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Protestos no Brasil

 

Paralisação:

Protestos se espalham pelo Brasil

Centrais e movimentos bloqueiam rodovias e avenidas em SP; veja a situação nos Estados.

 

Em São Paulo, desde as 6h protestos fecham cinco rodovias do Estado.

 

Todas as unidades da federação serão palco de protestos e paralisações nesta quinta-feira (11), data em que a maioria das centrais sindicais e dezenas de movimentos sociais convocaram uma mobilização nacional. Várias categorias, como metalúrgicos, trabalhadores do transporte e construção civil, professores, servidores públicos, entre outros, irão paralisar as atividades. A jornada de protestos, chamada Dia Nacional de Lutas, foi decidida em meio à onda de manifestações que se espalharam pelo país no mês de junho.

 

Em São Paulo, desde as 6h protestos fecham cinco rodovias do Estado: Anhanguera, Fernão Dias, Dutra, Mogi-Bertioga e a Cônego Domênico Rangoni, na altura de Guarujá. A rodovia Raposo Tavares foi liberada por volta das 9h30, conforme a Polícia Militar. A Castello Branco, que também tinha manifestantes, está liberada pelo menos desde as 9h40.

 

As rodoviárias de Santos não estão vendendo passagens sentido capital, e os ônibus fretados não conseguem deixar a cidade. O trânsito ficou complicado no começo do horário comercial em três das quatro rodovias que ligam as cidades da Baixada Santista a São Paulo: Anchieta (Santos-SP), Cônego Domênico Rangoni (Guarujá e Cubatão-SP) e Padre Manoel da Nóbrega (Praia Grande-SP). A Imigrantes (São Vicente-SP) operava normalmente.

 

Manifestantes criam o Movimento Occupy Yourself e fazem protesto Zen em frente ao congresso nacional. Os manifestantes se organizaram pelas redes sociais e propõem uma reflexão silenciosa e coletiva para inspirar decisões para o bem publico. Pelo menos 100 pessoas acenderam velas e meditaram em frente ao congresso.

 

A avenida Mário Covas, que liga a estação de balsa de Guarujá a Santos, está fechada. Na divisa entre Santos e São Vicente manifestantes impedem a circulação de carros e ônibus intermunicipais.

 

Na Anchieta, sentido capital, altura do km 23 (São Bernardo do Campo), o tráfego estava sendo desviado para dentro da cidade.

 

Os trabalhadores da General Motors (GM) de São José dos Campos interditaram por volta das 6h30 a rodovia Presidente Dutra, próximo ao km 143, nos dois sentidos. Os trabalhadores são filiados à CSP-Conlutas.

 

A Anhanguera foi bloqueada na altura do km 30 e km 62, sentido interior.

 

Na capital, a marginal Pinheiros chegou a ter uma faixa bloqueada na pista local, na altura da ponte do Socorro, sentido Castello Branco, mas o protesto se dirigiu para ruas do bairro. Às 7h30, manifestantes cruzaram o viaduto Guadalajara, na zona leste da cidade, e se dirigiram à Radial-Leste, que foi totalmente bloqueada no sentido bairro, na altura da rua Doutor Fomm.

 

Também houve interdição na marginal no sentido Interlagos, na altura da estação Santo Amaro da CPTM. A ponte João Dias, sobre o rio Pinheiros, está bloqueada no acesso à avenida Guido Caloi, na zona sul da cidade.

 

As avenida dos Bandeirantes, em Moema, na altura da rua Doutor Eurico Rangel, sentido marginal; a avenida Jacu-Pêssego, na altura da avenida Adriano Bertozzim, sentido rodovia Ayrton Senna; e a Prestes Maia, no cruzamento com a rua Carlos de Sousa Nazaré, sentido Santana, também registraram interdições.

 

Capital

 

Estão previstas paralisações e manifestações de bancários, comerciários, motoboys metalúrgicos, professores da rede estadual, policiais civis, garis, coletores de lixo e trabalhadores da construção civil.

 

Trabalhadores ligados à oposição do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus prometem fechar todos os terminais de ônibus municipais pela manhã na capital. Metrô e trens funcionam normalmente.

 

Também haverá manifestações a partir das 10h na rua 25 de Março, avenidas do Estado, Prestes Maia, Nove de Julho e na ponte Octavio Frias de Oliveira.

