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história
França: As aparições da Senhora de Lourdes Faz 150 anos, a menina Bernadette presenciou distintas aparições de uma senhora e após sua morte teve seu corpo mumificado por algum fenômeno ainda inexplicável nos dias atuais. Frenesi religioso ou contato com elementos de uma civilização superior?
Por Fábio Bettinassi* De Araxá-MG Para UFOVIA
Reconstituição artística da criatura que contatou Bernadette Soubirous
SÉCULO 19 - “Eu não prometo fazê-la feliz neste mundo, mas no próximo...”. Esta foi a frase que Nossa Senhora de Lourdes pronunciou para Bernadette Soubirous, menina nascida na pequena cidade de Louvre na França em 08 de fevereiro de 1844, que mais tarde passou a ser conhecida como a Santa de Lourdes, a padroeira da penúria e da pobreza.
Filha de uma família próspera do meio rural, Bernadette ainda jovem sofreu um grande revés: a falência de seus pais devido à crise agrícola francesa. Desde então, os Soubirous foram assolados pelo frio, doenças e a penúria total durante longo período. Às dolorosas provas agiram de modo estranho acerca de Bernadette que, ao completar 14 anos, passou a ter visões e ouvir vozes do além. Na tarde de 11 de fevereiro de 1858, a pobre garota, enquanto passeava na beira do rio Gaves, viu uma luz brilhar dentro da gruta de Masaubielle. Curiosa e espantada foi a passos vacilantes ao encontro da luz que se apresentou como uma bela mulher que, a princípio, não revelou seu nome ou objetivo.
A bela visão que emanava bondade e inteligência cativou a jovem Bernadette, solicitando que ela retornasse diariamente à caverna para assimilar conhecimentos importantes não só para a menina, mas para toda a comunidade local. A menina assim o fez e voltou na gruta de Masaubielle todas as tardes onde continuou a se comunicar com a aparição num total de 18 vezes.
SENHORA DE LOURDES - Um dia a visão feminina revelou sua identidade como sendo Nossa Senhora. Bernadette foi instruída pela suposta Nossa Senhora a cavar sob um pequeno rochedo, onde, para sua surpresa, surgiu uma nascente de água. Em seguida a aparição pediu que ela bebesse e se lavasse por seguidas vezes naquela água. A jovem garota seguiu seus conselhos. Ao que tudo indica esse fato foi religiosamente marcante para ela, que anos depois se ingressou em um convento.
Durante o período em que Bernadette se encontrou com a aparição, ela notificou seus parentes que, desconfiados de insanidade mental, trouxeram o padre local e após numerosas entrevistas, convenceu-se da legitimidade dos fatos. Médicos e pesquisadores da época avaliaram o panorama comportamental e a personalidade da menina e nada encontraram que pudesse classificá-la como portadora de distúrbios emocionais ou de alucinações. Logo o caso estava na boca da população e outros párocos e religiosos começaram a levantar algumas suspeitas acerca da narrativa da menina.
Conta a lenda que em uma reunião investigativa promovida pela igreja católica, Bernadette, diante de olhos incrédulos, acendeu uma vela e colocou a pequena mão esquerda sobre a chama, após vários minutos de combustão, para espanto geral constatou-se que não havia nenhuma queimadura sequer.
Em uma de suas últimas aparições, a suposta Nossa Senhora solicitou que fosse erguida sobre a gruta de Masaubielle uma igreja, cujo objetivo seria divulgar o milagre da eucaristia e disseminar o pensamento cristão para todos os visitantes que por lá passassem. O último avistamento da aparição foi em 16 de julho de 1858.
BASÍLICA CONSTRUÍDA - Oito anos depois, Bernadette Soubirous alegra-se em ver que uma magnífica basílica em forma de gruta foi erigida sobre o local da aparição e para prestar um voto de gratidão à Nossa Senhora, se ingressou em 07 de julho de 1866 no Convento das irmãs de Caridade e da Instrução Cristã em Nevers. E após uma dura vida monástica mergulhada em orações e trabalho, ela veio a falecer em 16 de abril de 1879.
Considerada pela população local como uma santa, Bernadette foi canonizada em 1933 pelo Papa Pio XI e desde então é vista como a responsável por diversos milagres. Seu legado na Terra foi marcado pelo sofrimento como forma de redenção, mostrando que por maiores que sejam os obstáculos, somente a oração e a resignação são capazes de realizar benefícios, bem como trazer alento às mais terríveis provações.
O corpo de Bernadette, mumificado por efeito desconhecido, permanece em perfeito estado, desde o seu sepultamento em 1879.
