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Manifesto público
Praça da Matriz: ‘Salve Itaúna’, pela cassação do prefeito Passeata reuniu cerca de 500 manifestantes e se tornou um evento histórico na política municipal.
Por Pepe Chaves* Para Via Fanzine
Flashes dos manifestantes na região da Praça da Matriz de Itaúna, entre eles o presidente da OAB Regional, Pedro Vargas, a advogada Stael Lorena e os ativistas Júnior Capanema e Thiago Joel. Confira dezenas de fotos e vídeo desse evento: Assista o vídeo: 'Pelo Renascimento de Itaúna'
Indignados e conscientes
Não era um bloco caricato, mas parecia carnaval de rua: pessoas vestidas com roupas coloridas, nariz de palhaço e estandarte na mão. Mas não havia a alegria do carnaval, pois aquele era o bloco dos Descontentes, desfilando pelas ruas centrais de Itaúna e gritando palavras de ordem.
O sábado, 18/12/2010, se torna um dia histórico para Itaúna. Nessa data, uma pequena multidão percorreu as ruas do centro e se concentrou na “destruída” Praça da Matriz. Estiveram presentes na manifestação pacífica intitulada “Salve Itaúna”, que pediu a cassação do prefeito de Itaúna, cerca de 500 pessoas. Muitos portavam cartazes, faixas, nariz de palhaço e trazia o rosto pintado com as cores da bandeira de Itaúna (branco, vermelho e verde) em referência aos cara pintadas do “Fora, Collor”.
Na Praça da Matriz, o prefeito Eugênio Pinto programou, também, uma suposta "Campanha contra dengue", que muitos acreditam, visava dissimular o manifesto. A sonorização do evento pintista ficou com o volume acentuadamente alto no local, procurando com isso, atrapalhar a manifestação dos “Descontentes”.
Nossa reportagem também foi informada que o prefeito Eugênio Pinto e sua companheira e chefe de Gabinete, Iris Léia DETERMINARAM (leia-se, obrigaram, exigiram, ameaçaram com demissão) que determinados ocupantes de cargos comissionados comparecessem no evento da Dengue, que foi claramente programado para tentar abafar o manifesto.
De acordo com o denunciante, “O pior é que a maioria dos ocupantes de cargos comissionados que foi obrigada a comparecer no evento da dengue queria ter participado do manifesto, tinham até programado, mas eles precisaram ‘atender’ ao ‘chamado’ do prefeito para não perderem seus empregos...”.
Contudo, o evento da dengue, divulgado às pressas e de última hora pela Prefeitura de Itaúna, não atrapalhou o manifesto pacífico e a caminhada se fez pelo centro, registrando assim, o maior movimento contra um político local. O prefeito Eugênio Pinto foi o único prefeito de Itaúna, em toda a história do município, a receber manifestações de rua. Durante seu segundo mandato, recebeu também manifestação fúnebre, contra a falta de política para a área da saúde; além de aglomerados com cartazes em frente a prefeitura por algumas oportunidades, com direito a muitos reclames, protestos ou denúncias de cidadãos e autoridades na Câmara Municipal.
Nenhum outro se igualou a esse manifesto “Salve Itaúna”, cuja passeata levou às ruas centenas de pessoas, concentrando na praça cerca de 500 itaunenses indignados com a situação moral e material que está submetido o município de Itaúna. Não foi identificado nenhum tipo de conotação política associada ao evento; apesar de ser um manifesto contra a administraçãoo de um político, o evento pode ser considerado apolítico. As vozes presentes na praça destruída pediam o óbvio, que se traduz na atenção e responsabilidade das autoridades constituídas do município e do Estado. Pediam o afastamento e a punição do prefeito Pinto por suas inúmeras ações desastrosas. Tais ações, ou mesmo a falta delas por parte do prefeito, foram objetos de abordagem pelos manifestantes.
E, se Via Fanzine, desde o início desse governo era uma voz solitária a denunciar os notórios desmandos e absurdos dessa surrealista administração pública, hoje a situação é outra. Se antes éramos um, hoje somos muitos indignados e prova maior disso, é o bom senso daqueles que vivem, pagam impostos nessa cidade e se sentem constrangidos por ser itaunense. Ao ver sua cidade reiteradas vezes nos noticiários nacionais, por motivos como supostos atos de corrupção de seu funcionalismo público. Se as autoridades continuam passivas ante o estado caótico da administração pública itaunense, só resta ir às ruas pedir Justiça. E, hoje, o "Batalhão dos Descontentes" saiu pelas vias públicas da cidade e, decerto, continuará a engrossar o seu tão eclético contingente.
Populares gritam na Praça da Matriz, destruída pelo prefeito: "Fora, Eugênio Pinto".
