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Último editorial:
Portal UFOVIA tem nova direção
Nestas inúmeras páginas digitais, hoje graciosamente disponíveis ao
público, há o suor e esforço de muita gente. Não somente suor, mas
neurônios, bom senso e luta.

Tenho certeza absoluta que a
UFOVIA está em boas mãos, e como sempre, com as melhores das
intenções, o que tornou esse portal com sua devida credibilidade e
respeito em várias partes do mundo.
Em
julho de 2004, colocamos no ar o portal
UFOVIA que, desde então, permanece ininterruptamente online. Neste
interim, produzimos centenas de matérias, abordagens, registros,
entrevistas e reportagens, em quase totalidade, material inédito e
exclusivo – muitas das vezes, copiado sem autorização por outros meios,
onde alguns oportunistas lucram com isso.
Criamos
e mantemos hoje em
UFOVIA
um dos principais acervos da ufologia na língua portuguesa, no tocante à
credibilidade e a forma responsável em abordar e analisar os polêmicos
assuntos deste campo ainda mal compreendido pela ciência. Foram anos de
dedicação, onde contamos também com o apoio de vários pesquisadores,
articulistas, artistas gráficos, além de um conselho editorial para
ufologia, com algumas pessoas da nossa mais alta confiança.
UFOVIA
entrou no ar apenas três meses após o portal
Via
Fanzine (abril/2004) e foi o primeiro portal temático da nossa rede
ZINESFERA.
Nestas inúmeras páginas digitais, hoje graciosamente disponíveis ao
público, há o suor e esforço de muita gente. Não somente suor, mas
neurônios, bom senso e luta.
Um
substancioso tempo de boa parte de minha vida foi dedicado à ufologia,
seja por razões pessoais ou profissionais. E um pouco deste cerne que
reúne horas, dias e meses que perfazem anos, se encontra no atual acervo
UFOVIA.
Tenho
muita gratidão pelas pessoas incríveis que conheci através da ufologia
(dentre elas, a minha esposa), mas também pelas decepções que pude
sentir e que levaram a crescer, evoluir e a conhecer melhor o íntimo
humano sob diversos aspectos. Pude me envolver com gente séria, corajosa
e disposta a buscar as verdades e não somente, “provar que ET existe” e
que se tornaram amigos para sempre.
Apesar
de gostar deste terreno incerto da ufologia, ultimamente, a demanda da
vida e o empenho em outros distintos projetos têm me tirado o tempo que
costumava a dedicar à ufologia. E uma saída encontrada foi repassar a
responsabilidade deste trabalho a outra pessoa. No caso, uma pessoa
escolhida a dedo, sobretudo, pela sua isenção, experiência e honestidade
editorial.
E
assim, a partir de 1º de setembro de 2019, a sede da
UFOVIA
se transfere de Minas Gerais para Santa Catarina. É com prazer que
anuncio o nosso novo editor, o jovem jornalista Dante Villarruel, também
colaborador de
Via
Fanzine &
UFOVIA
nestes dois últimos anos.
Villarruel é diretor e produtor da DTV e da rede Oráculo, de
Florianópolis, e agora também assume a direção do portal
UFOVIA.
Como nosso colaborador escreveu algumas matérias de teor ufológico que
se encontram sua página exclusiva em Via Fanzine. É uma pessoa da qual
pude desfrutar também de sua amizade e confiança e que julgo totalmente
apta para continuar o trabalho responsável que desenvolvemos na ufologia
desde 2004.
Pelo
acordo firmado, o portal
UFOVIA
passa a pertencer a rede Oráculo e algumas questões técnicas ainda serão
discutidas e oportunamente anunciadas, sobre reformulação, conteúdo,
plataforma, colaboradores etc.
Por
minha vez, isso não significa que estarei me retirando da ufologia.
Pretendo, dentro do possível, continuar colaborando com a
UFOVIA
e outros meios parceiros ou de amigos, os quais tivemos a honra de
conhecer no vibrante universo ufológico. Como muitos sabem, minhas
raízes com este assunto remontam desde a minha primeira infância. E o
que deixo a partir de então, será somente o meu comprometimento
editorial, o qual procurei honrar da forma mais transparente desde a
criação deste portal. Continuo sendo um entusiasta do assunto e, cada
vez com mais razões para tanto.
