Mistérios Arqueológicos
Mistérios Arqueológicos: Breve relato sobre resquícios lapidares e ‘arte’ primitiva no Brasil Um expressivo volume de ‘pedras falantes’ encontra-se espalhado por todo o território brasileiro onde esses povos mais antigos deixaram esculpido, insculpido ou pintado, um riquíssimo acervo de figuras simbólicas.
Por J. A. FONSECA* De Itaúna/MG agosto - 2024
Símbolo enigmático gravado em uma aldeia Xavante.
O Brasil, já o dissemos, é um país continental que se assenta sobre regiões antiquíssimas e é muito rico em manifestações arqueológicas diversificadas que variam desde monumentos líticos excepcionais encontrados em muitos lugares, quanto a registros rupestres igualmente desconcertantes e com rica presença em toda a parte. Em muitos casos podem-se verificar ‘trabalhos’ de elevado teor artístico e simbólico juntamente com muitos outros que são de caráter bem mais simples e cuja produção deveria, por certo, estar ligada a grupos de pessoas notadamente menos dotados de pendores artísticos ou culturais, enquanto que os demais outros exigiriam conhecimentos e técnicas bem mais avançadas para a sua idealização e execução.
‘Trabalhos’ como estes que mencionamos percorrem toda a extensão do território brasileiro, onde vamos encontrar inclusive, em muitos lugares, ruínas de construções muito antigas e incomuns para a história conhecida do Brasil. Muitos dos registros de caráter artístico costumam estar carregados de conteúdos bastante diversos e complexos em muitos aspectos, enquanto aqueles outros se mostram muito simplórios em sua representação. Fatos como estes obrigam-nos a nos interpelar por que estas coisas poderiam ter acontecido e a voltar a nossa atenção mais para aqueles que apresentam maior complexidade dentre os demais, por causa de sua real estranheza, estética e beleza, como se pretendessem, verdadeiramente, deixar registrado um grande acontecimento no passado remoto do Brasil.
O que não se pode negar é que um expressivo volume de ‘pedras falantes’ encontra-se espalhado por todo o território brasileiro onde esses povos mais antigos deixaram esculpido, insculpido ou pintado, um riquíssimo acervo de figuras simbólicas, sendo que em alguns casos, estas apresentam uma gliptografia sofisticada que parece querer expressar pensamentos marcantes ou um tipo de código secreto utilizado apenas por uma classe específica de seus artistas líticos. É surpreendente poder constatar a existência de grande quantidade desses registros no Brasil, gravados em lajedos, penedias, lapas, grutas e cavernas, em estilos variados e feitura primorosa, com representações de signos e símbolos complexos em painéis sofisticados, que são ao mesmo tempo belos e de difícil compreensão por parte dos próprios especialistas, pesquisadores ou simples observadores.
Sabemos que não é uma tarefa simples comprovar a existência de caracteres alfabéticos ligados a uma linguagem cursiva em muitos lugares, mas há fortes ‘coincidências’ que foram encontradas em muitos dos registros rupestres no interior dos estados do nordeste, do norte e do centro-oeste brasileiro, estendendo-se para algumas outras regiões em nosso país que sugerem em seus conteúdos uma espécie de significado comum em certos casos, onde muitos se assemelham, de forma marcante, com caracteres que fazem parte dos mais antigos alfabetos de antigas civilizações em nosso planeta.
Muitos destes registros formam conjuntos enigmáticos que nos permitem pensar que possam tratar-se de um tipo de escrita ideográfica ou de ‘relatos’ míticos simbólicos de um povo que teria vivido há milênios por estas regiões brasílicas. Não temos como negar que os grupos de registros com elevada riqueza estética e laborativa e que carregam consigo um teor quase sempre desconhecido e misterioso, não deixam de causar impressões no pesquisador irrequieto como também naqueles que os observam com critério, por não poderem explicá-los convenientemente e sanarem as suas dúvidas em relação ao verdadeiro potencial que seus autores demonstraram.
