ISS:
a 'maravilha do Espaço'
'A
Terra é o planeta mais adequado do sistema solar. Mas, a menos que a
raça humana
espalhe-se
pelo espaço, duvido que sobreviva aos próximos mil anos'
- Stephen Hawking, físico.
Leia também:
Astronauta fotografa aurora austral da
Estação Espacial
Robonauta não será um “androide sem par”
Órbita da estação é
corrigida para evitar colisão com lixo
Rússia avalia retirar
astronautas da Estação Espacial
Estação espacial poderá ser
abandonada
Nave com cargas para Estação Espacial cai na Sibéria
Nasa autoriza primeiro voo privado à Estação
Espacial
Ônibus espacial: Uma futura velha ferramenta -
Especial
A conquista do espaço
atmosférico
A conquista espacial sempre esteve presente na imaginação
humana. Mesmo antes do desenvolvimento da tecnologia espacial, os
escritores já se arriscavam em seus textos com fantásticas viagens em
naves e foguetes gigantescos.
Primeiramente, Júlio Verne (1828-1905) propôs a Viagem à Lua e depois a
seqüência veio em À roda da Lua. Mais tarde, surgiu o inglês H. G. Wells (1866-1946),
que
escreveu o interessantíssimo A guerra dos Mundos. Mas, o termo
“estação espacial” foi citado pela primeira vez pelo romeno Hermann
Oberth, em 1923, ao imaginar um corpo arredondado, solto no espaço,
acima da superfície do planeta, onde homens fariam uma ponte para
viagens à Lua e Marte.
O cientista Werner Von Braun, que abandonou a Alemanha e
foi para os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, em 1946, e que
mais tarde viria a se tornar o criador do foguete Saturno V, que levou o
homem à Lua em 1969, imaginava estações espaciais gigantescas, onde
populações inteiras poderiam viver produzindo lá tudo o que fosse
necessário à subsistência. A estação desenhada por Von Braun seria
circular, montada no espaço através de vários módulos e teria gravidade
semelhante à da Terra, criada artificialmente através de movimentos
giratórios.
Em tempos mais modernos, o cinema explorou ao máximo a
temática das viagens espaciais e a ocupação do espaço cósmico. Alguns
filmes se tornaram verdadeiros clássicos e podemos citar apenas três dos
mais famosos: 2001 – Uma Odisséia no Espaço, Guerra nas
Estrelas e A Guerra dos Mundos. Na televisão podemos ver até
hoje a consagrada série Jornada nas Estrelas (Star Trek) que,
inclusive, está sendo produzida com novos atores, pelo consagrado
diretor JJ Abrams (com
lançamento
marcado para 2009).
Provavelmente, incentivados pelas extravagantes idéias dos
escritores e cientistas mais antigos, o homem de nosso tempo se propôs a
criar algo semelhante ao sonho daqueles visionários. Com a aceleração do conhecimento sobre os meios de
propulsão, principalmente, após os anos 50 do século passado, começou a
tomar forma a real possibilidade de se ocupar e explorar o espaço próximo à
Terra.
O salto tecnológico foi tão gigantesco que entre o
lançamento, em 1957, do Sputnik 1, o primeiro satélite artificial da
Terra, pela antiga URSS até a descida dos norte-americanos na Lua em 1969, passaram-se
apenas 12 anos.
As primeiras
Estações Espaciais
Dominadores da complexa e caríssima tecnologia de
lançamentos de foguetes à órbita da Terra e mais além, somente a URSS e
os EUA se atreveram a construir estações espaciais permanentes.
A URSS tomou a dianteira e lançou, em 1971, a primeira
estação espacial permanente na órbita da Terra. Denominada Salyut 1
(Saúde), o aparato media aproximadamente 15 metros, com peso de 19
toneladas e área de trabalho pressurizada de 103m³. Foi desenvolvida
para receber em cada lado, módulos complementares, o que dobrou o espaço
útil destinado aos astronautas.
O objetivo principal da Salyut 1 era adquirir tecnologia
para futuras estações de uso civil e militar. A pioneira estação russa foi ocupada inicialmente
por três cosmonautas e ficou marcada na historia da corrida espacial
pelo falecimento de todos os seus ocupantes, ocorrido quando do retorno à Terra,
a bordo da nave
Soyuz 1. Um defeito na válvula de pressão da cabine durante a operação
de descida, despressurizou subitamente o ambiente levando os cosmonautas
à morte por embolia.