Tenho
certeza absoluta que a
UFOVIA
está em boas mãos, e como sempre, com as melhores das intenções, o que
tornou esse portal com sua devida credibilidade e respeito em várias
partes do mundo.
Agradeço então, a todos os nossos apoiadores de sempre, colaboradores,
amigos e ao novo editor, Dante Villarruel, desejando-lhe sucesso e me
colocando ao seu dispor sempre que for preciso.
Pepe Chaves
Editor
ZINESFERA
pepechaves@gmail.com
04/09/2019
- Ilustração: Ícaro Chaves.
* * *
Das
naves aos ETs:
ET é
Jesus para as seitas ufológicas
A
maionese encefálica cria mitos e um verdadeiros culto em torno dos ETs,
que desvirtua o
sentido da Ufologia, que deveria ser o estudos dos Objetos Voadores Não
Identificados (ÓVNIS).
De objetos
voadores a ETs falantes
Num tempo em que ouvimos absurdos e declarações ridículas
emanarem do seio da chamada “ufologia”, é bom lembrarmos a etimologia
dessa palavra. “Ufo” vem de Unidentified flying object (objeto
voador não identificado), termo surgido no final da década de 1940, para
designar objetos voadores DESCONHECIDOS ou não identificados. E “logia”,
segundo os princípios da lógica, indica o estudo ou a lógica em torno de
determinado assunto.
Portanto, a ufologia (ou Ovnilogia, como é também chamada
em alguns países da língua portuguesa) deveria tratar de abordagem,
pesquisa e reportagens relacionadas aos Objetos Voadores Não
Identificados (OVNI).
Mas o que vemos naquilo a que chama de ufologia,
especialmente no Brasil, é uma desvirtuação total desse substantivo,
para transformá-lo numa espécie de ancoradouro para assuntos periféricos
ou não, criando uma verdadeira teia de crenças particulares.
Assim, a ufologia se torna fonte de renda para alguns e
toma formatos diversos em mídias, palestras, projetos e pregação sobre
os ETs e suas visitas à Terra. Dessa maneira, em vez de se tratar de
investigar aparições de Objetos Voadores Não Identificados, o que vemos,
são alguns autodenominados ufólogos frente às siglas inventadas por
eles, seus clubes particulares ou projetos restritos, tomarem rumos que
nada têm a ver com os UFOs ou OVNIs, mas ainda assim, afirmam estar
“fazendo ufologia”.
Esperando a chegada dos ETs
Entre os que faturam com a crença ufológica (e não com os
fatos), há quem já pediu dinheiro alheio e já gastou, ao longo das
últimas décadas, centenas de milhares de reais no afã de se criar
“estações” propícias para aguardar o “fim do mundo” ou a chegada dos ETs.
Muitos milhares de reais foram doados sem que nenhuma parede fosse
levantada.
Em nome da ufologia, muitas doações foram alavancadas por
centenas de palestras nas últimas décadas. Algumas dessas, vultuosas, já
foram reclamadas posteriormente por doadores e oferecidas a um projeto
que atravessa décadas, cujo “projeto” jamais saiu do papel, apesar de
continuar recebendo doações em espécie.
Envolvendo “boas energias” e uma dialética que beira a dos
cultos mais fanáticos, são envolvidas em tais projetos, pessoas de bem,
de preferência, sensíveis, ingênuas, com bons rendimentos e
desprendidamente com a “mão aberta”. Palestras do tipo “alto astral” são
feitas para envolver os simpatizantes a um projeto que começou no
alvorecer e já chegou ao por do sol sem apresentar nada de palpável,
senão apenas falácias e promessas.
Apesar de nada disso ter a ver com ufologia, líder e
adeptos se identificam como “ufólogos”, pelo simples fato de pregarem a
retórica idéia da chegada dos “viajantes espaciais”, que descerão à
Terra para salvá-la do homem que a destrói...
Os ETs já chegaram
Se alguns se preparam há décadas para a chegada dos
extraterrestres (ETs), outros são capazes de insinuar grotescamente que
eles já chegaram. Mesmo que o ET fale em falsete deplorável e se esconda
atrás de arbustos, enviando mensagens do tipo, “a Terra não é redonda” e
jurando ser real.
