Brasil Antigo

 

 Vestígios:

Houve uma escrita primitiva no Brasil? - PARTE 2

Dentre os registros em pedra vamos encontrar uma variedade de motivos e, muito mais do que isto, além de desenhos de figuras zoomorfas, antropomorfas, sóis, cometas e objetos desconhecidos, outras manifestações que se assemelham a caracteres de uma escrita.

 

  Por J. A. FONSECA*

De Itaúna-MG

Abril/2015

jafonseca1@hotmail.com

 

Inscrições encontradas em um gruta de São Tomé das Letras-MG.

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Dando continuidade à nossa exposição anterior, queremos destacar outras evidências significativas a respeito das inscrições rupestres brasileiras e mostrar a forte relação que estas apresentam se comparadas a caracteres de antigos alfabetos. A sua sequência aparentemente lógica, em muitos casos, pois se tratam de conjuntos mais ou menos coesos e não demonstrações esporádicas, aqui e acolá, levam-nos a pensar que venha tratar-se de um contexto especifico, uma idéia que se pretendeu memorizar.

 

Pergunta-se: Por que resistimos tanto em aceitar uma hipótese de que caracteres como estes possam estar relacionadas a uma escrita primitiva, dada a sua semelhança com alfabetos antigos? Por que uma escrita assim não poderia ter existido no Brasil?

 

Muitos signos dispersos podem ser encontrados nas Itacoatiaras brasileiras, gravadas deliberadamente por grupos que viveram nestas regiões e muitos destes apresentam características peculiares, enquanto que outros se tratam de ideogramas complexos; muitos outros, entretanto, apresentam garatujas estranhas e incompreensíveis para o nosso entendimento. Fatos como estes nos impedem de buscar um raciocínio linear, simples, no sentido de que todos eles estejam relacionados a grupos silvícolas primitivos que os gravaram aleatoriamente e sem intenção de transmitir qualquer coisa mais sofisticada do que os acontecimentos de sua vida comum.

 

Quando analisamos esse grupo de caracteres mais complexo somos envolvidos de uma espécie de incapacidade intelectual de assimilar-lhes o sentido e, em muitos casos, tendemos a buscar o caminho mais fácil de entendimento, atribuindo-os a povos sem discernimento e que se tratem mesmo de garatujas sem sentido. Porém, a força que muitos destes apresentam impede que continuemos persistindo nestas análises superficiais e emotivas, porque nos mostram semelhanças estranhas a algo que já conhecemos, aguçando os enigmas de uma presença tão incógnita nas antigas terras do Brasil. Nossas perspectivas caem por terra uma a uma, e mesmo que queiramos definitivamente encerrar o assunto e reunir todas estas enigmáticas inscrições brasileiras no saco profundo das possibilidades meramente históricas que determinamos para elas, como se estivessem ligadas a uma mesma origem, ainda assim aquelas de caráter mais peculiar continuariam a exibir sua face de estranheza e permaneceriam inexplicáveis e incompreendidas, apesar de totalmente ignoradas pelos estudiosos.

 

É nosso pensamento que a história do Brasil precisa ser divida em partes para o seu devido entendimento, pois temos variações notórias nas manifestações primitivas em relação aos ‘escritos’ gravados em pedra e aos ‘interesses’ de seus autores. A nosso ver existem três possibilidades de origem das gravações rupestres encontradas no Brasil:

 

1. Uma de caráter mais simples que pode estar relacionada a povos bem primitivos e que gravaram em pedra riscos sequenciais, mãos carimbadas, animais, pessoas e outros objetos mal definidos, sem nenhuma sofisticação e nenhuma preocupação intelectual específica;

 

2. Uma outra de caráter mais notável, com desenhos e signos mais bem trabalhados, animais, pessoas e objetos de uso, com melhores perspectivas e justaposição de caracteres isolados e esporádicos que passam a fazer parte do conjunto representado;

 

3. Um grupo mais sofisticado, constituído de figuras, caracteres, ideogramas e modelos mais bem elaborados, com reprodução primorosa em muitos casos, rico acabamento, o qual não poderia ter sido feito sem uma instrução predeterminada e interesses bem mais complexos, não podendo, por isto, estar ligado a nenhum dos dois anteriormente mencionados. 