AUTO-MUMIFICAÇÃO - Trinta anos após sua morte, para validar os procedimentos de canonização impostos pelo Vaticano, foi solicitado uma exumação do cadáver de Bernadette. Quando a pedra da sepultura foi deslocada, rapidamente o caixão foi visualizado e trazido para a luz. Para espanto dos investigadores papais, a madeira do caixão apresentava-se intacta e quando a tampa foi deslocada, as dúvidas se dissiparam: o corpo de Bernadette estava perfeitamente conservado, sem o menor sinal de decomposição ou aroma desagradável. As irmãs de caridade que acompanhavam a exumação e que estavam presentes em seu sepultamento 30 anos atrás, notaram apenas que suas mãos mudaram de posição. Após exaustivos exames realizados sobre o cadáver, o médico cirurgião doutor A. Jourdan emitiu um relatório detalhado e declarou que apesar do espetacular estado do cadáver, a ausência de putrefação pode ser atribuída a diversos fatores geológicos do terreno, decomposição extremamente lenta e até mesmo a um raro - mas possível - efeito de auto-mumificação.
Diante a tal relatório novas dúvidas surgiram, até que dez anos depois, outra exumação foi realizada pelos médicos Dr. Talon e Dr. Comte que acompanhados pela autoridade policial e o bispo de Nevers, novamente tiraram o cadáver de seu repouso tumular. Incrivelmente, após vários exames o estado do corpo de Bernadette estava idêntico à primeira exumação, nada tinha mudado. Diante a tal constatação ambos os médicos foram para salas separadas e lá escreveram seus próprios relatórios para futuras comparações técnicas. Os relatórios estavam semelhantes aos primeiros, feitos dez anos antes, apenas com a observação de que “foram encontrados sinais de sal e camadas de sal de cálcio, fatos atribuídos a uma possível lavagem do corpo após a morte”.
Após os relatórios pouco reveladores gerados por diversos médicos, o Vaticano decidiu em 1925 fazer uma terceira e última exumação do corpo de Bernadette. Para tanto, convidaram o Doutor Comte para conduzir novamente a delicada operação que, além de possuir caráter científico, desta vez, contou com um fator bizarro: os médicos fizeram diversos moldes do rosto e das mãos do corpo, para que um experiente artesão de estatuas de cera em Paris pudesse eternizar a jovem Bernadette como uma relíquia da Igreja Católica. Pierre Imans o escultor de cera, após terminar a reprodução de Bernadette, produziu uma impressão negativa junto ao público, que considerava o corpo real com aspecto muito mais “vivo” do que o corpo de cera.
Três anos mais tarde o Doutor Comte publicou um relatório de exumação no segundo artigo do Boletim da Associação Médica de Notre-Dame de Lourdes, finalizando o caso com as seguintes declarações: “Eu gostaria de ter aberto o tórax do cadáver para remover o coração, que ao meu ver certamente teria sobrevivido. De acordo com a posição do braço esquerdo, o procedimento seria muito prejudicial ao corpo, assim sob pedido da Madre Superior, mantivemos o coração junto ao corpo. O que me impressionou muito foi o perfeito estado de conservação do esqueleto, do tecido muscular fibroso, a resistência e firmeza dos ligamentos mesmo após décadas de sepultamento. Finalmente, declaro a todos que considerando o estado do cadáver, não se trata de um fenômeno natural”.
Dias depois, o corpo de Santa Bernadette foi colocado em um caixão de cristal para visitação pública, onde repousa até hoje na capela da Igreja de Saint Gildart, no convento de Never, local em que Bernadette viveu e orou por 30 anos.
ENTENDENDO O MILAGRE - Na bela história da vida de Bernadette Soubirous é notório o testemunho de fé de uma criança que após ter sofrido todas as amarguras da vida, conseguiu se manter no caminho da oração e resignação, suportando toda humilhação social com a certeza do amparo de uma força superior e, em verdade, desconhecida, mesmo que se afirmasse se tratar de uma santa.
Os relatos que existem sobre as aparições de Lourdes são transcrições feitas pelos padres locais que entrevistaram Bernadette durante o período das visitas à gruta. A França que sempre se considerou um braço forte da Igreja Católica, era vigiada por uma complexa e eficiente máquina eclesiástica, composta por uma rede de párocos, bispos e investigadores de fenômenos “paranormais”. Eles estavam sempre determinados a expandir progressivamente, o domínio do Vaticano, custe o que custasse. E para tal seria muito provável que os relatórios criados pelos padres contivessem elementos diferentes da verdadeira versão contada pela menina, suprimindo algumas citações e super valorizando outras, respaldadas pelos interesses eclesiásticos da época.
