Caso Bruno:
Macarrão culpa Bruno por
assassinato
Macarrão surpreende
a todos e responsabiliza Bruno pelo desaparecimento de Eliza Samudio:
"Se tem alguém que
acabou com a vida de alguém, foi o Bruno, que acabou com a minha vida",
declarou o
braço-direito do goleiro nesta madrugada.*
Luiz
Henrique Romão, o Macarrão, durante depoimento no Fórum de Contagem.
Leia também:
Mãe de Eliza espera
que Macarrão confesse
Bola é absolvido de assassinato por júri
Um testemunho de amizade grafado na pele. "Bruno e Maka.
Amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro". A
tatuagem feita nas costas pelo melhor amigo do goleiro Bruno, Luiz
Henrique Romão, o Macarrão, fomentou especulações sobre um
relacionamento homossexual entre os dois e de uma possível confissão de
Luiz para livrar o amigo.
No entanto, Macarrão quebrou todas as expectativas e
surpreendeu o júri ao confirmar, durante depoimento nesta madrugada, em
Contagem, que o goleiro Bruno foi o único responsável por arquitetar o
sumiço da modelo Eliza Samudio. Durante o interrogatório da juíza Marixa
Rodrigues, ele disse que as acusações que recaem sobre ele são
parcialmente verdadeiras, afirmou que não é um monstro como tem sido
tratado e ressaltou que só não falou nada antes porque os advogados não
o permitiam. A principal parte da confissão foi feita em meio a muito
choro do réu.
Em seu depoimento, Macarrão desmentiu a versão prestada
anteriormente à Justiça, na qual contava ter deixado Eliza em um ponto
de táxi, e revelou que levou a modelo até um homem que desembarcou de um
Palio preto na Região da Pampulha. Ele não soube dar detalhes da suposta
execução e do que aconteceu depois, mas inocentou Elenilson, Wemerson e
Fernanda. "Por ter complicado a vida deles por tanto tempo, peço perdão.
Que possam me perdoar", declarou, após dizer que também pedia perdão à
mãe da vítima. Macarrão ainda contou que, pressentindo que iriam
executar a modelo, tentou aconselhar o amigo. "Eu falei com ele, Bruno,
estou te falando como irmão, deixa essa menina em paz, deixa essa
menina", contou. O goleiro, no entanto, teria respondido, batendo no
peito: 'deixa comigo'.
Ao fim do interrogatório da juíza Marixa Rodrigues,
Macarrão desbafou. "Se tem alguém que acabou com a vida de alguém, foi o
Bruno, que acabou com a minha vida", declarou. Desde o início de seu
depoimento, ele se referiu ao goleiro, na maior parte do tempo, por “meu
patrão”, não pelo nome. Transpareceu certa mágua quando disse que o
ex-atleta o viu chorar dirariamente durante os dez meses em que
partilharam cela na cadeia, mas jamais admitiu a possibilidade de
revelar a trama e inocentar os demais envolvidos no caso.
Macarrão começou a responder às perguntas da magistrada por
volta das 23h20. Às 1h20 a mãe de Eliza Samudio, Sônia de Fátima Moura,
que prestou depoimento pela manhã e acompanhou todo júri atentamente,
deixou o plenário. A advogada que a representa, Maria Borges Gomes,
esclareceu que pediu à Sônia que voltasse para o hotel ao perceber que
Luiz Henrique estava arrastando o relato. Para ela, a presença da mãe de
Eliza estaria constrangendo o depoente, que acabou revelando que a
modelo foi de fato enviada à morte por Bruno vinte minutos depois que
Sônia se ausentou.
Bola é retirado de
cena
Em momento algum Macarrão citou o nome do ex-policial civil
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado pela promotorita como o
matador contratado por Bruno para dar fim à vida de Samudio. Ele afirmou
que não viu quem era o homem no Palio preto que recebeu a vítima na
Pampulha. Destacou que ela foi iludida por Bruno, que disse para ela
acompanhar o amigo de infância porque iria ser levada, por uma terceira
pessoa, até um apartamento que o atleta comprou para ela. Ele ainda
garantiu que desconhece como se deu a execução da jovem, embora o
adolescente primo do goleiro tenha narrado, com riqueza de detalhes, a
cena macabra de asfixia e esquartejamento da vítima, na presença dele e
de Macarrão.