Julgamos por isto que é importante atentar para as variações de estilo que são encontradas nos grupos de manifestações rupestres como estas em todo o Brasil, mesmo que isto venha conduzir-nos a inevitáveis dificuldades para compreender as grandes diferenças visíveis nos motivos e na execução de seus conteúdos e procurar compreender o porquê desta provável diversidade que haveria de existir entre os grupos que constituiriam os seus próprios autores. Quando comparamos os registros de conotações bem mais simples com os mais complexos é que encontramos as reais dificuldades de concatenar ideias mais concisas que pudessem explicar aquela presença tão controversa naqueles lugares e quais seriam os tipos de grupos étnicos que os teriam produzido, levando-se em consideração o provável grau de evolução desses homens, seus medos e anseios em relação com os daqueles outros tipos que produziram aquelas ‘obras’ bem mais elaboradas.
A abordagem que queremos fazer neste trabalho envolve, portanto, uma livre discussão sobre a arqueologia brasileira e os mistérios que ela comporta, uma vez que isto põe em destaque estas inúmeras manifestações primitivas e diversificadas que fazem dela um conglomerado complexo de eventos inexplicáveis em muitos casos e questionáveis em muitos outros.
Para tentar compreender isto o autor percorreu milhares de quilômetros em terras brasileiras e visitou muitas destas localidades, de norte a sul do país, observando “in loco” estas suas ‘curiosidades artísticas’ e suas misteriosas ruínas de antigas construções líticas.
Esteve este autor diante de inúmeros de seus registros arqueológicos milenares gravados nos mais inusitados lugares, tanto aqueles que são constituídos por figuras mais simples e corriqueiras na vida do ser humano, como aqueles outros, também em grande quantidade, que costumam expressar um caráter mais desconhecido em seu contexto e ao mesmo tempo carregam também um maior grau de dificuldade em sua feitura.
Nossos interesses e estudos por aspectos como estes na arqueologia brasileira não se escoram em um título acadêmico nesta área específica, mas nossas pesquisas e abordagens sobre o assunto se sustentam no grande entusiasmo que temos pelas causas de nosso país e pelas observações que temos feito sobre estes importantes documentos históricos de nossa terra há muitas décadas.
Existem teorias postuladas por eminentes pesquisadores que defendem que o Brasil já teria sido visitado por diversos outros povos, europeus e asiáticos muito tempo antes da sua descoberta, por terem sido encontradas muitas evidências de caracteres fenícios, gregos, hebraicos, chineses e até mesmo árabes gravadas em inúmeros de seus rochedos. Pensamos que hipóteses como estas podem ser extravagantes, mas que estas não devem ser descartadas até que se possa avaliar a real antiguidade dos registros brasileiros e a autenticidade desses antigos caracteres que podem ser encontrados em diversos lugares.
Não se pode negar que existem um sem número de antigas itacoatiaras (pedras pintadas ou gravadas) em inúmeras regiões onde as inscrições possuem verdadeiramente muitos sinais que se assemelham a caracteres alfabéticos, inclusive latinos e que não possuem uma origem perfeitamente identificada.
Assim, não poderíamos deixar de dizer que estas itacoatiaras carregam um número demasiado significativo de símbolos, cuja compreensão foge ao nosso raciocínio imediato ou mesmo a uma tentativa de classificá-los segundo uma metodologia já consolidada em outros casos, pois ao mesmo tempo que vamos nos deparar com a ‘arte’ simplória do homem primitivo em muitos casos, também vamos encontrar aquelas outras figuras artisticamente elaboradas, notáveis e complexas, ‘obras’ primorosas de grande beleza e expressividade incontestáveis.
Assim, não nos é possível evitar que surja em nossa mente a ideia de que esses outros ‘trabalhos’ líticos mais bem elaborados têm procurado demonstrar que a sua presença naqueles mesmos locais exige uma nova percepção sobre os mesmos e que, verdadeiramente, deve ter havido algum momento, algo mais além de uma vida simples e de subsistência apenas ou quase sempre nômade entre esses homens primitivos especialmente, autores silenciosos de tão memoráveis obras de arte que nos causam forte impressão nos dias de hoje.
O fato de constatarmos que estas obras estejam uma ao lado do outra, as mais simples e as mais sofisticadas, em certos casos, não nos pode permitir pensar que os seus autores tenham de ter sido contemporâneos e desta forma incluí-los num mesmo padrão de análise, de avaliação e de importância histórica que certamente, não lhes caberiam como verdadeiras.
