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Ufologia e religião: Igreja católica medieval admitiu extraterrestres no século XIII Posição do Vaticano recupera uma perspectiva religiosa protelada durante séculos.
Por Joaquim Fernandes* Do Porto/Portugal Para UFOVIA 10/02/2012 ATUALIZADO
O padre e astrônomo José Gabriel Funes, diretor do Observatório do Vaticano
A admissão da existência de outros “seres inteligentes” na infinidade do cosmos pelo padre e astrônomo José Gabriel Funes, diretor do Observatório do Vaticano, nada acrescenta em inovação nessa matéria no contexto dogmático da Igreja Católica. A Igreja de Roma já havia concordado com tal proposição em 1277.
A hipótese de “outras humanidades” desde cedo animou os debates nos círculos intelectuais do Ocidente europeu, à medida que os textos da Antiguidade reemergiam aos olhos do leitores do século XIII. Sob a direção do pensamento aristotélico, teólogos e filósofos foram-se questionando acerca da possibilidade de existência coeva de mundos plurais ou da sua sucessão em épocas distintas. “E neste último caso, será que Deus cria sempre universos sempre melhores do que os anteriores ou todos eles atingem idêntico grau de perfeição? “ – interroga-se o astrônomo Francesco Bertola.
A filosofia aristotélica advoga uma singularidade absoluta para a qual tenderiam os elementos terra, ar, fogo e água, admitindo a imparidade do mundo conhecido. Torna-se difícil entender, à luz da cultura epocal, qualquer tipo de perspectivas opostas acerca do universo. “A rejeição dos mundos plurais no tratado De caelo não se traduz, contudo, por uma aceitação acrítica dos argumentos invocados”, adverte o jesuíta Christopher J. Corbally, chamando a atenção para as deduções óbvias que o conceito de perfeição retirava da tese do mundo único, singular. Não era por aqui que a onipotência de Deus ficava comprometida. “Durante algum tempo, a perfeição, a contrapartida teológica para a unicidade de Aristóteles, mais do que a plenitude dos atomistas, dominou o pensamento escolástico sobre Deus e o mundo”.
Um episódio, extremamente singular, quiçá surpreendente, acerca deste tópico, marcou uma etapa na discussão teológica no ano de 1277. Preocupado com a expansão dos erros doutrinais na Universidade de Paris, o bispo da cidade, Etienne Tempier, resolveu, a solicitação do Papa João XXI, instituir 219 proposições que deveriam ser seguidas, sob pena de excomunhão. Na alçada desse juízo episcopal situavam-se idéias dos vários neo-aristotelismos, potencialmente nocivas para a fé. Algumas das quaestiones eram subscritas por Tomás de Aquino e, entre elas, o número 34 desse elenco dizia diretamente respeito à controvérsia da pluralidade dos mundos e ao quesito: “Quod prima causa non posset plures mundos facere”. Segundo Thomas O’Meara, o Divino Doutor observara que os argüentes da pluralidade pareciam dar à palavra “mundo” o exato significado de “globo terrestre”, quando, para ele, um outro mundo corresponderia a uma “totalidade diversa da nossa” (Summa Theologiae 1, q.16, a.79): na sua obra máxima, o teólogo descreve “mundo” como uma “unidade de ordem para todas as coisas”, o que, séculos mais tarde, poderia ser aplicado a um universo de mundos.
Impendia sobre os fiéis o labéu acusatório de heresia a quem não concordasse que Deus, na sua onipotência, não poderia ter criado uma multiplicidade de mundos. De fato, não se afirmava, como indiscutível, a existência desses orbes, mas tão só a sua possibilidade. Trata-se, sem dúvida, como salienta Francesco Bertola, “de um evidente retrocesso na visão aristotélica do mundo, de uma rejeição que poderá ser interpretada como um pródromo medievo à revolução científica”.
Seguindo o historiador Pierre Duhem, “para não se criar obstáculos à potência de Deus optava-se por refutar a física peripatética”. Mais ainda: requeria-se, implicitamente, a criação de uma nova física que a razão cristã pudesse acatar. Apontará nessa direção o esforço da Universidade de Paris, no decurso do século XIV, em novas deliberações que irão ajudar a fundar os alicerces teóricos da futura ciência moderna. A “pedra de toque” desse movimento retém a data de 7 de Março de 1277, graças ao decreto de Monsenhor Etienne, bispo de Paris.
A tese de um Deus, infinito na sua potência criativa, capaz de prover existência a mais de um universo, não colidia a priori com os cânones dos comentadores aristotélicos. Não obstante, essa hipótese “parecia pouco plausível e o fato de Deus ter criado um único universo era considerada a coisa mais lógica”. Naturalmente, a maioria dos pensadores medievos de “Trezentos” aderem à tese do universo singular.