 

Às 12h, manifestantes das centrais sindicais e diversos movimentos sociais se reúnem na avenida Paulista. Motoboys devem fazer bloqueios em avenidas e se concentrar na avenida Paulista para o ato.

 

Às 17h, manifestantes protestam contra a Rede Globo, na sede da emissora, no Brooklin --também haverá protestos contra a Globo no Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Sul e Sergipe.

 

Guarulhos

 

Paralisações reúnem químicos, metalúrgicos, servidores públicos, gráficos, vigilantes, comerciários, trabalhadores do setor de alimentação, borracha, condutores, da construção civil e indústria têxtil.

 

Protestos devem acontecer na rua Barão do Rio Branco e rua Cavadas no Itapegica (em frente à Borlem e Dyna) e passeata até o Shopping Internacional de Guarulhos, na via Dutra. Outro grupo sairá da região central. Os protestos deverão se encontrar na sede da Previdência Social, de onde todos seguirão rumo à ponte do Fioravante.

 

ABC, Diadema e Mauá

 

Químicos e metalúrgicos da Ford, Mercedes-Benz, Scania, Volkswagem, Toyota e fábricas de autopeças promovem piquetes na porta das empresas pela manhã.

 

Manifestantes prometem bloquear o acesso ao terminal Vila Luzita, da avenida Mario de Toledo Camargo e outras vias. Manifestantes se reúnem em frente à refinaria de Capuava (Recap) e devem caminhar até o Rodoanel.

 

Embu e Taboão da Serra

 

Às 16h, haverá protestos na Régis Bittencourt e no Rodoanel.

 

Santos

 

Trabalhadores deverão fechar ainda a rodovia Mogi-Bertioga. Devem paralisar metalúrgicos, químicos, médicos, trabalhadores da construção civil e de transporte, além dos estivadores do porto, que estão em greve. Às 12h, haverá um ato unificado na praça Mauá.

 

Sorocaba

 

Vias deverão ser bloqueadas pela manhã. Às 17h, haverá um ato na praça Coronel Fernando Prestes.

 

RIO DE JANEIRO

 

Possibilidade de paralisação de petroleiros e funcionários da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). A via Dutra deve ser bloqueada na parte da manhã em Resende e Volta Redonda. Na capital, protesto unificado na Candelária, a partir de 15h. Metrô e trens funcionam normalmente

 

MINAS GERAIS

 

Metroviários da região metropolitana de Belo Horizonte irão paralisar as atividades, assim como bancários, eletricitários e trabalhadores da educação e saúde. Nos hospitais públicos estaduais, os profissionais de saúde se comprometem a manter escala mínima para urgência.

 

Metalúrgicos de Betim e Contagem prometem paralisar, realizar atos e trancar rodovias. Petroleiros ameaçam interromper as atividades na refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, e nas usinas de Aureliano Chaves, em Juiz de Fora, e Darcy Ribeiro, em Montes Claros.

 

Em Ipatinga, a BR-381 será fechada durante a manhã. Em Uberlândia, servidores da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) irão paralisar.

 

ESPÍRITO SANTO

 

Motoristas e cobradores paralisaram o dia todo em Vitória. Trabalhadores de 38 sindicatos vão paralisar vias da região central da capital e de outras cidades pela manhã. Pela manhã, começa um protesto na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), seguido por uma passeata.

 

RIO GRANDE DO SUL

 

A circulação de ônibus intermunicipais na região metropolitana de Porto Alegre deve ser paralisada. Já os coletivos municipais irão funcionar com 50% da capacidade nos horários de pico e 30% no restante do dia, conforme determinado pela Justiça. Os trens não devem funcionar entre 5h30 e 8h30 e 17h30 e 20h30.

 

Trabalhadores de escolas públicas e particulares e universidades foram convocados a aderir à paralisação, assim como funcionários de bancos e comércios –bancos dizem que vão abrir; Sindilojas orienta comerciantes a abrirem seus estabelecimentos.

 

Porto Alegre será palco de quatro passeatas com pontos de concentração distintos: avenida Farrapos (terminal Cairú), terminal Princesa Isabel (avenida João Pessoa), rodoviária municipal e viaduto Obirici. Durante a manhã, manifestantes protestam em frente ao Palácio Piratini, sede do governo. Às 16h, haverá protesto em frente à prefeitura, na praça Montevidéu.

