Crise econômica:
Anunciada greve nos principais portos
nacionais*
Paralisação de uma semana começa na
próxima segunda-feira e ameaça
provocar ruptura de estoques em empresas
de diferentes sectores.
Em Portugal, os portos nacionais iniciam na próxima
segunda-feira uma semana de greve geral. A paralisação promete complicar
a vida a empresas de diferentes sectores, já que põe em causa a
reposição de estoques que garantam o seu normal funcionamento.
Segundo o "Diário Económico", a Confederação dos Sindicatos
Marítimos e Portuários (Fesmarpor) emitiu a 22 de dezembro um pré-aviso
de greve dos trabalhadores dos portos de Viana do Castelo, Aveiro,
Figueira da Foz, Lisboa, Setúbal, Sines e Caniçal (na Madeira), numa
manifestação "contra a prepotência e o oportunismo das empresas de
estiva e das associações de operadores que, aproveitando a crise
vigente, procuram, pela ameaça do despedimento e da precarização dos
contratos de trabalho, anular e eliminar todos os acordos e protocolos
anteriormente celebrados com os sindicatos".
*
Informações de Expresso-Aeiou/Portugal (www.expresso.pt).
05/01/2012
* * *
Economia:
Guerras civis e ditaduras se o euro se
desintegrar*
Um relatório de choque do banco UBS
aponta para as consequências políticas
da fragmentação e desintegração da zona
euro. Saída da zona monetária
poderá custar entre 40 a 50% do PIB
de um "periférico".
As consequências políticas de uma fragmentação de uma zona
monetária são muito sérias. Aos efeitos monetários e econômicos
associar-se-ão provavelmente um de dois resultados: "Ou se caminha para
uma resposta mais autoritária de governo para conter ou reprimir a
desordem social - um cenário que tenderá a exigir uma mudança de governo
democrático para autoritário ou militar -, ou, em alternativa, a
desordem social se misturará com fraturas na sociedade para dividir o
país, redundando em guerra civil".
Estes cenários são apresentados num relatório de choque do
banco UBS, da autoria de Stephane Deo, Paul Donovam e Larry Hatheway, a
que o Financial Times e o Business Insider tiveram acesso.
Apesar do cenário negro, o relatório admite que a zona euro
acabará por evoluir, mesmo que lentamente (o ministro das Finanças
alemão falava hoje no Financial Times dos alemães serem adeptos de
"pequenos passos") e muito dolorosamente, para a integração orçamental e
a gerência econômica.
Mas as conclusões para que o relatório aponta merecem
reflexão no detalhe:
1- A zona euro não pode continuar com esta estrutura e com
estes membros atuais. "Ou a estrutura atual muda, ou os membros terão de
mudar". Mas a fragmentação ou liquidação da zona monetária única tem um
custo ainda mais elevado.
2- O custo para um "periférico" ronda os 40 a 50% do seu
produto interno bruto (PIB) no primeiro ano depois da saída do euro.
Para cada cidadão do país que sai, o custo dessa saída rondará os 9500 a
11500 euros no primeiro ano e entre 3000 a 4000 euros por ano nos anos
subsequentes.
3- No caso de um país do "núcleo duro" da zona euro, uma
saída do euro implicaria uma bancarrota de empresas de referência, a
re-estruturação do sistema bancário e o colapso do seu comércio
internacional. O impacto, no caso da Alemanha, por exemplo, seria de 20
a 25% do PIB.
4- Em termos comparativos, para o caso germânico, a saída
do euro implicaria para cada alemão um custo de 6000 a 8000 euros no
primeiro ano e entre 3500 a 4500 euros por ano nos anos subsequentes,
enquanto que um resgate completo da Grécia, Portugal e Irlanda, em caso
de bancarrota, custaria, apenas, 1000 euros de uma só vez.
5- Mas o custo econômico e monetário deve ser "a última das
preocupações dos investidores". Porquê? Porque as consequências
políticas são mais gravosas ainda: "Merece a pena salientar que quase
nenhuma união monetária moderna se dissolveu sem alguma forma de governo
autoritário ou militar, ou guerra civil".
Acresce ainda um outro detalhe que não é referido pelo
relatório. Para além das consequências políticas de regime ou de guerra
civil, a turbulência nos países "periféricos" da atual zona euro traria
consequências geopolíticas, em situações de caos político e desagregação
do estado e da sociedade. Estes países encontram-se no que se designa em
geoestratégia de zonas de embate (shatterbelt) entre grandes potências,
frequentemente sujeitas, ao longo da história, a serem palcos de
disputas diretas ou indiretas de terceiros próximos ou longínquos.
