Cruz

 

Arqueologia Misteriosa:

O Enigma da Cruz na ‘Arte’ Rupestre do Brasil

Para o espanto dos jesuítas que aqui chegavam com os colonizadores surgiu então o grande mistério: que povos seriam esses que teriam gravado este símbolo, dito cristão, em diversas localidades das ‘novas’ terras descobertas na América?

 

Por J. A. FONSECA*

De Itaúna/MG

março - 2024

jafonseca1@hotmail.com

 

  

Detalhe de figuras em forma de cruz em Coronel Ponce – Mato Grosso.

 

As treze naus que partiram de Lisboa em 1500 rumo às terras brasilienses, comandadas por Pedro Álvares Cabral, ostentavam em suas velas a cruz de malta que já teria sido adotada no século XII por uma organização de cavaleiros cristãos durante as Cruzadas. O que estes desbravadores não poderiam imaginar é que iriam encontrar o símbolo da cruz adotado por eles vastamente representado e adorado pelos povos destas terras distantes que acabavam de descobrir. Mais tarde compreendeu-se que o misterioso símbolo da cruz se encontrava gravado em diversas regiões do Brasil desde há milênios, em diversas representações, inclusive a cruz de malta que tinha também a sua marca célebre ‘desenhada’ nas pedras em algumas regiões mais a oeste do território brasileiro.

 

Para o espanto dos jesuítas que aqui chegavam com os colonizadores surgiu então o grande mistério: que povos seriam esses que teriam gravado este símbolo, dito cristão, em diversas localidades das ‘novas’ terras descobertas na América e de onde teriam vindo esses nativos que conheciam e cultuavam a cruz em muitas de suas representações cruciformes e inclusive nesta forma sofisticada que eles traziam consigo em suas bandeiras?

 

Certamente, que seus autores não seriam esses silvícolas que aqui foram encontrados, mas que, no entanto, guardavam desta simbologia enigmática o mais venerável respeito e a cultuavam em suas tradições.     

 

Iniciaremos por dizer que quando os primeiros missionários cristãos chegaram à China ficaram também perplexos ao perceberem que haviam muitos símbolos em forma de cruz gravados nos monumentos budistas, confirma o autor Jean Eracle. Apesar de terem pensado esses missionários que isto pudesse tratar-se de reminiscências do próprio cristianismo isto não pôde confirmar-se. Constatou-se que além de serem muito mais antigos estes símbolos teriam tido a sua origem na Índia, uma vez que se tratavam, em verdade, das antigas cruzes representativas do budismo tântrico, as quais eram ali chamadas pelo nome místico de ‘Diamante Universal’. 

 

               

O Diamante Universal e as Cruzes Swastika’ e Sawvástika.

 

Este símbolo de origem hindu, o ‘viçvarajra’, tratava-se do misterioso ‘diamante universal’ que é formado pelo cruzamento de dois ‘vajra’ (diamantes) e que teria sido utilizado também pelos povos japoneses, pelos tibetanos e pelos mongóis como um objeto ritualístico na sua prática do Budismo tântrico há muitos milênios.

 

Na Índia a figura da cruz foi também representada com um ponto no centro.  Esta representação tem um significado macrocósmico, pois consideravam como se ela fosse a manifestação da extrema Unidade (Brahma) (o ponto central) nas quatro direções, norte, sul, leste e oeste, que representavam a diversidade e o domínio desse ponto sobre a multiplicidade da criação. Esta simbologia da cruz chamada de ‘Swastika’ recebe dois simbolismos quando os braços da mesma aparecem ‘torcidos’ para a direita ou para a esquerda, mostrando que existem dois caminhos: o que é chamado de ‘caminho da mão direita’ e o chamado de ‘caminho da mão esquerda’. Isto porque as manifestações fenomenais da Divindade (Natureza) podem ser utilizadas pelas mentes criativas dos homens tanto para o bem, quanto para o mal.

