UFOVIA: Quando, como e por que o senhor se interessou em pesquisar os
casos de supostos ataques alienígenas na região Norte do Brasil? Por
favor, nos faça um resumo de seus trabalhos de pesquisa realizados no
Brasil.
Bob Pratt:
O Brasil é um país excelente para os pesquisadores de UFOs. Desde 1975
eu já estudei centenas de casos de UFO em 12 países. Eu viajei por todos
os EUA, grande parte do Brasil e também para várias cidades na
Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Japão, México, Peru, Porto Rico,
Filipinas e Uruguai. De todos esses países, o Brasil é, com certeza, o
mais fascinante. É inacreditável a quantidade de avistamentos e
encontros de diversos graus que ocorreram, e ainda ocorrem, neste país.
Mas o que eu considero mais intrigante é que as ocorrências de UFOs no
Brasil têm sido bastante agressivas e até mesmo mal intencionadas. Eles
aterrorizaram e feriram muitas pessoas, e chegaram até a deixar alguns à
beira da morte. Quase todos os casos narrados no meu livro Perigo
Alienígena no Brasil - Perseguições, Terror e Morte no Nordeste
(CBPDV - Biblioteca UFO), mostram o quanto o encontro com um UFO
pode ser perigoso no Brasil. E isso inclui ferimentos, abduções, mortes,
levitações, tentativas de levitação e pessoas sendo atacadas por raios
de luz emitidos pelos UFOs. Uns ficaram paralisados, alguns queimados ao
tentar fugir, outros foram perseguidos e os UFOs continuaram a
procurá-los mesmo após terem se escondido. Também, algumas vezes, as
vítimas foram abduzidas. As pessoas não estavam seguras nem mesmo dentro
de suas casas. Raios de luz perfuravam os tijolos do teto como se eles
não existissem, e queimavam as pessoas lá dentro. Isso aconteceu em
Colares e possivelmente em outros vilarejos próximos, durante a onda de
UFOs que assolou o norte do país entre 1977 e 78, e que foi investigada
por agentes da Força Aérea Brasileira (FAB). Os ataques de UFOs
começaram a me interessar desde a primeira vez que estive em São Luis,
Estado do Maranhão, no final de novembro de 1978. Mas eu era um cético
no que se referia aos UFOs até uns 3 anos e meio antes desta data.
Somente quando eu trabalhei como repórter para uma revista nos EUA, em
1975, e fui designado para investigar um suposto pouso de UFO, que mudei
de idéia e comecei a me interessar pelo tema. Nos anos seguintes,
realizei muitas reportagens sobre UFOs nos EUA e Canadá. Os avistamentos
eram extraordinários e eu pensava que o fenômeno era inofensivo. Mesmo
quando algumas pessoas ficavam feridas, provavelmente por acidente, eu
nunca pude perceber que havia também um lado perigoso ou hostil neste
fenômeno, isso até ir ao Brasil. Em 1978, Irene Granchi, uma ufóloga
veterana do Rio de Janeiro, me disse que 1 homem tinha sido morto e 2
feridos num pequeno barco de pesca em 25 de maio de 1977. Isso aconteceu
na Ilha do Caranguejo, situada na Baía de São Marcos e próxima à São
Luis. Irene soube do caso através de seu filho, Roberto, que esteve em
São Luis para fazer reparos eletrônicos em um barco. Roberto, por sua
vez, ficou sabendo do caso diretamente de um dos homens que foram
queimados. Eu passei 31 dias, entre novembro e dezembro de 1978, em São
Luis e em várias pequenas cidades mais a oeste. E enquanto investigava o
caso da Ilha do Caranguejo, soube que tinha ocorrido uma onda
extraordinária de UFOs nesta área há apenas 1 ano e meio atrás. Mas o
acontecimento ficou restrito ao local, e era desconhecido fora da área
de São Luis. A onda se concentrou na pequena cidade de Pinheiro, cerca
de 100 Km a Oeste de São Luis, aonde os UFOs eram vistos todas as
noites, nos meses de abril, maio, junho e julho de 1977. O prefeito da
cidade estimou que 50.000 pessoas viram UFOs durante este período. Mais
significativo ainda era o fato de que uma boa quantidade de pescadores e
lavradores que tinham sido perseguidos pelos UFOs e alguns até queimados
pelas luzes emitidas por eles. Este aspecto nocivo do fenômeno me deixou
intrigado, e eu acabei retornando 7 semanas depois, em fevereiro de
1979. Desta vez eu fui à Belém, São Luis, Natal, Belo Horizonte e
Brasília. Foi em Belém que me encontrei pela primeira vez com o coronel
Uyrangê Hollanda, que era capitão nesta época. Foi também a primeira vez
que eu estive em Colares, foco da grande onda de 1977 e 78, quando
algumas pessoas foram queimadas e pelos menos duas mortas pelos raios
emitidos pelos UFOs. Esta onda de UFOs foi oficialmente investigada
pelos sargentos do serviço de inteligência da FAB. Em janeiro de 1980 eu
fiz uma quarta viagem ao Brasil, através da revista para a qual eu
trabalhava.