“Se eu soubesse onde estava o corpo, teria assumido o crime
sozinho, há dois anos, pelo vínculo de amizade com Bruno, a quem tinha
como um irmão”, declarou ao júri. Chorando muito, ele disse que sofreu a
angústia de ser responsabilizado por um crime que não arquiterou durante
“dois anos, quatro meses e 22 dias”, destacando que teme ser morto daqui
em diante. Ele falou claramente que teme represália por parte do próprio
goleiro.
Promotor saudou
Macarrão pela coragem
A confissão continuou com o interrogatório do promotor
Henry Castro, que saudou o réu pela coragem de quebrar o silêncio. Foi
nesta etapa que o nome de Bola foi citado pela primeira vez. Quem o
citou foi o representante do Ministério Público, que quis saber se
Macarrão o conhecia. O réu garantiu que só conheceu o ex-policial civil
durante banho de sol na Penitenciária Nelson Hungria.
Os registros das ligações telefônicas entre os aparelhos
celulares de Bola e Macarrão foi o ponto mais abordado pelo promotor.
Macarrão disse que falava muito com o ex-policial, cuja identidade e
nome desconhecia, porque, a pedido de Bruno, buscava negociar o ingresso
do filho de Marcos Aparecido no time 100%, patrocinado pelo atleta.
Macarrão afirmou que só tratava o interlocutor por 'parceiro', 'irmão'
ou 'cara'. Disse ainda que seu celular era usado por todos do círculo de
convivência de Bruno, o que justificaria o grande volume de ligações
feitas e recebidas.
Concluído o interrogatório do promotor, a juíza concedeu
aos assistentes de acusação e à advogada que representa a mãe de Eliza
formularem poucas perguntas ao réu. Em seguida, ela leu três perguntas
formuladas pelos jurados. Havia ainda uma quarta pergunta dos jurados,
mas a magistrada disse que não a formularia porque ela tinha tom
sugestivo.
Confissão parcial
e inteligente
Já na parte externa do Fórum de Contagem, o promotor Henry
de Castro conversou com os jornalistas sobre a confissão de Macarrão.
Ele avaliou a atitude do réu como inteligente e diz que já esperava a
confissão, pois a defesa já havia sinalizado isto. “Pela primeira vez,
nós temos entre os acusados que permanecem vivos, a imputação deste
assassinato ao Bruno”, declarou. Em sua análise, Castro afirmou que se
Macarrão não fizesse a revelação de que o goleiro foi o único mentor do
plano, seria o próprio Macarrão o único articulador do crime.
Segundo o promotor, Macarrão responderá pelo crime de
homicídio simples, não qualificado como definia a denúncia do Ministério
Público. “Único delito que o Macarrão de alguma maneira se implicou foi
no próprio delito de homicídio como partícipe. Todavia o que a acusação
sustenta é que o réu é mais do que um partícipe, é um autentico coautor
e coarticulador desse delito”, disse.
O promotor ressaltou também que as palavras de Macarrão
inocentaram alguns réus. “Ele inocenta a Fernanda, o Elenilson, o
Wemerson, e tenta também afastar as responsabilidade do Bola, e implica
tudo diretamente ao Bruno. Nem a si mesmo ele implica de maneira
completamente direta, por isso é uma confissão parcial”, explicou.
Entretanto, ele fez questão de destacar que a promotoria não tem dúvida
de que Macarrão participou de todo o trâmite na execução de Eliza,
conforme depoimento prestado pelo adolescente primo de Bruno à época.
A ex-mulher de Bruno continua sendo apontada pelo promotor
como uma das personagens principais do crime. “A Dayanne não é mandante.
Ela é uma das protagonistas deste delito”, conta Henry, explicando que o
filho de Eliza não foi morto porque a ex-companheira do goleiro assumiu
que iria garantir de alguma maneira a guarda do bebê.
Por fim, o promotor afirmou, categoricamente, que os restos
mortais de Eliza jamais serão encontrados. “O corpo de Eliza foi
totalmente destruído", garante. Ele disse que a modelo foi esquartejada
e teve os pedaços tornados cinzas, que foram espalhados em um areal
onde, inclusive, foram encontrados vestígios de sangue.
