Amazônia

 

Inscrições em baixo relevo:  

Sinais misteriosos na Amazônia II

As inscrições de Itamaracá e seu magnífico conjunto de petrogravuras.

 

  Por J. A. FONSECA*

De Itaúna-MG

dezembro/2013

  

Alguns signos deste magnífico conjunto de petrogravuras se assemelham a letras.

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Não é demasiado insistir que a região Amazônica brasileira guarda ainda muitos mistérios relacionados ao seu passado mais distante. Neste artigo, dando sequência à abordagem do anterior, queremos mostrar um outro conjunto de petrogravuras que não pode deixar de trazer dúvida e espanto às mentes dos pesquisadores arqueológicos, por seu elevado grau de estranheza.

 

Algo ocorre diante do cenário histórico que foi estabelecido para o passado do homem sobre a Terra, onde certos elementos contrapõem-se à expectativa gerada e acabam se tornando em peças estranhas em relação ao seu contexto geral. No caso das petrogravuras de Itamaracá, se as relacionarmos aos tipos de culturas que viviam na região em tempo não muito longínquo, elas se tornam muito extravagantes e, poderíamos dizer que suas peculiaridades as excluiriam de tal forma que levariam-nos até mesmo a especular que elas não deveriam estar ali. E, no entanto, estão. E não são únicas. O que dizer então?

 

Ignorá-las simplesmente ou dar-lhes explicações suportadas no nosso conhecimento ou no que “imaginamos” que sejam, não resolve o problema.

 

Queremos mostrar este outro enigma do passado do Brasil, dentre muitos, e apresentar o que já foi posto a seu respeito, para que os interessados possam aventurar-se em emitir sua própria opinião ou mesmo aguardar que algo de novo aconteça. Forçar a situação para moldá-la às condições dos povos que aqui viveram em passado mais recente cremos que também não vai resolver a questão. Muitos fatores de dificuldade cercam a maioria destes monumentos arqueológicos que refletem as possibilidades de vida de nossos antepassados históricos. Porém, acreditamos que estes necessitam muito mais do que explicações técnicas, intelectualizadas ou de boa vontade para que possam ser bem compreendidos e identificar os casos que os levaram a serem produzidos nas perspectivas em que foram orientados. Supomos que estes precisam de maior simplicidade, menor ostentação e maior discernimento sobre os objetivos que conduziram seus autores a este tipo de comportamento.

 

A questão fundamental é que registros como estes agem como verdadeiras “pedras no sapato”, perturbando as passadas dos pesquisadores, mas eles estão lá, destacando-se imponentes em muitos lugares, incomodando os teóricos da história da Terra e exigindo uma nova postura diante de seu mistério e uma percepção mais acurada na perspectiva e no olhar por parte dos estudiosos.      

 

Na bacia do Xingu, nas proximidades da cachoeira de Itamaracá, município de Anapu, estado do Pará, foram encontrados muitos “grafismos” na rocha, dentre os quais, muitos se assemelham a letras, algumas excepcionalmente parecidas com letras latinas. Em sua maioria os sítios classificados nesta região se acham próximos de rios, de cachoeiras ou em ilhas ao longo do rio. Dentre os muitos mistérios que envolvem as inscrições desta região estão estas figuras estranhas de Itamaracá, de elevada complexidade, como se se tratassem de desenhos técnicos ou descrições importantes para quem as produziu.

 

Assemelha-se este conjunto de insculturas a um esquema muito bem produzido de algo de grande relevância, pois apresenta um intricado entrelaçamento de elementos desconhecidos, vasos ligados por fios e painéis que se assemelham a aparelhos de televisão modernos. Muitas figuras desconhecidas se ajustam em todo o painel, dando uma conotação insólita e de difícil compreensão. Quem primeiro fez citação deste local e suas inscrições foi o padre João Daniel, no século XVIII, que ficou muito impressionado com o que viu, comparando o conjunto rochoso e o que nele está registrado a um altar onde eram celebradas missas. Porém, ele mesmo não sabe dizer que sacerdote teria feito isto, pois sua antiguidade é notória e além do mais está muito afastada dos centros urbanos. Escrevendo sobre esta pedra o padre viu-a como algo admirável, dizendo que suas formas lavradas e bem proporcionadas pareciam ter sido feitas por mãos de um mestre. Disse também que nos pés da cachoeira existem pedras de grandes proporções que soam como sino quando tocadas por alguém.

  

 

Estranha gravura encontrada na pedra de nome Itamaracá (Pedra do Sino), às margens do Rio Xingu, em reprodução desse autor, com base em desenho feito por Domingos Soares Ferreira Pena, hoje no Museu Nacional de Belém). No detalhe abaixo, dois signos semelhantes a letras latinas.

 

Também o conselheiro Tristão de Alencar Araripe foi um destes primeiros pesquisadores a falar deste monumento histórico em sua monografia datada de 9/12/1866, que foi lida na sessão do Instituto Histórico e Geografia Brasileiro nesta mesma data. Conforme suas próprias palavras “não é hoje lícito duvidar da existência de antiqüíssimas inscrições lapidares no Brasil, sobretudo depois que o nosso preclaro consórcio Dr. Ladislau Neto, cujos estudos antropológicos já excitam a atenção dos sábios europeus, publicou nos Anais do Museu Nacional do Rio de Janeiro, o letreiro da pedra de Itamaracá, no rio Xingu, bem como outros copiado no amazonas, rio Negro e Madeira.”  

 

O naturalista francês Henri Coudreau (século XIX) também escreveu sobre esta pedra dizendo que os desenhos da parte superior desta pareciam uma verdadeira página escrita. Logo abaixo deste painel excepcional existe uma outra inscrição isolada, à esquerda, que é constituída de dois caracteres apenas e se assemelham às letras latinas “A” e “T”.