Muitas dúvidas permanecem ainda sem explicação e podemos dizer o mesmo quando consideramos as civilizações mais conhecidas no topo das pesquisas arqueológicas, principalmente na Europa, África e Ásia, onde vamos encontrar também muitos mistérios que não foram explicados convenientemente, especialmente os que tratam de uma antiga tecnologia responsável pelas construções colossais que existem em todos estes lugares e que continuam surpreendendo a cada dia e produzindo indagações a serem concluídas.
Existem muitas lendas e narrações diversas em torno desses assuntos e haveremos de concordar que não se pode ignorar que tanto a lenda como a realidade podem demarcar campos de atividade bem distintos entre si, quando vistos unicamente sob a ótica do pragmatismo da sociedade moderna. Mas é importante relembrar que já se teria constatado historicamente a verdade que se ocultava por trás da lenda, quando foi descoberta a famosa e lendária cidade de Tróia no final do século XIX, relatada nos textos da “Ilíada e a Odisseia” de Homero, pela persistência e argúcia do arqueólogo alemão Heinrich Schliemann.
Queremos afirmar, entretanto que o caso brasileiro não se escora na lenda ou na hipótese, mas ao contrário, se firma exclusivamente nos próprios registros estranhamente complexos e ‘documentos líticos’ que são encontrados em todo o país e que demonstram, de forma eloquente, com sua simples presença, um passado de acontecimentos notáveis que não podem ser explicados de forma simplória ou irrefletida, nem mesmo serem ignorados.
É preciso lembrar que o sol, a lua, as estrelas, as constelações, a luz, o calor, o raio, o vento, o trovão, a nuvem, a água, foram simbolizados por muitos povos antigos por meio de pontos, linhas, círculos e outros sinais e que estes foram também utilizados pelos próprios Payés ou Karahybas indígenas destes rincões da América por causa dos fenômenos que estes produziam e que eram por eles observados.
Provavelmente, esta seria uma das razões de encontrarmos muitos desses símbolos nas diversificadas manifestações líticas existentes na extensa gliptografia brasílica ou pré-histórica, gravadas em pedras, lajedos e cavernas, às margens dos rios e em rochas, no interior das florestas e nos serrados de todo o interior brasileiro.
É também por isto que acreditamos que uma boa parte das itacoatiaras (pedras pintadas) brasileiras e sua simbologia teriam algo a dizer sobre o passado destes antigos rincões da América onde grande parte de seus signos, ao contrário de se tratarem apenas de “arte” produzida pela ociosidade de seus autores, em verdade se postam como guardiões de um conhecimento secreto, uma linguagem velada, que ainda não foi devidamente interpretada ou compreendida pelos estudiosos.
Eis porque também pensamos que não foi por simples capricho ou paixão que o insigne pesquisador naturalista dinamarquês dr. Peter William Lund teria concluído em suas pesquisas que “o planalto central brasileiro foi a região do globo que primeiro emergiu do pélago universal”, confirmando assim a tese de que grande parte do Brasil encontra-se assentado sobre uma das mais antigas placas litosféricas rígidas, responsável pela sustentação dos continentes da Terra, desde a sua mais remota antiguidade.
E ainda é bom lembrar que o sábio pesquisador brasileiro Domingos Magarinos, Epiága, firmado nos sábios conceitos de Lund, Bramm, Gerber, Hartt, Morton, Simonin, Weis, Selow, Rath e muitos outros, acentua a constituição geológica do Brasil e da América, dizendo que não se pode contestar que “o planalto central brasileiro é constituído por uma vastíssima camada de transição – rochas cristalinas, primitivas ou arcaicas – isenta de depósitos ou camadas mais recentes em posição horizontal, prova de que não foi sublevada por forças internas e, portanto, corresponde, na escala geológica, às primeiras seções de crosta terrestre emersas do seio do oceano primitivo.”
No caso do que chamamos de “monumentos líticos” tratam-se de manifestações diferenciadas que podem ser encontrados em diversos lugares no interior do Brasil. Apesar de muitos deles terem sido considerados como sendo apenas ‘edificações’ naturais, produzidas pela erosão e pela ação do tempo durante milênios, insistimos que existem muitos deles que demonstram características muito peculiares, sendo que alguns demonstram fortes evidências que os identificam como decorrentes da ação humana ocorrida em tempos muito remotos e que não podem ser explicados com facilidade.