Sobre o temor de Macarrão em ser assassinado, o promotor
disse que, após o cumprimento da pena, quando o condenado tiver direito
ao regime aberto ou ganhar a liberdade, poderá, caso solicite, ser
incluído no Serviço Nacional de Proteção à Testemunha.
Defesa fala em
pena branda
O advogado de Macarrão, Leonardo Diniz, acredita que a
confissão de seu cliente vai fazê-lo responder apenas por
co-participação no crime de homicídio. “Ele só vai responder o crime por
levar Eliza Samudio para o local da morte. Compete agora o conselho de
sentença decidir qual é o crime e a importância dele. Macarrão é réu
confesso de ter participado de um crime de homicídio”, explicou o
defensor, que disse esperar uma pena branda, embora tenha preferido não
sugerir qual será a sentença dada pela juíza após a conclusão do júri.
Alívio
A advogada Maria Borges Gomes, que representa Sônia Fátima
de Moura, mãe de Eliza, disse que sua cliente não tinha dúvidas de que a
filha tenha sido morta e que já não tem esperanças de que os restos
mortais sejam encontrados, já que a execução foi feita por um matador
profissional. Porém, afirmou que a família da modelo fica aliviada com a
confissão, porque garante, enfim, que a justiça seja feita.
Confira os
principais pontos do depoimento de Macarrão durante o interrogatório da
juíza:
* Por volta de 23h15, Macarrão retorna ao salão do júri e
se senta de frente à juíza. Depois da leitura das acusações, Marixa
Rodrigues pergunta: "Eu gostaria de saber do senhor se essas acusações
são verdadeiras", diz a juíza. "Parcialmente", ele responde;
* Macarrão diz que sempre quis falar, mas foi impedido
pelos advogados. Diz que não é um monstro e que responderá a verdade
sobre tudo;
* Juíza lembra a data de 4 de junho e pergunta quem
convidou Eliza para ir ao hotel no Rio. Ele diz que não foi a convite de
ninguém. Macarrão afirma que Eliza quis ir ao Rio discutir a pensão com
Bruno e ele providenciou hospedagem, pois tinha contatos na rede
hoteleira;
* Macarrão conta que Bruno conheceu Eliza em uma orgia em
um apartamento no Rio. Juíza pergunta como ele soube da existência da
jovem. “Só fui saber o nome da senhorita Eliza em 2009, quando houve
aquele fato no Rio de Janeiro" diz se referindo à denúncia de Eliza.
"Infelizmente era uma vida de só loucuras. Muitas mulheres, muitos
homens, muitas bebidas", completa;
* O réu destaca que não estava presente na orgia na casa de
Paulo Victor, mas que Bruno comentou que fez sexo com Eliza em 15
minutos;
* Macarrão diz que começou a trabalhar no Rio em janeiro de
2010. "Infelizmente meu patrão (Bruno) não tinha dinheiro nem para
colocar gasolina no carro”. Macarrão afirma que a vida financeira de
Bruno era completamente descontrolada, embora tivesse salário de um
grande clube;
* Macarrão diz que Bruno confiou a ele negociar repasse de
dinheiro a Eliza. "Ele deu meu telefone para ela, meu ID", conta.
"Infelizmente ela só me ligava para falar questões de dinheiro,
reclamando que não tinha sido depositado", completa;
* Macarrão revela que o Flamengo devia R$ 325 mil a Bruno,
pagos com três cheques. Ele afirma que o jogador devia cerca de R$ 400
mil.
* "Eu dei a ele (Bruno) um cheque de R$ 107 mil para pagar,
é um absurdo, apenas roupas", conta o réu;
* Macarrão afirma que Eliza exigia, além de dinheiro, que
Bruno conhecesse o filho. "Fui eu quem levei ela para conhecer o
menino";
* Macarrão diz que não atendeu ligação de Eliza em 4 de
junho de 2010 porque sabia que ela queria dinheiro e ele não tinha de
onde tirar. Ele revela que foi jantar naquela noite no restaurante
chamado Rosas, em companhia do adolescente, onde encontraram Eliza;
* O acusado diz que Eliza começou a xingá-lo, exigindo
dinheiro. "Calma coração, nós vamos resolver isso", e a levou ao banco.