Em razão do acidente, a URSS reformulou, ainda na década
de 70, todo o seu programa de exploração espacial, procurando projetar naves
mais seguras para os seus ocupantes. Assim, posteriormente, a série de naves Salyut
colocadas em órbita terrestre seguiu com sucesso, realizando inúmeros
vôos até a estação Salyut de número 7.
O
"confortável" interior da estação russa Salyut 6.
Skylab
Mais ou menos naquele mesmo período inicial dos anos 70, os EUA investiram
pesadamente em seu programa espacial. Além da conquista da Lua e do
lançamento de dezenas de satélites e naves das mais variadas utilidades,
também colocaram em órbita
no ano de 1973, a sua primeira estação espacial, a Skylab (Laboratório
Celeste). Avançada para os padrões da época, a Skylab contava com uma grande área de trabalho (oficina/laboratório), um
módulo pressurizado que permitia o labor no espaço exterior da estação,
docas para acoplagem de outras naves e um telescópio para observações
astronômicas. O transporte das tripulações de astronautas foi feito
pelas naves Apollo. A permanência média das equipes em órbita era de 112
dias e visava, principalmente, testar a resistência do corpo humano em
viagens espaciais e permanência no espaço por longa duração.
Depois de ser ocupada por três tripulações, a Skylab foi
abandonada no espaço, após sofrer avarias em razão de uma intensa tempestade
solar que enfrentou. Afetada em sua órbita original e sem manutenção, a Skylab
reentrou na atmosfera da Terra em 1979 e foi consumida pelo atrito, caindo
algumas partes maiores em território da Austrália.
A drástica queda da Skylab parece que arrefeceu o interesse
norte-americano pelas estações espaciais. Ao contrário, os soviéticos, em
1986, colocaram em órbita outra estação espacial. Com o nome de Mir,
esta contava com novo desenho, qualidade técnica muito superior às
antigas estações e uma série de inovações que demonstravam claramente a
superioridade russa no que se refere às estações espaciais.
A nova estação soviética foi dividida em partes como alojamentos,
cozinha, banheiro, área de despejo, dois módulos para experimentos
científicos na área biológica, enquanto outro compartimento estocava os
combustíveis e os motores do complexo orbital.
Além de espaços reservados para acoplamento de outros
módulos de expansão, ainda era dotada de docas para receber naves
visitantes como as cargueiras Progress, as modernizadas Soyuz (de
transporte de astronautas) e até os ônibus espaciais norte-americanos
que, por algumas vezes, visitaram a estação. Em razão de sérias avarias
causadas pelo choque de uma nave de carga Progress e um incêndio
ocorrido a bordo, a Mir foi abandonada e reentrou na atmosfera da Terra
no ano de 2001, quando foi destruída pelo atrito nas camadas superiores.
1) Modelo da
estação espacial sonhada por Von Braun
2)
Estação russa Salyut 7
3)
Estação Skylab, dos EUA
4) Estação russa
Mir, com seus módulos acoplados
Estação Espacial
Internacional, o sonho
Na época, a criação da Estação Espacial Internacional ou International Space Station (ISS) foi a
mais ambiciosa, dispendiosa e desafiadora experiência humana, onde se juntou
um esforço científico e tecnológico jamais despendido noutro empreendimento em comum. A ISS foi projetada para atuar como um
posto avançado de estudo do comportamento humano sob a microgravidade, condição essencial para futuras expedições humanas ao
espaço profundo. A estação internacional é considerada a maior obra da
engenharia humana criada em órbita terrestre. Tudo isso e muito mais,
ainda é pouco para expressar a complexidade e a grandiosidade do projeto
de construção da ISS.
Aqui na Terra, o corte expressivo feito pelo Congresso
norte-americano nas verbas da Nasa sepultou de vez a intenção de o país
levar adiante o projeto de sua nova estação espacial, a Freedom. Some-se
a isso que, com o fim da União Soviética (URRS) e a conseqüente crise
econômica desencadeada, a Rússia se tornou uma nação autônoma e
imediatamente
levou à paralisação os seus investimentos em estações espaciais permanentes.
