de rádio.

 

Dyson propôs que uma civilização avançada poderia colher a energia dos seus edifícios através de uma "biosfera artificial", posteriormente conhecida como a hipotética "Esfera de Dyson".

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Se a vida é algo comum no universo, onde está todo mundo? Perguntou o físico Enrico Fermi, em 1950. E se essa ocorrência rotineira da vida leva ao desenvolvimento de civilizações tecnológicas, onde estão suas naves, suas comunicações, suas construções, até mesmo o seu lixo? Onde estão os vestígios de sua tecnologia? Até agora, o universo continua a ser aos olhos humanos uma extensão intocável, virgem e selvagem, onde parece que ninguém nunca colocou um pé, um artefato ou até mesmo uma onda de rádio.

 

Dez anos após a pergunta Fermi, o físico e matemático anglo-americano Freeman Dyson, que completou 95 anos em 15 dezembro, publicou na revista Science um artigo no qual ofereceu uma pista para talvez encontrar o rastro de uma tecnologia alienígena no universo.

 

Dyson, que é professor emérito do Instituto de Estudos Avançados de Princeton propôs que uma civilização avançada poderia colher a energia dos seus edifícios através de uma "biosfera artificial", uma espécie de concha viva que "poderia conter todas as máquinas necessárias para explorar a radiação solar que caísse por perto".

 

Desde então, as hipotéticas megaestruturas deste tipo são conhecidas como “Esferas de Dyson”, embora o próprio físico tenha atribuído o conceito original ao romance Star Maker, de 1937, do autor de ficção científica Olaf Stapledon.

 

Freeman Dyson é professor emérito do Instituto de Estudos Avançados de Princeton.

 

O primeiro retrato infravermelho do céu

 

Embora Dyson tenha introduzido essa ideia como sendo uma nuvem de artefatos em órbita, ela foi subsequentemente reinterpretada como uma estrutura sólida. Em todo caso, uma construção similar poderia ser detectada a grande distância graças à "conversão em larga escala da luz das estrelas em radiação infravermelha distante", escreveu Dyson. Ou seja, a esfera prenderia a luz, liberando o calor residual para o exterior, de modo que uma emissão infravermelha anômala em uma estrela poderia revelar a presença de uma megaestrutura.

 

A proposta de Dyson levantou tal interesse que outros cientistas começaram a especular sobre isso e tiveram até a oportunidade de colocá-la em prática. "Cerca de 20 anos depois de eu ter sugerido à procura de civilizações alienígenas no céu rastreando fontes de radiação térmica infravermelha, foi lançado o Infra-Red Astronomical Satellite (IRAS), que realizou uma inspeção em comprimentos mais longos de onda infravermelho", afirmou Dyson ao OpenMind.

 

O IRAS fez um retrato infravermelho do céu

 

Lançado em 1983 e resultado de uma colaboração entre a NASA, o Reino Unido e a Holanda, o IRAS foi o primeiro telescópio espacial a fazer um retrato infravermelho de todo o céu. "O resultado do estudo foi uma grande surpresa, foram encontradas em torno de um milhão de fontes no céu", diz Dyson.

 

No entanto, nenhuma dessas emissões parecia corresponder a um traço de tecnologia extraterrestre. Conforme explicado pelo físico, eram estrelas jovens, ainda envoltas nas nuvens de poeira que as originaram e que estavam aquecidas emitindo radiação infravermelha. "São objetos naturais interessantes, mas não há razão para supor que algum deles seja artificial".

 

Imagem produzida pelo IRAS, o primeiro telescópio espacial a fazer um retrato infravermelho de todo o céu.

 

O mistério da estrela KIC 8462852

 

"A busca por civilizações alienígenas usando infravermelho falhou devido à abundância de fontes naturais", conclui Dyson. Esse também parece ser o caso de um fenômeno estranho que nos últimos anos ocupou pesquisadores em busca de uma explicação.

 

Em 2015 uma equipe de astrônomos colaboradores e voluntários sob a liderança da astrofísica Tabetha Boyajian descreveu um misterioso e ocasional escurecimento de uma estrela chamada KIC 8462852, de acordo com dados revelados telescópio espacial Kepler.

 

Essa estrela, localizada a 1.470 anos-luz da Terra, conseguiu reduzir sua luminosidade em até 22%, o que levou alguns cientistas a sugerir a hipótese da ofuscação luminosa por uma megaestrutura alienígena.

 

Ilustração mostra um anel de poeira hipotético orbitando a estrela KIC 8462852.

 

No entanto, mais uma vez, parece ser um fenômeno natural: vários estudos publicados neste ano observaram que as diferentes cores ou comprimentos de onda da estrela são bloqueadas em um grau diferente, efeito do amortecimento da luz, devido a uma nuvem de poeira.

 

Segundo Roi Alonso, pesquisador no Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias e coautor destas observações, "O que ocorre entre nós e a estrela não é algo opaco, como seria de esperar se fosse um planeta ou uma megaestrutura alienígena". Especialistas ainda terão que explicar a origem dessa nuvem de poeira, já que, ao contrário dos objetos detectados pelo IRAS, o KIC 8462852 é uma estrela madura que não deve manter ao seu redor os restos de sua formação.

 

A busca por inteligência extraterrestre

 

O fenômeno natural tem causado invariáveis incógnitas, sem soluções desde 1960, quando o astrônomo Frank Drake dirigiu a primeira antena para o céu em busca de um sinal alienígena, inaugurando no que é conhecido como SETI (sigla em inglês para Procura de Inteligência extraterrestre). Hoje, a busca continua através de entidades como o Instituto SETI e The Planetary Society, e universidades como a de Berkeley ou novas iniciativas pelo projeto Breakthrough Listen, mas com pouco apoio oficial: nos EUA, a falta de sucesso e orçamento condenado em 1993 para os programas SETI, fizeram com que o programa sobrevivesse somente graças aos fundos privados.

 

Representação de uma esfera de Dyson.

 

No entanto, isso pode estar mudando. Em abril passado, o Congresso dos EUA propôs a NASA destinar R$ 20 milhões nos próximos anos para buscar "empreendimentos tecnológicos" no universo. A agência espacial em breve assumirá o desafio e, em setembro passado foi realizada em Houston a l NASA Technosignatures Workshop, uma oficina com reunião de peritos em diversas áreas para a discussão de perspectivas para rastreamento de vestígios tecnológicos de civilizações alienígenas.

 

Na prática, e independentemente do resultado final da proposta do Congresso, o evento foi a primeira grande reunião da comunidade SETI sob os auspícios da NASA por um quarto de século. Lá, se falou sobre estratégias como a busca por sinais de rádio ou pulsos de laser. Também foram discutidas ideias mais ousadas, como a detecção de sinais de poluição do ar em exoplanetas distantes. E, claro, as megaestruturas alienígenas também retornaram às pautas de discussão.

 

Cinquenta e oito anos após a proposta de Dyson e a primeira audiência de Drake, ainda estamos no começo; mas como o astrônomo Jason Wright, presidente do comitê organizador disse na reunião, este é "um bom começo".

 

* Informações de Javier Yanes/Open Minds, com tradução de Pepe Chaves para Via Fanzine e ASTROvia.

  16/12/2018

 

- Imagens: NASA / Monroem / Kevin Gill.

 

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