Macarrão conta que ele, o adolescente e Eliza foram na Land Rover para
ele provar à jovem que não havia R$ 1.500 na conta;
* Macarrão conta que fez então um saque de R$ 800 da
própria conta e passou para Eliza;
* Juíza pergunta da briga entre Eliza e o menor no carro.
Macarrão conta que no trajeto de volta ao flat foi quando ocorreu a
briga na Land Rover. "O adolescente estava muito alterado";
* Macarrão conta que o adolescente começou a agredir Eliza
verbalmente na Land Rover. "Por que o Bruno foi mexer com este tipo de
mulher?";
* Eliza revidou, dizendo "seu primo tá achando que é um
Rogério Ceni? Seu primo é um filho da puta(sic)". Foi então que o menor
bateu nela;
* Macarrão diz que assustou quando viu o nariz de Eliza
sangrando e que quase bateu o carro nesta hora;
* Ele disse que parou e discutiu com o jovem: “você viu o
que você fez, cara? Amanhã essa mulher vai estar na imprensa”;
* Macarrão destaca que teve medo de deixar Eliza sozinha
com o adolescente na casa, por isso chamou a Fernanda para ir até lá.
Com Fernanda na casa, Macarrão saiu "no carro dela" para comprar remédio
para dor de cabeça da modelo e curativo para o nariz dela;
* "Ela não tinha uma mala como todos falam. 'A mala
vermelha, a mala branca', isso nunca existiu". Diz que tinha duas bolsas
pequenas;
* Uma das malas ficou no hotel. "Se eu tivesse fazendo algo
escondido, entrava lá e pegava a bolsa. Eu tinha acesso livre no hotel",
afirma;
* Juíza pergunta se o menor se machucou na briga. “Foi uma
briga feia. Ele ficou com o braço todo arranhado, até saiu sangue",
conta Macarrão;
* Marixa então pergunta da suposta coronhada. "Nunca andei
armado e o adolescente também não tinha arma", garante Macarrão, negando
machucado na cabeça de Eliza;
* Macarrão responde que Eliza dormiu no quarto dele, com a
criança. "A Fernanda pegou a criança quando ela estava passando
remédio". Fernanda dormiu naquela noite no quarto de Bruno, segundo
Macarrão. "Hora nenhuma eu coloquei a Fernanda para vigiar a Eliza";
* Filmes pornográficos feitos por Eliza foram assunto na
manhã seguinte, quando todos acordaram na casa no Recreio dos
Bandeirantes. A juíza pergunta por que o trabalho de Eliza foi assunto
da conversa. "Eu vi o filme e fiquei curioso em saber se era verdade a
cena", conta. Juíza pergunta se Eliza disse ter vontade de parar com
filmes. "Não, ela disse 'meu ouro está ali'";
* Depois do café da manhã, Macarrão foi ao encontro de
Bruno no hotel onde estava concentrado e contou todo o ocorrido na noite
anterior. Macarrão diz que Bruno ficou assustado com o relato e o xingou
por ter chamado a Fernanda. Depois da conversa, Macarrão voltou para
casa;
* Macarrão diz que estavam com viagem marcada para Minas,
porque no dia seguinte teria jogo do 100% e convidou Fernanda para ir
conhecer os jogadores do time;
* Naquele sábado, 5 de junho, Macarrão não foi buscar o
Bruno após o jogo do Flamengo, porque goleiro estava com carro
emprestado por um amigo;
* Nesse dia Bruno conversou com Eliza. "Ele falou que ela
pediu um dinheiro, sem falar para quê. Ele me falou que ela pediu R$ 50
mil";
* Macarrão disse a Bruno que tinha R$ 30 mil no sítio em
Esmeraldas. "Já é mano (sic), pede o Elenilson para fazer um doc",
disse;
* Macarrão afirma que Eliza recusou o depósito, dizendo que
não confiava mais neles, e que iria para o sítio pegar o dinheiro em
espécie;
* Macarrão faz questão de deixar claro que Eliza veio a
Minas por livre e espontânea vontade. Diz que vieram em dois carros,
porque era de praxe;
* Macarrão conta que no trajeto do Rio a Minas deram carona
para um policial. Ele conta que chegando em Contagem, de madrugada,
decidiram dormir em um motel pois não sabiam se Dayanne estava no sítio;
* Macarrão conta que pela manhã Bruno ligou da porta do