*
Informações de Jorge Nascimento Rodrigues/Expresso (www.expresso.pt).
* * *
Portugueses assinam documento:
‘Um Compromisso Nacional’: o resgate de
Portugal
O ‘Expresso’ publica com exclusividade,
texto e signatários em que Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio
são algumas das mais de 40 figuras
públicas portuguesas que assinam o documento "Um Compromisso Nacional".
O documento
1 -
Portugal está a viver uma das mais sérias crises da sua história
recente. Essa crise tem uma dimensão financeira e económica, que se
reflete no défice orçamental, no desequilíbrio externo, no elevado grau
de endividamento público e privado e nos baixos índices de
competitividade e crescimento da economia, com grave impacto no
desemprego, em especial nas gerações mais novas; mas tem igualmente uma
dimensão política e social grave, que se exprime numa crescente
dificuldade no funcionamento do Estado e do sistema de representação
política e em preocupantes sinais de enfraquecimento da coesão da
sociedade e das suas expectativas.
2 -
A crise financeira e económica mundial que se iniciou em 2007,com origem
nos Estados Unidos, gerou em 2009 a maior recessão global dos últimos 80
anos e transformou-se, mais tarde, na chamada crise da dívida soberana,
que abriu no seio da União Europeia um importante processo de
ajustamento político e institucional, afetando de modo especialmente
negativo alguns dos Estados membros mais vulneráveis, entre os quais,
agora, Portugal.
3 -
Nesta situação de grande dificuldade, em que persistentes problemas
internos foram seriamente agravados por uma conjuntura internacional
excecionalmente crítica, os signatários sentem-se no dever de exprimir a
sua opinião sobre algumas das condições que consideram indispensáveis
para ultrapassar a crise, num momento em que a dificuldade de diálogo
entre os dirigentes políticos nacionais e a crescente crispação do
debate público, nas vésperas de uma campanha eleitoral, ameaçam minar
perigosamente a definição de soluções consistentes para os problemas
nacionais.
4 -
Essas condições envolvem dois compromissos fundamentais:
a) em primeiro lugar, um compromisso entre o Presidente da
República, o Governo e os principais partidos, para garantir a
capacidade de execução de um plano de ação imediato, que permita
assegurar a credibilidade externa e o regular financiamento da economia,
evitando perturbações adicionais numa campanha eleitoral que deve
contribuir para uma escolha serena, livre e informada; este compromisso
imediato deve permitir que o Governo possa assumir plenamente as suas
responsabilidades para assegurar o bem público e assumir inadiáveis
compromissos externos em nome do Estado.
b) em segundo lugar, um compromisso entre os principais
partidos, com o apoio do Presidente da República, no sentido de
assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria
inequívoca, indispensável na construção do consenso mínimo para
responder à crise sem a perturbação e incerteza de um processo de
negociação permanente, como tem acontecido no passado recente; numa
perspetiva de curto prazo, esse consenso mínimo deverá formar-se sobre o
processo de consolidação orçamental e a trajetória de ajustamento para
os próximos três anos prevista na última versão do Programa de
Estabilidade e Crescimento; e, numa perspetiva de médio/longo prazo,
sobre as seguintes grandes questões nacionais, relacionadas com a
adaptação estrutural exigida à economia e à sociedade: a
governabilidade, o controlo da dívida externa, a criação de emprego, a
melhor distribuição da riqueza, as orientações fundamentais do
investimento público, a configuração e sustentabilidade do Estado Social
e a organização dos sistemas de Justiça, Educação e Saúde.
5 - As próximas eleições gerais exigem um clima de
tranquilidade e um nível de informação objetiva sobre a realidade
nacional que não estão neste momento asseguradas. A afirmação destes
compromissos, a partir de um esforço conjunto dos principais
responsáveis políticos, ajudará seguramente a construir uma solução
governativa estável, que constitui a primeira premissa para que os
Portugueses possam encontrar uma razão de ser nos sacrifícios presentes
e encarar com esperança o próximo futuro.