Muitos monumentos como estes existem em toda a face da Terra e são focos de estudos diversos e pesquisas, porém, na opinião de muitos arqueólogos a América como um todo, a exceção das ruínas dos antigos povos Incas e maias, nada mais haveria que se considerar, arqueologicamente falando, sobre remanescentes de civilizações pretéritas como acontece no chamado Velho Mundo, onde muitas ruínas se acham presentes em muitos lugares.
Para muitos pesquisadores europeus as terras americanas tratam-se de regiões muito recentes, considerando-se que os povos que habitavam estes continentes na época de sua descoberta, teriam se emigrado da Ásia, da África, da Europa e da Oceania, através do Estreito de Bering ou pela travessia dos oceanos em jangadas improvisadas.
Mas existem diversas questões de cunho arqueológico nas Américas e no Brasil, especialmente, que continuam aguardando suas repostas, pois as muitas evidências que se ‘escancararam’ à vista de todos tornaram muitas delas patentes e incontestáveis, expondo-as solenemente, de forma que já não podem mais ser ignoradas.
Em justificativa ao nosso posicionamento a respeito destes grupos de ‘monumentos líticos’ especiais e registros desconhecidos do Brasil, estamos mostrando abaixo diversos exemplares destas evidências e mistérios acima referidos, uma vez que todos eles pedem uma explicação mais condizente com a sua própria realidade, considerando-se ainda o seu elevado grau de excentricidade e ao que se pode propor para o seu entendimento, em relação à sua origem e ao passado que eles vêm ocultando.
Os Geoglifos do Acre tratam-se de figuras gigantescas descobertas sob a floresta após o desmatamento, que do solo não podem ser identificadas perfeitamente, pois são constituídas de valas profundas com cerca de 3 metros de profundidade e de grandes dimensões. Quando vistas do alto, entretanto, apresentam-se como múltiplas figuras geométricas (quadrados, retângulos, círculos, etc.) cavadas no solo, apresentando uma visão harmoniosa e enigmática ao mesmo tempo.
O grande mistério é que foram construídos com traços retilíneos e curvilíneos precisos, formando gigantescas figuras que só podem ser vistas do alto, a cerca de 400 metros de altitude. Foram identificados um quadrado de cerca de 80 metros com um círculo no seu interior com 70 metros de diâmetro, além de retângulos, outras formas quadrangulares e círculos isolados, chegando alguns destes últimos a alcançar até mesmo 350 metros de diâmetro.
É importante incluirmos também as impressionantes estruturas megalíticas que foram encontradas no Amapá e que mostram grandes blocos de granito instalados em conjuntos circulares de forma inteligente. A mais significativa destas estruturas é constituída de 147 blocos de pedra cortados e transportados para o local, sendo que alguns deles chegam a alcançar 4 metros de altura e a pesar cerca de 4 toneladas. Não se sabe que grupo de homens teria construído esta impressionante estrutura pétrea no Brasil e assim ela passa também a fazer parte dos antigos mistérios que envolvem os monumentos líticos que são encontrados em todo o país.
As culturas Marajó, Tapajós e outras, na Amazônia com seus muitos mistérios a serem explicados, deixaram um legado belo e estranho, ao mesmo tempo que constituído de esplêndidas cerâmicas, muitas das quais conseguiram sobreviver ao inexorável passar do tempo e às intempéries da natureza. Elas mostram peças de qualidade excepcional com magnífico trabalho artístico e simbólico, riqueza nos traços geométricos, muitos deles com visíveis representações de contornos e detalhes universalmente conhecidos, com caracteres e figuras variadas representadas com riqueza criativa e diversificada.
A arqueóloga Denise Pahl Schann da PUC-RS, examinando várias peças marajoaras da coleção da Universidade Federal de Santa Catarina, encontrou figuras que se repetiam alternadamente em muitas destas peças, reforçando assim a ideia da pesquisadora norte-americana Anna Roosevelt que acreditava ter havido na Amazônia culturas bem mais avançadas do que as que foram admitidas até agora. Afirma Denise Schann que se puderem ser comprovados que os 52 signos identificados por ela em seus estudos representariam ideias, ter-se-ia evidenciado, cientificamente, que o povo marajoara se utilizava de uma escrita primitiva na decoração de suas produções artísticas.