Todos esses acontecimentos se tornaram extremamente
onerosos para a criação de um projeto de estação espacial bancado
por apenas um país. A solução encontrada foi a associação dos EUA com a
Rússia e mais outros 14 países para, juntos, levarem adiante o sonho de
se construir em órbita terrestre a Estação Espacial Internacional.
O custo total da construção foi calculado inicialmente em
US$ 50 bilhões, divididos entre os EUA que arcaria com 50% do
valor, à Rússia caberia 30% e o restante, seria rateado entre os demais
países signatários do acordo.
Mas o atraso de três anos na construção, devido ao acidente
com o ônibus espacial Colúmbia, em fevereiro de 2003, a criação de novos
equipamentos e algumas alterações no projeto inicial nesse intervalo,
elevaram o custo da ISS para astronômicos US$ 100 bilhões.
A construção foi iniciada com o lançamento do módulo Zarya,
no dia 20/11/1998, colocado em órbita terrestre pelo foguete Próton-K,
ambos de fabricação russa, seguido pelo módulo americano Unity, em
04/12/1998, levado pelo ônibus espacial Endeavour.
Com a suspensão dos vôos dos ônibus espaciais, os
componentes mais pesados da ISS deixaram de ser lançados, atrasando
ainda mais o cronograma inicial. Com isto, o término da montagem da
estação foi adiado para o ano de 2010.
O início da ISS
Quando da assinatura do acordo para a construção da ISS, os
EUA com os seus ônibus espaciais e a Rússia com o seu foguete Próton, assumiram
totalmente a responsabilidade de colocar em órbita os componentes para a
montagem da estação.
A substituição periódica das tripulações da ISS ficou
dividida entre os EUA, através dos ônibus espaciais e a Rússia, com as
naves Soyuz. No período de impedimento dos vôos dos ônibus espaciais, a
Rússia assumiu os trabalhos de troca das tripulações. Para tanto, usou
então as já modernizadas naves Soyuz TMA.
O Brasil foi convidado a participar do empreendimento
e chegou a firmar uma parceria através da Agência Espacial Brasileira (AEB)
para o fornecimento de seis peças para o projeto, entre elas, uma janela e suportes
de câmeras especiais para fotografar a superfície terrestre.
O custo da participação brasileira seria da ordem de US$ 100 milhões, mas, segundo informações,
o país foi incapaz de produzir as peças assumidas. Quanto à
continuidade ou não do Brasil nesse empreendimento, não há decisão oficial
anunciada, mas, provavelmente, o país já se encontra excluído do projeto.
1) Passo inicial:
módulo russo Zarya em órbita – novembro/1998.
2) Módulos Zarya
(Rússia) e Unity (EUA) já acoplados – dezembro/1998.
Objetivos
principais da ISS
A ISS será usada basicamente para execução de pesquisas científicas em
um ambiente de microgravidade. Dentre os tipos de pesquisas passíveis de
estudo naquele ambiente, podemos destacar:
- Estudo das reações de organismos vivos durante
prolongados períodos de exposição à microgravidade, visando futuras
viagens espaciais a outros planetas do sistema Solar e a ocupação do
espaço físico próximo à Terra com grandes colônias humanas;
- Observação privilegiada dos planetas do sistema solar, galáxias, do Sol, de outras estrelas e do espaço exterior, sem a interferência da
atmosfera terrestre;
- Pesquisa do comportamento de materiais, vegetais e
animais diversos em ambiente com gravidade reduzida;
- Desenvolvimento da pesquisa nas áreas diversas de
engenharia, com destaque para a espacial e de materiais;
- Criação de novos medicamentos, tarefa esta muito
facilitada em ambientes com microgravidade;
- Exposição de materiais e outros experimentos diretamente
ao ambiente espacial, usando as plataformas externas dos módulos de
laboratórios;
- Pesquisas meteorológicas com desenvolvimento de novas
técnicas de previsão do tempo, beneficiando a população da Terra como um
todo; tanto na área de prevenção de catástrofes, como na agricultura;
- Desenvolvimento da cartografia e aprimoramento cada vez
maior dos mapas terrestres, facilitando a navegação e os transportes;
- Desenvolvimento de novas tecnologias na área de
comunicação com satélites e naves espaciais. Aprimoramento do sistema de
transferência de dados;
- Grande avanço na área de astronomia, pois as observações
do espaço serão enormemente facilitadas sem a interferência da
problemática perturbação causada pela atmosfera terrestre;
- Serão centenas de oportunidades em pesquisas que se
abrirão quando a ISS estiver totalmente concluída;
- Não se esgotam as utilidades da ISS. Poderá o complexo
orbital servir como refúgio de astronautas e outros trabalhadores do
espaço, em caso de acidentes com suas naves nas periferias terrestres.