motel querendo entrar no quarto. "Liguei para a recepção e reservei
suite ao lado". O goleiro se hospedou com Fernanda e Macarrão diz que
não sabia que o Sérgio estava junto deles;
* Macarrão critica Sérgio e Jorge. "Eu não gostava do
Sérgio, eu não andava com o Jorge. Sérgio foi no quarto mexer com ele";
* Após o jogo do 100%, foram comemorar em um bar e Eliza
não quis ficar porque estava frio. Seguiram então para o sítio em
Esmeraldas;
* Macarrão diz que se dividiram nos vários quartos e que
não se recorda de muitos detalhes porque "estava muito bêbado";
* Segundo o réu, na segunda-feira, ele Fernanda voltaram
para Rio de Janeiro. Pegaram o carro dela que ficou na casa do Recreio e
foram comprar carne para a festa do 100%. Na terça, Macarrão deu entre
R$ 8 e R$ 10 mil a Fernanda para ela organizar a festa e voltou a Minas
de avião, no fim da noite;
* Macarrão conta que naquele dia soube da apreensão da Land
Rover, por causa do IPVA vencido, e afirma que não mandou lavá-lo;
* Macarrão diz que quando chegou no sítio ocorria uma festa
de "panelinha nossa". Pouco antes, soube de proposta do Milan a Bruno;
* De manhã, Dayanne chegou no sítio pois queria surpreender
Ingrid, com quem Bruno já namorava. Ela não sabia de Eliza e todos se
esconderam;
* Dayanne desconfiou que Ingrid estivesse lá e quis entrar
no quarto de Macarrão para conferir. "Quero saber quem é a vagabunda
(sic) que está aí";
* Bruno autorizou entrada de Dayanne no quarto, dizendo que
ela já conhecia Eliza, para quem telefonava xingando e trocando ofensas;
* Segundo ele, para cada mulher Bruno fazia uma promessa.
Para Dayanne, que reataria casamento. Para Ingrid, que morariam juntos.
Macarrão diz que se afeiçoou à Fernanda e que achava 'sacanagem' que
Bruno a enrolasse como fazia com as outras;
* Em 9 de junho, véspera da suposta morte de Eliza,
Macarrão diz que ela estava no sítio e acompanhou os dois amigos jogarem
videogame;
* Na mesma tarde, Bruno quis levar o bebê para que a mãe
dele conhecesse o novo neto. Eliza não os acompanhou. Ficaram lá em
torno de um hora;
* Na volta para o sítio, Dayanne e babá os acompanharam no
mesmo carro. Chegaram lá à noite "e estava tudo normal, todos os meninos
tavam (sic) lá";
* Juíza pede que Macarrão fale sobre a quinta-feira, 10 de
junho, data da suposta execução. "Acordamos na correria, acho que
fizemos compra";
* Macarrão garante que Eliza estava no sítio, que almoçaram
todos lá, e diz que até o fim da tarde saiu várias vezes. Saídas foram
para resolver detalhes do jogo e da festa do 100% marcados para o
domingo no Rio de Janeiro;
* Macarrão revela que uma pessoa ligou várias vezes para o
celular dele de um número desconhecido querendo falar com Bruno. Quando
o atleta respondeu a ligação, Macarrão disse que notou o amigo estranho.
"Notei a aparência dele estranha". Bruno, então, o orientou a levar
Eliza para a Região da Pampulha. Contou com a voz embargada por choro;
* "Eu falei com ele, Bruno, estou te falando como irmão,
deixa essa menina em paz, deixa essa menina";
* "Eu falei o Clayton já foi preso, o Jorjão também, o
Canela, eu não quero ser mais um para entrar no sistema, pois não sou
bandido...". 'Larga de ser bundão, é comigo', Bruno respondeu a
Macarrão. O réu chora no tribunal;
* "Eu estava pressentindo que iria levar Eliza para ser
executada". Bruno disse 'deixa comigo', batendo no peito, segundo
Macarrão;
* "Eu falei: estou indo como seu funcionário, mas quero que
você saiba que está acabando com a sua carreira e com a sua vida";
* Juíza pediu intervalo para o banheiro e restante da
confissão demora um pouco mais;
* Retomado o interrogatório. Juíza pergunta sobre o
traslado de Eliza. Macarrão diz que foram apenas ele e o adolescente até
o local indicado.