Signatários:
Adriano Moreira
Alexandre Soares dos Santos
Álvaro Siza Vieira
António Barreto
António Gomes de Pinho
António Lobo Antunes
António Lobo Xavier
António Nóvoa
António Ramalho Eanes
António Rendas
António Vitorino
Artur Santos Silva
Belmiro de Azevedo
Boaventura Sousa Santos
Daniel Proença de Carvalho
Diogo Freitas do Amaral
Eduardo Lourenço
Eduardo Souto Moura
Emílio Rui Vilar
Fernando Seabra Santos
Francisco Pinto Balsemão
Isabel Rodrigues Lopes
João Gabriel Silva
João Lobo Antunes
Joaquim Gomes Canotilho
Jorge Sampaio
José Carlos Marques dos Santos
José Carlos Vasconcelos
José Pacheco Pereira
José Pena do Amaral
José Silva Lopes
Júlio Pomar
Júlio Resende
Leonor Beleza
Luís Portel
Manoel de Oliveira
Manuel Braga da Cruz
D. Manuel Clemente
Manuel Sobrinho Simões
Maria de Sousa
Maria Fernanda Mota Pinto
Maria João Rodrigues
Mário Soares
Miguel Veiga
Rui Alarcão
Teresa de Sousa
* Informações do
Expresso (Portugal) -
http://aeiou.expresso.pt.
- Preservado o
português local.
- Tópico associado:
Bancarrota: Portugal ultrapassa a Irlanda e se fixa em 4º lugar
* * *
Visita presidencial:
Dilma chega a Portugal e diz que pode
ajudar o país
Portugal não cresce, está com déficit
crescente e está sendo obrigado a pagar juros de quase 8% em títulos de
10 anos.
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A presidente Dilma Rousseff desembarcou
em Portugal.
A presidente Dilma Rousseff chegou a Portugal nessa terça,
29/03 e disse que o Brasil pode ajudar o país a sair da crise econômica.
"Poderá [ajudar Portugal], como Portugal sempre ajudou o
Brasil", afirmou em frente ao hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra.
Dilma faz uma visita de dois dias a Portugal. Chega num
momento de grande crise política e econômica. O país está praticamente
sem governo. O primeiro-ministro, José Sócrates, renunciou na semana
passada após o Parlamento rejeitar seu pacote de estabilidade. Ele fica
no cargo até que sejam convocadas novas eleições, o que pode acontecer
até o fim de semana.
Portugal não cresce, está com deficit crescente e está
sendo obrigado a pagar juros de quase 8% em títulos de 10 anos. É quase
o triplo do que paga a Alemanha.
É dado como certo que terá de recorrer à ajuda do FMI e do
Banco Central Europeu.
Na noite de ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse que Portugal deveria aproveitar a visita de Dilma para pedir
uma ajuda.
O Brasil poderia, por exemplo, comprar títulos da dívida
portuguesa.
Questionada sobre isso, Dilma não quis responder. Ela
visita agora à tarde a Universidade de Coimbra, que amanhã concede a
Lula o título de doutor honoris causa.
*
Informações de Vaguinaldo Marinheiro/Folha.Com (SP).
-
Foto: Folha.Com.
* * *
Poder:
Cai o premier português Sócrates
José Sócrates: Lamento ter sido o único a
apelar à responsabilidade.
Ele defende que tentou até ao último
minuto dialogar com os outros partidos.*
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José Sócrates
O primeiro-ministro lamentou na quarta-feira, 23/03, que,
nos últimos dias, tenha sido "o único" a apelar ao sentido de
responsabilidade para que se evitasse uma crise política e que nenhuma
força da oposição tivesse respondido a esse apelo.
"Ao longo destes dias fiz inúmeros apelos à
responsabilidade e pedi a todos que pensassem no que iam fazer. Lamento
que tenha sido o único a fazer esse apelo e lamento ainda mais que
nenhuma outra força política tenha respondido a esse apelo", declarou
José Sócrates na sua comunicação ao país.
De acordo com a versão dos acontecimentos apresentada pelo
primeiro-ministro, após ter apresentado a sua demissão ao Presidente da
República, "até ao último minuto", da sua parte, houve "total
disponibilidade para dialogar com todos e para negociar os ajustamentos
necessários para um consenso que salvaguardasse o interesse nacional".
"Insistência no diálogo"
Sócrates justificou esta atitude de alegada insistência no
diálogo para evitar que Portugal fosse obrigado a recorrer a ajuda
externa no plano financeiro.