1) Foguete Russo Proton sendo lançado.
2) Ônibus espacial
norte-americano, pronto para decolagem.
Suporte à vida e
ao trabalho
Suprimentos
A tripulação da ISS necessita diariamente para
desenvolvimento das tarefas programadas, de suprimentos essenciais à vida
dos astronautas e à manutenção dos equipamentos essenciais da estação.
Desta forma, itens
prioritários como, comida, água, oxigênio, nitrogênio, medicamentos,
combustíveis, roupas, além de itens de higiene em geral, são levados às
tripulações, em sua maior parte, através do cargueiro espacial russo Progress.
Os ônibus espaciais, apesar de fazer vôos menos periódicos,
também atendem à ISS quanto ao transporte de suprimentos básicos, além de participar ativamente da construção da estação
espacial.
A ISS ainda conta com dois veículos de cargas para
abastecimento: o cargueiro espacial Julio Verne, da Agência
Espacial Européia (ESA), já utilizado com sucesso e Hope Transfer Vehicle, da Agência Espacial Japonesa (JAXA), que se encontra em fase final de construção. Estes dois cargueiros se revezarão
no transporte de tudo o que for necessário aos astronautas da ISS, exceto
combustíveis.
Essas naves de auxílio são utilizadas também para retirada
do lixo espacial acumulado na ISS. Os cargueiros espaciais não são
reutilizáveis sendo, portanto, destruídos ainda na alta atmosfera,
quando de suas reentradas à Terra, a exemplo do que ocorreu recentemente
com o primeiro Julio Verne.
Emergências
Em caso de necessidade de evacuação da ISS por problemas
como, doença dos astronautas, incêndio a bordo ou algum dano que torne a
estação ameaçada, a tripulação pode contar sempre uma nave russa Soyuz,
colocada à
disposição para atender a tais casos. Ela se encontra acoplada e preparada para utilização dos
tripulantes, em possíveis situações de emergência.
Atualmente, a Nasa constrói a nova nave de resgate, X-38,
capaz de transportar até sete pessoas. Em breve, ela estará à
disposição da ISS para os casos em que a tripulação possa correr
riscos ou que necessite de ajuda urgente.
Propulsão
A ISS gira em torno da Terra em órbitas que variam de 330 a
360 quilômetros de altitude, podendo atingir os 460 quilômetros. Ainda
assim, ela sofre perda de altitude em razão do arrasto causado pela fina
atmosfera terrestre e as atividades solares. Esses fatores reduzem a
velocidade da estação e causam uma constante queda em sua altitude, da ordem de
100 a 150 metros por dia. Para reparar essa perda diária de altitude, é necessário
corrigir, constantemente, a sua órbita.
As correções orbitais da ISS são
feitas com os propulsores fixados nos módulos de comando e de serviço.
Cada vez que são acionados os propulsores, a estação é "expelida" para
longe da Terra, buscando a altitude ideal. Atualmente, a maioria das correções está sendo efetuada com a utilização
do cargueiro espacial russo Progress, através do acionamento de seus
motores por curtos períodos. Recentemente, o novo cargueiro espacial
Julio Verne, da Agência Espacial Européia (ESA), em seu primeiro vôo à
estação espacial, também teve sua potência utilizada na correção de
órbita da ISS.
Navegação
Para manter seu curso no espaço, a ISS precisa se informar
sobre sua localização e outros objetos em órbita, sobretudo, satélites.
Para isso, a estação conta com equipamentos GPS russos e norte-americanos.