* Macarrão diz que não viu quem recebeu Eliza na rua. "Juro
para a senhora que eu não vi. Posso falar que saiu de um Palio preto". A
desculpa para que Eliza os acompanhasse foi que ela seria levada ao
apartamento que Bruno daria a ela.
* Depois que Eliza entrou no Palio, Macarrão e o menor
retornaram ao sítio. "Foi tudo muito rápido. Saí correndo, quase bati o
carro";
* Diz Macarrão que na volta ao sítio o adolescente estava
tranquilo, enquanto ele chorava muito. Relata que sempre foi chamado de
'bundão';
* Ao chegarem no sítio, contou como foi tudo para o Bruno,
que disse "tá tranquilo";
* Todos arrumaram as malas, e foram para o Bairro
Liberdade, de onde partiu o ônibus que levou o 100% a Angra dos Reis.
"Cheguei apavorado e até viajei sem clima. Inclusive a testemunha
afirmou que fui no banco da frente, nem participei da bagunça no
ônibus";
* Macarrão reafirma que não sabe a quem entregou Eliza.
"Por toda a situação, acredito que foi a mesma pessoa que falou com
Bruno no telefone";
* Disse que Bruninho ficou sob os cuidados de Dayanne.
Juíza insitiu saber qual o argumento usado para ela cuidar do bebê. "Eu
não sei";
* "O senhor se sente mais aliviado com tudo que falou
hoje?", pergunta a juíza. Chorando, responde: "guardei tudo isso por 2
anos, 4 meses e 22 dias". Diz ter sofrido por ser tratado por monstro ao
longo deste tempo;
* "Se tem alguém que acabou com a vida de alguém, foi o
Bruno, que acabou com a minha vida", declara Macarrão;
* "Hoje eu sei que sou um arquivo vivo e arquivo morto.
Tenho medo de morrer, mas acabou tudo isso", desabafa Macarrão.
Macarrão explica
tatuagem, diz que não é homossexual e volta a culpar o goleiro Bruno**
Durante o interrogatório do promotor Henry Castro, Luiz
Henrique Romão, o Macarrão, continuou o desabafo contra o melhor amigo,
o goleiro Bruno. Com mais de 4h de depoimento no Fórum de Contagem, o
réu ainda conta, em muitos momentos emocionado, sua versão sobre o
desaparecimento da modelo Eliza Samudio.
Na primeira hora de interrogatório do promotor, Macarrão
aproveitou para explicar a tatuagem feita para Bruno, segundo ele, por
causa da classificação em um campeonato do 100%, time de futebol amador
comandado pelos dois em Ribeirão das Neves. "Fiz a tatuagem naquela
semana porque o 100% tinha ido para a semi-final", esclareceu.
Luiz Henrique tocou no assunto depois de confirmar que move
uma ação contra o ex-advogado de Bruno, Rui Pimenta, por causa da
acusação de que seria gay. "Se fosse homossexual, não teria vergonha
nenhuma de assumir. Mas o que passei dentro do sistema, fui humilhado,
ninguém sabe", contou chorando.
Bola é citado pela
primeira vez
O nome de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, surgiu pela
primeira vez no depoimento. Henry Castro questionou as ligações de
Macarrão para o suposto assassino de Eliza e o réu explicou que todos
usavam sua linha no sítio. Segundo Macarrão, ele só conhdeceu o
ex-policial na cadeia. Ele ainda revelou investidas de Marcos para que
seu filho jogasse na equipe de futebol de Neves.
Macarrão voltou a desabafar contra o amigo e culpou Bruno
pelas agressões contra Eliza no Rio de Janeiro, pelas quais cumpre pena.
Nas três primeiras horas de depoimento, durante o interrogatório da
juíza Marixa Rodrigues, Luiz Henrique já havia dito que foi Bruno que
ordenou o sumiço da modelo. Leia mais.