Mas, ET bom é aquele que mostra a cara, dá tchau e não
deixa dúvida de sua autenticidade. Contudo, o teatro que é feito em nome da
vida extraterrestre se revela o verdadeiro ganha-pão dos gurus
descarados que faturam em cima de desavisados, gozadores ou crentes desenfreados.
Se o ridículo não tem limite, também não o tem a sede pelo
dinheiro, pela busca de bens materiais em troca da pregação hipócrita de
supostos valores supremos, em nome de pretensas civilizações superiores.
Se a legislação de um “país livre”, através do seu Ministério Público,
permite reiterados assédios rasteiros ao bom senso e à fé popular, sem
que nenhuma autoridade pública do país tome providência diante os
absurdos assegurados publicamente, é melhor que cada um se cuide por si
mesmo.
ETs nas plantações
Para outros, que nada querem saber de Ufologia, no sentido
lógico dessa palavra, mas apenas usá-la de acordo com as suas reais
conveniências, são ETs que amassam plantações, ou estampam nelas
símbolos complexos. Mesmo que não haja vídeo, foto, pegada ou qualquer
prova de ET no mato: amassou a culpa é do ET! E sem o menor cabimento,
discutem isso como se fosse assunto sério e indiscutível.
Reiteradamente, publicam arbitrários artigos que são
vendidos na maioria das vezes, além de promover palestras pagas sobre o
assunto, como se o mesmo já estivesse decretado cientificamente, como
sendo obras de ETs e somente uma “elite” da “ufologia brasileira” é que
está bem informada sobre estas obras de artes de outro mundo que foram
legadas a determinadas plantações na Terra.
Contudo, despidos do menor senso de cientificismo, pois
jamais foi apresentada prova alguma que espécie de fenômeno fora do
natural – e muito menos, por parte de ETs – os chamados “agroglifos” já
foram decretados por pseudo-entendidos como obras de ETs e, ai, de quem
vier a discutir isso com esses respectivos experts.
Assim, agroglifo também não é matéria de Ufologia, ou não
deveria ser; ou ainda, seria, mas somente na chamada “ufologia
brasileira” de apenas um grupo que cultua tais possibilidades absurdas,
sem jamais ter tido competência para apresentar, sequer indício, muito
menos comprovação cabal de que tudo isso não saiu de sua própria
maionese encefálica.
Um ET jamais
identificado
Um bom exemplo de como desvirtuar ou “pasteurizar” a
ufologia, povoando-a de conjecturas e considerações inconclusas foi o
chamado “Caso Varginha”, o qual não se deu em torno de nenhum OVNI, mas
da suposta presença de uma criatura extraterrestre (ET), na verdade, um
vulto, avistado por três crianças naquela cidade do Sul de Minas.
Sem OVNI algum o Caso Varginha foi crescendo e se
adicionando clichês conhecidos da ufologia, como associações ao Caso
Roswell (EUA), além de outras e algumas inéditas, tais como: suposta
morte de soldado por contaminação de ET; suposto avistamento de outra
criatura ET na cidade; suposto fuzilamento de um ET por militares;
supostas operações
militares do exército; supostos homens de preto assediando testemunhas e até a
alegada autópsia de ET por Baban Palhares, na Unicamp. Tudo suposições
que jamais foram comprovadas, mas que renderam assuntos e muitos
milhares de reais para os seus "autores". Mas onde está a ufologia nesse
causo mineiro de ET?
Tudo isso foi apresentado publicamente sem o menor
cabimento, portanto, claro, sem qualquer indício ou comprovação que
garanta algum grau de veracidade a tais suposições. Ainda assim, o
assunto rendeu livros, palestras e um sem fim de materiais que, no
frigir dos ovos, movimentou uma considerável cifra em sua
comercialização.
ET é Jesus para as
seitas ufológicas
E assim, o ET, que jamais deu as caras, vira um tipo de
Jesus para as seitas ufológicas (ainda que muitas não se identifiquem
como seitas ou até rebatam esse termo), tal cópia fiel do cristianismo,
já que
igualmente prega suas convicções em torno de um mártir impalpável e uma crença
comum aos seus adeptos. Tal como o cristianismo, a ufologia atual, tanto
mundo afora, quanto no Brasil, também conserva os seus protestantes,
dissidentes, evangélicos, profetas, negociadores da fé e fazedores de
promessa.