Para obter informações sobre a altitude, diversos giroscópios atuam em
conjunto, fornecendo todas as coordenadas necessárias.
Todo o conjunto de dados e informações é utilizado para
dar condições à estação de se mover de um ponto a outro no espaço,
com a
máxima segurança.
A
nave de carga russa Progress e o Cargueiro espacial Júlio Verne
Comunicações
O complexo orbital possui um sofisticado sistema de
comunicação. A necessidade freqüente de contato com as bases de controle
na Terra e a comunicação interna entre os astronautas, dentro e fora da
estação, é coordenada por dois sistemas:
- S-Band – arquivos de voz, comandos, telemetria e dados.
- Ku-Band – transferência de vídeos e dados em via dupla de
utilização.
O Subsistema Interno de Áudio (IAS) é responsável pela
comunicação interna, telefônica e as comunicações com os diversos
módulos da estação. O IAS também é conectado à ultra-alta-freqüência
(UHF) para realizar conversas entre os astronautas que se encontram fora da estação. Conectores
externos permitem contato com naves norte-americanas ou russas, quando
de seus acoplamentos nas docas próprias. Para completar o item
comunicação, a ISS ainda conta com o sistema de áudio russo e o sistema de
dados em vídeos (VDS).
Energia
Os equipamentos de bordo da ISS são movidos a energia
elétrica. Para captar toda a energia necessária para a manutenção da
estação, são utilizadas 16 placas solares, estrategicamente distribuídas
no corpo da nave, além de outras seis placas instaladas no módulo russo. Em
conjunto, essas placas perfazem uma área de captação de energia solar
igual a 3.000m².
A energia gerada pelas placas solares é da ordem de 160kw. A energia é encaminhada primeiramente para abastecimento da
bateria principal, que é utilizada quando a ISS passa pela sombra da
Terra durante cada órbita.
Computadores
Para controle dos equipamentos da ISS são utilizados
dezenas de computadores. A previsão final é que mais de 100 computadores
de todos os tipos estarão interligados e em funcionamento até o final
dos trabalhos de montagem.
Para cumprir as tarefas e operações gerais da ISS, diversos
itens exigem a precisão de computadores de última geração, entre eles:
- Gerenciar os vôos e as acoplagens das diversas naves em
trânsito;
- Monitorar constantemente a altitude da ISS e os sistemas
de propulsão para a correção de órbita;
- Gerenciar o funcionamento de centenas de instrumentos
científicos que integram a estação;
- Controlar os braços robóticos nas tarefas externas
relacionadas a cargas e montagem de módulos;
- Comandar as comunicações de áudio e vídeo entre a estação
e as bases na Terra;
- Monitorar as comunicações entre a tripulação e os
visitantes;
- Manter em funcionamento ininterrupto os sistemas de
alerta;
- Armazenar dados das pesquisas e transferir para arquivos
seguros em Terra.
Água
Á água é muito importante dentro da ISS. O abastecimento é
feito constantemente, através dos cargueiros espaciais e do ônibus espacial. No
entanto, é colocado em prática um rigoroso sistema de
reciclagem da água consumida na ISS. Toda a água consumida nas pias, nos banhos, nos
experimentos e até mesmo a urina dos tripulantes é reciclada pelo sistema de recuperação e
administração instalado na ISS.
Atmosfera interna
Existe também um severo controle da
atmosfera dentro da estação. Para que a atmosfera ambiente se mantenha
relativamente igual à da Terra, é necessário uma série de sistemas de
controle acerca da mistura ideal de nitrogênio, oxigênio e outros gases
em pequena quantidade, todos, enviados da Terra.
Temperatura
Um conjunto especial para o controle da temperatura da estação
está em constante funcionamento, não permitindo acelerações bruscas quando
a estação se encontra exposta ao Sol e nem baixas, quando ela adentra a
área de penumbra da Terra.
Cardápio
O cardápio espacial está hoje muito mais apetitoso que
antes. Se no início dos vôos os astronautas se contentavam em comer
pastas alimentícias acondicionadas em tubos iguais aos de creme dental,
atualmente, este problema foi superado. A alimentação agora é a mais
variada possível, incluindo carnes, cereais, legumes, frutas e até
massas. Tudo isso, devidamente desidratado por processo de liofilização
alimentícia.
