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Energia

 

 

Eletricidade:

A hora e a vez da geração distribuída de eletricidade

A geração descentralizada representa uma possibilidade concreta para colaborar com a redução da curva

de carga, reduzindo o consumo em horários de pico; e diminuindo a necessidade de investimentos na geração

 

Por Heitor Scalambrini Costa*

De Recife-PE

Para Via Fanzine

19/12/2012

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A geração distribuída (também conhecida como “descentralizada”) caracteriza-se como a produção de eletricidade próxima ao consumo, dispensando a linha de transmissão e os complexos sistemas de distribuição para atender ao consumidor final. Trata-se de uma forma de geração que já foi bastante utilizada até o final da década de 40 do século passado. Mas que depois foi substituída pela geração centralizada, com a construção de usinas de grande porte distante do consumidor final.

 

A geração descentralizada representa uma possibilidade concreta para colaborar com a redução da curva de carga, reduzindo o consumo em horários de pico; e diminuindo a necessidade de investimentos na geração, transmissão e distribuição do sistema elétrico integrado brasileiro. Nos países onde houve o desenvolvimento da pequena geração, os consumidores passaram a preocupar-se mais com seu consumo de eletricidade, com aspectos do uso eficiente da energia. Assim, se espera que adotando tal tecnologia, diminua o consumo, sem prejuízo da qualidade dos serviços, do bem-estar, e do conforto do consumidor. Ou seja, ter um consumo de energia menor para o mesmo serviço. Também a diversificação das fontes na matriz elétrica, vai contribuir para diminuir a necessidade de construção de novas usinas e, obviamente, diminuir o impacto ambiental.

 

O setor residencial já é responsável por aproximadamente 26% do consumo de eletricidade do país, e se somarmos o setor púbico e o comercial, existe um grande potencial para a pequena geração (< 1 MW), em particular através da instalação de sistemas fotovoltaicos.

 

Infelizmente, apesar da grande incidência de luz solar em todo o território brasileiro, o uso da energia solar fotovoltaica como fonte elétrica praticamente é desprezível. Em grande parte devido à insuficiência de incentivos do governo federal e estadual para a disseminação desta tecnologia.

 

Desde o segundo semestre de 2010 com o lançamento de uma consulta pública, se discute uma regulamentação da geração distribuída utilizando fontes renováveis. Finalmente em 19 abril de 2012, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) editou a Resolução Normativa n° 482, regulando a conexão da micro geração (até 100 KW) e mini geração (de 100 KW a 1 MW)  aos sistemas de distribuição de energia elétrica e o sistema de compensação de energia elétrica, que permitirá o consumidor-produtor instalar pequenos geradores, em sua unidade consumidora e injetar energia na rede de distribuição em troca de créditos.

 

A regulamentação é válida para geradores que utilizam fontes incentivadas de energia (hídrica, solar, biomassa, eólica e co-geração), com ênfase para a geração fotovoltaica. As distribuidoras obtiveram um prazo de 240 dias (até 19 de dezembro) para se adaptar a esta nova realidade, publicando as normas de integração à rede e de atendimento à solicitação do consumidor.

 

Após ter recebido grande destaque e propaganda oficial, como sendo o início do mercado para a disseminação da tecnologia solar fotovoltaica, agora que o prazo para as distribuidoras se pronunciarem sobre como será realizada a integração da micro e mini geração se aproxima, praticamente nada tem se falado a respeito.

 

Recentemente, a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee) pediu adiamento desse prazo, mas a Aneel garantiu que os prazos iniciais serão respeitados. Logo, a partir do inicio de 2013 poderão ser instalados medidores para controlar a quantidade de eletricidade consumida e injetada na rede do distribuidor, desde que solicitado.

 

Mesmo com um atraso de mais de 20 anos, em comparação a outros países que já incentivavam e promoviam o uso da geração fotovoltaica conectada na rede elétrica, sem dúvida esta medida adotada pela Aneel pode ser considerada como um estímulo para o consumidor investir em tecnologias como a de  painéis solares, e também um modelo bom para as empresas distribuidoras.

 

Todavia, mesmo sendo um bom começo, estas medidas são insuficientes para a adoção em larga escala pela população, devido ao custo do investimento inicial necessário (em torno de R$ 10.000,00 para produzir em média 100 kWh/mês). É imperativo que o governo faça mais para que realmente esta fonte de energia, tão abundante, gratuita e renovável, possa ter uma participação mais importante na matriz elétrica nacional.

 

A Campanha Nacional pela Produção e Uso da Energia Solar Descentralizada lançada pelo Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Ambiental (www.fmclimaticas.org.br) é dirigida nesta direção, reivindicando que haja subsídios e financiamento para os consumidores adquirirem seus geradores fotovoltaicos, e que em certos casos os equipamentos sejam fornecidos a custo zero. Porque não? Já que a indústria de petróleo e gás, as hidroelétricas de grande porte e as termelétricas recebem subsídios generosos dos governos estaduais e federal.

 

* Heitor Scalambrini Costa é professor Universidade Federal de Pernambuco.

 

- Imagem: Divulgação.

 

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© Copyright 2004-2012, Pepe Arte Viva Ltda.

 

 

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Apagão:

Nordeste tem apagão não esclarecido

Governo avalia que coincidência de apagões não é "normal"*

 

Os apagões que atingiram diversas regiões do país recentemente não são "normais", avaliou o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, nesta sexta-feira.

 

Um apagão ocorrido entre o final de quinta-feira e a madrugada desta sexta-feira atingiu todo o Nordeste e parte da região Norte, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

 

De acordo com Zimmermann, a causa da falta de energia teria sido um problema na linha de transmissão de Colina-Imperatriz, administrada por uma empresa controlada pela estatal mineira Cemig.

 

"Eventos como esse não são normais e a coincidência, então, é que é mais anormal ainda", disse o ministro a jornalistas.

 

No início de outubro, um apagão atingiu o Distrito Federal e um blecaute deixou sem luz áreas no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Sistema Acre-Rondônia do país.

 

No apagão da madrugada desta sexta, a perda de carga de energia no momento da interrupção no Nordeste foi de 9.500 megawatts (MW). No Norte, onde Pará e Tocantins ficaram sem luz, a perda foi de 3.500 MW. Há relatos de moradores de Brasília que o corte também afetou parte da capital federal.

 

Foi convocada uma reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, em Brasília, para discutir as causas do mais recente apagão.

 

* Informações de Maria Carolina Marcello/Reuters.

   26/10/2012

 

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