Presentes na passeata
A reportagem de Via Fanzine registrou presenças marcantes, entre elas, os organizadores do manifesto, Theodoro Gonçalves, Thiago Gonçalves, Guilherme Antunes, Rafael Tarabal e muitos outros amigos, ex-colegas de escola e faculdade, bem como familiares dos mesmos.
Estiveram presentes, entre outros populares, Júnior Capanema (ativista cultural), Júlio César Prado (Granja Escola), Thiago Joel, Bel (Usina de Sonhos), Pituca (Corpo e Alma), Armando (Navegante), Joel (músico), Tó (assessor do Deputado Neider Moreira). Do diretório do PT de Itaúna estiveram apoiando o evento, Mariângela, Mirinho (presidente), Guanaíra, João Bicudo e outros. Registramos também a presença de advogados que atuam no município, entre eles, Geraldo Gatão (Procurador da Legislativo), Pedro Vargas (Presidente da OAB Regional), Maria José Freitas, Stael Freitas e dos vereadores, Gleisson Fernandes e Alex Artur.
Também registramos a presença de alguns servidores do governo Pinto, que observavam constantemente o comportamento dos manifestantes: Maria Helena Pereira (advogada do prefeito), Itamar Carneiro (da Defesa Civil), e Donizeti. O Procurador Frederico Dutra, que na véspera do manifesto chamou a Polícia para um casal de palhaços que distribuía panfletos convidando para o evento, não foi visto no local.
Capanema anima a manifestação
Quem esteve presente no início da manifestação, pôde presenciar certa timidez dos manifestantes, frente ao absurdo de o prefeito Pinto fazer uma “manifestação” contra a Dengue, no mesmo dia, horário e local da manifestação pacífica em prol do seu impeachment. Mas a timidez foi se dissipando, quando o popular Júnior Capanema iniciou um inflamado discurso contra a atual administração e os manifestantes passaram a protestar com maior vigor.
Mesmo concorrendo com 'evento da dengue', manifesto foi o maior da história.
"Incoerência" de Eugênio Pinto
Nossa reportagem registrou a indignação de um dos manifestantes, “O prefeito é no mínimo incoerente: ele queria proibir músicos de tocar nos bares, mas quando é pra frustrar a manifestação pacífica em prol de seu impeachment, manda seus subordinados colocar o som da ‘campanha da dengue’ extremamente alto, quase ensurdecedor, prejudicando os tímpanos de todos os transeuntes”, afirmou, sem desejar se identificar.
Mais uma vez Eugênio Pinto, usando de sua autoridade, demonstrou duas modalidades de desrespeitos aos cidadãos contrários às ações de sua administração: 1) contra a Constituição, que garante o direito aos cidadãos de manifestar pacificamente em locais públicos; 2) Contra o povo de forma em geral, que transitava pela praça e foi obrigado a ouvir o som "estarrecedor" da dita campanha da dengue, que procurava com isso, abafar o manifesto popular.
Petistas se manifestam contra
Ao comando de João Bicudo, alguns membros do diretório municipal do PT (que expulsaram Eugênio Pinto, eleito pela sigla, de seus quadros), afixaram uma faixa desta manifestação em prol do impeachment, em cima de uma faixa da “manifestação” contra a Dengue. Joãozinho foi aplaudido pelo público que observava.
Microfone vira metralhadora
Dentro dos limites da boa educação e do respeito, alguns cidadãos fizeram uso da palavra em público, para "metralhar" o governo, bem como, determinadas ações do prefeito Pinto. Armando (do restaurante Navegante) criticou a inatividade da Câmara Municipal e pediu o impeachment do prefeito Eugênio Pinto. Emanuel Ribeiro (sobrinho do ex-prefeito Osmando) divulgou as ações de seu blog http://salveitauna.wordpress.com e aproveitou a oportunidade para denunciar o fato de o Procurador do Município, Frederico Dutra Santiago ter tentado impedi-lo de manifestar contra o governo pintista.
Emanuel afirmou ainda que teria sofrido ameaça de morte por causa do blog, não informando de onde teria partido tal declaração. Em seu blog, ele denuncia que teria recebido a visita de uma oficial de Justiça da cidade Pará de Minas, que teria o procurado a mando do Procurador Santiago, com o intuito de intimidá-lo. Ele disse que estranhou ter sido procurado por uma agente da Justiça de Pará de Minas, vez que reside em Itaúna e é itaunense. Por isso, ele entende que responde à Justiça local.