 

Metalúrgicos programaram paralisações em Rio Grande, Caxias do Sul (onde haverá um ato na praça Dante Aligheri) e diversas cidades da região metropolitana de Porto Alegre. Trabalhadores do porto de Rio Grande devem paralisar.

 

PARANÁ

 

Possibilidade de paralisação dos ônibus municipais de Curitiba entre 15h e 19h desta quinta-feira. Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, deve paralisar por 24 horas. Estivadores de Paranaguá e Antonina paralisam entre 7h do dia 11 até 7h do dia 12. Metalúrgicos de montadoras, professores e frentistas podem parar.

 

Também haverá paralisação de professores e técnico-administrativos da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e profissionais do Hospital das Clinicas de Curitiba. Operários da Kraft, Bosch, CNH, Volvo, WHB, Perfecta, Seccional, Cabs, Maflow, Arotubi, Haas do Brasil, Volkswagen, Renault, Brafer e PK Cables também devem paralisar.

 

Haverá protestos em Curitiba às 16h, na praça Rui Barbosa, e bloqueios na BR-277 e 376 durante a manhã. Manifestações também estão programadas nas cidades de Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Pato Branco, Ponta Grossa, Francisco Beltrão e Paranaguá.

 

SANTA CATARINA

 

Funcionários de escolas, creches, postos de saúde municipais e da coleta de lixo de Florianópolis devem paralisar.

 

Haverá protestos em Criciúma, Chapecó, Itajaí, onde estão previstos atos na BR-101 e na SC-470 a partir de 13h. A BR-101 também deve ser fechada no trevo de Criciúma, à tarde, e na ponta de Laguna. A BR-116 deve ser bloqueada em Correia Pinto, na Serra Catarinense. Estão programados dois atos públicos em Florianópolis.

 

BAHIA

 

Devem paralisar as atividades os comerciários, bancários, rodoviários, operários da construção pesada, metalúrgicos, trabalhadores do transporte (carga, municipal, estadual, interurbano), do setor de alimentação, servidores públicos, médicos (com percentual mínimo de 30% para urgências), professores além de químicos e metalúrgicos do polo de Camaçari e Aratu.

 

Pela manhã, haverá protestos na BR-324, que liga Salvador a Feira de Santana, na BR-101 e na BR-242, realizados, sobretudo, por militantes do MST e da Via Campesina.

 

Em Salvador, haverá um ato unificado às 15h, com a participação das centrais sindicais, MST, MPL (Movimento Passe Livre) e policiais civis. O protesto começa no Campo Grande e termina na praça Municipal. Outro protesto está programado para ocorrer do Campo Grande até a praça da Sé.

 

Também estão programadas manifestações em Alagoinhas, Brumado, Caetité, Jequié, Juazeiro, Feira de Santana, Itabuna, Candeias, Vitória da Conquista, Teixeira de Freitas, Barreiras, Ilhéus, Nazaré, São Roque e Itabuna.

 

PERNAMBUCO

 

Haverá paralisação das obras do PAC. Cerca de 55 mil trabalhadores na região de Suape e Ipojuca devem cruzar os braços e parar a BR-40. Sindicatos prometem paralisar obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no Estado.

 

Passeata sairá da praça do Derby em direção ao Pátio do Carmo, no centro de Recife, onde às 14h, começará um ato público.

 

CEARÁ

 

Diversas categorias se concentram na praça do Ferreira e seguem em passeata pelas ruas da cidade. Deve haver paralisação entre trabalhadores da construção civil, construção pesada, polícia civil e polícia federal.

 

PARAÍBA

 

Paralisação de urbanitário, trabalhadores da construção civil e servidores da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), inclusive do hospital universitário, em João Pessoa.

 

Também haverá protesto às 14h no parque Solon de Lucena, seguido de caminhada até o Palácio do Governo, em João Pessoa.

Em Campina Grande, manifestação programada para ocorrer na avenida Floriano Peixoto. Às 14h, outro protesto, na praça da Bandeira.

 

ALAGOAS

 

Paralisações de funcionários público do Estado, professores e demais profissionais da educação, vigilantes e policiais civis, que fazem atos na praça Deodoro e na praça Centenário, em Maceió.

 

RIO GRANDE DO NORTE

 

Trabalhadores da construção civil protestam na Beira Mar e depois prometem fechar a ponte Newton Navarro, em Natal. Haverá manifestação também em frente ao Shopping Midway Mall, seguido de caminhada pela avenida Salgado Filho até a sede do governo, no centro.