É possível que partes significativas do relato da menina e até mesmo informações altamente esclarecedores fossem alteradas ou eliminadas, criando assim, um documento tendencioso capaz de satisfazer e reforçar os ideais dogmáticos católicos, necessários para a mistificação de um possível fenômeno de paranormalidade ou até mesmo de caráter alienígena ou de natureza exógena. Sob à luz da psiquiatria moderna podemos encontrar uma infinidade de casos que ilustram distúrbios de alucinações visuais e auditivas, principalmente, se considerarmos que ainda em idade infantil, a menina passou por uma seqüência de situações difíceis com sua família que, sem dúvida, provocaram profundos traumas na personalidade que estava em fase de formação.
Nos dias atuais, onde a humanidade coloca em debate a pluralidade dos mundos habitados, em meio à capacidade mediúnica do ser humano e até a suposta presença de alienígenas em nosso mundo, podemos avaliar a aparição de Nossa Senhora de Lourdes, não apenas como uma estratégia articulada pela propaganda católica, mas como um provável contato com um ser de elevação espiritual, através de mecanismos mediúnicos envolvendo vidência, audição e telepatia, fatores muito comuns e explanados com sabedoria e clareza pela doutrina espírita kardecista, pelos egípcios antigos, incas, druidas e inúmeros outros povos e filosofias que perfazem a história humana na Terra.
Bernadette
ÁGUA RADIOATIVA? - Pelo que parece, o fato da ausência de decomposição do corpo de Bernadette pode estar relacionado com a água do poço, encontrado na gruta de Masaubielle, sob indicação de Nossa Senhora. A água pode conter elementos químicos capazes de alterar as funções físicas do corpo da garota de forma a eliminar bactérias e microorganismos responsáveis pela deterioração do corpo humano após a morte. Esse fato pode ocorrer em cadáveres de pacientes que antes de falecer foram tratados com elevados níveis de medicamentos anti-bióticos, anti-inflamatórios e terapias baseadas na medicina nuclear.
De fato, até hoje, na famosa gruta de Gaves, pessoas se consideram curadas de diversas doenças após rezarem e ter contato com a água da nascente, reforçando a hipótese de que a água pode conter substâncias regenerativas e se a água possui mesmo tais qualidades, decerto algum espírito ou entidade conhecia este fato e poderia ter se colocado na benévola posição de oferecer este recurso aos doentes da Terra.
Quanto a isso, suspeitamos da atuação de alguma energia curativa vinda das grutas, porque cresce o número de pessoas que se consideram curadas ou que receberam “milagres” nas minas de Radônio dos Estados Unidos e até na água de nascentes em grutas do Estado de Minas Gerais, no Brasil, como a dos Palhares em Sacramento e a nascente do Barreiro em Araxá.
No caso de Lourdes, a igreja católica estava diante a um desafio, sentindo-se acuada pela ampla repercussão produzida pela menina que poderia colocar em questionamento os dogmas do catolicismo. Desta forma, conduziu espertamente a jovem Bernadette para o caminho do silêncio e do isolamento abrigando-a em um convento, local este, propício para manter sua experiência sob supervisão constante do catolicismo. Ademais, há o fato de que o convívio em um convento de filosofia castradora constitui-se por si somente, num exercício de condicionamento da fé e do pensamento teosófico e porque não dizer de “lavagem cerebral”, patenteando assim a experiência transcendental de uma pobre e inocente garota em mais um dos milagres vendidos na “loja de ícones” do Vaticano.
* Fábio Bettinassi é publicitário em Araxá/MG, ufologista e co-editor de UFOVIA.
- Imagens: Arquivo Via Fanzine.
- Leia mais sobre Aparições Marianas em Via Fanzine: http://www.viafanzine.jor.br/mitos_lendas.htm http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/ufovia/marianas.htm
- Produção: Pepe Chaves © Copyright, Pepe Arte Viva Ltda.
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Expectativa coletiva: E o dia do juízo não veio Um caso real ocorrido no ano de 1844 nos Estados Unidos, que levou ao pânico cerca de um milhão de pessoas em todo o país a esperar pelo 'dia do juízo final'. A reportagem a seguir foi publicada em abril de 1943, pela Seleções do Reader’s Digest.
Por Regis Canevin Mercury*
O fenômeno da Dissonância Cognitiva explica o fato de que, mesmo falidas as profecias, os adeptos continuam a crer nos profetas, pois estes, vão mudando a roupagem do que é pregado, para jamais caírem em contradição diante dos fiéis.