Dessa maneira, em vez de se estudar ou pesquisar os Objetos Voadores Não
Identificados, como deveria ser, o sentido da ufologia foi deturpado –
especialmente no Brasil – e se tornou fonte de renda filosófica para
verdadeiros pastores ou "gurus extraterrestres. Necessariamente, tais
devaneios de ordem esotérica, espiritualista ou mística, jamais deveria
estar associada aos OVNIs da Ufologia, mas acabou por tomar a ufologia
dos OVNIs. Tais gurus estarão sempre voltados a um público eclético
espiritualmente e esperançoso naquilo o que, de fato (queiram ou não), a
ciência ou o bom senso jamais conseguiu provar: a presença
extraterrestre em nosso meio.
Entretanto, a igreja do ET está montada sob diversas tendas
ideológicas, filosóficas e místicas. Bem como o Jesus dos cristãos, o ET
é cultuado por cada fiel “ufológico”, de acordo com as suas
interpretações, expectativas, conveniências e interesses comerciais ou pessoais
interpessoais, tudo em prol de um ou outro
guru, que "raciocina" por todos de seu séquito.
Pepe Chaves
Editor de UFOVIA
pepechaves@gmail.com
07/07/2011
* * *
UFOleaks:
Wikileaks
promete documentos ufológicos*
Em entrevista promovida
pelo The Guardian, Julian Assange diz que
Wikileaks fará
vazamento de documentos que
mencionam OVNIs.

Julian Assange é
procurado pela Interpol em todo o mundo.
Entrevista de um procurado
O site Wikileaks, criado pelo australiano Julian Assange, bagunçou a
diplomacia de Estado norteamericana ao promover o vazamento de documentos oficiais
veiculados entre membros governamentais.
Acusado de estupro na Suécia e procurado pela Interpol, Assange, que se
tornou rapidamente uma celebridade mundial por conta do Wikileakes, se encontra foragido. Ele
nega que tenha cometido qualquer crime, tampouco, de ordem sexual. Ele atribui à
acusação a uma retaliação aos vazamentos que tem promovido e deixado
diversos governos nacionais, em especial, o dos EUA, de “saia justas”
ou “com as calças na mão”, como se diz na gíria brasileira.
No entanto, nesse mundo mágico e interativo da Internet, o fato de uma
pessoa estar sendo procurada pela Polícia Internacional em todo o globo,
não a impede de dar as caras aos internautas. E assim, Julian Assange
surgiu surpreendente na rede mundial nessa sexta-feira (03/12), cujo espectro
digital concedeu uma entrevista promovida pelo jornal britânico “The Guardian”.
Na entrevista, Assange negou as pesadas acusações contra a sua pessoa e
afirmou que, ainda que sofra retaliações desse porte, o Wikileaks
continuará a promover os vazamentos dos mais de 250 mil documentos
oficiais que mantém em
seu poder.
UFOleaks
A novidade ficou por conta do anúncio de vazamento para documentos sobre
Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs).
Durante a
entrevista, um dos internautas quis saber dele se algum dos
documentos tratava de OVNIs e ETs. Segundo ele, sem fornecer
mais detalhes, o site WikiLeaks vai divulgar em breve, relatórios
oficiais de governo que mencionam Objetos Voadores Não Identificados.
“Diversos malucos nos enviam e-mails sobre OVNIs ou sobre como
descobriram que eram o próprio anticristo. Contudo, tais informações não
satisfazem duas de nossas condições de publicação: o documento não pode
ter sido escrito pela própria pessoa; devem ser documentos originais”,
disse, sobre as inúmeras mensagens que recebe de todo o mundo.
Quanto aos OVNIs, “Vale destacar que nas partes do ‘cablegate’ que ainda
não foram publicadas há, sim, referências a OVNIs”, declarou Assange,
sem mencionar sobre a vida extraterrestre.
