ARQUEOLOvia - Perfil - Oleg Dyakonov

Recentemente, fui surpreendido pelo jovem pesquisador arqueológico russo Oleg I. Dyakonov, especialmente, pela sua detalhada pesquisa sobre vida e obra do arqueólogo e atlantólogo Gabriele D’Annunzio Baraldi. Mas também pelo seu interesse acerca das antigas civilizações da pré-história brasileira e por sua admiração pelo nosso país.

Em seu trabalho, intitulado “Vida e descobertas de Gabriele D’Annunzio Baraldi”, Oleg mostra de maneira sucinta, parte da trajetória de vida do pesquisador arqueológico e artista plástico italiano, Gabriele Baraldi, posteriormente radicado no Brasil. Com ênfase em períodos ocorridos após a sua saída da Itália e vinda para a América do Sul, Diakonov pontua detalhes de vida e obra de Gabriele Baraldi.

Na versão traduzida ao português pelo próprio autor, tive a honra de fazer a revisão final e as adaptações ao idioma português brasileiro. Trata-se de um cuidadoso trabalho, no qual, Oleg Dyakonov relaciona alguns dos pontos mais explorados por Baraldi, como a cidade perdida de Ingrejil, localizada no sertão baiano e a enigmática Pedra do Ingá, no interior da Paraíba. Também dá ênfase à Cueva de los Tayos, a caverna secreta equatoriana que guardou um tesouro de valor inestimável em pedrarias e obras de artes antigas, além de vários outros aspectos acerca dos estudos, pesquisas e a valiosa coleção de objetos antigos do pesquisador ítalo-brasileiro.

Em nossos contatos, sempre feitos em português fluente, Oleg Dyakonov se revela um verdadeiro apaixonado pelo Brasil, suas histórias, lugares e culturas. Embora ainda não conheça o nosso país pessoalmente, Dyakonov afirma que o seu maior sonho é estar aqui para pesquisar e ver de perto as inúmeras ruínas, sítios arqueológicos, inscrições, antigos muros de pedras e objetos líticos das antigas civilizações pré-históricas brasileiras.

Pesquisador e autor de vários artigos, Oleg I. Dyakonov é também tradutor em português, espanhol e inglês. É membro da Sociedade Russa para os Estudos dos Problemas da Atlântida (ROIPA, da sigla em russo) e membro do conselho editorial do “Альманах о тайнах древних цивилизаций: КРОНОС” (“Almanaque sobre os mistérios das antigas civilizações: CRONOS”).

Oleg Dyakonov nasceu no ano de 1979, em Moscou, então capital da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Seu avô e seu pai foram diplomatas na América Latina e na África. Por contada profissão do pai, Dyakonov passou a sua infância na República Democrática de São Tomé e Príncipe. Conforme nos relatou, foi precisamente neste arquipélago africano, que no final do século XVIII e princípio do século XIX serviu como militar ao governador Raimundo José da Cunha Matos, que depois foi marechal do Império do Brasil e fundador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, cujas pesquisas dos monumentos da pré-história brasileira são de grande interesse científico para Dyakonov.

Sua mãe Natália Dyakonova, também pesquisadora, filóloga em sua primeira formação e pintora pela segunda. É também historiadora por inclinação e autora de vários artigos sobre arte e literatura, editora de vários blogs, inclusive o "Protocivilización", onde destaca a arqueologia e achados relativos às antigas civilizações.

O Português foi a primeira língua estrangeira que Dyakonov ouviu. Mais tarde, teve a oportunidade de viver na América Latina, no Peru e em países da América Central, com estadia maior na Nicarágua. O jovem pesquisador estudou alternadamente nas escolas da América Latina e de Moscou. Além dos países já mencionados, ele também visitou outros da região, mas, ainda não esteve no Brasil.