ESTADOS UNIDOS - Na noite de 22 de outubro de 1844, na Filadélfia, um cavalheiro de meia idade, trajando uma túnica branca, se lançou serenamente da janela do seu quarto, no terceiro andar de um edifício, procurando voar para o Céu. Na cidade de Worcester, Estado de Massachussets, um cidadão respeitável, enfiando pelos ombros um par de asas de peru, trepou no galho mais alto de uma árvore e procurou levantar vôo. Na cidade de Nova Iorque, um jovem galgou a armação de uma ponte muito alta e tentou alçar-se ao Paraíso. Todos acabaram com os ossos machucados, é claro!
Das centenas de milhares de indivíduos que esperavam ansiosamente ser levados para o Céu naquela noite memorável, que para eles marcava o fim do mundo, muitos tomaram toda sorte de providências para que à viagem não faltasse o devido conforto. Uns meteram-se em nos cestos de roupa suja, outros na banheira, para viajarem a seu gosto. Uma mocinha de Chicago um tanto apegada às coisas do mundo, encheu uma mala com enxoval completo e novo, e amarrou-se a esse tesouro para entrarem juntos pelo portão de pérolas do Paraíso.
No norte, como no sul e na região central dos EUA, os discípulos do profeta William Miller, trajados de mantos brancos, reuniram-se naquela noite, em outeiros e cemitérios, para entoar hinos religiosos e rezar, à espera do primeiro toque da trombeta do Arcanjo Gabriel, anunciador do fim do mundo. Só os fiéis escapariam. Foi uma noite de fervor religioso jamais igualado na história da América.
Não se tratava de um punhado de fanáticos, mas de movimento religioso que, no curto espaço de uma década, reunira um milhão de adeptos. Orçando a população total do país, em 1840, mais ou menos em dezessete milhões, os discípulos do profeta se podiam gabar de representar proporção importante.
MILLER, O PROFETA - Estudante assíduo da Bíblia, trabalhara Miller 25 anos em sua profecia. Baseava-se ele na parte da Bíblia atribuída a Daniel e outros profetas, e no simbolismo obscuro da visão de Nabucodonosor, do Velho Testamento. Em 1831 anunciou que estava perto o Juízo Final. “Estai preparados e observai os sinais celestes”, era seu grito de batalha.
O movimento ganhou logo popularidade. Cresceu de fervor, quando pela madrugada do dia 13 de novembro de 1833, enormes bolas de fogo atravessaram a abóbada celeste, explodindo e esparzindo faíscas, quais enormes fogos de artifício, enquanto milhares de estrelas caíam do céu. Para os fiéis essa manifestação celeste pressagiava o dies irae.
O profeta não assinalou data específica para o Grande Dia, a não ser que viria entre março de 1843 e março de 1844. Por essa época já setecentos seguidores se haviam alistado sob sua bandeira.
O cometa que rasgou os céus em 1843 deu aos adeptos de Miller mais uma confirmação de sua profecia.
Quando escoou o último dia do período designado sem nada acontecer, os discípulos do profeta ficaram deveras desapontados. Miller, porém, assegurou ter tido uma visão e escreveu: ”vejo uma glória no sétimo mês”, mês de outubro no calendário judaico. “Cristo virá e nos abençoará a todos”.
'Num pequeno hospício em Vermont deram entrada vinte e cinco discípulos de Miller, que ficaram com o juízo perturbado pela grande tensão da expectativa'
DESAPEGO MATERIAL - Os fiéis começaram a rematar seus negócios. Eminente comerciante de Filadélfia pôs um cartaz em sua vitrina onde se lia: “fechada em honra do Rei dos Reis”. Na cidade de Nova Iorque o dono de uma sapataria abriu as portas da loja, colocando todo o estoque à disposição do público. Na aldeia de Meredith, New Hampshire, o número de devotos que tudo abandonava assumiu tais proporções que, os juízes recomendaram a nomeação de curadores dos seus bens, afim de que as famílias não ficassem reduzidas à miséria. Muita mobília foi destruída. Em certas regiões as frutas e cereais foram abandonados nos campos a apodrecer. De que valia fazer as colheitas que brevemente iriam desaparecer em chamas?
Finalmente, Miller anunciou que 23 de outubro seria o Grande Dia.
À medida que este se aproximava, acorriam multidões às cerimônias quase contínuas que se realizavam nas igrejas “milleristas”. Os milhares que não conseguiam entrar, permaneciam do dado de fora, orando e cantando.