A líder comunitária Palmira Feliciano falou da perseguição que estaria sofrendo por parte do governo Pinto, por causa de sua denúncia contra o “caos do posto de saúde da região do Cidade Nova”. Capanema fez um resumo de sua constante luta em prol da cassação do Prefeito, citou inúmeros dados, já divulgados pela imprensa, desde os supostos gastos superfaturados, tais como o contrato do lixo, contrato com Prescon Informática, até transposição de linha férrea, objeto de investigação pela Polícia Federal.
Capanema esclareceu à população que o Poder Legislativo possui poderes de fato, para cassar o mandato do prefeito, o que é necessário sete votos, entre os 10 vereadores. Disse aos presentes que há quatro vereadores que formam a base de sustentação do governo e que, nesse caso, seria necessário que a população ali presente, "cobrasse de forma pacífica e respeitosa que estes vereadores se posicionem contra as conhecidas ações governo municipal".
Manifestantes na Praça da Matriz de Itaúna cobram saída de prefeito e responsabilizam vereadores.
Polícia Militar garantiu segurança do evento
Durante toda a manifestação, por mais que servidores da prefeitura se aproximassem e ficassem "apontando o dedo para os manifestantes", um destacamento militar garantiu o direito daqueles que desejaram se manifestar pacificamente.
É fato que havia uma certa tensão no ar, pois aquilo não era carnaval, mas durante toda a manifestação, as pessoas que participaram da ação agiram com total civilidade, se portando dentro da ordem e dos bons costumes.
Nenhuma espécie de atrito foi registrada, apesar da presença maciça de servidores municipais no local, sob o pretexto da “campanha da dengue”, mas que estariam prontos para flagrar e até mesmo denunciar à Polícia, qualquer excesso que porventura surgisse durante o manifesto. Os militares responsáveis pela segurança durante a manifestação foram o cabo Gilfrank e os soldados Peixoto, Eduardo, André, Agnaldo e Ribeiro.
Vereador Silvano seria o quinto pintista?
Quem esteve presente na manifestação, escutou rumores que nos foram transmitidos por pelo menos três informantes, de que o vereador Silvano Gomes (do Córrego do Soldado e ex-presidente da CPI da Informática) seria o quinto vereador a aderir à base do governo pintista.
Uma das fontes nos disse que, como Silvano teme que sua casa de shows seja fechada pela prefeitura, um possível acordo pode ser firmado entre ele e o prefeito, para que o vereador vote a favor de um Projeto de Lei que destinaria mais R$ 3 milhões para o prefeito Pinto “usar” em um suposto "novo" projeto de informática. Vimos alguns manifestantes debaterem a possibilidade de se promover uma manifestação contra Silvano, caso o mesmo vote "a favor do governo e contra os interesses do povo" em mais esta questão ligando fornecimento de utensílios de informática ao governo Pinto.
Indignação aumenta e repressão também
À medida que aumenta a indignação do povo de Itaúna, também parece aumentar as ações repressivas e, podemos até mesmo dizer, as ousadias, do governo de Eugênio Pinto em suas tentativas de cancelar os indignados. Os recentes e registrados abusos do procurador geral Frederico Dutra Santiago atentam contra a liberdade individual de pessoas limpas, que jamais se meterem com a Justiça, ao contrário de muitos governantes defendidos por advogados que percebem do erário público.
É preciso que Santiago reveja suas ações polarizadas em favor da figura do prefeito (e, como vemos, jamais em prol do município) sob pena de a própria população pedir a sua renúncia. Nenhum cidadão é obrigado a suportar seus reiterados excessos, sua antipatia contra pessoas de bem, além das fracassadas tentativas de calar a imprensa (como a este jornal), bem como a opinião pública itaunense. Ele tem chamado à Polícia Militar reiteradamente e registrando BO contra pessoas de bem, sem a menor razão para tanto, abusando de seu cargo e agindo como se fosse um juiz. Se persistir tais abusos, qualquer atingido poderá exigir, pelas vias legais, que o advogado Frederico Dutra Santiago seja responsabilizado, vez que comprovações de seus excessos administrativos são evidentes e cada vez mais fartas.
Teremos mais?
O encerramento e dispersão, bem como o início da manifestação, se deu nas mediações da fonte luminosa da “extinta” praça “Dr. Augusto Gonçalves”, no centro de Itaúna. Apesar do evidente caos vivido pelos itaunenses, muitos participantes deixaram o evento com um ar de satisfação em seus rostos, e no peito, uma prazerosa sensação de dever cumprido.
* Pepe Chaves é editor do diário digital Via Fanzine - Com informações da reportagem e nossos informantes em Itaúna. - Imagens: Thiago Joel (Itaúna).
Confira dezenas de fotos e vídeo desse evento: Assista o vídeo: 'Pelo Renascimento de Itaúna'
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