 

SERGIPE

 

Deve ocorrer paralisação dos servidores públicos municipais, inclusive do transporte público, em Aracaju. Haverá atos às 14h na praça Tobias Barreto e na praça Fausto Cardoso, na capital sergipana.

 

PIAUÍ

 

Protesto na praça Liberdade, em Teresina, a partir de 14h, seguido de passeata.

 

MARANHÃO

 

Várias categorias devem paralisar as atividades. Em São Luís, protesto programado para ocorrer às 15h na Biblioteca Pública (praça Deodoro) e passeata ao Palácio dos Leões.

 

DISTRITO FEDERAL

 

Protesto na Catedral de Brasília, seguido de passeata até o Congresso Nacional. A União Geral dos Trabalhadores (UGT) realizará ato em frente ao Banco Central. Outro protesto começará às 15h no Museu da República.

 

GOIÁS

 

Pode haver paralisações de metalúrgicos, mineradores, trabalhadores da construção civil, de confecções, comerciários e servidores públicos. Em Catalão, protesto na BR-050 nas saídas para Brasília e Uberlândia. Outras rodovias da região devem ser bloqueadas.

 

Em Goiânia, servidores municipais e estaduais da saúde e trabalhadores ligados às centrais sindicais fazem protesto na praça do Bandeirante. Haverá passeata pela avenida Goiás, praça Cívica (Palácio do Governo) avenidas Araguaia, Anhanguera e encerramento na avenida Tocantins, em frente teatro Goiânia.

 

Trabalhadores rurais, agricultores, camponeses fazem protestos em várias regiões do Estado, com trancamento de rodovias, como a BR-153.

 

MATO GROSSO

Protesto na praça 8 de Abril, em Cuiabá. De lá, os manifestantes devem seguir até a prefeitura.

 

MATO GROSSO DO SUL

 

Ato na praça do Rádio, em Campo Grande, depois passeata pelas ruas da cidade.

 

PARÁ

 

Protesto na frente da Prefeitura de Belém, na Cidade Velha, com passeata até a sede do governo. Paralisação de servidores da UFPA (Universidade Federal do Pará). Também deve haver um ato contra o aumento das tarifas de ônibus em frente à prefeitura da capital.

 

Existe a possibilidade de paralisação dos operários de Belo Monte.

 

AMAZONAS

 

Em Manaus, haverá paralisação de 70% da frota de ônibus, além dos professores e operários da zona franca. Haverá protesto às 15h no centro da capital.

 

TOCANTINS

 

Pela manhã, haverá trancamento da BR-153, paralisação na UFT (Universidade Federal do Tocantins) e no Instituto Federal do Tocantins. Bancários também devem paralisar. À tarde, protesto a partir de 15h, com concentração em frente ao Centro Educacional São Francisco de Assis, em Palmas, seguido de passeata até a Prefeitura e o Palácio do Governo.

 

RONDÔNIA

 

A BR-364 será fechada na altura de Jaru. Também haverá mobilizações em Porto Velho e em Vilhena.

 

ACRE

 

Manifestação em frente ao palácio do governo, em Rio Branco, e caminhada pelo centro comercial da capital.

 

AMAPÁ

 

Ato na praça da Bandeira, a partir de 15h, seguido do passeata pela orla até o centro de Macapá.

 

RORAIMA

 

Ato em Boa Vista com concentração na praça Zélia Coutinho e enceramento na praça do Centro Cívico.

 

Centrais unidas

 

De maneira inédita, centrais de variadas matizes políticas, como a UGT (União Geral dos Trabalhadores), ligada ao PSD de Gilberto Kassab, e a CSP-Conlutas, vinculada ao PSTU, além das duas maiores do país, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, realizaram reuniões unificadas e definiram um conjunto de reivindicações.

 

Entre as pautas estão a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas; fim do fator previdenciário; 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para educação; investimentos em saúde conforme disposto na Constituição; fim dos leilões do petróleo; redução de tarifas e melhorias no transporte público; rejeição do Projeto de Lei 4330, que amplia as terceirizações; e realização da reforma agrária.

 

As centrais, movimentos e partidos políticos também irão empunhar bandeiras exclusivas, como é o caso da militância do PT, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), da CUT e de movimentos da juventude, que irão defender a realização de um plebiscito sobre a reforma política.

 

* Informações e imagem de UOL.

