Brasil Antigo

Simbologia Desconhecida

Na ‘Arte’ Rupestre do Brasil – Parte IV

Carl G. Jung interessou-se pelos símbolos, mas disse que um psicanalista se interessa muito mais pelos símbolos que eles mesmos chamam de naturais do que os que chamam de culturais.

 

Por J. A. FONSECA*

De Itaúna/MG

Julho-2020

jafonseca1@hotmail.com

 

Expressivo conjunto rupestre em Sete Cidades – Piauí.

 

Como já dissemos no desenrolar deste trabalho, estamos vendo que, de fato, a questão da ‘arte’ rupestre do Brasil e de seus autores continua sendo controversa. Na continuação desta discussão queremos comentar outros aspectos desta antiga ‘arte’, que levantam dúvidas e questionamentos variados quanto aos objetivos que levaram os homens primitivos a produzi-la, o que pensavam eles ou o que pretendiam na sua elaboração.

 

Neste propósito, seria conveniente que voltássemos ao pensamento de Carl G. Jung, principalmente quando ele fala do inconsciente, como se este fosse uma realidade junto do consciente no ser humano. Em seu livro “O Homem e seus Símbolos” ele escreveu: “Quem quer que negue a existência do inconsciente está, de fato, admitindo que hoje em dia temos um conhecimento total da psique. É uma suposição evidentemente falsa quanto a pretensão de que sabemos tudo a respeito do universo físico. Nossa psique faz parte da natureza e o seu enigma é, igualmente, sem limites.” Afirma ainda Jung que nem a natureza nem a psique podem ser definidas, mas apenas ser descritas naquilo que acreditamos que elas possam ser e como elas funcionam. E afirmou ainda que diante das observações já feitas neste sentido, teríamos argumentos suficientes para afirmar que o inconsciente existe e que os que o negam expressam, em verdade, o medo de encarar o novo e o desconhecido. 

 

Para justificar sua posição, Jung dá um exemplo sobre o consciente e o inconsciente muito sugestivo: quando nos esquecemos de uma coisa é porque o foco do pensamento consciente perde a sua energia naquela direção, ocasionada pelo desvio de nossa atenção em outra direção ou propósito. Atua exatamente como a luz de um holofote que ilumina uma certa área e deixa outra na escuridão. Diz Jung: “Isto é inevitável, pois a consciência só pode conservar iluminadas algumas imagens de cada vez e, mesmo assim, com flutuações nesta claridade.”

 

 Uma questão que precisa ser abordada é que o homem é um ser de natureza dual, ou seja, ele é dotado de uma consciência material e de uma outra espiritual. Assim sendo, quando estudamos o homem primitivo e sua ‘arte’ rupestre temos de admitir que ele imprimiu ali aspectos de sua dupla identidade, mesmo que venha representar somente elementos simples e naturais de sua vida e de sua sobrevivência. Porém, no caso das manifestações mais complexas desta ‘arte’, teremos, por outro lado, de reconhecer a necessidade de admitir a inclusão de outros aspectos da vida e experiências dessas pessoas, uma vez que estas vêm demonstra-nos que algo maior encontra-se ali presente, saltando-nos aos olhos por meio das expressões extravagantes que elas representam.

 

 

Parte de um painel rico em simbologia que mostra figuras criativas e complexas no Vale do Peruaçu – MG.

 

Não se pode negar que nestas manifestações de arte o homem primitivo procurou demonstrar um elevado interesse pela simbologia e a destacou de muitas maneiras, utilizando para isto figuras de animais, de vegetais, de seres humanos, representações geométricas e até mesmo, traços objetivos à semelhança de caracteres de uma escrita, como já vimos muitas vezes em nossos trabalhos neste site.

 

Quando encontramos uma figura simbólica temos dificuldade de identificar o seu conteúdo real, o qual pode ser até mesmo fruto do inconsciente, conforme afirma Jung. Porém, quando encontramos a repetição de muitos destes símbolos, isoladamente ou agrupados, em uma grande extensão territorial como a do Brasil, por exemplo, suspeitamos que nesta simbologia poderia existir uma explicação mais consistente em relação ao seu provável significado. E isto, porque deixam transparecer, pela sua multiplicidade de incidência em regiões muito distantes, que se tratam de figuras representativas de algo ‘maior’ e de excepcional relevância na concepção de seus autores, fato que pode ser também observado e compreensível para o observador.

 

Neste sentido, não poderíamos deixar de citar a inigualável simbologia da Pedra do Ingá, na Paraíba (já tantas vezes mencionada), que se destaca dentre os demais monumentos líticos do Brasil, por causa da sua grandiosidade, riqueza de expressões simbólicas e desconhecidas, e o excepcional esmero na sua elaboração. 