 

O autor Jean Eracle diz que na Índia, no Tibete ou no Extremo Oriente as cruzes Svástika e Sawvástika estão “essencialmente revestidas com variações de dois sentidos: de um lado, simbolizam o próprio Universo em sua extensão através do espaço” e, de outro lado, “elas evocam o mundo interior da consciência com sua estrutura, suas qualidades e suas perfeiçoes múltiplas.”

 

No seu livro “A Migração dos Símbolos”, publicado em Paris em 1892, o Conde Goblet D’Alviella, em estudo feito sobre as descobertas realizadas no Egito, na Grécia, na Mesopotâmia e proximidades, chegou à conclusão de que os símbolos utilizados pelas religiões, em geral, inclusive o símbolo da cruz, não teriam se originado no seu próprio meio, mas que, em grande parte, estes teriam sido conduzidos no decorrer das migrações, das conquistas e até mesmo por meio do comércio desde há milênios. Afirma o Conde que o ‘gammadion’ ou a ‘swastika’, por exemplo, teria ‘viajado’ bem mais longe do que muitos outros símbolos sagrados dos antigos povos da Terra, tendo passado pelo Tibete e o Japão, a China, a Pérsia e a África do Norte, a Índia e muitos outros países, há alguns séculos antes de Cristo.

 

Esta cruz foi também encontrada no México e nos Estados Unidos. No Brasil não se tem registro desta simbologia mística, apesar de que a cruz, propriamente dita, é vastamente representada em diversas regiões do país. O Conde D’Alviella afirma que “a maioria das nações representa o sol por meio de um círculo. Algumas também por meio de um signo cruciforme, mais particularmente os assírios, os hindus, os gregos, os celtas, etc.” A figura da ‘swastika’, por exemplo, ele diz que a sua utilização por muitos desses povos na Europa e na Ásia não poderia ter sido apenas em seu caráter religioso ou até mesmo cosmogônico, mostrando-a também como uma representação simbólica do sol ou de um deus solar.

 

Na famosa cerâmica marajoara no Brasil a simbologia da Cruz e do Tau tem uma representação riquíssima e foi grandemente utilizada juntamente com outros signos em sua complexa e graciosa arte em argila. Ver quadro acima.

 

O que se precisa compreender é que a cruz se trata de um símbolo de traçado muito simples e de fácil compreensão por todas as pessoas e que por certo, esta teria sido a razão porque ele passou a ser considerado como sendo uma figura universal. Seus valores podem ser muito variados, porém, eles sempre representam uma ideia de movimento de forças, uma que desce do alto e que é de caráter espiritual (sua linha vertical) e outra que está ligada aos mundos das manifestações no plano das formas (sua linha horizontal). O cruzamento dessas forças verticais e horizontais determina que a inércia seja impulsionada a um estado de movimento contínuo e assim permitir que esta animação venha fazer ‘nascer’ ou ‘surgir’ todas as formas existentes nos mundos mais densos e perceptíveis pela visão comum.    

 

Muitas vezes as lentes deformadas de nossas percepções levam-nos a ideias contraditórias e imperfeitas das coisas que percebemos, fazendo-nos imaginar que um símbolo cruciforme venha tratar-se de algo negativo e que sugere sofrimento. A utilização da cruz pelos romanos e por outros povos para vingar e punir os seus inimigos deformou o seu sentido real e filosófico já percebido pelas civilizações mais antigas, uma vez que ela foi sempre representada em muitos aspectos de sua cultura e de sua arte, além do sentido religioso. Assim, a sua análise não poderia ser considerada apenas sob o seu contexto e entendimento ocidental ou religioso, mas especialmente sob o seu aspecto mais sutil e de percepção mais amplificada e subjetiva, considerando-se que ela mesma, em suas infinitas representações, já teria inspirado inúmeras reflexões no pensamento humano em obras de autores variados, na arte e em muitas outras manifestações, digamos, históricas e arqueológicas em toda a face da Terra.  