Um dos mais notórios sábios desta época, Alberto Magno (1193-1280), precedendo o seu distinto pupilo Tomás de Aquino, enriqueceu a literatura sobre a controvérsia, elegendo-a como disputa essencial, mas acabando, com outros luminares, caso de Roger Bacon (1214-92), por rejeitar a hipótese de “outros mundos”, impossíveis no seio da gramática geocêntrica ptolomaica-aristotélica.
Ressalve-se, todavia, a curiosidade de Alberto Magno, o qual chegaria a comentar:“Desde que uma das mais fascinantes e nobres questões na Natureza é saber se existe um único mundo ou muitos, parece desejável para nós que se inquira acerca disso”.
* Joaquim Fernandes é doutor em História e professor da Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal.
- Foto: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves. © Copyright, 2004-2012 - Pepe Arte Viva Ltda.
* * * Crônica: O detector de UFOs Vou contar minha aventura ufológica em São Bento, praia de Alagoas, no ano passado. Tudo começou quando resolvi, num momento de desespero, comprar um UFO Detector.
Por Acid* de Recife-PE para UFOVIA
Isso mesmo. Um aparelho que se propõe a detectar campos magnéticos, com ajuste de sensibilidade. Isso considerando-se, claro, a hipótese de que os UFOs modifiquem o campo eletromagnético à sua volta o suficiente pra que um aparelhinho feito em casa, sem direcionador ou equipamentos caros, possa captar. Mas, como eu já estava cansado de ficar só olhando e pensando "será que foi um satélite ou foi um UFO?", resolvi comprá-lo.
A experiência do aparelho no Janga foi frustrante. Como não sou louco de ir pra dentro das matas fazer vigília, tenho de fazê-lo no quintal, portanto, perto de campos magnéticos da iluminação pública. Ou seja, não posso aumentar a sensibilidade do aparelho. As luzinhas passavam no céu e nada dele tocar. Um avião do exército passou dando um rasante e nada do aparelho tocar. Numa noite o aparelho começou a tocar sozinho, com o céu meio nublado, mas como ele não parou mais de tocar achei por bem pensar que poderia ter sido o vento que balançou o dial que faz a regulagem da sensibilidade (eu a havia deixado no limite). Assim, nos próximos 6 meses o aparelho só serviu pra captar campos magnéticos no trabalho e em casa, pra saber o quão prejudicialmente envolvido estou nesses campos. O monitor do meu computador, aqueles de tubo, era o campeão, pois irradiava um campo para meio metro além da tela, obviamente envolvendo o usuário num campo eletromagnético que, acredito eu, não deva ser muito bom pra ninguém à longo prazo. Os LCDs, por outro lado, não irradiavam quase nada (e isso foi uma boa motivação pra eu trocar meu monitor, já que não quero ter câncer).
Mas vamos deixar de enrolação e partir pra aventura. Quando fui pra São Bento, aproveitei o local isolado e com incidências de UFOs (segundo relatado por um colega) e levei meu UFO Detector. Passei algumas madrugadas em claro observando o céu, sem muito sucesso. Às vezes passava uma luzinha que poderia muito bem ser um satélite, sem que o aparelho registrasse nada. Certa vez aconteceu do aparelho tocar sozinho, e permanecer tocando sem que nada estivesse no céu. Como ele estava em pé na areia da praia, achei que teria sido o vento, novamente. Coloquei-o então dentro de um saco plástico pra evitar futuras decepções. Algumas horas depois fui vigiar de novo o céu, em companhia da minha namorada, e desta vez vimos uma luz que piscava com uma cadência lenta e ritmica, vindo exatamente em nossa direção. Parecia promissor, já que satélites normalmente se apresentam como uma luz constante, ou do tipo Iridium Flare, que se ilumina todo e depois vai se apagando lentamente (assim ou mais rápido). Mas, como ainda poderia ser um satélite, falei pra minha namorada: "se for mesmo um UFO, vai ter de tocar. Não é possível! Vai passar bem em cima da gente!" Mas eis que o objeto parou de piscar (o que me deixou ainda mais animado, pois um satélite deveria seguir o padrão), só que, como eu já tinha uma estimativa da velocidade dele, aguardei e falei: "se for mesmo, ele vai ter de tocar daqui a alguns segundos" (quando supostamente estaria passando por cima de nós).
