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Juno: Nasa lança sua mais lúdica missão
Sonda espacial Juno parte para Júpiter e leva a abordo uma placa
alusiva a Galileu Galilei, além de três miniaturas Lego.
Por Pepe Chaves*
De Belo Horizonte-MG
Para ASTROvia
08/08/2011
Placa alusiva ao italiano Galileu Galilei segue a bordo de sonda da Nasa para o planeta Júpiter.
Viagem a Júpiter
A Nasa acaba de lançar aquela que pode ser a sua missão mais lírica e ao mesmo tempo a mais lúdica. A sonda espacial Juno (nome da esposa do deus grego Júpiter) foi lançada na sexta-feira, 05/08, levando a bordo uma placa dedicada ao famoso astrônomo Galileu Galilei, além de três miniaturas Lego em 3D.
A sonda foi lançada com destino ao planeta Júpiter por um foguete Atlas V, a partir do Complexo Espacial de Lançamento nº 41, da Estação da Força Aérea (USAF), em Cabo Canaveral, na Flórida, EUA.
Movida a energia solar, a sonda espacial Juno deverá orbitar os pólos de Júpiter por pelo menos, 33 vezes, buscando descobrir mais detalhes sobre as origens do gigante gasoso, como a composição de sua atmosfera, estrutura e magnetosfera.
O lançamento foi transmitido online pela TV Nasa, com direito a um bate-papo ao vivo com os engenheiros da missão, através da TV Ustream, também da agência.
Após o lançamento, o foguete Atlas, que mede 106,6 metros de comprimento, teve o cone do seu nariz (com 21 metros) separado da composição para ser descartado, lançando a Juno e seu estágio final, Centaur, rumo à exoatmosfera. O estágio final Centaur será o responsável por fornecer o pontapé final que deverá impulsionar Juno à trajetória de Júpiter.
Após se separar do estágio Centaur, a sonda Juno abandonará totalmente esse último estágio do foguete Atlas V - que se queimará na atmosfera - para seguir numa viagem com cinco anos de duração e 2,8 bilhões de quilômetros pela frente.
O que a Juno fará em Júpiter?
A sonda espacial Juno fará um cruzeiro de cinco anos na trajetória de Júpiter, chegando às cercanias do maior planeta do Sistema Solar em julho de 2016. A sonda está programada para orbitar Júpiter por cerca de um ano, perfazendo um total de 33 órbitas no gigante gasoso.
Em seu portal, a Nasa afirma que a Juno “vai melhorar a nossa compreensão acerca das origens do nosso sistema solar, revelando dados sobre a origem e a evolução de Júpiter”.
Dentre os estudos planejados para execução na órbita jupteriana, a sonda Juno deverá determinar a quantidade de água presente na atmosfera, o que irá ajudar a determinar sobre uma teoria para a formação planetária daquele astro.
Equipada com modernas câmeras, sensores e um potente instrumental, a Juno vai lançar profundos sobre a misteriosa atmosfera gasosa de Júpiter, para executar medições de sua composição, temperatura, movimentos das nuvens e outras propriedades características. O engenho espacial, também deverá compor um detalhado mapa de Júpiter, expondo os seus campos magnéticos e de gravidade, além de revelar a estrutura profunda do planeta, usualmente coberta por gases.
Além disso, a sonda viajante da Nasa deverá explorar e estudar a magnetosfera de Júpiter nas regiões polares do planeta, especialmente as auroras - luzes que surgem nas extremidades ao norte e ao sul do planeta - oferecendo novas percepções sobre as possíveis influências dos campos magnéticos sobre a sua atmosfera.
Homenagem americana a Galileu Galilei
Lembrado em uma placa que seguiu a bordo da Juno em direção a Júpiter, o cientista italiano Galileu Galilei, considerado um dos pais da astronomia moderna, recebe durante essa missão, um alto reconhecimento da agência espacial americana, pelos seus inúmeros serviços prestados às ciências espaciais.
A Nasa lembra que, entre algumas de suas muitas realizações, Galileu descobriu que luas orbitavam Júpiter, ainda no longínquo ano de 1610. As quatro luas de Júpiter, Io, Europa, Ganimedes e Calisto, se tornaram conhecidas como “as luas de Galileu”.
A placa alusiva foi fornecida pela Agência Espacial Italiana (ASI) e mede 71 por 51 milímetros. Ela foi confeccionada em alumínio e pesa seis gramas. A imagem impressa na placa expõe um autoretrato de Galileu, incluindo, a reprodução de sua assinatura em grafia original e do manuscrito de 1610, da lavra de Galileu registrando suas primeiras impressões sobre as luas de Júpiter.
O original destas observações manuscritas estão arquivadas na Biblioteca Nazionale Centrale de Florença, na Itália, cujo trecho foi reproduzido na dita placa, onde se destaca as referências do astrônomo aos corpos orbitais jupterianos: “No dia 11, a estrela mais próxima de Júpiter tinha a metade do tamanho das outras e estava muito mais próximo que durante as noites anteriores (...), de modo que é evidente haver em torno de Júpiter três estrelas em movimento invisível a todos até este momento”.
Tripulação da sonda espacial Juno: Júpiter e seus raios, Juno e sua lupa, Galileu e seu telescópio.
Sonda leva três ‘tripulantes’
O lado lúdico dessa longa missão espacial fica por conta dos brinquedos que a Juno leva consigo ao espaço sideral. A Nasa informou que três figuras em 3D, produzidas pela conhecida empresa Lego, estão a bordo da sonda espacial, representando o deus romano Júpiter, sua esposa Juno, além do próprio Galileu [veja acima].
A inclusão das três mini-estátuas compõe parte de um programa educacional desenvolvido em parceria entre a Nasa e o Grupo Lego, qual visa inspirar crianças a explorar ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Lembra a Nasa que, nas mitologias grega e romana, Júpiter atraiu um véu de nuvens em torno de si para esconder a sua maldade. Do Monte Olympus, Juno foi capaz de penetrar as nuvens e revelar a verdadeira natureza de Júpiter.
A miniatura de Juno segura uma lupa, significando a busca pela verdade, enquanto o seu marido Júpiter carrega consigo um relâmpago. O terceiro membro da tripulação Lego é Galileu Galilei, que segue a viagem segurando uma miniatura do planeta de destino numa das mãos e na outra, o seu inseparável telescópio.
Comando da Missão Juno
O Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (Jet Propulsion Laboratory), com sede em Pasadena, na Califórnia, administra a Missão Juno. O JPL é uma divisão do California Institute of Technology. O investigador responsável pela missão Juno é Scott Bolton, cientista do Southwest Research Institute, de San Antonio.
A Agência Espacial Italiana, em Roma, contribuiu para a missão com a construção de um espectrômetro infravermelho, que se encontra a bordo da Juno, além de compartilhar a experiência científica via rádio.
A missão Juno integra o Programa “Novas Fronteiras”, gerido pela Marshall, da Nasa Space Flight Center, de Huntsville, Alabama.
A Lockheed Martin Space Systems, em Denver, construiu a nave espacial Juno. A gestão para a missão é de responsabilidade do Programa Nasa Launch Services, centrada no Centro Espacial Kennedy, na Flórida.
* Pepe Chaves é editor do diário digital Via Fanzine e da Rede VF.
- Com informações de Nasa/JPL e tradução do autor.
- Imagens: NASA / JPL-Caltech.
- Colaborou: J. Ildefonso P. de Souza.
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Imagem em HD da placa alusiva a Galileu
- Produção: Pepe Chaves
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