 

Assim, não poderíamos também deixar de mencionar que o símbolo da cruz foi largamente utilizado na América e isto também causou muito desconforto quando os primeiros conquistadores ali chegaram e viram estas coisas inesperadas acontecendo. Os antigos povos mexicanos diziam que a cruz era o símbolo da criação do mundo e mostravam uma cruz de braços iguais convergidos para o centro, representando os quatro espaços que estão à sua volta, representados pelos pontos cardeais norte, sul, leste e oeste. Em muitas das culturas dos antigos povos da América Central a cruz foi representada por meio de uma rosácea de quatro pétalas que era esculpida em muitos monumentos e locais sagrados. Entre os Maias podem-se ver no calendário de Vênus no Códice de Dresden muitos signos com o símbolo da cruz e o Tê, representados de maneiras variadas.

 

 

A Cruz representada nas escritas dos Maias e como rosácea no túmulo do rei Pacal.

 

Também na América do Norte, após a sua colonização, percebeu-se também que entre os indígenas dos diversos povos que ali viviam a cruz era cultuada como elemento sagrado e ligado à Divindade e ao seu próprio mundo e à sua fenomenologia. Nas inscrições que foram encontradas pelos pesquisadores podem-se ver diversos símbolos cruciformes representados ao lado de outras figuras humanoides ou de caráter desconhecido. Na cultura Hopi – EUA vamos encontrar inúmeras representações da cruz na cerâmica desse povo. Ver ilustrações abaixo.

 

Representações cruciformes na cerâmica da cultura Hopi – EUA.

 

Também os indígenas da tribo Chumash da Califórnia cultuavam a cruz e a mostravam simbolizada de muitas formas em sua arte. Na ilustração abaixo temos uma pintura executada por esses povos com utilização de cores fortes e duráveis, que ainda pode ser admirada nos dias de hoje. Chamamos a atenção para grande quantidade de signos cruciformes que são mostrados nesta pintura e a variedade com que seus autores os representaram. 

 

Os estranhos e variados signos da Cruz representados neste painel da tribo dos índios Chumash, da Califórnia – EUA.

 

 No Brasil a figura da cruz pode ser encontrada em todas as regiões do país, sendo representada por meio de formas variadas junto de outros símbolos e figuras em paredões pétreos ou até mesmo em cerâmicas especificas, como a amazonense, por exemplo. O estudioso Domingos Magarinos em seu livro “Ameriqua”, publicado originalmente na década de 1940, afirma que “desde tempos mais remotos a Cruz simboliza a Matéria – os quatro elementos e, o Círculo, o Espírito – o Infinito, o Eterno, o Absoluto.”

 

Os povos tupis e guaranis veneravam a ‘curuçá’ (a cruz) que era representada por dois fragmentos de madeira para produzir fogo. Por isto, afirma Magarinos que o termo ‘curuçá’ dos indígenas brasileiros “nunca foi corruptela do vocábulo lusitano – Cruz.” Este vocábulo pertence ao tupi antigo e trata-se de “uma palavra nheegatu – a língua sagrada, o idioma sublime dos nossos aborígenes.”

 

Em seu outro livro “Muito Antes de 1500”, publicado em 1940, Domingos Magarinos fala também do Tao (T), dizendo que esta figura seria uma espécie de cruz que simbolizava, desde a Atlântida, a união dos princípios masculino e feminino empenhados na fecundação na natureza por meio do “fogo e da água do céu, isto é, do calor solar e da chuva.”

 

Percebemos que a simbologia da cruz e de muitos outros signos se acham relacionados a muitos dos antigos povos que viveram em toda a face da Terra. No Brasil, como estamos vendo, estes símbolos representam também uma ideia cosmogônica e ao mesmo tempo teogônica. Ela foi testemunhada pelos próprios Payés ou Karahybas indígenas destes rincões da América, uma vez que estes a representavam em sua rica simbologia e o que lhes inspiravam os astros da esfera celeste, as energias por eles projetadas e os fenômenos que estes produziam.