Verificou-se grande número de suicídios; os casos de alucinação foram freqüentes. Num pequeno hospício em Vermont deram entrada vinte e cinco discípulos de Miller, que ficaram com o juízo perturbado pela grande tensão da expectativa. No estado da Pensilvânia um fazendeiro matou a família e suicidou-se após, simplesmente porque um dos filhos mais velhos ousara zombar do profeta. No Estado de Massachussets um dos discípulos assassinou a esposa pela mesma razão.
Os jornais uniram suas vozes às do clero regular, para desacreditar essa loucura. Mas os milleristas puseram anúncio rogando aos pecadores que fizessem penitências enquanto ainda era tempo.
'Nasceu, afinal, o Sol, e o mundo não fora consumido pelas chamas nem troara a trombeta do Arcanjo Gabriel...'
O DIA D - Chegou finalmente o Grande Dia. O céu estava sobrecarregado de nuvens escuras, o que os milleristas observaram com satisfação, pois parecia ocasião propícia para o fim do mundo.
Já pela tarde de 22 de outubro, das cidades de Boston, Filadélfia, Nova Iorque e outros centros, saíam rumo aos campos multidões de fiéis trajando túnicas brancas com que ascenderiam ao céu.
Ao cair da noite, o nervosismo tornou-se mais intenso. Por toda a parte milhares de rostos estavam voltados para o alto. Pessoas respeitáveis, tomadas de frenesi religioso caminhavam de “quatro pés”, levando outros nas costas, para imitar a entrada do Salvador em Jerusalém, montado sobre um jumento. Outros celebravam a cerimônia do lava-pés e muitos executavam extravagantes danças religiosas.
As crianças corriam de um lado para outro, os olhos esbugalhados, tomadas de pavor, à espera da chama que deveria consumir o mundo. No dia seguinte, dois indivíduos foram encontrados mortos num campo.
Ao amanhecer do dia seguinte, sem que aparecesse qualquer sinal no céu, a luz fanática que brilhara a noite toda nos olhos dos fiéis converteu-se em expressão de decepção.
Nasceu, afinal, o Sol, e o mundo não fora consumido pelas chamas nem troara a trombeta do Arcanjo Gabriel...
Com as túnicas brancas, úmidas e sujas, os adeptos de Miller regressaram desolados aos seus lares e seus negócios, isto é, os que ainda por sorte não os tinham perdido. Os incrédulos pelos caminhos afora os acabrunhavam de zombarias e insultos, que eles de tão desanimados nem sequer ouviam.
Ficara desacreditado o falso profeta. Velho, doente e cansado, este chorava em casa ao ver passar o Grande Dia. Homem sincero, a fé que depositava na sua interpretação e na sua profecia fora tão firme quanto a que tinha em Deus. Repetidas vezes tentou refazer os cálculos a ver se descobria onde havia sido o erro.
Depois de trabalhar anos seguidos, veio a falecer, ainda cismando com o dies irae.
* Regis Canevin Mercury em publicação de Seleções do Reader’s Digest - Abril de 1943, (Condensado do “American Mercury”).
- Fotos: Autores desconhecidos - Arquivo Via Fanzine.
Comentário**
Este movimento deu origem à seita evangélica dos Adventistas do Sétimo Dia. Por este simples fato, vê-se que se deu o fenômeno da Dissonância Cognitiva, tal como descrito por Leon Festinger em “A Teoria da Dissonância Cognitiva”. Quando uma crença grupal é contrariada, o grupo de crentes re-elabora a crença para que ela se mantenha viva, embora com outra roupagem.
Muita gente não irá gostar deste artigo, mas a descrição dos acontecimentos é primorosa e de fonte bastante insuspeita. Não é coisa de ateu, nem comunista, muito pelo contrário.
Outro aspecto importante é o de como há impulsos masoquistas dentro do ser humano, não sabemos se “naturais” ou elaborados pelos sistemas de crença que existem no mundo e que - pelo menos nas culturas ocidentais - tendem a vilificar (considera vil) o ser humano, por natureza, portanto digno de uma destruição dolorosa total, mas com a qual deve se “sentir” feliz. Portanto, essas profecias são carregadas de anelos sadomasoquistas.