Tensão. Suspense. Terror. O aparelho tocou! Alegria. O aparelho funciona! Desespero. Vamos ser abduzidos! Coragem. Vamos ficar, em nome da ciência! Confusão. O aparelho não parava de tocar, mesmo depois de vários minutos. Frustração. Saímos do local e ele continuava tocando.
Bah!
Esse "defeito" invalidou completamente nossa experiência, e ficamos sem saber se era ou não um UFO que tinha passado por cima da gente. Ou pelo menos foi o que pensei.
Após muitos meses em que não quis chegar nem perto do tal UFO Detector, resolvi testá-lo novamente, em casa. Queria saber se o dial se movia com o vento, ou sozinho. Fiz alguns testes em casa, e não consegui fazer o treco apitar sozinho, longe de alguma fonte de emissão (geladeira, TV, computador). MAS (e aí entra o motivo de estar escrevendo!!) descobri que, quando o aparelho está no limite da sensibilidade "padrão", ao encostar num forte campo eletromagnético (no caso, meu no-break do computador) ele apita, e CONTINUA apitando, mesmo que eu me afaste!! SIM! É um "defeito" do projeto (ou sobrecarga, sei lá, não sou engenheiro) que faz o aparelho pirar, o que me fez acreditar que SIM, um objeto voador não-identificado, com um forte campo eletromagnético, passou exatamente por cima de nós (muito alto, é verdade, mas passou) na praia de São Bento.
* Acid é webmaster do portal www.saindodamatrix.com.br.
- Produção: Pepe Chaves. © Copyright, Pepe Arte Viva Ltda
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24 de junho de 2007: Ufologia completa 60 anos de história O que temos a comemorar depois de seis décadas na ‘era moderna dos discos voadores’?
Rafaela Oliveira* De Fortaleza-CE Para UFOVIA
O homem entendeu muito pouco dos UFOs nesses últimos 60 anos.
SEIS DÉCADAS DE ESTUDO - O ano de 2007 será, no mínimo, um ano muito especial para a Ufologia e para seus pesquisadores. Já se passaram mais de meio século desde que um certo piloto na região do Monte Ranier avistou objetos que se assemelhavam a pires voadores ao lado de seu avião. Não parecia ser a intenção do piloto Kenneth Arnold ao narrar sua experiência de contato imediato para o mundo, mas ele, sem querer, inaugurou, no dia 24/06/1947 a chamada “era moderna dos discos voadores”. A data ficou conhecida como “o dia mundial da Ufologia”.
Claro que essa data é apenas simbólica e a Ufologia em si, já existia muito antes disso, mas foi a partir de tal história que vários estudiosos, curiosos e cientistas começaram a olhar com mais seriedade e interesse para o indecifrável fenômeno, cuja fama e aparições começavam a se alastrar pelo mundo. Talvez não com tanta intensidade, mas, simplesmente, as pessoas começaram a prestar mais atenção naquilo que acontecia em cima de suas cabeças.
Em 1947 o mundo se encontrava em reconstrução, recém-saído da Segunda Guerra e ainda em estado de choque pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki, além dos mortos no Holocausto. O mundo de 1947 foi o início desse mundo que conhecemos hoje. Foi aquele o ano do surgimento da guerra fria, da CIA, sendo também o início da chamada “Corrida Espacial”.
Faz 60 anos, surgia um mundo novo e promissor, que também seria marcado por outro acontecimento ufológico de porte global: a queda de um UFO na cidade de Roswell (EUA), que até hoje figura entre os mais famosos casos da Ufologia.
Nesse mundo "novo" que foi deixado para trás, diversos curiosos, cientistas e estudiosos em geral se uniram em grupos de pesquisa para tentar entender e explicar o fenômeno UFO. Ainda que discriminados pela elite astronômica mundial, surgiram os primeiros centros de pesquisas ufológicas e muitos de nossos antecessores enfrentaram, pela primeira vez, a indiferença da ciência com relação ao fenômeno UFO, bem como o desprezo das populações e as constantes negativas a segredos governamentais ou das superpotências.
Fato foi que, por inúmeras vezes, aeronaves civis e militares foram seguidas por UFOs.
FASES UFOLÓGICAS - E 60 anos de história não são 60 dias, pois, muitas águas já rolaram, muitas teorias elaboradas e a maioria delas, descartada. A ufologia passou por diversas fases sem muito progredir. Quem não se lembra dos anos 50? Foi a “era dos contatados”, todo mundo, de repente, parecia virar amigo de algum marciano ou venusiano e, por vezes, até viajavam com eles para outros planetas. Os famosos supostos contatados George Adanski e Dino Kraspedon, até hoje, decênios depois de suas mortes, ainda se encontram envoltos em infinitas polêmicas do tipo “verdade-ou-mentira”.