 

A estes últimos é que estamos dando destaque neste nosso trabalho e mostrando sem subterfúgios o seu poder de convencimento, mesmo que não estejamos imbuídos de boa vontade para aceitá-los como tal. Pode-se notar que é muito forte a sua presença e muito firme o seu simbolismo, não nos deixando alternativas de tentar pelo menos elevá-los a uma classe de elementos ”diferentes” no contexto histórico do Brasil, além de serem, de fato, de difícil compreensão.           

 

Em geral, aos autores destas inscrições são atribuídas explicações variadas, dentre as quais, destacamos:

 

1.  Alguns estudiosos chegaram a considerá-las como se se tratassem de sulcos naturais, cavados nos rochedos por obra da natureza: o calor, o vento, a chuva, etc.

 

2.  Outros pensam que se tratam exclusivamente de garatujas sem nexo, feitas por aborígines do mesmo grupo dos que foram encontrados nestas terras, quando de seu descobrimento.

 

3.  Outros, em menor número, pensam tratar-se de signos de uma escrita que teriam sido feitos por povos que aportaram nestas terras em tempos longínquos.

 

4.  Outros, em menor número ainda, pensam tratar-se (os mais bem elaborados e de caráter mais sofisticado) de uma escrita genuinamente brasileira de povos que teriam vivido aqui há muitos milênios e, dos quais, os indígenas que aqui permaneceram seriam apenas uma espécie de raça degenerada destes antigos habitantes.

 

Em se tratando do primeiro caso não é necessário dizer muita coisa, bastando apenas dar uma olhada em alguns destes caracteres encontrados de norte a sul de nosso país para concluir-se que não poderiam tratar-se jamais de sulcos naturais e sem um propósito determinado.

 

No segundo caso, tivemos alguns estudiosos que asseguraram que estas inscrições de tratavam de “trabalhos” grosseiros dos primórdios de uma raça bem primitiva, sem se atentarem para o grau de dificuldade que pode ser encontrada em uma grande quantidade destas inscrições e semelhanças que guardam com muitas escritas de povos que as sucederam. Não nos deteremos aqui para comprovar que tais afirmações carecem de zelo e estudo mais pormenorizado, uma vez que, como veremos adiante, existe uma infinidade de registros em pedras que fogem a qualquer tentativa de explicá-los de forma linear ou mesmo generalizada, como é o caso deste grupo.

 

No terceiro caso, face à semelhança de muitos destes caracteres a alfabetos de povos civilizados, pensam muitos se tratarem de escrita de navegadores que aqui aportaram ocasionalmente e teriam registrado nas pedras suas impressões e marcas de sua passagem por estas terras, notadamente os povos fenícios, hebreus, gregos, hititas e latinos. Diante de muitas semelhanças observadas, especialmente no norte e nordeste, não poderíamos descartar tal hipótese tão rapidamente, especialmente quando estudiosos brasileiros se detiveram longamente neste estudo, como Bernardo Ramos, por exemplo, e deixaram obras de elevado valor histórico e de pesquisa. No entanto, caso venha comprovar-se que estes “escritos” em pedras brasileiras tenham uma idade bem mais remota, além de 10000 anos por hipótese, teremos que reconsiderar os estudos já feitos, tendo-se por suporte inexorável que em tais épocas estes povos civilizados que teriam sido seus autores sequer existiam.

                    

No quarto caso queremos nos estender um pouco mais na sua avaliação, pois também somos partidários de que grande parte destes caracteres esteja relacionada a uma língua primitiva de caráter universal, uma vez que existem muitos caracteres semelhantes aos de outros povos e, especialmente, com a enigmática “escrita” de Glozel, que já destacamos no artigo anterior.

                                                                                       

 

Tabela com os signos de Glozel e numeração de referência (ver tabela no artigo anterior), comparada aos estudos feitos em quatro regiões brasileiras.