A misteriosa simbologia existente nas Itacoatiaras do Pará possui também caráter excepcional, porque transmite uma temática em estilos muito diversificados e a abordagem de motivos geométricos muito complexos, máscaras, figuras de animais e de homens estilizadas, gravuras estranhas, algumas das quais, produzidas com surpreendente habilidade e traços muito bem delineados. Muita coisa ainda permanece escondida na Amazônia e é por isto que ela continua sendo um vasto “celeiro” de mistérios em relação às populações humanas que aí teriam vivido em passado muito remoto e das quais pouco se sabe até o presente momento.
O enigmático monumento Paraibano, conhecido como ‘a Pedra Lavrada do Ingá’, teria sido notado desde a descoberta do Brasil, pois que o mesmo foi citado pela primeira vez em 1.618, no livro “Diálogos da Grandeza do Brasil”, atribuído ao português Ambrósio Fernandes Brandão. Segundo se depreende, este monumento histórico continua sendo a “pedra no sapato” dos estudiosos por causa da complexidade de suas figuras insculpidas na rocha, seu sofisticado simbolismo e à forma misteriosa com que eles foram executados.
Ela é, sem dúvida, um dos mais expressivos registros rupestres do Brasil e talvez o maior testemunho silencioso que atesta a existência de um passado longínquo e uma cultura desconhecida em solo brasileiro. Bem próximo dali pode-se ver também uma formação rochosa bastante peculiar, assemelhando-se a um gigantesco muro de arrimo construído de pedras colossais ajustadas com precisão, na serra que leva até a famosa pedra de Santo Antonio.
Uma grande incógnita arqueológica do Brasil é o monumento gigantesco de Sete Cidades, que é constituído de um conglomerado de pedras multiformes em pleno sertão piauiense e que se assemelha a ruínas de uma grande cidade abandonada.
Este desconcertante conjunto megalítico de estruturas milenares e estilos variados é formado por elevações e morros de variadas dimensões como castelos e casas em ruínas e outras edificações, formas esculturais e paredes colossais desgastadas pelo tempo. Para os geólogos, Sete Cidades seria apenas o resultado de um processo geológico natural iniciado há cerca de 190 milhões de anos. Suas formações rochosas de arenitos laminados e maciços, teriam sido caprichosamente modelados durante milênios pela ação das chuvas e dos ventos fortes na região.
Teriam ocorrido também fraturas nas rochas, produzidas por chuvas torrenciais e ventos carregados de areia, surgindo, em decorrência, canais gigantescos e distanciamentos entre as rochas, fazendo-as assemelharem-se a ruas e praças de uma cidade destruída e abandonada. Entretanto, tanto o visitante observador quanto o pesquisador mais ousado não se contentam com isto e sentem-se diminutos diante de tão exuberantes monumentos que se elevam silenciosos e imponentes, como se quisessem ocultar evidências de um passado obscuro e calar-se diante da curiosidade de todos os que delas se aproximam.
Os mistérios de Paraúna, em Goiás, são também inigualáveis e de difícil explicação. Na Serra das Galés nos deparamos com belas formações em arenito num complexo de estruturas, como ruínas de uma cidade abandonada e figuras esculpidas em grandes dimensões. Bem próximo dali vemos uma gigantesca “muralha” de pedra, construída com blocos de basalto retilíneos.
A Grande Muralha foi exaustivamente estudada pelo pesquisador Alódio Tovar que lá viveu por muitos anos e publicou um livro sobre suas pesquisas na região, O Enigma de Paraúna, em 1986. Disse que ela foi construída com blocos de basalto negro, um tipo de rocha vulcânica muito resistente, também conhecida como pedra-ferro. Estes blocos se acham ajustados em posição vertical e possuem uma largura média é de 1,30 metros. Em alguns lugares a muralha chega a alcançar até 4,5 m de altura e a sua extensão, muito significativa, estende-se por 15 km no vale da Portaria.
Mais além temos as inigualáveis “construções” da Serra da Arnica, constituída de blocos de pedra de grandes proporções, paredes de pedras cinzeladas e ajustadas com precisão e esfinges zoomorfas de origem desconhecida, como que guardando o que restou de uma cidadela de tempos muito antigos do Brasil.
