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 Em orbita

 

 

Cooperação espacial:

Acesso às informações sobre Satélites e Lixo Espacial

Chegamos ao extremo de ver dois satélites colidirem na imensidão do espaço,

 no dia 12 de fevereiro último. Como pôde ter ocorrido um choque tão absurdo?

 

Por José Monserrat Filho *

 

Monserrat: 'Poucos são hoje os países capazes de

manter um sistema de controle do tráfego espacial'.

 

A cooperação espacial ampla, concreta e efetiva entre os países tornou-se indispensável por exigência de maior segurança, previsibilidade e sustentabilidade nas atividades espaciais. Se você pensou no crescente monturo acumulado nas melhores órbitas da Terra, está absolutamente certo.

 

Chegamos ao extremo de ver dois satélites colidirem na imensidão do espaço, no dia 12 de fevereiro último. Como pôde ter ocorrido um choque tão absurdo? Acaso faltam dados precisos sobre a trajetória dos satélites? A maior potência espacial do mundo, os Estados Unidos (EUA), mantém um sofisticado sistema diuturno de rastreamento e observação dos objetos espaciais – inteiros e já fragmentados – com dimensão superior a 10 cm. Ele não poderia ter previsto o desastre iminente? Os dois satélites que trombaram pesavam, respectivamente, 950 e 560 kg. Não teria sido fácil detectá-los?

 

Muito já se escreveu sobre o inusitado episódio, mas ainda há perguntas no ar, ou no espaço, à espera de explicações mais completas e convincentes. E a curiosidade certamente aumentou com o que se ouviu na audiência pública sobre os perigos do lixo espacial, promovida pelo Subcomitê de Espaço e Aeronáutica do Comitê de C&T do Congresso dos EUA, no passado 28 de abril. O assunto foi tema do editorial da revista New Scientist, do mesmo dia 28 de abril, intitulado "Peritos apelam para que EUA divida dados sobre órbitas de satélites".

 

Ficamos sabendo – pelo depoimento de Richard Dalbello, executivo da empresa Intelsat, satélites de comunicação – que o Governo dos EUA evita distribuir todos os dados sobre os satélites rastreados pelo seu sistema, o que tem prejudicado os esforços feitos para prevenir colisões no espaço. Segundo Dalbello, o comando espacial norte-americano que opera o sistema não libera os dados mais acurados e relevantes, limitando-se a disponibilizar às empresas operadoras de satélites e aos outros países informações de menor precisão.

 

Também foi dito na audiência que algumas operadoras vêem-se na contingência de funcionar com base em dados que elas mesmas geram sobre as posições e órbitas de seus satélites. Dados estes considerados insuficientes para impedir abalroamento de satélites.

 

Dalbello alertou que as colisões na órbita geoestacionária, por onde circulam os satélites milionários de telecomunicações, criam dejetos espaciais que podem durar dezenas de milhares de anos, ameaçando destruir redes de comunicação imprescindíveis na Terra. O recado é claro: só as melhores informações a respeito são capazes de nos ajudar a contornar o pior.

 

O comando espacial norte-americano, obviamente, usa critérios de segurança nacional para selecionar os dados a serem divulgados sobre satélites ativos. Os satélites militares têm proteção especial. Para Scott Pace, diretor do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington, "o governo pode não querer informar a órbita de certos satélites e até mesmo se eles existem". Mas, Victoria Sampson, da Fundação Mundo Seguro (Secure World Foundation), sediada em Washington, lembrou que bastam apenas alguns dados para evitar as colisões de satélites. A seu ver, tudo o que se precisa saber de um satélite para não bater de frente com ele é onde ele estará nos próximos momentos. E esta informação nunca deve faltar.

 

Cabe frisar que a captação, processamento, sistematização, avaliação e distribuição dos dados de satélites essenciais à prevenção da ocorrência de colisões em órbitas, são atividades espaciais imprescindíveis a todos os países. Logo, a elas se aplica o princípio do bem comum, consagrado no Artigo 1º do Tratado do Espaço (de 1967) – o código maior das atividades espaciais –, segundo o qual "a exploração e o uso do espaço cósmico, inclusive da Lua e demais corpos celestes, deverão ter em mira o bem e o interesse de todos os países, qualquer que seja o estágio de seu desenvolvimento econômico e científico, e são incumbência de toda a humanidade".

 

Daí que os países que ratificaram o Tratado do Espaço, como os EUA, estão obrigados a facilitar o mais amplo acesso possível às informações por eles conhecidas sobre o movimento, a natureza e a situação dos satélites em órbita, estejam eles funcionando ou não.