Na cozinha, a comida fica armazenada no compartimento de
estocagem de alimentos. O local abriga a área de preparação de
alimentos, mesas para refeições e bandejas especiais de metal, para
evitar
que os pacotes com os alimentos flutuem no ambiente de microgravidade.
Curiosidades da
vida em órbita
O simples ato de dormir é bastante complicado em um
ambiente praticamente sem gravidade. A solução encontrada foi a criação
de sacos de dormir fixados às paredes da estação, tal como verdadeiros casulos.
Neles, os astronautas entram, usam um fecho de segurança e se penduram
junto a um anteparo, evitando que saiam flutuando.
Quando ocorre algum trabalho que exija posição estática do
astronauta em um local interno, a estação possui alças especiais
que são estrategicamente fixadas, onde os pés são presos, evitando assim, o
incômodo da microgravidade.
Submetidos à fraca gravidade por longos períodos, os
astronautas perdem massa muscular, os ossos enfraquecem e a quantidade
de sangue no corpo diminui. Assim, o coração trabalha mais lentamente,
correndo o risco de sofrer atrofias, como já acontece com os músculos.
Para maior segurança, detectores de fumaça estão instalados
dentro de cada módulo e de cada equipamento elétrico da estação
espacial. A qualquer sinal de incêndio, luzes de alerta são acesas
automaticamente e aparelhos individuais de respiração são disponibilizados
a todos.
Pode-se dizer que, dentro da ISS, os astronautas correm riscos diariamente. Na
altitude de operação da estação, partículas menores que grãos de areia
são bastante comuns e perigosas quando soltas no espaço. Deslocando-se a
velocidades altíssimas, pode ocorrer de essas partículas perfurar algum
equipamento essencial, desencadeando situações bastante graves.
Quanto às dimensões da ISS, podemos dar um exemplo de um
torcedor sentado na arquibancada do Mineirão ou do Maracanã, olhando para o gramado. Se lá
fosse colocada, a Estação Espacial Internacional ocuparia todo o espaço de um gol a outro e a
largura do campo seria insuficiente para acomodá-la. A ISS tem pouco mais de 100
metros de extensão, por mais de 80 de largura.
As despesas para a manutenção da ISS são muito altas. Em razão disso,
foram autorizados vôos para turistas espaciais civis, com custo unitário de
US$ 35 milhões a passagem. E a fila de espera dos interessados já se torna cada dia
maior.
Quando estiver concluída e com sua tripulação completa de sete
astronautas, segundo estimativas dos especialistas do projeto, a estação
ainda terá espaço ocioso. Este espaço será oferecido à
iniciativa privada, que poderá utilizá-lo em experiências científicas,
estudos diversos e para a criação de novos materiais e produtos em ambiente de microgravidade.
INFORMAÇÕES
RESUMIDAS SOBRE OS PRINCIPAIS MÓDULOS DA ESTAÇÃO ESPACIAL:
Principais Componentes |
Procedência |
Peso (kg) |
Utilização |
Módulo Zarya |
Rússia |
19.323 |
Gera energia,
possui sistema de propulsão. Atualmente estoca combustíveis. Foi o
primeiro módulo lançado para a construção da ISS. |
Módulo Unity |
EUA |
11.612 |
Une a parte
Russa com a norte-americana. Possui pontos para instalação de outros módulos. |
Módulo Zvezda |
Rússia |
19.051 |
Área habitável
e ponto de acoplagem de espaçonaves. |
Módulo Destiny |
EUA |
14.515 |
Principal
módulo de apoio científico e residência para astronautas. |
Módulo Quest |
EUA |
6.064 |
Câmara de
despressurização para caminhadas espaciais |
PIRS –
Câmara de Descompressão
|
Rússia |
3.630 |
Local adicional
para acoplagem de naves russas, dotado de câmara de descompressão. |
Harmony |
EUA |
13.608 |
Conector de
módulos da ISS. Gera eletricidade e serve de conexão de dados entre
computadores |
Columbus |
ESA |
12.800 |
Laboratório
científico para experiências nas áreas de ciência dos fluidos,
