Polo Sul:
Uma noite de seis meses
A base antártica de Amundsen-Scott
comemora o centenário da
passagem dos dois pioneiros, cujos
sobrenomes emprestam agora
a um dos principais centros para o estudo
do nosso planeta e seu clima.
Por Isaac Bigio*
De Londres
Para
Via Fanzine
Tradução: Pepe Chaves
30/03/2012
Cientistas na base
base
antártica de Amundsen-Scott.
A maioria dos humanos vê a noite todos os dias, embora haja
uma população para a qual esta se iniciou e vai durar quase a metade de
um ano inteiro. Lá, o sol desaparece de março a setembro e a temperatura
pode cair para quase -90 graus.
Nesse lugar está situada a estação de pesquisa
Amundsen-Scott, no polo sul da Terra. Mesmo em condições de vida tão
hostis que nenhum animal poderia resistir viver a céu aberto com tal
clima, essa base é tão sofisticada que, durante a longa noite, 50
pessoas
podem permanecer
ambientadas a uma temperatura média de +20 graus,
cultivando legumes em uma estufa especial.
Esta aldeia de alta tecnologia está instalada sobre pilares
a oito metros da superfície. Tudo isso está sobre uma superfície de gelo
com cerca de três quilômetros de espessura, que está se movendo a uma
média diária de 2.7 centímetros e cerca de 10 metros por ano. Este
ambiente é o mais próximo de uma estação espacial na Terra, porém todos
os demais planetas têm contato com o Sol regularmente e não são abalados
por ventos gelados com velocidade superior a 100 quilômetros por hora.
Instalações da base de
Amundsen-Scott e a estufa para o cultivo de vegetais.
A noite que deu início ao inverno antártico de 2012 é a
primeira, após um século das expedições dos precursores antárticos, o
norueguês Roald Amundsen e o britânico Robert Scott, que estiveram entre
os primeiros seres humanos (e animais) a alcançar o Polo Sul. Enquanto o
norueguês chegou à região em 14 de dezembro de 1911, o inglês lá chegou
em 17 de Janeiro de 1912. Nenhum tripulante dessas expedições
sobreviveu.
Entretanto, após quase meio século dessas incursões, uma
nova expedição, agora norteamericana, atingiu o ponto mais meridional do
nosso planeta para a construção dessa estação científica.
Na entrada desse
inverno polar, a base antártica Amundsen-Scott comemora o centenário da
passagem dos dois pioneiros, cujos sobrenomes emprestam agora a um dos
principais centros para o estudo do nosso planeta e seu clima.
Localização central da Estação de Amundsen-Scott.
Apesar do frio, ali está o ar mais puro do globo com uma
extensa e purificada noite. Estas condições colaboram para que um dos
telescópios mais sofisticados para a medição da poluição, do aquecimento
global e também dos neutrinos produzidos em mais de 13 bilhões de anos
do “Big Bang” que deu origem ao nosso universo.
Ainda não se conhece muito sobre o único continente incapaz
abrigar um único país, mas já estão sendo produzidos novos mapas de seus
vários e riquíssimos recursos naturais.
Até o momento, há um acordo internacional impedindo que a
Antártida seja explorada ou militarizada, embora os confrontos entre
britânicos e argentinos numa região próxima dali, possa ser um prelúdio
para possíveis mudanças comportamentais.
* Isaac Bigio é professor e analista
internacional em Londres.
- Fotos: Estação Antártica
Amundsen-Scott.
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