UFOVIA: Além dos locais citados o senhor pesquisou outros casos no
Brasil, tendo recebido como reconhecimento da comunidade ufológica, o
título de “Ufólogo Honorário do Brasil”. Em quais outras localidades
brasileiras o senhor esteve?
Bob Pratt:
Estive em diversas cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Niterói,
Varginha, Belo Horizonte, Belém, Natal, Campinas, Curitiba, Londrina,
Maringá, Florianópolis e Pelotas. Sempre procurando por relatos de
avistamentos de UFOs. Os casos que envolviam ferimentos eram os que eu
considerava os mais interessantes e, por causa disso eu continuei
voltando ao Brasil. Mas foi somente depois de ter investigado a
casuística brasileira por vários anos que eu percebi que os casos de
Pinheiro e Colares fizeram parte de uma longa e vasta onda de UFOs, que
cobriu uma enorme parte da área do norte do país, provavelmente de São
Luis até Manaus. Em julho de 1981 eu saí da revista e retornei
imediatamente ao Brasil, às minhas próprias custas. Fui direto à Belém
para encontrar com Hollanda, que tinha mantido contato comigo durante
este período. Ele, eu e um outro pesquisador norte-americano voamos para
Colares aonde, utilizando Hollanda como intérprete, entrevistamos várias
testemunhas da onda de 1977 e 78. Meu amigo e eu alugamos um avião Cesna,
contratamos um piloto e, tendo Hollanda como co-piloto, voamos para
Monte Alegre e Santarém. Passamos muitos dias viajando de avião ou barco
para vários vilarejos ao longo do rio Amazonas até a cidade de Óbidos.
Mais tarde, nesta mesma viagem, eu retornei até São Luis e fui à
Fortaleza, aonde trabalhei com Reginaldo de Athayde e Jean Alencar.
Deste então, estive no Brasil mais nove vezes, quase sempre retornando à
região Norte. Muito do meu tempo foi dedicado à pesquisa de casos
ocorridos nos Estados do Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e
Paraíba. Alguns dos mais incríveis ocorreram nestes Estados, incluindo
levitação, tentativas de abdução, abduções, ferimentos e mortes. O
Estado do Rio Grande do Norte era o meu local preferido, porque casos
realmente estranhos aconteceram por lá. Eu também realizei pesquisas no
vale do Rio das Velhas, em Minas Gerais, ao norte de Belo Horizonte.
Esta é uma outra área impressionante no que se refere à atividade de
UFOs e, provavelmente há mais de 50 anos. Este vale é, com certeza,
minha segunda área favorita para a pesquisa de UFOs. Se eu fosse mais
jovem, sem compromissos com ninguém (quero dizer, sem família e podendo
ficar quanto tempo quisesse) e tendo dinheiro suficiente, faria uma
pesquisa em cada um dos estados do Brasil, porque eu acho que os UFOs
têm atuado em todas as partes deste país. No total estive em Belém 6
vezes e 4 vezes em Colares. Todas essas visitas tiveram o objetivo de
obter mais informações sobre a onda de UFOs na área de Colares. Também
fiz uma viagem à região de Monte Alegre, Santarém e Óbidos, junto com
Hollanda.
Desenho de Flávio Costa,
da Operação Prato, mostrando um objeto
com dois tripulantes e as
manobras executadas pelo mesmo.
UFOVIA: O senhor chegou a presenciar ou mesmo registrar alguma espécie
de fenômeno durante as oportunidades em que esteve na Amazônia ou em
outros locais do Brasil?
Bob Pratt:
Eu nunca vi um UFO na Amazônia e nem em nenhum outro lugar.
UFOVIA: Após suas diversas andanças e pesquisas naquela região, o que o
senhor deduziu a respeito destes fatos?