 

Assim, o sol, a lua, as estrelas, as constelações, a luz, o calor, o raio, o vento, o trovão, a nuvem, a água, foram todos simbolizados por pontos, linhas, círculos e outros signos, que podem ser encontrados na extensa gliptografia brasílica ou pré-histórica e que se acha marcada nas pedras, nos lajedos, montanhas, vales e cavernas, às margens dos rios e nas rochas em diversas regiões de nosso país.

 

É assim que podemos encontrar também o grande signo do Tembetá, na forma da letra “T” de nosso alfabeto, representado em muitas destas manifestações primitivas. Também é sempre visto o signo do Muyrakitã, representado por um círculo com um outro menor em seu interior, como representação do sol e da lua, Guaracy e Yacy, ou seja, os aspectos eternos, masculino e feminino, que se acham assim reunidos no símbolo do Grande Andrógino, Tupan, o Poder Criador.

 

Os símbolos relacionados a Tupan, ao sol, à lua e ao poder do fogo.

 

O signo que se mostra como um raio e está representado em muitos lugares é o símbolo de Rá, o fogo do céu ou a chispa divina. É curioso observar que o Tembetá ou o Tao é também um símbolo sagrado utilizado entre muitos povos asiáticos e europeus, além dos indígenas americanos. Devemos ressaltar que o Muyrakytan (amuleto feminino) e o Tembetá (amuleto masculino) reunidos representam a expressão masculino-feminino, T e O, carregando consigo a expressão andrógina do Senhor Supremo Tupan, representada pela letra A entre elas e resultando ao final o conceito do TAO.

 

Este símbolo gráfico, o Tao, leva-nos ao ‘nome’ desconhecido e insondável que o filósofo chinês Lao-Tsé denominou a incriada energia da Natureza que, periodicamente, se manifesta no universo.   

 

Para os povos tupis e guaranis o círculo sempre simbolizou o Infinito, o Eterno, a sua divindade Tupan; assim, o “T” figurava como um símbolo de caráter masculino e era representado pelo Tembetá, já mencionado acima, um amuleto de nefrita que os guerreiros usavam pendente no lábio inferior. Este objeto sagrado na forma de um ‘T’ evocava Guaracy, o Sol, o Poder Criador e pode ser encontrado insculpido em muitos rochedos, de norte a sul do país.

 

O ‘O’ representava o aspecto feminino e era simbolizado pelo Muyrakytan, um pequeno disco de nefrita perfurado no meio, que as mulheres usavam embutido no lábio inferior ou no lóbulo da orelha. Este símbolo lembra Yacy, a Deusa Lua, que está relacionada à Deusa Maia dos hindus, a Natureza. Este símbolo também é encontrado gravado em muitos lugares e se mostra representado na forma de um círculo maior com um círculo menor marcado no centro, como vimos acima.

 

Tendo-se exposto estas questões, vemos que teríamos que acreditar que grande parte destas itacoatiaras (pedras pintadas) encontradas em solo brasileiro têm muito a dizer sobre o passado mais remoto desses enigmáticos rincões da América e que seus signos, ao contrário de se tratarem apenas de “arte” produzida pela ociosidade do homem primitivo que aqui viveu, em verdade, guardam um conhecimento secreto, uma linguagem velada, que não teria ainda sido devidamente interpretada ou compreendida pelos estudiosos.

 

O pesquisador e autor James Churchward, em seu livro “O Continente Perdido de Mu” trata do mistério das quatro grandes forças primárias encontradas nos escritos dos antigos povos Naacals que, segundo ele, “desempenham um papel primordial na religião dos homens.”