fisiologia e laboratório de experimentos biológicos. Servirá de
depósito de equipamentos para experiências científicas. |
Módulo de
Experiências Japonês – Kibô |
Japão |
20.100 |
Laboratório
científico japonês, desenvolvido pela JAXA e composto de 4 módulos: a) Módulo pressurizado;
b) Complexo exposto (terraço); c) Módulo de experiência; d) Sistema do
manipulador remoto (braço robótico), que conta com o maior robô
espacial já construído. Este robô possui dois braços extremamente
flexíveis que podem executar tarefas nos locais de mais difícil
acesso e nas mais delicadas situações. Compõe ainda o módulo, um
laboratório para experimentos internos que pode ser usado como
armazém para materiais e equipamentos. Esse módulo leva ao espaço
uma inusitada plataforma externa onde os materiais podem ser
expostos diretamente aos raios cósmicos, sendo manuseados pelos
braços robótico de multifunções. |
Módulo de
Pesquisa |
Rússia |
Não informado |
Pesquisa e
desenvolvimento científico. |
Módulo de
Suporte
Ambiental |
EUA |
14.311 |
Suporte
ambiental. Reciclagem de água, geração de Oxigênio e quatro docas de
acoplagem de naves. |
Cúpula |
Itália |
1.880 |
Observatório
para checar as operações dos braços robóticos canadenses, acompanhar
atracagem de espaçonave e inspecionar suas áreas de carga. Será o último
equipamento a ser instalado na estação espacial.
|
Laboratório
Multi-funcional |
Rússia |
21.300 |
Principal
módulo de pesquisas russo na ISS. Uso em experiências científicas, docagem de naves e visualização das áreas externas de trabalho. |
Módulo de
Logística
Multifuncional |
EUA |
4.082 |
Transporte,
carga pressurizada e retorno à Terra com experimentos concluídos.
Serão três módulos: Leonardo, Rafaello e Donatello, com capacidade de
carga de até 10.000kg cada um. |
Braço Robótico
+
Sistema de base Móvel
|
Canadá |
6.349 |
Uso na
manipulação das estruturas de montagem da ISS, manuseio de cargas de
até 11.600kg e auxílio aos astronautas em torno da estação
espacial. |
Braço Robótico
Europeu |
ESA |
Não informado |
Instalação e
deslocamento de equipamentos ao longo da ISS, inspeções
regulares da
parte
exterior do complexo orbital. |
Além dos componentes
acima descritos, quando da montagem da ISS em órbita, foram utilizados
elementos chamados TRUSS (andaimes e suportes) que formam o esqueleto da
estação. Eles trazem encaixes especiais para diversos tipos de equipamentos,
inclusive, para fixação dos gigantescos painéis solares. Tudo isto foi levado à
órbita terrestre, através dos ônibus espaciais norte-americanos,
totalizando 10 lançamentos e um peso bruto de 137 toneladas em órbita.
A ISS em números - após sua conclusão:
- Peso total: 454
toneladas.
- Comprimento: 108,5
metros.
- Largura (com os
módulos complementares): 88,4 metros.
- Painéis solares: 16
placas de 33 metros cada, mais seis placas no módulo russo.
Zarya, totalizando
uma área de captação de energia solar de 3.000m².
- Energia gerada
pelos painéis solares: 160 kw.
- Área pressurizada:
4.500m³.
- Computadores a
bordo: 100 unidades.
- Órbita de operação:
altitude entre 330 e 360 quilômetros, podendo atingir 460 quilômetros.
- Velocidade de
deslocamento: 27.685 km/hora.
- Número de órbitas
por dia: 15,7.
- Tripulação
permanente: sete astronautas.
- Primeira
tripulação: três astronautas, em 30/10/2000.
- Total de viagens ao
espaço para a construção: 50, sendo, 39 dos ônibus espaciais
norte-americanos e o restante com foguetes da Rússia.
- Total de pessoas envolvidas
direta e indiretamente na construção da ISS: 100.000.
- Custo total
previsto: US$ 100 bilhões.
ISS em
outubro/2008 e a estação concluída, em simulação feita pela Nasa.
Alerta final
Com previsão para o
término dos serviços de montagem em 2010, a plataforma
orbital já adquire suas formas finais, previstas no projeto bilionário.