Para ele, os muitos anos passados no exterior determinaram a natureza da sua formação. O seu diploma do ensino secundário é de bacharel pelo Instituto Pedagógico La Salle, em Manágua, Nicarágua. Seguindo a tradição diplomática da família, Dyakonov também cursou o Instituto (Universidade) Estatal de Relações Internacionais de Moscou, pela Faculdade de Relações Internacionais, recebendo o diploma do Bacharel em Estudo das Regiões (América Latina). Posteriormente, recebeu um segundo diploma, de licenciamento, pela Faculdade de Diplomacia da Universidade Americana (UAM), em Manágua.

De acordo com Dyakonov, “A minha inclinação às pesquisas históricas, a paixão pelo mistério da Atlântida e a leitura do livro de Percy Fawcett predeterminaram meu interesse pelos mistérios das civilizações perdidas em geral e pelos mistérios do Brasil pré-histórico em particular. O entusiasmo pelo assunto se desenvolveu num estudo sério quando conheci a versão digital do famoso documento 512 apresentada pela Fundação Biblioteca Nacional. Nos últimos anos estou realizando pesquisas acerca das visões alternativas do passado pré-histórico brasileiro (elaboradas a partir do século XIX), como também das últimas descobertas arqueológicas e concepções das ‘civilizações amazônicas’, promovidas pela ciência oficial”, afirmou a Via Fanzine.

Os resultados de suas pesquisas e conclusões estão expostos no seu livro ainda inédito, “As Sombras de uma Pré-Civilização” (originalmente em russo), o primeiro especializado nas buscas ao Brasil pré-histórico. Nesse primeiro livro é apresentada uma síntese das atuais pesquisas arqueológicas na Amazônia Brasileira, como também das buscas pela Atlântida Brasileira empreendidas por Percy Fawcett. Nesse trabalho, o autor também relata sobre o início das pesquisas arqueológicas no Brasil Império com a fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).

O seu segundo livro da série, “A Estrela Guia do Cônego Benigno”, será dedicado às buscas pela cidade abandonada (referidas no documento 512), empreendidas pelo Cônego Benigno José de Carvalho e Cunha, sob o patrocínio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), como também a outras pesquisas arqueológicas no Brasil até o início do século XX.

Dyakonov também tem vários artigos publicados pelo “Almanaque sobre os mistérios das antigas civilizações: CRONOS”, editado em Moscou. Um destes artigos é dedicado ao trabalho histórico e antropológico do grande naturalista alemão Carl Friedrich Philipp von Martius, pesquisador do Brasil no século XIX. Martius foi o primeiro a supor que os indígenas do Brasil e os demais das Américas teriam sido restos de uma remota e majestosa civilização que caiu no esquecimento.

Como tradutor do português, sua primeira tradução ao russo foi do original do documento 512, como também de algumas obras de José de Anchieta, Manuel da Nóbrega e a fundamental “Crônica do descobrimento e conquista da Guiné”, de Gomes Eanes de Azurara. Todas as suas traduções estão disponíveis em formato digital.

Dyakonov é também colecionador de obras sobre a história do Brasil, em particular, sobre seus mistérios pré-históricos e, para tanto, mantém uma biblioteca especializada no assunto.

“A base da minha biblioteca pessoal sobre a América Latina foi constituída por uma série de livros adquiridos por meu avô nos países da região, entre os anos de 1940 a 1960. Espero manter as gloriosas tradições do meu compatriota, o coronel Alexandre P. Braghine, um pesquisador de vestígios da Atlântida no Brasil”, afirmou o pesquisador.

Não restam dúvidas de que Dyakonov se trata de uma saudável promessa no campo das pesquisas sobre a pré-história brasileira. Ao nosso convite, o autor deverá publicar em breve no portal Arqueolovia, um de seus mais recentes artigos sobre as atuais pesquisas que está desenvolvendo.

Para acessar Vida e descobertas de Gabriele D’Annunzio Baraldi, o seu primeiro artigo publicado em um portal da língua portuguesa, clique aqui.

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