 

Neste sentido, queremos mostrar quatro outros “documentos” históricos de caracteres brasileiros, que apresentam uma inacreditável semelhança com estes signos que foram encontrados na França e já alvo de nossos estudos comparativos. O primeiro que queremos destacar é o da Pedra de Picuí ou Retumba, na Paraíba, nome este dado em homenagem ao engenheiro paraibano Francisco Retumba que preservou seu conteúdo para estudos posteriores, através de uma reprodução de suas inscrições da forma mais fiel possível. Atitudes como esta, nos dias de hoje, são raras e merecem grande louvor, pois foi por causa deste ato de elevado sentido cultural e de respeito pela história, que pudemos conhecer um pouco da complexidade de seus signos de caráter profundamente abstrato e desconhecido,

 

Analisando-os detidamente, tem-se a impressão de que seus criadores quiseram representar o céu estrelado e suas constelações ou uma escrita cosmogônica. Suas inscrições são constituídas de símbolos variados, alguns de difícil compreensão, como podem ser vistos na ilustração que aqui anexamos. Em geral, apresentam uma variedade de cruzes, círculos, pontos capsulares e traços direcionados dentro de um princípio lógico, mostrando-se por inteiro como um perfeito esquema de idéias orientadas segundo uma condução inteligente.

 

Não se parecem com traços aleatórios ou rabiscos sem sentido, simplesmente agrupados por obra do acaso ou segundo a vontade de pessoas sem discernimento. A pedra lavrada de Picuí parece-nos mais uma demonstração de que nossos antepassados brasileiros anteriores aos silvícolas conheciam uma forma de escrita, pois ela possui muitos elementos que nos fazem acreditar nesta hipótese. Ao observar os seus signos multivariados vamos perceber que se acham colocados sob certas condições como se quisessem expressar ideias. Não poderíamos afirmar se se trata mesmo de uma pedra escrita, nem se o sentido da mesma é da direita para a esquerda, da esquerda para a direita, de cima para baixo ou mesmo e baixo para cima. Porém, é inegável o fato de que seus signos possuem semelhanças contundentes com os que foram encontrados em Glozel, na França. Repare nas semelhanças no quadro que destacamos abaixo:

 

Inscrições rupestres gravadas na pedra de Picuí, na Paraíba, que se assemelham a uma escrita. Seus signos têm forte semelhança com os signos de Glozel. A numeração ao lado deles serve como referência para compará-los com a tabela retro apresentada.

 

O segundo caso que destacamos é o do sítio Vale dos Mestres III, em Canindé de São Francisco, em Sergipe, que também mostra um painel com caracteres semelhantes a uma escrita regular. Localiza-se num abrigo de arenito às margens do riacho Poço Verde e suas figuras são descritas como se tivessem sido executadas com grande obstinação, qualidade ausente no clássico homem primitivo. Tratam-se basicamente de gravuras formadas por grande número de tridáctilos, figuras circulares e capsulares, além de outras com formas pectiniformes (semelhantes a pentes) e bastonetes. Também estes foram executados pela técnica do picoteamento e posterior polimento. A nosso ver, trata-se este painel (como muitos outros no Brasil) de uma ideia inteligentemente articulada e elaborada com determinado fim em um passado bem remoto e para perdurar durante milênios. Insistimos que neste painel seus autores parecem ter pretendido transmitir uma mensagem utilizando-se de uma linguagem que hoje se encontra perdida e há também fortes semelhanças com os signos de Glozel.

 

 

Inscrições (ou uma escrita) encontradas no local chamado de Vale dos Mestres III, Canindé de São Francisco – Sergipe. Notam-se as semelhanças (ver numerações) com os signos de Glozel, descobertos na França.

  

O terceiro caso trata-se de uma pedra que foi encontrada numa gruta, próximo da serra do Corvo Branco, em 1970, por um lavrador, na região de Três Barras, estado de Santa Catarina, apresentando também características muito misteriosas. Foi chamada desde a sua descoberta de Pedra do Mapa por causa dos traços retilíneos que ela contém e signos desconhecidos gravados em eu dorso. A nosso ver, como no caso das demais aqui apresentadas, trata-se igualmente de uma antiga escrita.