 

 

Detalhe das inscrições do Ingá (PB) e destaques ao lado, reproduzidos por este autor.

 

O historiador e arqueólogo paraibano Vanderley de Brito também estudou este monumento e em seu livro “A Pedra do Ingá – Itacoatiaras na Paraíba” incluiu diversas outras regiões com inscrições rupestres em seu estado. Mostrou assim, diversos sítios arqueológicos por ele pesquisados que possuem gravações de conjuntos de figuras variadas, dentre as quais, muitas se assemelham às do Ingá, inclusive com aproximações relevantes em relação à metodologia do entalhe. É de se notar, porém, que nenhuma delas podem equiparar-se às inscrições daquele monumento lítico nem ao seu conjunto especialmente coeso, nem ao que se refere ao primoroso acabamento de suas figuras e que, por mais que as queiramos explicar pelos meios tradicionais de avaliação, mais o seu mistério se aguça e mais estas se fazem destacar entre as demais que existem em torno. 

 

Seria então instrutivo mostrar alguns destaques que fizemos, tendo como referência o trabalho feito pelo pesquisador Vanderley de Brito e publicado em seu livro, mostrando que certa simbologia permanece viva e constante em muitos lugares, demonstrando elevado grau de importância para os povos que a produziram de forma perene na pedra. No local chamado de Tanque do Retiro, no norte do estado da Paraíba, o pesquisador José de Azevedo Dantas, em 1924, encontrou inscrições rupestres em baixo relevo muito bem elaboradas e que foram constatadas mais tarde, no ano de 2003, pelo arqueólogo Vanderley de Brito. Estas inscrições assemelham-se muito, quanto à sua feitura, às da Pedra do Ingá, embora que num contexto infinitamente menor e menos complexo. Para efeito de comparação e de conformidade com o estudo que estamos fazendo, anexamos um quadro com signos teogônicos encontrados no interior da Paraíba, em diversas localidades, baseado nas pesquisas do arqueólogo que acabamos de mencionar.

 

 

Quadro de signos teogônicos em diversas regiões do estado da Paraíba.

 

É perceptível que possamos afirmar que estes registros encontrados em muitas regiões, grutas ou cavernas em todo o Brasil, venham tratar-se, verdadeiramente, de uma forma de expressão de sociedades bem mais antigas que teriam vivido naqueles lugares e de suas crenças, sem que, no entanto, tivéssemos de assegurar que os demais outros vestígios encontrados nestes lugares (e de menor complexidade) viessem ter, obrigatoriamente, relação com estes povos primitivos mencionados.

 

Isto, porque há uma grande profusão de elementos incompreensíveis gravados nas pedras, sendo que muitos destes escapam-nos à nossa compreensão e à certeza em afirmar que pessoas simples e rudes pudessem mesmo tê-los idealizado e produzido, sem os instrumentos adequados e necessários à sua execução. É fácil para nós imaginar que um homem primitivo teria produzido tudo aquilo, mas a sofisticação de muitos destes ‘trabalhos’ e o seu conteúdo inusitado corroem a nossa imaginação neste sentido e mesmo que venhamos insistir neste argumento, vamos sempre encontrar algo presente nesta ‘arte’ que nos acusa de negligência em nossas observações.

 

Mais conveniente, pensamos, seria procurar compreender que estas figuras venham representar alguma coisa que transcende o alcance racional da mente atual, uma vez que pode representar crenças ou conotações míticas de um povo e de um tempo remoto, que fogem, portanto, ao entendimento que a razão humana deste momento não tem a possibilidade de alcançar.

 

É de se notar também que estes ‘casos’ de manifestações simbólicas no Brasil NÃO SÃO RAROS, fato que determina uma condição especial para estes registros e que poderiam representar crenças e mitos especialmente importantes para os povos que os idealizaram, produziram e com eles se identificavam.

 

 

Inscrições em Sangay, mostrando os símbolos sofisticados e o símbolo teogônico da cruz – Rio Urubu, Amazonas.

 

Alguns autores defendem a ideia de que a elaboração de símbolos pelo homem primitivo decorre de uma ação dirigida pela sua condição humana, natural e constituída de necessidades básicas, assim como também do seu inconsciente. Mas, é importante considerar que uma pessoa destituída de experiências e algum tipo de conhecimento intelectual não poderia ‘construir’ uma vasta simbologia sem critério e menos ainda torná-la sofisticada demais para o entendimento moderno, como é o caso que vamos constatar em muitas delas.

Por isto julgamos que deveria ter havido um passado que viesse coroar a lembrança de muitos desses autores, de forma a permitir-lhes gravar os inúmeros elementos que conseguiram elaborar e causar profundas impressões tanto nos visitantes apressados quanto nos pesquisadores que se dedicam ao seu estudo e compreensão.