   11/07/2013

 

*  *  *

 

Manifestação:

A Polícia é o Estado e vice versa

Estamos assistindo a uma perigosíssima associação entre as forças policiais e a extrema direita

de caráter fascista no mundo inteiro – o que merece uma análise mais ampla de toda a sociedade.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro-RJ

Para Via Fanzine

BH-24/06/2013

 

Por todo o país, pessoas comuns acabaram atingidas por ações policiais mal arquitetadas.

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A violência da polícia, na repressão aos protestos contra o aumento das tarifas de ônibus, em São Paulo, no Rio e em Niterói, deve ser vista além dos episódios em si mesmos. Estamos nos tornando um estado policial, sem que haja uma reação coordenada de Defesa da cidadania. É provável que os governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro estejam perdendo o controle de seu sistema de segurança, o que já era constatado antes dos enfrentamentos nas ruas, mas com as ações das hordas criminosas. Isso é grave; mas também é possível que eles tenham estimulado a caça indiscriminada aos manifestantes – e isso é alarmante.

 

Argumenta-se que o aumento anunciado – de apenas vinte centavos – é irrisório e não justificaria a reação popular. Os mais vividos se recordam que quebra-quebras promovidos pelos estudantes – aos quais se somavam os transeuntes disponíveis – sempre ocorreram no passado. Não só se protestava contra o aumento dos transportes coletivos, como, também, até contra o aumento dos ingressos cinematográficos. Isso sem esquecer as costumeiras passeatas contra o alto custo de vida, que se faziam sob a percussão de garfos e facas contra panelas vazias, so chamados “panelaços”.

 

Um dos símbolos da imprensa alternativa, o Binômio, de Belo Horizonte, que seria depredado por militares na antevéspera do golpe de 1964, nasceu como protesto contra a violência da polícia mineira – e em pleno governo democrático de Juscelino, em 1953. Os estudantes de Belo Horizonte se amotinaram contra o aumento dos cinemas, quase todos pertencentes a um só homem, e foram golpeados pelos longos porretes dos soldados da cavalaria. Diante da reação policial – e de nenhum protesto dos jornais – os jornalistas José Maria Rabelo e Euro Luis Arantes decidiram editar o jornal em que se reunia o humor crítico aos textos pesados e mais pensados.

 

Mas a violência, no passado, tinha os limites dos cassetetes e das chamadas bombas de efeito moral. Mais ainda: a polícia evitava golpear quem não estivesse praticando atos de vandalismo – e os jornalistas eram sempre respeitados. Ao contrário disso, nos incidentes dos últimos dias, até os jornalistas foram alvos preferenciais da repressão, e há uma razão: eles são testemunhas públicas da violência. Vários companheiros nossos foram vítimas de empurrões, pescoções, jatos de pimenta nos olhos, bombas de gás lacrimogêneo endereçadas, porretadas, equipamentos danificados e balas de borracha no rosto. Como expôs parte da mídia, um fotógrafo profissional, atingido em um dos olhos, provavelmente terá sua visão reduzida à metade.

 

Estamos assistindo a uma perigosíssima associação entre as forças policiais e a extrema direita de caráter fascista no mundo inteiro – o que merece uma análise mais ampla de toda a sociedade. Mas, no caso brasileiro, parece haver interesse calculado em criar um ambiente de pânico na população, que sempre favorece os golpistas. Todos os testemunhos são os de que as pessoas se manifestavam pacificamente, quando a polícia tomou a iniciativa do ataque, alegadamente, por algum motivo.

 

O governo federal considerou exagerada a repressão nos dois Estados. Isso explica por que não houve excesso na contenção dos manifestantes contra os gastos da Copa do Mundo, na abertura dos jogos da Copa das Confederações, no estádio Mané Garrincha. A polícia do Distrito Federal é paga com recursos da União.

 

Parece que há políticos em governos que esperam dividendos eleitorais por sua tolerância com a brutalidade de seus subordinados policiais. No entanto, estes, correm o risco de serem vítimas eventuais da mesma estupidez. Os governadores Geraldo Alckmin e Sérgio Cabral devem retomar as rédeas de suas corporações militares, antes que elas recusem qualquer freio. A mesma discussão, guardadas as devidas proporções, se estende à Polícia Civil, com a PEC-37.

 

*Antônio Siqueira é articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro-RJ.

 

- Foto: Estadão Conteúdo.

 

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Produção: Pepe Chaves.

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