"Desde há vários meses que tenho lutado por um propósito
que considero absolutamente fundamental: Proteger o país da necessidade
de recorrer a um programa de ajuda externa para que Portugal não ficasse
na situação da Grécia ou da Irlanda.
Sempre alertei para as consequências profundamente
negativas de um programa de ajuda externa, sem bem o que isso
significa", porque, "em primeiro lugar, tem consequências profundamente
negativas para a imagem, para o prestígio e para a reputação nacional",
sustentou.
Ainda de acordo com José Sócrates, um programa de ajuda
externa tem consequências muito negativas "para as pessoas, para as
famílias e também para as empresas", já que "impõe medidas muito mais
duras de austeridade e de contenção".
* Informações e foto de Lusa/Expresso (Portugal).
-
Post.: 23/03/2011.
* * *
Energia:
Preço da gasolina atinge máximo histórico*
Os
preços dos combustíveis voltaram a subir esta semana
e
está acima do máximo histórico de julho de 2008.
Com esta nova subida, o preço da gasolina bateu o valor
médio mais alto da história: 1,523 euros, atingidos na semana de 18 de
julho de 2008.
A Galp atualizou os preços na noite de domingo para
segunda-feira (17/01), aumentando a gasolina em 2 centésimos e o gás em
três centésimos. Nos postos da Galp, um litro de gasolina custa agora
1,533, enquanto o gás vale 1,348 o litro.
De acordo com fonte da distribuidora, as últimas
atualizações de preços feitos pela empresa estão "alterações nas
cotações do gás e da gasolina no norte da Europa, que têm estado a
disparar desde há várias semanas".
Adicionalmente, disse a mesma fonte, "o dólar [ao qual está
indexado o preço do barril de petróleo] também se tem valorizado muito
em relação ao euro, por causa das questões da dívida soberana" de vários
países europeus.
Cepsa igual à Galp
Nos postos da Cepsa, desde às zero hora de hoje, a gasolina
95 sem chumbo ficou mais cara, custando 1,533 o litro, e o gás custa
1,348 o litro.
A Lusa contatou a BP para obter informação sobre aumentos
nos postos de abastecimento, mas até ao momento não foi possível obter
resposta. Com esta nova subida, o preço da gasolina bateu o valor médio
mais alto de 1,523 euros, atingidos na semana de 18 de julho de 2008,
num patamar em que o preço do petróleo atingiu máximos históricos, acima
dos 147 dólares por barril.
O 3º gás mais caro da Europa
Os dados mais recentes da Comissão Europeia apontam
Portugal como tendo o gás mais caro da Europa, a seguir à Grécia e à
Finlândia, enquanto o mais barato é da Irlanda, Áustria e Reino Unido.
Depois de impostos o cenário muda: o gás português quando
chega ao público é o 8.º mais caro da UE-27. Com impostos, o gás mais
caro é do Reino Unido, seguido da Suécia e, depois, da Grécia.
Uma análise feita pela Lusa concluiu que preços da gasolina
sem chumbo 95 subiram em média todas as semanas desde setembro à exceção
de quatro vezes, apesar de se terem registrado sete quedas de preço
deste produto refinado nos mercados internacionais.
As petrolíferas referem que estes preços na bomba
acompanham a média semanal de preços dos produtos refinados nos mercados
internacionais.
*
Informações de Lusa/Expresso (Portugal).
* * *
Portugal:
Salário mínimo será
de 485 euros
Medida significa um
acréscimo de 33,4% da remuneração mínima nacional,
em termos nominais,
em relação ao seu valor de 2005.
Da
Redação*
Via Fanzine
28/12/2010
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Em 2009, os trabalhadores portugueses viram a remuneração
mínima subir de 426 para 450 euros. Em 2010, o salário mínimo permaneceu
em 475 euros e o debate agora se concentra na elevação para 500 euros em
2011, valor que tinha sido acordado em 2006, mas que desagradou os
patrões.
Contudo, o Conselho de Ministros, em 23/12/2010, aprovou a
atualização do salário mínimo nacional para 485 euros a partir de
1º/01/2011. O Governo prevê que, até final de 2011, este valor atinja os
500 euros, após duas fases de avaliação.
Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, este
Decreto-Lei atualiza o valor do salário mínimo nacional, em fases, sendo
fixado, em 485 euros, a partir de 1º/01, e sujeito a duas fases de
avaliação, nos meses de maio e setembro, com o objetivo de ser atingido
o montante de 500 euros ainda em 2011.