Em Chapada dos Guimarães, MT, vamos encontrar também formas variadas e colossais esculpidas nas pedras como torres, figuras zoomorfas e outras agrupadas numa mesma região, como se fossem ruínas. Em nossas andanças visitamos também um local denominado Fecho do Morro da Lagoinha, onde encontramos um painel de figuras gravadas na pedra, com traços retilíneos e precisos, sugerindo tratarem-se de ideias firmemente elaboradas com o intuito de transmitir algum conhecimento. As figuras foram riscadas de forma retilínea e precisa como se aquela pedra, na base da montanha, estivesse amolecida e o instrumento utilizado por seus autores permitisse sua linearidade e precisão no corte de seus traçados geométricos.
A cidade de Montalvânia, localizada em pleno sertão mineiro é um grande mistério para os estudiosos. Ela exibe em suas proximidades diversos maciços rochosos, onde podem ser encontradas algumas grutas e cavernas que guardam estranhas e variadas inscrições rupestres, que fazem desconcertar os conceitos do mais aguçado pesquisador.
Como se fosse um verdadeiro livro de pedra, conforme denominou Antonio Montalvão, fundador da cidade e pesquisador em toda a região, as variadíssimas inscrições rupestres ali insculpidas em grande quantidade e numa aparente “confusão”, mostram formas humanoides, zoomorfas, círculos, traços, ziguezagues e outras figuras simbólicas, como se seus autores pretendessem desvelar um grande mistério, uma história ou um manancial de conhecimentos de que eram detentores para a posteridade. Esta grande profusão de figuras simbólicas ajustadas lado a lado, causam profunda impressão em quem quer que as possam ver e impedem-nos de pensar que venham tratar-se apenas de ‘passa tempo’ de homens ignorantes e temerosos, como às vezes os queremos imaginar.
Comentamos sucintamente apenas alguns dos muitos estranhos casos de registros arqueológicos existentes no Brasil, pois que se somam muitos deles aos borbotões em diversos lugares e muitos destes já foram alvo de artigos deste autor neste site. Sabemos que muitos outros desses arquivos secretos não foram ainda descobertos, mas em face daqueles que vêm se tornando públicos frequentemente, as suas descobertas serão apenas uma questão de tempo. Todos estes registros arqueológicos apresentam comprovada importância nas pesquisas e estudos que são feitos em torno deles, apesar de que em muitos casos permanece a ausência de explicações mais convincentes e definitivas.
Nesta pequena exposição não queremos assumir a pretensão de ‘donos da verdade’, mas apenas mostrar o que vimos e o que pesquisamos em nossas incursões por terras brasileiras que, segundo o nosso ver, reporta a uma antiga história em passado distante e que sua realidade perceptível não pretende esconder de ninguém.
Em face das inúmeras comprovações que anexamos a este breve estudo, pode-se perceber que existe algo de incômodo visível em toda a parte e que vem sendo mostrado por meio dos variados monumentos líticos e registros lapidares em muitos lugares. Pode-se deduzir então que possuímos indícios muito fortes em grande parte desses ‘arquivos’ brasilienses, remanescentes de um passado desconhecido de conotações adversas e pouco compreendidas pelos estudiosos, principalmente quando nos é permitido fazer algumas comparações entre eles.
Constatamos então que existe, de fato, algo de excepcional a ser considerado no estudo da arqueologia brasileira e que podem ser notadas diferenças importantes entre a ‘arte’ mais comum registrada em pedra quando comparada com o conteúdo das figuras mais complexas, principalmente em relação ao contexto que envolve a sua própria execução e ao cuidado que foi despendido nos detalhes que elas representam. Necessário também é focar nossa atenção nos diversos monumentos líticos que se levantam em muitos lugares como verdadeiros guardiões petrificados em ruínas e como testemunhos de um tempo enigmático esquecido no passado desconhecido de nosso antigo Brasil.
* J. A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e realizado incursões em diversas regiões do Brasil. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail jafonseca1@hotmail.com.
- Fotografias: Gláucio Bustamante, Gustavo Viana e J. A. Fonseca.
- Ilustrações: J. A. Fonseca.
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Esta matéria foi composta com exclusividade para Via Fanzine©.
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