Mecanismos perpétuos
Ele
também garantiu que, caso sofra algum tipo de ataque ou
violência, determinados mecanismos garantirão a sobrevivência independente do
material que ele dispõem.
De acordo com ele, o Wikileaks foi criado para se perpetuar por si
próprio, “O arquivo do Cable Gate foi espalhado, junto com material
significante dos EUA e de outros países, para mais de 100 mil pessoas,
de forma encriptada. Se alguma coisa acontecer conosco, as partes
fundamentais serão publicadas automaticamente”.
O anúncio de que arquivos oficiais secretos envolvendo OVNIs será
revelado pelo Wikileakes deverá causar forte comoção em muitos
apaixonados pelo tema. Entretanto, conforme já alertamos, muitos
projetos envolvendo OVNIs ou a maioria, pode estar intimamente
relacionada à criação de aeronaves secretas, nas quais são testados
sistemas avançados e fora dos padrões convencionais.
Inclusive, muitos governos criam grandes entidades ufológicas,
destinando pesadas verbas para que se alimente o mito ET. Enquanto isso,
os projetos secretos correm por fora e, para tosos os efeitos "vieram de
outro mundo", pois as entidades "tarimbadas" e seus "peritos" (muitos
deles nem sabem a quem servem, verdadeiramente...) estão sempre prontas
a afirmar que qualquer coisa diferente que passear no céu não é desse
mundo.
Mas,
seja
como for, que venham os UFOleaks ou WikiUFOs...
- Fotomontagem: ilustração de Ícaro Chaves
com imagem de Wikileaks.
Pepe Chaves
Editor de UFOVIA
pepechaves@gmail.com
* COM
INFORMAÇÕES DE 'THE GUARDIAN' (UK).
* * *
Sensacionalismo às avessas:
'Fantástico' diz que desvendou ‘discos
voadores’
Reportagem procurou desmistificar casos
clássicos da ufologia brasileira, mas apresentou só um lado da moeda.
Colocando os OVNIs
em xeque
Com o título de “Fantástico desvenda supostas aparições de
discos voadores”, o programa Fantástico, da Rede Globo, exibido no
domingo, 15/08, procurou desmistificar alguns casos clássicos da
ufologia brasileira.
O gancho para a reportagem, foi a publicação da Portaria
551/GC3, pelo Comando da Aeronáutica no Diário Oficial da União nº 152,
de 10 de agosto, que estabelece o Comando de Defesa Aeroespacial
Brasileira (COMDABRA), sediado em Brasília, como o órgão responsável
pelo recebimento e catalogação dos documentos referentes a fenômenos
aéreos não identificados ocorridos no espaço aéreo brasileiro.
A reportagem anunciou a publicação da Portaria e em seguida
colocou em xeque a existência dos OVNIs, indagando se eles existiriam de
fato e apontado o que seriam fraudes em casos clássicos da ufologia
brasileira, alguns, registrados faz várias décadas.
Os casos apresentados foram: o da Barra da Tijuca (Rio),
quando o fotógrafo da extinta revista ‘O Cruzeiro’, Ed Kéffel alega ter
flagrado em fotografia o voo rasante de um disco voador (1952); a
Operação Prato, alegada pesquisa militar de OVNIs realizada no
interior do Pará (1977); O Caso Varginha, envolvendo suposto
aparecimento, apreensão de ET no Sul de Minas, com direito a autópsia do
mesmo na
UNICAMP (1994) e o caso da Ilha da Trindade, quando o fotógrafo Almiro
Baraúna alega ter tomado fotos de um OVNI que sobrevoara o navio militar em
que ele e outras pessoas se encontravam (1958).
Exagero versus
exagero
Ainda que tenha buscado combater o sensacionalismo e o
exagero (naturalmente presentes nos campos da ufologia) o Fantástico não
deixou de ser sensacionalista, ao tentar desmistificar casos que, em
verdade, são muito mais complexos do que foram apresentados ali,
resumidos em poucos minutos de uma curta reportagem.
Fraudes ou não, todos estes casos apresentados envolvem
diversos detalhes, entre testemunhas, anotações, gravações, imagens etc.