 

O homem excessivamente intelectualizado de nosso tempo, talvez não pudesse compreender a ligação que esses povos antigos deveriam ter com os fenômenos da natureza, com os animais e a natureza em geral, os quais eram parte fundamental de sua vida e até mesmo com o misterioso fenômeno da chamada morte.

 

Assim, pode-se notar objetivamente diante dos variados enigmas que envolvem as inscrições rupestres no Brasil que sua pesquisa precisa avançar muito ainda, especialmente no que concerne aos prováveis significados que podem envolver esta extensa simbologia que compõe esta arte milenar e que, apesar do tempo discorrido e das possibilidades do momento presente, continua produzindo grandes interrogações nas mentes intelectualizadas de seus observadores.  

 

 

Inscrições em Petrolândia (PE), submersas pelas águas da barragem de Itaparica.

 

As inscrições em baixo relevo gravadas em Petrolândia, Pernambuco, por exemplo, causam especial impressão em sua simbologia. Apesar de aparentemente normais elas mostram uma sequência de caráter simbólico muito relevante e coeso, e semelhanças marcantes com outras que são encontradas no vasto território brasileiro.  Estas marcas milenares e muitas outras foram encobertas pelas águas do lago que inundou 834 quilômetros quadrados do vale do médio rio São Francisco, quando da construção da barragem de Itaparica neste estado do norte do Brasil.

 

Seria importante anotar também as inscrições sofisticadas que foram encontradas em Pedra Preta, no norte do estado de Mato Grosso. Em 1999 uma expedição constituída pelo arqueólogo amador Heinz Budweg, o arqueólogo e linguista Luiz Caldas Tibiriçá, o etnólogo alemão Gunther Hartmann – professor da Universidade de Etnologia de Berlim, o geólogo, espeleólogo e fotógrafo científico Adriano Gambarini, a numeróloga Edna Gasparotto e Alfio Beccari – que escreveu sobre a pesquisa, visitou esta região denominada Pedra Preta, situada no município de Paranaíta, no extremo norte do estado de Mato Grosso, onde, sobre uma grande rocha calcinada encontraram inúmeras linhas em baixo relevo gravadas na pedra. Aos poucos os pesquisadores foram preenchendo os baixos relevos e descobriram, então que elas formavam uma grande quantidade de figuras diversas, constituídas por animais gigantescos, círculos concêntricos e vasta simbologia composta de elementos não identificados.

 

A imensidão do rochedo de cor escura foi aos poucos revelando um grande painel de figuras enigmáticas, surpreendendo os pesquisadores e até mesmo às pessoas que deles venham tomar conhecimento, transmitindo um certo ar de mistério sobre a antiga história do Brasil e poucas explicações sobre o seu passado enigmático. É ainda relevante citar que tal descoberta foi feita em região de difícil acesso, no extremo norte do estado de Mato Grosso, quase na divisa com o estado do Pará, estado este onde também foram descobertos inúmeros registros de caráter pouco compreensível, muitos dos quais já destacamos neste trabalho.  

   

 

Parte da estranha simbologia, gravada em baixo relevo, em Pedra Preta (MT).

 

O que é mais aceitável hoje é que os prováveis produtores desta ‘arte’ venham tratar-se de homens primitivos de uma época distante e isto pode ser justificado no caso das manifestações rupestres mais comuns, menos elaboradas e relacionadas à vida desses homens e às suas crenças e anseios, e que podem ser encontradas em diversas regiões do Brasil. Fica, no entanto, fora desta avaliação a grande quantidade de ‘produções’ desta mesma ‘arte’ de caráter mais sofisticada e estranha, e que viemos destacando em nossos artigos, cuja simbologia permanece intocável quanto ao seu conteúdo, aos seus verdadeiros executores, às condições em que elas foram elaboradas e porque as fizeram. 

 

Muitos desses modelos da cultura primitiva poderiam estar relacionados aos arquétipos propostos por Jung e ligados aos símbolos naturais que teriam sido “derivados dos conteúdos inconscientes da psique”, uma vez que costumam destacar um elevado número de figuras enigmáticas, nos inumeráveis painéis líticos representados em toda a parte.        

   

O termo ‘arquétipo’ de autoria de Jung foi usado para determinar os símbolos originais da psique humana. O próprio conceito de inconsciente foi por ele utilizado de maneira diferente de Freud, como se este fosse um mundo real que se manifesta ao lado do mundo consciente de uma pessoa. Sendo os arquétipos estruturas que se acham presentes no inconsciente coletivo e também ativo em todo o ser humano, diríamos que se tratam de elementos poderosos que exercem influências marcantes na vida das pessoas, podendo sua presença manifestar-se nas fantasias, nos sonhos, nos mitos e na extensa identidade representativa da cultura popular, além de identificar ainda conteúdos velados da mentes de seus autores.