 

Poucos são hoje os países capazes de manter um sistema de controle do tráfego espacial. Se os EUA detêm o sistema mais abrangente, a eles cabe, portanto, a responsabilidade maior neste campo vital. Pelo menos até que se crie um sistema multilateral, um serviço público internacional, que responda, sem hesitação e vacilações, e de forma competente, à necessidade elementar crescente de segurança nas atividades espaciais de todo e qualquer país.

 

* José Monserrat Filho é jurista e jornalista, professor de Direito Espacial, vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), membro da diretoria do Instituto Internacional de Direito Espacial e atualmente chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério da Ciência e Tecnologia.

 

- Informações e imagem da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial.

 

- Leia também:

Coisas que caem do céu - Por J. Ildefonso P. de Souza.

Israel: Pedra fumegante se precipita sobre uma praia

Realizado primeiro voo comercial tripulado

 

- Colaborou: J. Ildefonso P. de Souza.

 

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Japão:

País lança com sucesso veículo cargueiro HTV-1*

A Jaxa colocou em órbita uma de suas maiores experiências espaciais.

 

Lançamento do HTV-1.

 

A agência espacial japonesa JAXA levou realizou o lançamento do veículo cargueiro HTV-1 numa missão de demonstração com destino à estação espacial internacional (ISS).

 

O lançamento ocorreu no dia 10/09 e o equipamento foi levado a cabo por um foguete H-2B (TF-1), a partir da Plataforma de Lançamento LP-2 do Complexo Espacial de Yoshinubo no Centro Espacial de Tanegashima.

 

Uma das características que diferencia o HTV (H-2 Transfer Vehicle) dos outros veículos de carga tanto da Rússia como da ESA, é a sua capacidade de transportar cargas de maior volume. Os veículos Progress M e ATV utilizam escotilhas de acoplagem de menor diâmetro, enquanto que o HTV utiliza escotilhas pelas quais é possível se fazer a transferência de maiores volumes.

 

Quando os ônibus espaciais forem retirados de serviço, os veículos HTV serão provavelmente os únicos capazes de transportar cargas de maiores dimensões. O HTV irá também executar manobras de demonstração nas quais serão testadas novas técnicas de navegação.

 

O veículo irá aproximar-se a uma determinada distância da ISS e parar, e a acoplagem será realizada depois de ter sido capturado pelo braço robô da ISS.

 

O HTV transporta alimentos, experiências, material informático, produtos pessoais para a tripulação da ISS e materiais para a manutenção do complexo orbital.

O foguete H-2B foi desenvolvido tendo por base o foguete H-2ª, utilizando um maior tanque de propelente e dois motores LE-7A no primeiro estágio. O primeiro estágio é auxiliado na fase inicial do lançamento por quatro propulsores laterais de combustível sólido.

 

* Informações de Astropt.org (Portugal).

- Foto: Jaxa.

- Colaborou: Vitório Peret (RJ).

 

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Artigo exclusivo:

Satélites se chocam sobre a Sibéria

Choque gerou destruição de ambos e centenas de destroços em órbita.

 

Por Márcio R. Mendes*

De Dois Córregos-SP

Para ASTROVIA

 

Satélites das séries Cosmos e Iridium se chocaram a 790km de altitude.

 

Na terça-feira, 10/02, houve uma colisão entre satélites, envolvendo uma unidade da "constelação" de satélites Iridium (EUA) e um satélite presumivelmente desativado da velha série Cosmos (Rússia).

 

A colisão ocorreu a 790Km de altitude, quando ambos os satélites estavam sobre o norte da Sibéria. Sistemas de monitoramento dos EUA notificaram a grande quantidade de detritos resultantes de ambos os satélites, tidos como totalmente destruidos. Esses fragmentos passarão a mover-se em diversas direções e a determinação delas é muito difícil. Apesar disso, garantem que já estão monitorando mais de 300 destroços.

 

Especialistas declararam que, tecnicamente, há riscos de novas colisões com outros satélites, mas a maioria dos destroços não deverá sobreviver à reentrada na atmosfera, incinerando-se. Há alguma preocupação com a Estação Espacial Internacional e com a nova missão do ônibus Espacial, prestes a ser lançado em ainda em fevereiro.

 

A Companhia mantenedora do Sistema Iridium declarou que o acidente não terá impacto significativo para operação da rede, que continuará funcionando normalmente.

 

* Márcio Rodrigues Mendes é físico, professor e astrônomo amador.

- Foto: Arquivo VF.

 

 

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