Todo o esforço científico e tecnológico foi colocado à disposição de um
grupo de visionários engenheiros para levar adiante, e com sucesso, o ambicioso
programa que deverá ser plenamente recompensado.
Situada a 360 quilômetros de
altura, oferecendo 4.500m³ de área pressurizada aos seus astronautas e um ambiente de microgravidade sem igual para o desenvolvimento de experimentos
aplicados nas mais diversas áreas do conhecimento técnico, certamente, a ISS estará inaugurando uma nova era
de desenvolvimentos ímpares em nosso planeta.
Esperamos que a
“Maravilha do Espaço” seja utilizada somente dentro de seus propósitos
científicos e tecnológicos e jamais para outros fins que não sejam
comuns à humanidade. Temos convicção que o complexo orbital será, sem
dúvida, uma plataforma avançada para que o ser humano inicie, a
partir de lá, a conquista de outros orbes espaciais.
No entanto, para que
tudo isto ocorra perfeitamente, é necessário que a humanidade se conscientize e
passe por mudanças profundas no seu modo de pensar e agir aqui em baixo,
para que lá em cima, pessoas trabalharem em prol deste nosso tão castigado
planeta.
Colocada em sua
órbita de observação espacial, a ISS pode se transformar, quem sabe, em
um elo entre o nosso planeta e outras civilizações oriundas da imensidão
do Universo que, quiçá, para tanto, aguardam o nosso devido amadurecimento cósmico. Ou talvez, a
estação espacial, em suas órbitas alheias ao nosso mundo, seja apenas
uma triste testemunha da destruição total de nosso frágil e pequeno
mundo azul.
Tudo depende do
homem.
*
Cyro de Freitas é administrador e
pesquisador em Astronomia e Astronáutica. É colaborador do jornal
Via Fanzine.
-
E-mail de contato:
Cyro.bhz@terra.com.br.
- Com
informações e imagens cedidas por:
Indicações do
autor:
-
Veja onde a ISS está agora – rastreamento em tempo real:
http://spaceflight.nasa.gov/realdata/tracking/index.html
-
Faça uma viagem ao interior da ISS – clique abaixo:
http://www.nasa.gov/externalflash/ISSRG/
-
Vídeo (em inglês) mostra partes da ISS em 2006:
http://br.youtube.com/watch?v=YbRU3VOr0rU
-
Galeria de fotos da estação pioneira Salyut:
http://www.astronautix.com/gallery/psalyut.htm
-
Colaborou:
J. Ildefonso
P. de Souza.
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do pronunciamento da Tripulação 27 da ISS
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Espacial comemorou a ‘Yuri’s Night’
-
Produção:
Pepe Chaves.
* * *
Estação Espacial:
Astronautas da ISS
fazem brinde com urina reciclada
A urina foi
reciclada por uma máquina que custa US$ 250 milhões, batizada de Water
Recovery System.*
Os astronautas da ISS (Estação Espacial Internacional, em
inglês) brindaram à saúde bebendo, pela primeira vez, urina reciclada a
bordo do complexo. "A missão de controle da Nasa [agência espacial dos
EUA] autorizou a equipe de astronautas da Expedição 19 a beber a água
purificada pelo novo sistema de reciclagem da estação", afirma um
comunicado da agência.
A urina foi reciclada por uma máquina que custa US$ 250
milhões, batizada de "Water Recovery System" (Sistema de Recuperação da
Água), que já havia sido reparada e reinstalada. Cerca de 20 litros de
urina reciclada foram trazidos à Terra em novembro do ano passado para
análise.
"As análises mostraram que a água era saudável e potável",
segundo a Nasa, que autorizou o consumo, depois da verificação de uma
válvula da máquina. A reciclagem da água era essencial para duplicar a
capacidade de hospedagem da ISS, que chegará a seis ocupantes
permanentes. A máquina permite reciclar 6,8 toneladas de água potável
por ano.
"Este é o tipo de tecnologia que nos levará à Lua e até
mais longe", afirmou o astronauta americano Mike Barratt, depois de
brindar com os companheiros de ISS, o comandante russo Guennadi Padaka e
o japonês Koichi Wakata.
* Informações da France Presse, em
Washington.
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