No entanto, o programa alega fraudes de maneira unilateral, apresentando
somente relatos ou alegações (sem prova documental) dos respectivos
céticos que depõem contra estes casos. Afirmar que o Fantástico
“desvendou o mistério dos discos voadores” numa curta reportagem, feita
de maneira polarizada como foi essa, é menosprezar o intelecto, não dos
simpatizantes da ufologia, mas de qualquer telespectador brasileiro que
tenha mais de um neurônio.
De fato, por repetidas oportunidades já publicamos aqui no
portal
UFOVIA diversas denúncias ou procedimentos exagerados que geralmente
ocorrem dentro da comunidade ufológica brasileira, seja por ignorância,
seja por esperteza. Mas, daí, a produzir uma reportagem afirmando que
desvendou o mistério dos discos voadores, acusando fotógrafos falecidos
de fraudadores e não concedendo aos seus representantes legais o mesmo
direito concedido aos acusadores, não é somente um ato de extrema falta
de ética jornalística, mas um ataque à honra dos falecidos. Além disso,
não são fotógrafos e muito menos fotografias da
Operação
Prato (estas, praticamente sem valor ufológico, pois mostram somente
luzes com fundo preto, sem nenhuma referência – por isso mesmo, fáceis
de fraudar) que vão validar ou não a existências dos OVNIs. E, no mais,
a Operação Prato não consiste somente em tais fotografias, de fato
duvidosas, mas numa série de eventos e ocorrências. Sugerir que OVNIs
existam ou não por causa de menos de meia dúzia de casos ocorridos no
Brasil é, no mínimo, um ato de extrema infantilidade
jornalística.
Generalizando o
‘segredo’
Outro grande equívoco dessa reportagem do Fantástico foi
considerar que OVNIs se tratem exclusivamente de objetos voadores de
natureza extraterrestre, mostrando total ignorância e a dimensão de suas
omissões ao abordar o assunto. A reportagem generalizou, quando deveria
informar ao público que existem OVNIs, de natureza diversa e que quase a
totalidade registrada não é de origem extraterrestre - inclusive,
acreditamos, estes, são os que mais interessam à FAB.
Ainda que os casos acerca das fotos de Baraúna e Kéffel
sejam, de fato, objetos verdadeiros e não montagem (como alega a
reportagem), quem poderia assegurar que os mesmos sejam de origem
extraterrestre? O simples fato de que “não conhecemos nada igual”? Da
mesma forma, um selvagem isolado do nosso mundo também não conhece nada
igual a um isqueiro ou a um celular e para ele, com toda certeza, tais
objetos "não identificados" seriam “de outro mundo”. Vã ignorância do
desconhecimento.
Se quisesse mesmo “desvendar o segredo dos discos voadores”
(e duvidamos que conseguiria...), o programa Fantástico, da Rede Globo,
teria que demandar muito mais tempo e deveria ouvir também a outra
parte, para contrabalancear as acusações oferecidas pela reportagem,
diga-se, de maneira verbal e não documental. Além disso, teria que abrir
leques para os milhares de casos ocorridos no Brasil e aos milhões
ocorridos por todo o mundo, pelo menos, para a ínfima parte (centenas de
milhares) que foi registrada ao longo dos últimos séculos. Ao contrário
do que sugere a reportagem, a ufologia não se compõe de uma meia dúzia
de casos, muito menos casos ocorridos no Brasil e baseados em fotos,
como sugere ao telespectador o programa Fantástico. Os meandros desses
assuntos percorrem um intricado de ocorrências bastante complexo,
impossíveis de se dar um veredicto, como foi feito "fantasticamente" em
poucos minutos na tevê.
Sem direito de
respostas
O que foi feito pela reportagem foram acusações
sorrateiras, sem oferecer o respectivo direito de resposta; sem buscar
ouvir a outra parte - ainda que todas as acusações de fraude realmente
procedam do ponto de vista técnico. Também não descartamos tais
possibilidades para alguns dos casos apresentados, é verdade, muita
coisa foi imposta por ufologistas de maneira a se tornar crível diante
aos olhos populares. No entanto, as declarações daqueles que negam estes
casos, apresentadas pelo programa, não passam de meras declarações de
fé, tal como aquele que alega ter visto um disco voador sem apresentar
as devidas comprovações. Foram apresentados pela reportagem somente
pareceres e contradições, bastante superficiais, negando a veracidade
dos casos apresentados.