 

Também o naturalista brasileiro Domingos Soares Ferreira Pena, no final do século XIX, visitou a região e escreveu sobre este estranho “monumento” arqueológico. É importante acrescentar que o nome Itamaracá provém do tupi-guarani e significa “pedra dos sinos” (ita = pedra; maracá = sino, chocalho) e tal fato está relacionado às pedras que soam como sino próximo à cachoeira de mesmo nome. Domingos Ferreira disse que quando viu a pedra ficou perplexo, pois o painel que admirava era esplêndido, inscrito em baixo relevo e realçado por traços amarelos profundos na face escurecida da pedra aplainada para este objetivo. Tentou desenhá-la apesar do cansaço, mas o tempo impediu que terminasse seu trabalho naquele momento, pois tiveram de regressar. Guardou na memória alguns de seus traços ainda não desenhados para completar posteriormente seu esboço. Efetuou várias tentativas de copiar o documento na íntegra, sem sucesso, mas o desenho enviado por ele ao Museu Nacional em Belém, deixa claro que se trata de algo mesmo excepcional que precisa de um estudo mais amplo.

 

Ladislau Neto, então diretor do Museu Nacional de Belém, ao publicar um livro sobre arqueologia brasileira fez também seus comentários a respeito das gravuras de Cachoeira Itamaracá, dizendo que elas nada mais parecem representar do que uma grande aldeia fortificada por estacas à sua volta. Menciona haver na sua parte superior uma simulação de habitações como se aí fossem passagens para o interior da aldeia.

 

Para o pesquisador Bernardo Azevedo da Silva Ramos, em sua magnífica obra em dois vastos volumes “Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica” a inscrição da Cachoeira de Itamaracá é uma das mais notáveis desta região. Segundo ele esta “oferece motivo de valiosas considerações pré-históricas e como a reputamos, é de admirável confecção artística.”

 

Inscrições na Pedra de Itamaracá, no Rio Xingu, no Estado do Pará. Segundo ilustrações feitas por Henri Coudreau, este autor reproduziu esta representação aproximada das inscrições existentes no monólito próximo à cachoeira de Itamaracá.

 

Apesar de Bernardo Ramos discordar de outros pesquisadores brasileiros sobre suas opiniões a respeito desta pedra e suas inscrições e reconhecer que esta faculdade é peculiar neste tipo de discussão, dá-lhe interpretações bem ousadas. Interpretando os signos justapostos que compõem sua sofisticada composição deu aos sinais significados e idéias, relacionando-os a caracteres gregos antigos. Em nossa exposição nós apenas os exemplificaremos a seguir, por se tratar de um trabalho longo e detalhado, além de ter seu caráter lingüístico, que, em tese, não caberia nos propósitos deste artigo que tem cunho estritamente arqueológico. Sua importância é, entretanto, incontestável e por isto o citamos. Neste sentido, damos a seguir uma amostra do trabalho magnânimo de tradução do pesquisador Bernardo Ramos para o conteúdo deste complicado teorema inculcado na pedra de Itamaracá. Não será preciso anotar que suas idéias não foram bem aceitas no meio acadêmico em geral. É nosso dever, entretanto, falar sobre o assunto e um empreendimento de tal porte precisa ser melhor acolhido no seio dos estudiosos e melhor analisado, principalmente quando se trata de pesquisa sobre estas coisas misteriosas que se acham perdidas no interior de nosso país e, porque não dizer, em todo o nosso planeta.

 

Eis as traduções feitas por Bernardo Ramos:

 

 

As traduções acima se referem à parte dianteira da inscrição maior, reproduzida apenas como exemplo e a demais se tratam das ‘letras’ gravadas logo abaixo do monólito.

 

É interessante notar que a figura maior e mais complexa está colocada acima, em destaque, no conjunto rochoso e os signos semelhantes a letras se acham logo abaixo, à esquerda, impressas como se fossem um sinal de referência ao conjunto maior logo acima. Não nos parece que este conjunto, que se consubstancia em mais um mistério Amazônico, se trate de um trabalho feito ao acaso por pessoa ou pessoas sem discernimento ou que não pretendessem deixar gravado algo que para elas se tratava de coisa muito importante. Se observarmos com cuidado e critério o conjunto desta litogravura amazonense, vamos notar sofisticações e traços precisos, e uma representação de algo incomum, figuras interligadas e justapostas, como numa escrita ou diagrama esquemático, estruturado por meio de vontade deliberada e incontestável condução inteligente.

 

O que será então que estes povos quiseram nos transmitir? Poderíamos ignorar mais uma expressiva “mensagem” como esta, atribuindo-a somente a grupos nômades e de vida sedentária? Não deveríamos agir de maneira diferente com as manifestações diferentes de “arte” que são encontradas por toda a parte, considerando-se que seus conteúdos são diversos e de qualidades extremamente variáveis?          

 

Nas proximidades da Cachoeira Itamaracá existem também outras significativas gravuras que apresentam do mesmo modo “trabalhos” gravados em pedra pelo método de incisão ou baixo relevo e que se mostram também delineados de forma extravagante e tão enigmáticos quanto estes que acabam de ser citados em nosso trabalho e que poderão ser alvo de uma pesquisa posteriormente.

 

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* J.A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e  realizado incursões em diversas regiões do Brasil  com o intuito de melhor compreender seus mistérios milenares. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail: jafonseca1@hotmail.com.

 

- Ilustrações: Reproduções de J.A. Fonseca.

 

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Esta matéria foi composta com exclusividade para Via Fanzine©.

 

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