Esta medida significa um acréscimo de 33,4% da remuneração
mínima nacional, em termos nominais, em relação ao seu valor de 2005.
Nos últimos seis anos, a retribuição mínima mensal garantida aumentou
125 euros.
O atual salário mínimo português de 475 euros corresponde a
quase três vezes o valor do salário mínimo brasileiro.
*
Com informações das agências portuguesas.
* * *
Lisboa:
Greve geral paralisa transporte e serviços
públicos*
O Governo, que
ainda não fez estimativas sobre a repercussão geral da paralisação.
A greve geral contra as medidas anticrise do Governo
português conseguiu nesta quarta-feira paralisar o transporte e inúmeros
serviços públicos no país, com alta adesão nas grandes empresas e
fábricas.
Segundo as informações dos sindicatos e a imprensa, em
ambos os setores, o de transportes, com o espaço aéreo praticamente
fechado, e o da Administração, a greve contra a política econômica do
primeiro-ministro, José Sócrates, tem adesão majoritária.
O Governo, que ainda não fez estimativas sobre a
repercussão geral da paralisação, só calculou os números do setor
sanitário, cuja incidência da greve seria de 40%.
Ao apresentar o dado, o secretário de Estado da
Administração Pública, Gonçalo Castilho, disse à imprensa portuguesa que
espera "civismo e respeito" durante o protesto, no qual por enquanto só
foram registrados confrontos entre a Polícia e piquetes em um escritório
dos Correios de Lisboa e em uma estação de trem.
Castilho afirmou que estima que a incidência da greve não
será maior do que em outras ocasiões, apesar desta ser a primeira vez em
22 anos que os dois maiores sindicatos do país, a Confederação Geral de
Trabalhadores de Portugal (CGTP, comunista) e a União Geral de
Trabalhadores (UGT, socialista), organizaram uma manifestação conjunta.
Os dirigentes de ambas centrais se declararam muito
satisfeitos pela adesão ao protesto, especialmente no transporte
público.
Embora os meios de comunicação, o comércio e os escritórios
e empresas de serviços de Lisboa, Porto e outras grandes cidades do país
continuem funcionando, muitas pessoas não conseguiram chegar ao local de
trabalho por não contarem com outro meio de transporte além do táxi.
A paralisação teve um impacto maior nos aeroportos que,
segundo porta-vozes oficiais disseram à Agência Efe, interromperam todas
as atividades e cancelaram centenas de voos nacionais e internacionais
que operam diariamente no território.
Durante a madrugada, a coleta de lixo também foi afetada em
todo o país e os porta-vozes da CGTP e da UGT declararam que a
participação na greve "ultrapassa" as expectativas.
Nas grandes fábricas, como a da Volkswagen Autoeuropa, que
tem cerca de 9 mil funcionários e fica a 30 quilômetros de Lisboa, e os
estaleiros navais de Viana do Castelo, os maiores do país, a paralisação
era total.
O secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, e o
da UGT, João Proença, expressaram seu desejo de que o protesto dos
trabalhadores portugueses obrigue o Governo a mudar sua política
econômica.
Sócrates aplicou neste ano um severo plano de austeridade,
com aumento de impostos, congelamento de pensões, redução de salários e
corte de investimentos públicos para reduzir o déficit fiscal de 9,3%
para 4,6% em 2011.
*
Informações da EFE.
* * *
Mistério no Brasil:
Portugueses cobram assassinato não
esclarecido
A propósito do romance de Lúcio e
Rosalina*
Por Carlos Fonseca*
Para o
Aventar/Portugal
Nos últimos dias, a imprensa notícia e comenta amiudadas
vezes o assassinato em dezembro de 2009 de Rosalina Ribeiro, nas
proximidades do Rio de Janeiro. Tinha sido amante do empresário e
milionário Lúcio Tomé Feteira, falecido em 2000.
O
jornal i na edição de
hoje revela alguns detalhes das vidas e da ligação amorosa das duas
figuras.
Lúcio Tomé Feteira foi meu patrão, na antiga Covina. Há
alguns méritos na história do industrial. Contestou a política de
condicionamento industrial salazarista e pagou a ousadia com um exílio
no Brasil.