Recomendamos:
- Festinger, Leon – Riecken H- Schachter S, When Prophecy Fails, Minneapolis;Univ. of Minnesota Press, 1956;
- Festinger, Leon, Teoria da Dissonância Cognitiva, Rio de Janeiro, Zahar Editores, trad. Eduardo Almeida, Rio de Janeiro,19758 (Especialmente Capítulo 10:Apoio Social –Dados sobre Fenômeno de Massa;comentário sobre o episódio millerista e o ufo-culto dos Guardiões de Mrs. Keech);
- Bettencourt, Estevão Tavares, Crenças, religiões,igrejas e seitas:quem são- São Paulo, Mensageiro de Santo Antônio,2003- p.42-45;
- Vallée, Jacques-The Invisible College (The Psychic Solution) Frogmore, St.Albans,UK,Panther Books,1977-p.68-73,76,93,95,21 Fromm,Erich, O Medo à LIberdade,Rio de Janeiro, Zahar Editores,1978 especialmente o Capítulo 5.
** Comentário e colaboração: Alberto Francisco do Carmo (Brasília/DF).
- Produção: Pepe Chaves, para UFOVIA. © Copyright, Pepe Arte Viva Ltda.
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Dos tempos antigos aos modernos: Avistamentos e contatos através dos séculos Em várias épocas, a humanidade relatou a presença de estranhos objetos no céu, muitas das vezes foram descritos no passado como sendo anjos, sol, Deus, nuvens, carruagens de fogo e etc.
Pesquisa de Ademir Pascale CARDOSO*
Relatos que atravessam gerações e livros sagrados dão conta de uma intensa interatividade de civilizações desconhecidas no passado humano.
Em 1504 a 1450 a.C., escribas viram no céu círculos de fogo que, em seguida, subiram mais alto e dirigiram-se para o sul.
1.500 a.C., no cume do Himalaia, Manu sobreviveu ao dilúvio e visionou Brama.
1099 a.C., os cruzados, sitiando Jerusalém, viram um cavaleiro agitando o escudo brilhante sobre o Monte das Oliveiras, ordenando atacarem novamente.
608 a.C. – “É a segunda vez que me foi dirigida a palavra do senhor a qual dizia: Que vês tu? E respondi: Vejo panela a ferver que vem da banda do Aquilão", (Jeremias-1.13).
589 d.C., O Papa São Gregório, cognominado o Grande, em Roma, certa vez escondeu-se numa caverna e foi descoberto por um clarão. E ali ele viu anjos subindo e descendo por um espectro.
400 a.C., Pandoro escreveu sobre os Egregori (guardas-anjos) que desceram à Terra no ano cósmico 1.000. Osíris, Isis e Hórus eram representados como o disco solar, como também eram comuns os barcos solares egípcios. O Livro dos Mortos, do antigo Egito, fala em "legiões no céu", "espíritos da luz" e "seres brilhantes".
214 a.C., em Hádria, no Golfo de Veneza, houve um estranho espetáculo. Surgiu um homem vestido de branco sobre um altar no céu. (Julius Obsequens e Tito Livius em história romana - Liv. 21- Cap. 62).
204 a.C., apareceram dois anjos resplandecentes no céu, de aparência pavorosa e paralisaram o exército egípcio de Ptolomeu IV, quando ele resolveu matar os judeus.
163 a.C., em Concius, um homem foi queimado por um raio que veio de um espelho no céu.
166 d.C. - Julius Obsequens, em Prodigiorum Libellus, cita que em Capua o sol brilhou à noite. E Tito Livius escreveu que Albae viram-se dois sóis à noite. Em De Divination, Cícero fala sobre dois sóis e três luas vistas no céu.
312 d.C., surgiu uma cruz no céu quando o imperador Constantino aceitou o Cristianismo, no Império Romano.
436 d.C., em Bizâncio, após fortes tremores de terra, uma criança sobe ao céu e volta, a vista de muitas pessoas.
610 d.C., Maomé visionou o anjo de Alá que lhe mostrou uma tabuinha de ouro, em montanhas próximas à Meca, daí criou-se o Islamismo.
776 d.C., os Franceses, dentro do castelo de Sigibut, estavam sitiados pelos saxões. No entanto, foram salvos quando surgiram sobre a igreja da fortaleza, dois escudos vermelhos no céu. E assim os saxões fugiram. (Annales Laurissense).
1120 d.C., Monge Mateus de Paris, nos fala de uma cruz voadora sobre o Santo Sepulcro. (Hist. Anglorum).
1463 d.C., Catarina de Bolonha, na Itália, viu o Senhor sentado num trono resplandecente.
1528 d.C., no cerco de Utrech, foi vista uma cruz de Borgonha, de cor amarela, no céu da Holanda.
04/11/1799 - Em Cumana, Venezuela, houve um terremoto, sendo vistas várias bolas vermelhas no céu.