Bob Pratt:
Não muito, apenas que, aquilo o que aconteceu naquela região é muito
semelhante ao que ocorre em outras regiões do Brasil. Uma conclusão que
eu cheguei é de que o fenômeno é real.
UFOVIA: Na entrevista citada, o coronel afirmava com veemência que
aqueles fenômenos se tratavam exclusivamente de manifestações de
natureza extraterrestre, descartando toda e qualquer possibilidade de
terem sido praticados por seres humanos. Sendo autor do livro Perigo
Alienígena no Brasil - Perseguições, Terror e Morte no Nordeste, certamente, o senhor também compartilha dessa
opinião. Comente, por favor.
Bob Pratt:
Não posso dizer que os UFOs são extraterrestres mas, com certeza, eles
são alienígenas a tudo o que nós conhecemos aqui na Terra. Eu posso
apenas especular de onde os UFOs vieram, de outros planetas, estrelas ou
universos, mas tudo é somente um palpite.
UFO filmado
durante a Operação Prato. A operação registrou mais de 500 fotografias
de UFOs na Amazônia e diversas filmagens em Super 8.
UFOVIA: Sabemos que a morte do coronel por suicídio, após dois meses da
reveladora entrevista à Revista UFO, dividiu opiniões na Ufologia
brasileira, criando até atritos entre pesquisadores. Alguns ufologistas
acreditam que o coronel não teria se suicidado, mas sim, que teria sido
assassinado por ter revelado informações sigilosas à imprensa; há também
quem diga que o coronel não morreu e que a
Operação Prato trata-se de uma grande manobra de disfarce acerca de
manobras terrestres naquela região. Tendo conhecido-o pessoalmente, qual
é a sua opinião sobre a morte do coronel?
Bob Pratt:
Eu não sei como Hollanda morreu, mas Gevaerd me disse que ele e Marco
Antônio Petit viram a certidão de óbito e isso é suficiente para mim. Eu
definitivamente não acredito que a
Operação Prato foi montada por alguém, terrestre ou não, para disfarçar algum
outro tipo de manobra.
UFOVIA: Temos notado o aumento de atividades de UFOs em diversos países,
sobretudo, nos últimos 3 anos, a que o senhor atribui este aumento?
Bob Pratt:
Não posso responder a esta pergunta. Não sei se realmente tem havido um
aumento ou redução de avistamentos nos últimos 3 ou 30 anos. Uma grande
parte desta contabilidade, eu acredito, depende da maneira com que a
imprensa reage aos relatos de avistamentos e decide em publicá-los ou
não. A minha crença é que somente uma pequena parcela de avistamentos e
encontros de diversos graus são relatados para alguém. Por isso, eu
creio que nós não temos nenhuma maneira de saber o quão muito ou pouco
existe de atividade UFO.
UFOVIA: Considerando sua grande experiência com o assunto, quais são
suas recomendações aos expedicionários da Operação Trilha, que no ano de
2006 irão executar pesquisas de campo acerca dos notórios acontecimentos
da região Norte?
Bob Pratt:
(1) Estudaria todos os documentos sobre a
Operação Prato que vazaram para os ufólogos durante os anos 90; (2)
Teria grandes conversas com Daniel Rebisso Giese em Belém, que é o
grande expert nesta operação, e tentaria fazer com que ele se
juntasse à sua causa; (3) Obteria mapas detalhados do IBGE de todos os
municípios em volta de Belém e de uma área de 200km ao norte e oeste
desta cidade; (4) Tentaria falar com Camilo Ferraz de Barros, que foi o
coronel responsável pela inteligência da base da FAB em Belém. Ele era o
chefe de Hollanda e provavelmente sabe tanto quanto Hollanda sobre a
Operação Prato. Camilo se aposentou como general brigadeiro e, segundo
ouvi dizer, vive numa fazenda no interior de Minas Gerais. Também
concentraria a minha área de pesquisa na grande Colares, e não tentaria
ir à Ilha de Marajó, a não ser que eu tivesse bastante tempo disponível.
UFOVIA: Ao seu ver, quais serão os maiores obstáculos que a
Operação Trilha poderá encontrar durante
suas pesquisas de campo?