Carta e suposto
'plano B'
O promotor questionou a carta em que Bruno sugeria o 'plano
B' ao amigo. Macarrão disse que não chegou a recebê-la, alegou que foi
desviada na penitenciária. Afirmou ainda que soube do documento pela
imprensa e confirmou que entende por 'plano B' que ele assumisse todo o
crime pelo amigo a quem ele considerava um irmão.
O promotor encerrou o interrogatório pouco depois das 4h e
o depoimento continuou com os assistentes de acusação.
Confira os principais pontos do depoimento de Macarrão ao
promotor:
* "Quero saudar o senhor pela coragem neste
interrogatório", declara o promotor Henry Castro antes de começar a
interrogar Macarrão;
*Promotor pergunta se ele se sente traído. Macarrão cita
que foram 18 anos de amizade e que por 10 meses Bruno o viu chorar na
cadeia;
*Diz que Bruno lhe pediu perdão pela entrevista em que o
incriminou e completa "acho que ele não foi honesto com ele mesmo", diz;
* "Você pediria perdão também à Dayanne?", pergunta
promotor. "Pediria. Todas as pessoas envolvidas nisso foram
prejudicadas, inclusive eu". Em seguida, Macarrão diz que quem tem de
pedir perdão à Dayanne é o Bruno;
* Diz ainda que se Sérgio estivesse vivo também não teria
de pedir perdão a ele. "Ao contrário, ele que tinha de me pedir perdão
pelas mentiras";
* Questionado pelo promotor, Macarrão diz que seu silêncio
neste dois anos prejudicou a ele próprio e outros envolvidos e
beneficiou Bruno;
* Macarrão diz que foi condenado injustamente pela Justiça
carioca por agressão contra Eliza Samudio e culpa Bruno pelo ocorrido;
* Macarrão confirma que move ação por danos morais contra o
ex-advogado de Bruno, Rui Pimenta, por ter afirmado que ele é
homossexual;
* "Se fosse homossexual, não teria vergonha nenhuma de
assumir. Mas o que passei dentro do sistema, fui humilhado, ninguém
sabe", diz chorando;
* Fiz a tatuagem naquela semana porque o 100% tinha ido
para a semi-final do campeonato", esclarece;
* Nome do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos é
citado pela primeira vez no interrogatório. Macarrão diz que só o
conheceu na cadeia;
* Promotor exibe para Macarrão registro de ligações feitas
do celular do interrogado para o celular de Bola. Em seguida mostra as
recebidas. Macarrão afirma que no sítio seu celular só funcionava em um
ponto específico e que todos faziam uso do aparelho;
* Promotor admite ter identificado que eram inúmeras as
chamadas feitas e recebidas pelo número de celular do Macarrão.
* Macarrão diz que Bola, a quem não conhecia, insistia com
Bruno para que o filho ingressasse no 100%. Macarrão cita o apelido
"Zezé", se referindo a um amigo de Bola com quem conversava sobre o
filho do ex-policial que queria entrar no 100%;
* Ele destaca que desconhecia nome e apelidos de Bola, que
sempre o tratava por 'parceiro', 'irmão' ou 'cara';
* Promotor pergunta se Zezé é José Laureano, citado por
Jailson como comparsa de Bola na execução de Eliza. Macarrão diz que não
sabe quem é;
* Promotor cita que Bola enviou mensagem de texto para o
celular de Macarrão 40 minutos antes da polícia estourar o sítio de
Bruno. Macarrão disse que desconhece a existência de qualquer mensagem.
* Promotor quer saber sobre ligações do número de Dayanne
para o de Macarrão na madrugada em que ela foi presa. Ele diz que eram
as delegadas;
* Última pergunta do promotor é sobre uma carta que Bruno
teria encaminhado a ele sugerindo adoção de um plano B. Macarrão diz que
não chegou a receber a carta, que foi desviada na penitenciária. Afirma
que soube do documento pela imprensa. Porém, Macarrão diz que entende
por plano B que ele assumisse todo o crime pelo amigo a quem ele
considerava um irmão.
*
Informações de Daniel Silveira, João Henrique do Vale e Emerson Campos/Uai-EM
(BH).