 

 

Pedra Escrita – São Geraldo do Araguaia – Inscrições às margens do Rio Araguaia – Pará.

 

Vemos isto vivamente presente na chamada ‘arte’ rupestre brasileira e mundial, e não poderíamos dizer, com segurança, que venham tratar-se de invencionices apenas ou meros ímpetos artísticos desses povos, pois carregam força e mistério, às vezes insondáveis, além de elevada representatividade em sua simbologia, como já identificamos.

 

Desde a Pedra Pintada, em Roraima, passando pelo interior do nordeste, regiões centro-oeste e sul do país vamos encontrar estes ‘arquétipos’ representados, ora com maior simplicidade, ora com mais sofisticação e vasto conteúdo enigmático. Torna-se, pois, importante, destacar mais algumas destas inusitadas manifestações no Brasil para nos auxiliar em nossa exposição. É de significativa importância, a nosso ver, as inscrições gravadas na Pedra Escrita, às margens do rio Araguaia, no município de São Geraldo do Araguaia, no estado de Tocantins, dada a sua estrutura coesa e indicativa de uma escrita muito antiga, além do seu complexo contexto, constituído de gravações profundas em rocha de quartzito, mostrando sinais alfabéticos associados a símbolos inexplicáveis.

 

 

Figuras enigmáticas na Pedra Pintada, em Roraima.

 

Descendo até o Mato Grosso, vamos encontrar na cidade de Coronel Ponce um painel de inscrições em baixo relevo, também gravados com incisões profundas na rocha, dos quais destacamos o conjunto abaixo representado com sua simbologia sofisticada e que indicam também elevada significação em seu conteúdo.

 

 

Figuras teogônicas em Coronel Ponce – MT.

 

Como já teríamos comentado, não se tratam estas de manifestações raras no território brasileiro, além de que expressam deliberadamente uma quantidade relevante de elementos simbólicos, muitos dos quais são ainda hoje utilizados como ícones religiosos e também fortemente presentes em nossa vida cultural e em nossa vida social.   

 

Quando nos reportamos aos arquétipos de Jung vemos que eles não se limitavam a uma abordagem de imagens internas apenas, mas que acabaram por estenderem-se pelos demais aspectos da vida do homem, em suas atitudes, por exemplo, e a forma como este se relaciona com os seus pensamentos, sentimentos e suas ações no cotidiano.

 

É importante que venhamos compreender que a questão dos arquétipos somente é identificada por meio dos símbolos que são produzidos pelo homem, uma vez que estes estão repletos de objetos de grande significação para ele e que possuem características essencialmente subjetivas. Neste sentido, não podemos negar que o problema da concepção e elaboração desses elementos sofisticados e de caráter simbólico pelo homem primitivo, vêm dar-lhe, irremediavelmente, condições de inteligência bem mais consideráveis do que muitas vezes supomos quem eles poderiam ter tido.

 

É também importante atentar para o fato de que os arquétipos de Jung ultrapassam a condição do tempo e também do espaço, pois podemos encontrar simbologias idênticas representadas em toda a parte, em locais distantes e raças muito diferentes em nosso planeta, mostrando que estes tratam-se, efetivamente, de elementos que se acham arraigados no próprio inconsciente da raça humana. Muitas destas representações simbólicas sofrem mutações no passar das eras ou acréscimos em muitos locais, mas a sua estrutura primordial permanece presente e imutável. Este é o caso especialmente encontrado na simbologia teogônica, que foi abordada neste trabalho por considerarmos que ela tem peso significativo nas manifestações primitivas de todos os povos que com ela se identificaram e que, por isto, a teriam deixado fortemente gravada em sofisticados painéis líticos em toda a parte.   

 

Neste sentido, não poderíamos deixar de lembrar os mistérios ainda insolúveis envolvendo a cultura Marajó e a sofisticação de sua arte cerâmica dentre outros feitos importantes. Temos também a enigmática cultura Tapajó com sua cerâmica fantástica, seus ídolos de pedra e os muiraquitãs, também já tratados neste site.

 

Temos enfim ainda uma infinidade de elementos misteriosos envolvendo a história antiga do Brasil, muito além destas controversas figuras que se destacam na ‘arte’ rupestre primitiva e que, juntamente com eles, levantam um enigmático véu de dúvidas que encobrem a sua face real, obrigando-nos a dar um enfoque novo na sua abordagem e na sua compreensão, fato este que vem sendo notado cada vez mais por um maior número de pessoas atentas à esta sua intrínseca realidade.

 

* J. A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e realizado incursões em diversas regiões do Brasil. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail jafonseca1@hotmail.com

 

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