Bob Pratt:
Encontrar as pessoas com as quais você precisa falar. Um grande número
de testemunhas deve ter morrido ou se mudado, assim como os homens
envolvidos na
Operação Prato. Vocês
precisarão da ajuda de Daniel Rebisso Giese para localizar os
sobreviventes. Nas 4 vezes em que estive na área de Colares, eu estive
em Colares e na ilha do Mosqueiro. Mas vocês também precisarão ir à
Vigia, Benevides e praticamente todas as outras cidades e vilarejos
citados nos documentos da
Operação Prato.
Como eu já lhe disse antes, você deveria tentar encontrar os hospitais
que existiam durante a onda de UFOs e descobrir quais médicos
trabalhavam lá, para depois tentar encontrá-los e saber quantas pessoas
foram queimadas e se elas morreram em Colares.
Bob Pratt e a
pesquisadora brasileira Irene Granchi.
UFOVIA: Quais são suas expectativas sobre os resultados da
Operação Trilha e o que este projeto
poderá legar de útil ao estudo dos fenômenos do Norte?
Bob Pratt:
Eu acho que, se você se preparar corretamente e souber exatamente
aonde ir e o quê procurar, será muito bem sucedido. Ainda há muita
coisa que nós não sabemos, sobre o quê realmente aconteceu em toda
aquela região durante a onda de UFOs. Finalmente, como você ainda é
um homem relativamente jovem, você deverá retornar para esta região
muitas vezes nos anos seguintes para investigar os avistamentos no
Maranhão e a Oeste, talvez até em Manaus, porque esta foi uma onda
enorme de UFOs que continuou por muitos meses, talvez até por 2 anos.
Pessoas foram queimadas em
áreas bem
distantes de Colares.
UFOVIA: Suas considerações finais:
Bob Pratt:
Boa sorte!
*
Pepe Chaves
é editor
do jornal
Via Fanzine,
webmaster do portal
UFOVIA
e coordenador da Operação Trilha.
*
Fábio Bettinassi
é
publicitário, ufologista e articulista de Via Fanzine, co-editor de
UFOVIA
e coordenador da Operação Trilha.
**
Paulo Santos
é tradutor e traduziu o presente texto com exclusividade para o
Portal
UFOVIA.
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Coronel Uyrangê Hollanda:
'Um verdadeiro filho do Brasil'
Pratt nos fala sobre o coronel Hollanda.
Coronel Uyrangê Hollanda nos anos 70.
Bob Pratt conheceu e compartilhou da amizade do
coronel Uyrangê Hollanda,
comandante da
Operação Prato,
deflagrada pela FAB para estudar a questão
dos notórios ataques do “chupa-chupa” à grande
parte da população paraense no final dos anos 70 e a vasta onda de avistamentos de UFOs naquela região. Com exclusividade Pratt nos fala um pouco sobre o coronel Hollanda,
que foi também seu
entrevistado, além de companheiro de longas
andanças pela região Norte do Brasil.
Por Bob PRATT*
Hollanda
era um homem muito interessante, e um verdadeiro filho do Brasil. Ele me
disse uma vez que o seu sangue era uma mistura de índio, português,
Judeu, francês e Holandês, e que tinha orgulho do fato de uma de suas
bisavós ter sido índia e membro de uma tribo canibal chamada Porintintin.
Talvez por causa destes ancestrais, ele tinha um grande interesse nos
índios e nos seus costumes, e como parte de suas tarefas militares ele
chegou a trabalhar com índios dentro das florestas.
"Eu
vivi junto deles por cerca de 6 anos, quase todo mês", disse-me ele
quando Cynthia Luce e eu o entrevistamos na cidade de Cabo Frio, em
agosto de 1997. "Eu nunca tive problemas com eles. Eu tinha uma
grande afeição por eles e eles por mim. Quando chegava numa tribo eles
gritavam: Oh, o nosso capitão voltou! Capitão Hollanda! Capitão Hollanda!",
contou ele.
Hollanda
era inteligente e bem educado. Passou 7 anos estudando e treinando na
academia da FAB, aonde ingressou em 1958, aos 17 anos. Ele se tornou um
guerreiro, oficial de finanças, piloto, pára-quedista e especialista em
operações na selva. Aprendeu a falar francês e inglês fluentemente, e
esteve a cargo de uma unidade anti-guerrilha no sul do Pará por 5 anos.
Ele serviu na força aérea por 36 anos, se aposentando em 10 de março de
1992. Por 24 anos foi membro da A-2, o serviço de inteligência da Força
Aérea Brasileira.