22/11/2012
-
Foto: Uai-EM.
Leia também:
Mãe de Eliza espera
que Macarrão confesse
Bola é absolvido de assassinato por júri
* * *
Caso Bruno:
Macarrão poderá confessar o crime
Julgamento de Bruno é desmembrado e adiado para março de 2013.*
Macarrão poderá
confessar o crime e acusa Bruno de mandante.
O julgamento do goleiro Bruno foi desmembrado do processo e
só será realizado no dia 21 de janeiro de 2013. Antes da decisão da
juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, o promotor Henry Vasconcelos disse
que o desmembramento do julgamento é uma manobra da defesa.
O réu Bruno Fernandes já deixou a sala do júri. O
julgamento do goleiro Bruno foi desmembrado do processo e só será
realizado no dia 21 de janeiro de 2013. Antes da decisão da juíza Marixa
Fabiane Rodrigues Lopes, o promotor Henry Vasconcelos disse que o
desmembramento do julgamento é uma manobra da defesa. O réu Bruno
Fernandes já deixou a sala do júri. O julgamento do goleiro Bruno foi
desmembrado do processo e só será realizado no dia 21 de janeiro de
2013. Antes da decisão da juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, o
promotor Henry Vasconcelos disse que o desmembramento do julgamento é
uma manobra da defesa.
O julgamento do goleiro Bruno foi desmembrado do processo e
só será realizado no dia 4 de março de 2013. O julgamento foi adiado
depois que o advogado Lúcio Adolfo da Silva relatou à juíza que
precisava estudar o processo. Adolfo passou a integrar a defesa de Bruno
Fernandes nessa quarta-feira (21). Segundo Marixa, em janeiro é ainda
mais difícil compor o conselho do júri. Além disso, fevereiro é um mês
complicado por causa do carnaval. Ela informou que para esse julgamento
foi preciso sortear 70 jurados.
O promotor Henry Vasconcelos tentou impedir o
desmembramento do processo relatando que isso seria uma manobra da
defesa e dizendo que os advogados só podem deixar um processo por motivo
imperioso. O defensor Lúcio explicou que sua intenção seria realizar um
bom trabalho e, para isso, o adiamento seria necessário. Ele disse
também que seu objetivo não era abandonar o processo.
A magistrada deferiu o pedido e afirmou que não havia
elementos para considerar que seria uma manobra.
O réu Bruno Fernandes já deixou a sala do júri.
Com as mudanças, serão julgados em 2013 o ex-goleiro Bruno,
Bola e Dayanne. O julgamento de Fernanda, ex-namorada do goleiro, e do
Macarrão continua normalmente.
Advogado de mãe de Eliza afirma que Macarrão irá confessar o crime
O advogado José Arteiro, da mãe de Eliza Samudio, afirmou,
na tarde desta quarta-feira (21), à imprensa que fez um acordo com Luiz
Henrique Romão, o Macarrão, para que o réu confesse o crime. “Ele vai
confessar a participação dele e de quem mandou ele fazer isso, que é o
Bruno. Ele tem conhecimento do que Bruno e Bola fizeram, mas está com
medo do ex-policial por causa da família”, disse.
Conforme declaração de Arteiro, a defesa do goleiro teria
feito um acordo com o réu Macarrão para que ele assuma sua parte no
crime. "Conversei com o Luis Henrique e com seu advogado. Ele, o
Macarrão, me disse que vai falar a parte dele de tudo. Ele pegou a
mulher a mando de Bruno e a entregou para o Bola matar. Vamos
aguardar".
Ainda segundo Arteiro, Luiz Henrique deverá prestar o
interrogatório na tarde desta quarta, detalhando como teria sido a morte
de Eliza. "O depoimento vai existir e não haverá desistência".
Julgamento prossegue à noite**
Na tarde dessa quarta-feira, ficou
decidido que Macarrão prestará depoimento para falar do sumiço da
vítima. A expectativa é que ele conte uma nova versão do crime, onde
poderá culpar Bruno pela execução de Eliza.
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Informações do jornal O Tempo (BH).
21/11/2012
** Da Redação VF, com agências.
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Foto: Alex de Jesus / O Tempo.
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