 

Esta pedra possui forma piramidal e é constituída de três lados e uma base, sendo que em todas as suas faces podem ser vistas as gravações. Duas delas possuem maior quantidade de signos registrados, linhas curvas e sinuosas, retas, setas e outras figuras semelhantes a letras que lhe dão uma conotação austera e leva-nos a imaginar que os responsáveis pela sua feitura quiseram transmitir uma ideia específica para a posteridade. A ilustração (reproduzida por este autor) ilustra bem esta afirmativa e impede que sejamos induzidos, uma vez mais, a tender para uma análise simplista e padronizada, de que se trata de obra de silvícolas ou povos primitivos que aqui viveram no período pré-cabraliano, sem uma intenção pré-determinada.

 

O pesquisador Luiz Galdino comparou-as às inscrições encontradas em pedras às margens do rio Araguaia, que são hoje conhecidas como Pedra dos Martírios, uma vez que seus signos foram confundidos pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva com os instrumentos de martírio de Jesus, como a coroa de espinhos e os pregos da cruz, dada a sua semelhança com estes objetos.

  

A pedra do mapa descoberta em Três Barras, Santa Catarina. Veja nos números destacados ao lado dos signos e sua referência na tabela anexa.

  

O quarto caso que queremos citar trata-se das desaparecidas inscrições do Rio Urubu, um afluente do Amazonas que desemboca próximo da Ilha da Trindade, não muito distante da cidade de Itacoatiara. Segundo os estudos feitos por Bernardo Ramos, às suas margens poderiam ser encontradas inúmeras inscrições rupestres em forma de escrita que ele atribuiu aos povos fenícios, cananeus ou gregos, em suas investidas em terras brasileiras.

 

Parte das inscrições que aqui vamos mostrar, fazem parte do monumental trabalho de Bernardo Ramos e foram por ele pesquisadas na localidade denominada Sangay, que se trata de um pequeno rio que é afluente do Urubu e que é raramente navegado. Em tupi Sangay significa água dos banhados, água das inundações e foi neste local que o notável pesquisador encontrou as inscrições que reproduzimos aqui, extraídas do seu livro e que fazem parte de nossos estudos sobre os estranhos signos do Brasil.

  

As duas ilustrações acima se referem a inscrições encontradas por Bernardo Ramos em Sagay, Rio Urubu, no estado do Amazonas. Notam-se também as semelhanças com os signos de Glozel, nos destaques numéricos.

  

Também aqui vamos encontrar semelhanças com os signos de Glozel, reunindo todos no quadro que juntamos ao presente trabalho. Não é nossa intenção induzir raciocínios sobre o que observamos nos casos apresentados, mas deixar que aqueles que se interessarem pelo passado do Brasil possam analisá-los e apresentar explicações condizentes com o que estes mostram. Não estamos com isto sendo tendenciosos, mas apenas realistas em relação ao que os mesmos demonstram enfaticamente, quase que gritando em sua fala silenciosa, que há algo mais a ser visto na antiga história destas antigas terras brasilianas.

 

Nossos estudos continuam, pois sabemos que existe muita coisa mais a ser encontrada por estes recantos sul americanos, e nos sentimos reconfortados de poder ver estas coisas e mostrá-las para estudo e constatação. Não temos nenhum resquício de dúvida de que pisamos sobre terras muito antigas e que por estes lados já teriam se desenrolado muitos acontecimentos desconhecidos de nossa história oficial e que vez por outra se destacam aqui e acolá, dando mostras de sua antiguidade e de um mistério que insiste em permanecer especialmente velado, mesmo deixando à mostra algumas de suas facetas, que insistimos em não querer perceber.

 

* J.A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e  realizado incursões em diversas regiões do Brasil  com o intuito de melhor compreender seus mistérios milenares. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail: jafonseca1@hotmail.com.

 

- Fotografia e ilustrações: J. A. Fonseca.

 

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