'Perderam
o barco, os quatro rifles automáticos, suas pistolas, munição, binóculos e tudo o
mais, além de quase perderam as suas vidas'
Além de
viver e trabalhar com os índios na selva, comandar forças
anti-guerrilha, pular de aviões e pilotá-los, Hollanda teve outras
aventuras na sua carreira. Talvez a mais perigosa tenha ocorrido em
1973, quando foi enviado para o Norte, através do território do Amapá
até a fronteira com a Guiana Francesa junto com dois cabos.
Ele
contou: "Passei uma semana treinando os cabos para a missão na selva:
Como cruzar rios, como subir em cachoeiras, como pescar, como conservar
a comida, como obter frutas e conhecer os animais na floresta, como
fazer uma casa nas árvores, como fazer barcos, como sobreviver, como
comer insetos, plantas e como viver na região. Nesta missão, nós
poderíamos comer alimentos convencionais algumas vezes, como macarrão ou
arroz, mas eles nunca seriam suficientes para 3 meses. Por uma ou duas
semanas nós teríamos que confiar no nosso conhecimento da floresta...
Nós fomos para o rio Cuc, aonde havia muitas cachoeiras perigosas".
Hollanda
em 1997, dois meses antes
de sua morte.
Hollanda
tinha 4 objetivos em sua missão:
1. Ir
até a fronteira com a Guiana Francesa para investigar o relato de que um
francês, que segundo ele "estava em território brasileiro roubando
nossos índios e transportando-os para o território francês, além de
estar procurando urânio... Eu confirmei que o francês estava lá, mas nós
não tínhamos ordens para interromper as suas atividades. Nós poderíamos
‘tê-lo feito’ se necessário. Nós tínhamos metralhadoras...";
2.
Encontrar locais na selva aonde pistas de pouso pudessem ser
construídas;
3.
Capturar um homem que tinha assassinado 4 índios, "Eu
fui enviado para capturá-lo", afirmou Hollanda. Perguntei-lhe
sobre o que aconteceu ao assassino e Hollanda disse que estava
inoperante. Passando meu polegar esticado diante da minha garganta,
perguntei-lhe: "Está dormindo com o diabo agora?". Hollanda continuou
falando sobre a tribo desses índios por algum tempo e concluiu
sobre o assassino: "Eu acredito que está dormindo com o diabo agora."
4.
Reunir quase 300 índios na área do rio Cuc, que estava sob a influência
de uma epidemia de doença, e levá-los de volta para Molokopote, um outro
posto índio numa localidade mais saudável, aonde a FAB tinha uma pista
de pouso. Mas quando Hollanda chegou lá, descobriu que os índios já
tinham partido por causa do ataque de uma outra tribo hostil.
Entretanto, foi quando ele completou a última missão que uma aventura de
verdade começou. Ele e os outros dois cabos estavam descendo o rio num
bote quando foram puxados por uma cachoeira perigosa. Perderam o barco,
os quatro rifles automáticos, suas pistolas, munição, binóculos e tudo o
mais, além de quase perderam as suas vidas.
'Se você entrar na floresta para procurar comida, frutas ou ovos de
animais, você pode ser atacado
por pumas, cobras, arbustos com espinhos...'
Hollanda
contou que, "Nós caímos na cachoeira e o nosso barco foi destruído.
Nós nadamos para uma pequena ilha e construímos uma jangada. Naquela
noite, dormimos na ilha, sentindo muito frio e suportando muita chuva
durante toda a noite. No dia seguinte, utilizamos cipós para amarrar os
pedaços de madeira e finalizar a jangada. Mas quando nós conseguimos
deixar a ilha, acabamos caindo em outras cachoeiras, e quebrando a
jangada. Eu consegui me agarrar em dois pedaços de madeira, e os cabos
em outros dois pedaços, mas eles estavam feridos. Um deles quebrou a
clavícula e outro a rótula. Eu os chamei para que se juntassem a mim,
mas eles nadaram para o outro lado do rio. O grupo ficou separado
por 4 dias. Tinham pouca coisa para comer além de algumas nozes, de vez
em quando”. Desarmados e com dois feridos, eles não se arriscaram a
entrar na floresta para procurar comida.
"É
perigoso", explica Hollanda. "Se você entrar na floresta para
procurar comida, frutas ou ovos de animais, você pode ser atacado por
pumas, cobras, arbustos com espinhos... O melhor é ficar na água. Ao
dormir, enquanto eu estava separado dos cabos, eu nunca entrava na
floresta. Eu dormia nas pedras no meio do rio, e havia milhões de
mosquitos! Trilhões deles! Eu inventei uma solução: cobrir todo o meu
corpo com a lama do rio, o que também me mantinha aquecido".