 

Churchward afirma que em tempos muito antigos os templos eram consagrados a essas forças quaternárias e que, em muitas tabuinhas mexicanas encontradas por ele em Niven, muitos símbolos destas quatro manifestações se acham representados, inclusive, até mesmo a suástica. Afirma ainda que em um escrito Naacal muito remoto achava-se descrito o segredo destas quatro forças, dizendo que no começo de tudo no Universo, ainda caótico, o Criador determinou que a lei e a ordem fossem ali estabelecidas e assim, as quatro grandes forças passaram a atuar atendendo aos ‘desejos’ do Criador.

 

 

Símbolos das quatro manifestações dos povos Naacals.

 

Estas forças estão assim representadas por uma variedade de símbolos nas tabuinhas por ele encontradas e decifradas, mostrando que as figuras cruciformes que ali se acham gravadas têm um caráter universal. Churchward destaca também que esses povos antigos conheciam estas forças sagradas por muitos outros nomes, por exemplo: as quatro potências, os quatro construtores, os quatro arquitetos, etc.     

 

Tristão de Alencar Araripe, escritor, magistrado e político brasileiro, fez pesquisas no nordeste do Brasil e escreveu um vasto artigo sobre as inscrições encontradas em várias regiões do nordeste, especialmente as do estado do Ceará, sua terra natal. Seu longo artigo, “Cidades Petrificadas e Inscrições Lapidares do Brasil”, foi publicado na Revista Trimestral do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1887 e deu destaque a inúmeros símbolos gravados nas pedras, podendo-se ver também o signo da cruz representado.

 

Diversas destas inscrições foram pesquisadas em Inhamuns, no Ceará, e destas fizemos alguns destaques importantes mostrando figuras cruciformes representadas em meio a outros grafismos, alguns destes de caráter desconhecido.  

 

No quadro abaixo representamos alguns destes signos em forma de cruz nas inscrições copiadas por Tristão de Araripe. No quadro abaixo as duas primeiras inscrições fazem parte de um conjunto de figuras gravadas em uma laje escura ao lado do Riacho Verde em Inhamuns, pintadas em cores avermelhadas e ainda visíveis na época em que foram feitas as pesquisas por Tristão de Araripe, no final do século XIX.

 

A terceira inscrição foi encontrada em Cracará (Inhamuns) em uma grande pedra onde se podem ver também diversos ‘letreiros’ pintados em tinta vermelha e já com grandes sinais de destruição. A quarta figura foi encontrada mais adiante da anterior num local chamado de Morro, onde em uma pedra retangular Araripe divisou um painel com diversas inscrições pintadas em preto, dentre elas esta formação em cruz e uma outra, mais no alto, que não mostra nenhum signo cruciforme mas, estranhamente, assemelha-se a um barco que carrega figuras muito incomuns à bordo.     

 

 

As figuras cruciformes de Inhamuns – Ceará.

 

Alfredo Brandão, escritor e pesquisador brasileiro também fez inúmeras referências aos símbolos existentes no Brasil e fez significativos destaques na representação do signo da cruz. Em seu livro “A Escrita Pré-Histórica do Brasil”, publicado em 1937, em capítulo próprio ele faz explanações sobre o significado da cruz e de suas várias representações, dizendo que estes símbolos são chamados de divinos porque querem identificar atributos ligados aos deuses ou de coisas que são a eles inerentes.

 

Brandão diz que “há deles no Brasil pré-histórico uma grande variedade gráfica, com o mesmo valor significativo ou com significação diferente, mas sempre relacionada ao mesmo objetivo.” Lembra em seus escritos que os missionários que chagaram ao Brasil ficaram extremamente impressionados ao encontrarem o sinal da cruz gravado em diversos lugares, atribuindo tal fato ao apóstolo Tomé, uma vez que os indígenas falavam de um personagem lendário de sua tradição que era por eles chamado de Sumé. Alfredo Brandão diz que “a cruz é o mais importante dos signos divinos. A cruz é entre os pré-históricos a imagem da divindade suprema – Deus.”     