Da década de 1960 surgiriam casos de avistamentos de UFOs em várias regiões do Brasil, incluindo contato com aliens no interior de Minas Gerais e também no Norte do País. Na época já se encontravam em atividades alguns poucos grupos de pesquisa ufológica, sobretudo, sediados em Belo Horizonte e São Paulo.
Mas foi nos anos de 1970 que começaram a pipocar os casos clássicos de abdução, ocorridos nos moldes daqueles ainda narrados na atualidade: chips implantados em seres humanos e bebês híbridos (humano-alienígena) fazem parte desse enredo. Já nos anos de 1980 surgiriam as teorias de conspiração e acobertamento por parte dos governos nacionais. Foram muitos anos para perguntas e poucos para respostas.
Mas, esse 24 de junho de 2007, deve ser um dia de reflexão para todos os estudiosos do fenômeno UFO, para pensar, “O que estamos fazendo na realidade?”. Ou então, “O que conseguimos de verdade nesses 60 anos de estudos? O que conseguimos provar categoricamente?”.
Os UFOs e seus periféricos ainda são mistério velado, mesmo após 60 anos.
ATUALIDADE - É triste, mas a verdade é que não conseguimos avançar muito desde nossos antecessores de seis décadas atrás. A comunidade ufológica mundial se resume a centenas de centros de pesquisas, com os mais diversos tipos de cabeças. E se cada uma tem suas próprias teoria e crença pessoal a respeito do fenômeno UFO, cada pesquisador se preocupa mais em “brigar” do que em entender o que realmente acontece de fenomenal nos céus do planeta.
Assola-se uma disputa de egos; ufólogos e centros de pesquisas que disputam entre si o título: “Eu-sei-a-verdade e você, não!”. Nessas brigas, picuinhas e muitos mal-entendidos, a ufologia morre no marasmo da discussão e nenhum de seus estudiosos quer saber se houve nova descoberta na área.
Os governos continuam a ignorar, onde a ciência e a mídia promovem chacotas todos os dias. As pessoas “comuns” ainda vêem os pesquisadores do assunto como idólatras do demônio (como dizem determinados “sacerdotes cristãos”) ou místicos malucos sem nada a fazer. E, para piorar o que já não estava bom, nos deparamos com fraudes arquitetadas, seitas ufológicas e oportunistas de plantão infiltrados na Ufologia.
Senhores estudiosos do fenômeno UFO, eu vos pergunto: nesse dia 24 de junho de 2007, o que conseguimos de verdade? Alguns mais otimistas podem até dizer coisas do tipo: “Ah, a França liberou seus documentos de pesquisa ufológica recentemente, isso é uma grande conquista, entre outras do tipo”. É mesmo? E quem, além de nós, sabe disso? Quem, além de nós se interessou por isso? Eu não vi ninguém dar muita importância a esse assunto da França. Eu não vi ninguém, além de pessoas do meio, comentar o caso e, além disso, o fato da liberação dos documentos franceses não teve nada a ver com nenhum tipo de pressão por parte de ufólogos organizados. Pode, em verdade, ter sim, mais a ver com alguma manobra governamental obscura no sentido de confundir a opinião pública. Certamente, se dependesse de nós e de nosso interesse ufológico (sobretudo, dos ufólogos da França), esses documentos ainda continuariam engavetados nos porões do governo francês.
Em algumas listas de discussão de Ufologia e até mesmo no Orkut vemos um aparente desinteresse pela defesa e pelo fenômeno UFO em si, além das constantes brigas citadas. Foi isso que se tornou a Ufologia depois de 60 anos? Esse antro de desinteresse e brigas? Claro que não falo por todos, obviamente, ainda existem pesquisadores comprometidos e sérios que fazem de tal espaço, um lugar onde possam debater, trocar idéias construtivas e dar o melhor de si na tentativa de explicar esse mistério milenar. Contudo, existem “vírus” que empestam o estudo ufológico.
No domingo, 24 de junho de 2007, deveríamos olhar para o céu e, além de procurar por mais um objeto-voador-não-identificado, deveríamos procurar também em nós mesmos, uma saída, uma reflexão para que no futuro próximo surja uma solução para fugir do marasmo e desse crepúsculo duvidoso que a cada dia se aproxima mais da Ufologia.
* Rafaela Oliveira é pesquisadora em Ufologia e membro do Conselho Editorial de UFOVIA.
- Ilustração: Salvador Dali e fotomontagens de Pepe Chaves.
- Produção: Pepe Chaves. © Copyright, Pepe Arte Viva Ltda.
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