'Em 1967,
um milionário norte-americano com 74 anos de idade comprou 1.7 milhões
de hectares de terra no rio Jari e iniciou um empreendimento de florestagem
e fazenda'
Os cabos
construíram uma outra jangada e, no quarto dia, conseguiram se juntar a
Hollanda, que estava nadando rio abaixo, enquanto as lontras e araras o
observavam com curiosidade, além dos pequenos peixes, que o mordiam de
vez em quando (não as piranhas, que não mordem em águas em movimento).
Nove dias e 240 km depois, eles cruzaram com um pequeno grupo de índios
na floresta. Os índios os guiaram para o que era então conhecido como a
Fazenda Ludwig.
Em 1967,
um milionário norte-americano com 74 anos de idade comprou 1.7 milhões
de hectares de terra no rio Jari e iniciou um empreendimento de
florestagem e fazenda. Alguns anos mais tarde, ele comprou um enorme e
moderno moinho de polpa de madeira no Japão, transportou-o pelo oceano
até a costa do Brasil, atravessando o cabo da boa esperança, entrou pelo
afluente do rio amazonas e chegou finalmente na fazenda ao lado do rio
Jari. Mas isso ocorreu somente muitos anos após Hollanda ter chegado nos
escritórios daquela fazenda.
Ele
conta que, "Quando cheguei lá, eu tinha cicatrizes na face, estava
vestido como um nativo e com cabelo longo. Passei quase 4 meses na
floresta até chegar no Jari. Tinha perdido 17 kg, nadando por 13 dias.
Saí de Belém em 15 de novembro de 1973, e retornei em 24 de fevereiro".
Cinco
anos depois, em 16 de fevereiro de 1979, eu conheci Hollanda. Foi Irene
Granchi que me contou que uma comissária de bordo falou alguma coisa
sobre Hollanda e uma onda de UFOs. Junto com um intérprete, fui para a
base da FAB em Belém e encontrei Hollanda no seu escritório, aonde ele
trabalhava como oficial responsável pelas finanças. Naquela época ele
tinha cerca de 1,7m de estatura e pesava cerca de 73 kg. Ele ficou um
pouco desconfiado por causa da época em que esteve trabalhando com as
forças anti-guerrilha, mas, depois de algum tempo, decidiu que podia
confiar em mim.
Naquela
noite, ele e o sargento Flávio da Costa, que era o segundo em comando
durante a
Operação Prato,
vieram ao meu hotel e nós conversamos sobre Colares e a onda de UFOs.
Eles me mostraram cópias de algumas das fotos que eles tiraram. No dia
seguinte, eu contratei um piloto, um avião Cesna e junto com Flávio, meu
intérprete, e voamos para Colares, a uns 20 minutos de distância. Esta
foi a primeira de minhas 4 viagens a Colares.
'A última
vez que o vi foi em 13 de agosto de 1997, quando Cynthia Luce e eu
passamos a melhor parte de dois dias entrevistando-o em Cabo Frio'
Estive
com Hollanda novamente em uma outra visita a Belém, naquele mesmo ano ou
no ano seguinte, e também em julho de 1981. Ele, eu e um outro norte-americano
voamos para Colares, Santarém e Além. Nós ficamos lá por uns 3 ou 4
dias. Naquela época Hollanda era major e tinha ganhado um pouco mais de
peso. Mas ele perdeu este peso extra e estava bem mais magro na outra
vez que o vi, acho que em 1992, ao parar em Belém no caminho para São
Luis e Natal. Ele tinha se aposentado e caminhava com uma perna dura,
que disse ter quebrado quando caiu da janela do quarto andar.
A última
vez que o vi foi em 13 de agosto de 1997, quando Cynthia Luce e eu
passamos a melhor parte de dois dias entrevistando-o em Cabo Frio. Ele e
Cynthia conversaram sobre fazer um livro biográfico, mas, infelizmente,
ele morreu em menos de dois meses depois, no dia 02 do outubro de 1997.
Ele tinha tanta coisa a nos dizer... Sobre a
Operação Prato
e muitos outros eventos da vida dele.
* Bob
Pratt, jornalista, faleceu em janeiro de 2006.
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