1800 d.C., nos Estados Unidos, Joseph Smith visionou o anjo Moroni que surgiu em seu quarto, envolto numa luminosidade. E depois ele o viu subir num poço de luz. Posteriormente, em outros contatos, fora lhe indicado um local onde se encontraram as tábuas de ouro que lhe deram noções para criar a religião Mórmon.
1917 d.C., em Fátima, Portugal, 70.000 pessoas presenciaram o milagre do sol. Estava chovendo quando o sol apareceu através das nuvens. Parecia um disco achatado, com um contorno nitidamente definido. Tinha o brilho mutante e, de repente, começou a fazer manobras e a rodar com crescente velocidade. Começou a cair e logo aquilo, avermelhando-se, manobrou e desapareceu nas nuvens.
28/12/1933 - A Sra. Van Nieke Van Den Diji, em Onkerzeele, Bélgica, viu um sol vermelho girando.
1947 – O piloto de aviação norte-americano Kenneth Arnold avista uma formação de 9 ovni durante um vôo no Estado de Washington. Nasce aí a era moderna da Ufologia.
30/10/1950 - Segundo relato expresso do Cardeal Todeschini, por várias vezes o Papa Pio XII viu nos jardins do Vaticano o sol girando, semelhante ao milagre do sol de Fátima.
15/04/1950 - Em Casalicchio, a Aquivava, na Itália, milhares de espectadores dizem ter observado uma nuvem que se abriu e em cujo centro havia uma estrela de brilho opaco e, respectivamente, um sol girando e brilhando em todas as cores.
1954 d.C., uma patrulha de discos voadores sobrevoa Roma, fazendo evoluções e ao final, forma uma cruz sobre a basílica de São Pedro, no dia do aniversário da revolução Comunista.
11/02/1957, em Leicestershire, Inglaterra, Ovnis foram vistos no céu, durante terremoto.
17/08/2000 - Várias pessoas avistam um humanóide voador se deslocando no céu da Província de La Spezia, na Itália.
26/01/2001 - Ovni paira sobre o aeroporto de Barnaul, no sul da Sibéria. O aeroporto foi fechado por cerca de 90 minutos. Pilotos e Tripulações presenciaram tal fato, e se recusaram a decolar no aeroporto de Barnaul.
Na Bíblia:
"Levantei de novo os olhos e eis que havia um rolo que voava, o qual tinha 200 côvados de comprimento e 10 côvados de largura", (Zacarias - Liv. 1-5.1.-2.).
"Parou, pois, o sol no meio do céu e não se apressou a se por durante o espaço de um dia.", (Livro de Josué).
“Daniel, próximo ao rio Tibre, viu o Senhor: Era como berilo, com aparência de relâmpagos, olhos como lâmpadas de fogo e seus braços e pés de cor semelhante a cobre polido e som de suas palavras como uma multidão", (livro de Daniel).
"Um dia, tendo conduzido seu rebanho para o deserto, chegou ao Monte de Deus, Horeb, o Senhor ali apareceu em uma chama de fogo, do meio de uma sarça, Moisés via a sarça arder, sem se consumir", (Êxodo).
ONU
De acordo com as Nações Unidas, depois do ano de 1947, aproximadamente 150 milhões de pessoas foram testemunhas oculares de aparições de Ovnis. Pensem bem "150 milhões de pessoas" avistaram ovnis, será que todas elas estavam enganadas?
* Ademir Pascale Cardoso é administrador e criador dos portais Cranik (www.cranik.com) e Conspirações (www.conspiracoes.com) de São Paulo - E-mail: webmaster@cranik.com. - Ilustração: “Cidade dos Ufos", por Ícaro Chaves.
- Produção: Pepe Chaves. © Copyright, Pepe Arte Viva Ltda.
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* * * Do clássico ‘Sombras sobre as estrelas’:Os feiticeiros vindos das estrelas*Lendas que nos falam de homens e coisas “descidas do céu” são bastante freqüentes: há alguém até que acha que alguns alquimistas teriam aprendido de alguns misteriosos visitantes espaciais os princípios de sua ciência.
Por Peter KOLOSIMO
O ‘FEITICEIRO’ DUNLOPUS - A que se devia toda esta confusão? O povo indicou seu responsável num estranho tipo de estudioso com um nome que sabia a latim, Dunlopus: uma hipótese que parece fundamentada se for verdade – como se dizia – que o nosso homem era capaz de realizar experiências estupefacientes, transportando objetos com a simples força do pensamento e fazendo-os graciosamente balançar no ar, com total desprezo pela força da gravidade.