 

Temos assim representações diversas da cruz que aparece gravada em terras brasileiras, cujos significados podem ser diversificados, como mostra o quadro abaixo.

 

Brandão dá destaque também ao signo do Tê pré-histórico que veio identificar-se posteriormente com o próprio Tau do grego moderno e diz que “no Tau fenício e no hebraico primitivo, ele retorna a forma originaria da cruz.”

 

Relaciona-o também ao “martelo de Thor e ao próprio Thor, o deus dos temporais e do trovão” da antiga mitologia escandinava.

 

No Brasil vamos encontrar o signo da Cruz e da letra Tê em muitos lugares, diremos que em todas as regiões de nosso país, representados sempre ao lado de outras figuras ou caracteres, como se tivessem relevante importância para os povos que os representaram em sua ‘arte’ rupestre e em relevante quantidade.

 

 

Para confirmar o que estamos afirmando, mostramos no quadro acima uma vasta simbologia cruciforme, que é recorrente nas inumeráveis inscrições dos estados do Amazonas e do Pará.

 

A riqueza deste simbolismo nestes locais também causa impressão, além de mostrar ser de caráter desconhecido e de difícil compreensão.

 

Em todas as regiões do Brasil estes símbolos aqui mostrados são muito complexos e representam ao lado de outras figuras incomuns um contexto inexplicável e de interpretação quase impossível, considerando-se os padrões de conhecimento que dispomos hoje para analisá-los, a sua longevidade e o tipo de gente que aqui esteve há milênios e os produziu e com que finalidade.

  

Sentimos que é também muito importante para nós encontrá-los agora, registrá-los e estudá-los com cuidado, de forma que possamos ter deles uma compreensão mais próxima da realidade possível e de seu caráter real para aqueles povos nos tempos mais remotos do Brasil e também de todo o nosso planeta.

 

Vemos que este simbolismo da cruz pode ser encontrado também com grande diversidade nas regiões nordeste e centro oeste do Brasil. Em muitos destes locais a Cruz e o Tau são representados de muitas maneiras e de forma sofisticada. A cruz é também representada dentro de um círculo, dividindo-o em quatro partes iguais, que indicam a manifestação das quatro forças, representando assim os quatro pontos cardeais já citados acima. Ver no quadro abaixo algumas figuras desta região.

 

Estamos vendo que os símbolos da Cruz e do Tê podem ser vistos em muitos outros locais do Brasil, demonstrando que em todas as regiões de nosso país esta simbologia sagrada acha-se presente. Assim vamos encontrá-la em inúmeras representações também nas regiões do sudeste e do sul, conforme está demonstrado nos seus quadros respectivos, mostrando esta excepcional e ao mesmo tempo estranha realidade.

 

Vimos, portanto, que o símbolo da cruz é muito relevante em todas as culturas de nosso planeta e que elas estão representadas em toda a parte.

 

Suas manifestações variadas demonstram que o seu grau de importância é acentuadamente importante para todos esses povos que também veneravam o seu complexo significado. Notamos que a Cruz pode ser apenas uma simples forma riscada na rocha, mas mesmo assim ela representa um forte apelo para todos aqueles que a vêm, sabem da sua representatividade e a veneram.

 

A sua diversificada representação em toda a parte mostra que principalmente para os povos mais antigos a sua figura foi sempre considerada como sagrada entre eles e causa de veneração por muitas gerações, além de estar ligada aos seres espirituais que eles acreditavam e que faziam parte de suas crenças.

 

As ilustrações mostradas neste artigo demonstram que a Cruz e o Tau representaram aspectos importantes na vida de todos esses povos do passado e também do Brasil, comprovando-se assim a sua grande preocupação ao executá-los em sua ‘arte’ em cerâmicas, em painéis gigantescos e em itacoatiaras por toda a parte, muitas das quais perduram com insistência e força até estes tempos mais modernos.

 

* J. A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e realizado incursões em diversas regiões do Brasil. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail jafonseca1@hotmail.com

  

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