Ficou no ar o intuito da reportagem: se desmerecer a
publicação da Portaria do Comando da Aeronáutica; fazer um ataque aos
exageros de ufólogos e ufólatras que pululam no Brasil ou simplesmente
arrebatar ibope, abordando – mais uma vez – de maneira sensacionalista
e exagerada (agora pelo lado avesso) o tema “ufologia”.
O Fantástico, mais uma vez, demonstrou o despreparo da
mídia brasileira para abordar ufologia. Sempre ciente que o assunto pode
alterar o ibope, é verdade, mas sempre agindo de maneira omissa – seja
em prol ou contra os ETs. Esta é uma tendência nacional, de se tratar a
ufologia em torno de um véu de “mistérios”, “fraudes” e jamais de uma
maneira puramente informativa ou didática.
Infelizmente, este programa dominical não é exceção e a
ufologia segue sendo mostrada pela maioria das emissoras brasileiras de
maneira irresponsável, quando não cômica e absolutamente superficial. A
maioria das produções, consiste em pegar eteístas (fanáticos ou
alucinados em ETs) para dissertar sobre improváveis teorias envolvendo
discos voadores e ETs; ou faz o contrário: convoca céticos radicais para
negá-los ao peso de suas imposições pseudo-científicas. Não passa disso.
Enquanto o cerne da questão continua inerte.
A confusão dos
OVNIs
Se as autoridades da Aeronáutica baixam uma Portaria
instruindo procedimentos acerca dos OVNIs, decerto, estes devem existir
de alguma maneira. Mas, porque os OVNIs existem, não quer dizer que se
tratem necessariamente de “objetos voadores extraterrestres”.
Diversos outros objetos podem ser avistados e registrados
como OVNIs, desde lixo espacial, passando por precipitações de rochas
siderais (meteoritos), além de astros celestes, aviões clandestinos
(como ocorreu na China, recentemente), aeromodelos e diversos
experimentos – sobretudo, teleguiados, como drones - de origens
desconhecidas às populações. Afora os ETs, tudo isso, que vem do céu é
de alto interesse de nossas autoridades, sobretudo, se navegam em espaço
aéreo nacional.
Dizer que algo avistado no céu, por mais incrível que se
apresente, seja um veículo de uma criatura extraterrestre, é agir como
os antigos selvagens das diferentes plagas terrestres, que entendiam a
Lua, o Sol e outros astros como sendo os seus deuses. É buscar recursos
na crença e não naquilo que pode se configurar, de fato, como realidade.
Do ponto de vista científico, até que se prove o contrário,
a vida extraterreste, se existe, não deu as caras por aqui. No entanto,
o fato de a ciência ainda não ter comprovado tais alegações, também não
invalida que diversas ocorrências vividas por milhões de pessoas
espalhadas pelo mundo ao longo dos tempos, envolvendo fenômenos dessa
natureza, sejam autênticas. Não devemos esquecer que o limiar de nossa
ciência, noutras épocas, já fez muitos homens de bem morrerem queimados,
sob a afirmação então "criminosa" de que a Terra era redonda ou que ela girava em torno do
Sol.
Como dizia o Barão
de Itararé
Acreditamos que muito do incompreensível que envolve a
verdadeira ufologia ainda aguarda por tempos futuros, quando tais
segredos deverão ser devidamente esclarecidos, sem nenhuma imposição ou
exploração da fé alheia, como é feito na atualidade pela maioria dos
difusores do tema. Certamente, até lá,
nossas ciências acadêmicas deverão se encontrar devidamente dotadas de
aparatos que possam discernir à realidade - por mais surrealista que
esta possa se apresentar -, de um ato de mentira, de má-fé, de patologia
ou da busca por ibope fácil.
Cabe lembrar que ainda em meados do século 20, o
espirituoso humorista e jornalista gaúcho Aparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé (1895-1971), já reparara que,
“há algo no céu, além dos aviões de carreira”. E quase um século depois,
a FAB, oficialmente, se atentou a isso.
Yo no creo en los
ETs; pero que los hay, los hay.
Pepe Chaves
Editor de UFOVIA
pepechaves@gmail.com
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