Psicocinese, portanto: hoje a ciência explicaria, embora de maneira nebulosa, estes fenômenos, mas naquele tempo a explicação era bastante diferente: O Senhor Dunlopus, em poucas palavras, não podia ser outra coisa que um feiticeiro. E esta versão tornou-se oficial no dia em que ele candidamente declarou que, certo, existem outras estrelas habitadas e que, se ele quisesse, poderia ter trazido as provas. Dito isto, o Senhor Dunlopus percebeu que desta vez fora longe demais e tece o bom senso de sumir de circulação, com imaginável desapontamento daqueles que se aprontavam para lhe passar uma linda corda em volta do pescoço.
MITOS - Também na Rússia encontramos algo sobre o que soltar a fantasia. Há, por exemplo, a estória do “feiticeiro de Petersburgo”, que, nos inícios do século passado, recebia em segredo os “homens vindos da Lua”, abastecendo-se de substância e objetos de que eles pareciam ter particular necessidade e “permanecendo em contacto com eles mesmo através do céu”; há a lenda dos “homens negros siberianos”, que se teriam deslocado de uma para outra de suas cidadezinhas “voando sobre pratos de prata com longos rastros de fogo”; e há, com mil outras, a extraordinária aventura do cossaco Puchkin. O estudioso escandinavo que, como curiosidade do cossaco contou, juntamente com estas, outras esquisitices, acredita que dela tenha sido desenvolvida uma novela, na segunda metade do século passado. De qualquer maneira, eis a estória:
A superfície da enorme esfera cor de cinza era lisa como a de uma bola de bilhar; somente em alguns lugares notavam-se círculos de vários tamanhos, perfeitamente regulares a ponto de se pensar fossem ranhuras traçadas com um compasso. Os simples habitantes tentaram rolar a esfera no Don, mas não conseguiram removê-la nem um milímetro. À noitinha começaram a retirar-se, procurando esquecer aquele pesadelo redondo. Mas, para tornar vãs suas esperanças, chegou ao lugar, a cavalo, um tal de Puchkin, ataman cossaco de péssima fama, beberrão, jogador, herege, mas corajoso até a inconsciência.
A IRA DE PUCHKIN - Após ter-se informado do que estava acontecendo, Puchkin improvisou um duro sermão contra o povo do local, comparando-o aos mais velhacos e imundos representantes do mundo animal; em seguida, desembainhada a espada, fez empinar o cavalo contra a esfera, martelando-a com a lâmina, cobrindo o engenho de blasfêmias obscenas, desafiando o céu e o inferno a lhe resistir. Em certa altura, um dos círculos riscados na bola pareceu abrir-se e um olho redondo, ciclópico, fixou-se sobre o cossaco. O povo, aterrorizado, começou a gritar, mas Puchkin respondeu com uma zombaria, continuando a baixar golpes sobre a esfera, até quebrar a lâmina. E mesmo assim não parou: numa torrente de blasfêmias e maldições, tentou espetar com o pedaço da espada aquele olho monstruoso que, contudo, não se revelou mais vulnerável que o metal.
Os lavradores que, fugindo ou escondendo-se atrás dos troncos das árvores, tiveram a ousadia de seguir os acontecimentos, ficaram boquiabertos: eles viram o ataman e seu cavalo perderem pouco a pouco a consistência, tornarem-se transparentes, até desaparecerem por completo. Puchkin, impertérrito, talvez nem se apercebendo de quanto lhe estava a acontecer, não deixou o inútil ataque: quando dele já nada mais sobrava, suas últimas blasfêmias ainda ecoavam, de longe, como vindas de um profundo abismo, o que deu aos presentes a certeza de que o diabo tinha afinal decidido levar embora o impetuoso cossaco.
Mas o inferno cuspiu logo ataman e cavalo. O povo os viu voltar dois dias depois, todos os dois balançando como bêbedos. Puchkin não lembrava nada do que lhe ocorrera no ínterim, mas, quando ouviu mencionar a esfera, tornou-se furioso e correu para o lugar das suas desgraças, com o intuito de atear fogo nos arbustos e abrasar o engenho. Enquanto ia, entre uma blasfêmia e outra, carregava o cavalo com galhos secos. Mas quando chegou ao lugar, a esfera tinha sumido.
* Texto editado de “Sombra sobre as Estrelas”, de Peter Kolosimo, Editora Melhoramentos (São Paulo, 1971). - Fotomontagem: "Descarga elétrica" e ilustração: “Ovo estacionado", por Pepe Chaves.
- Produção: Pepe Chaves. © Copyright, Pepe Arte Viva Ltda.
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