Ao saber aproveitar o financiamento do sogro, teve
meritória ação na iniciativa e liderança do processo de introdução da
indústria mecânica de chapa de vidro em Portugal. Sucedeu Justamente em
1936, através da fundação da Covina – Companhia Vidreira Nacional. Após
o 25 de Abril, uma fatia de 80% do capital da vidreira, proporção
pertencente a empresários portugueses, foi nacionalizada. Os restantes
20% mantiveram-se em poder da companhia francesa Saint-Gobain; mais
tarde, em processo de privatização, a referida multinacional adquiriu ao
IPE os 80% de capital que lhe faltavam e ficou proprietária absoluta da
empresa. O nome Covina viria, pois, a volatilizar-se.
Vale a pena analisar os efeitos da privatização citada. No
tempo dos acionistas portugueses e mesmo com a empresa majoritariamente
nacionalizada, a Covina empregava cerca de 1.200 trabalhadores, em Santa
Iria de Azóia. Hoje e desde há mais de dois anos, a produção está
paralisada e aquilo que foi uma fábrica de muita gente laboriosa não
passa de um armazém com cerca de 30 trabalhadores ou
“para-trabalhadores”.
A Saint-Gobain, via Madrid, comanda o negócio em Portugal,
em favor dos espanhóis. É por influência dessa gestão que o vidro base,
a transformar em vidro temperado para a Auto-Europa, é de origem
espanhola. Não é despiciendo lembrar que, na determinação dos incentivos
fiscais concedidos à produtora de automóveis, foi considerada a soma do
‘valor acrescentado nacional’ a incorporar; agora a parcela de vidro
português está reduzida, quando muito, ao ‘valor acrescentado’ da
transformação.
Por outro lado, em jeito de balanço final, registra-se que
a vida Lúcio Tomé Feteira ficou marcada por dois aspectos essenciais: o
dinamismo empresarial e as amantes. Teve várias. Rosalina Ribeiro foi a
última e o currículo da dita demonstra a têmpera de mulher de que se
tratava. Cerca de 30 anos mais nova do que o empresário, sempre lutou
pela herança de uma grande fortuna contra os herdeiros naturais.
Rosalina foi assassinada em noite de encontro com o seu
advogado, o conhecido Duarte Lima. Os documentos de que era portadora
desapareceram. As jóias ficaram intactas, coladas ao cadáver. Como e por
que razão se chegou a este desenlace, só agora divulgado? Aguardemos os
resultados das investigações. Talvez venham a ser esclarecedores ou não.
Por enquanto, contentemo-nos com o mistério.
- Leia mais sobre o assassinato de
Rosalina Ribeiro:
http://www.aventar.eu/2010/08/11/ainda-o-romance-de-lucio-e-rosalina/
http://www.aventar.eu/2010/08/17/duarte-lima-e-o-assassinio-de-rosalina-ribeiro/
* * *
Justiça:
Docente processa juiz por difamação
Testemunha acusa magistrado de a chamar
de “ignorante”.
Por Sónia Trigueirão*
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O presidente do Supremo Tribunal de
Justiça de Portugal,
Noronha do Nascimento, está no rol de
testemunhas da docente.
Maria C., professora primária residente em Lisboa,
Portugal, decidiu processar um juiz de Direito por injúrias durante a
sessão de um julgamento onde era testemunha. Como compensação, pede
apenas o pagamento de um cêntimo e a censura judicial do magistrado.
Na ação que colocou no Tribunal Judicial da Guarda, em
Julho deste ano, contra Luís A., juiz de Direito, Maria C. explica que
foi interrogada, em 2008, como testemunha de um processo onde os seus
pais eram parte interessada. Os pais acusavam o vizinho de provocar
inundações numa loja de sua propriedade. No meio do depoimento, Maria
teria sido, como é descrito na ação, interrompida pelo juiz que, "em
altos berros e batendo com os punhos na mesa", lhe "perguntou se sabia
calcular um volume de água, ao mesmo tempo que referia a respectiva
fórmula e apresentou um resultado". Depois de ter perguntado à
testemunha se era professora e de ter obtido a resposta, o juiz teria
referido à profissão da própria mãe: "Se a minha mãe soubesse que tinha
uma colega que não sabia calcular o volume de água, ia ficar muito
triste".
Na ação colocada contra o juiz, é alegado que o mesmo quis
fazer a testemunha "passar por ignorante" e "incompetente" e que a
"crítica" foi "desajustada", uma vez que estava em causa era saber se
determinada divisão de uma casa tinha sido inundada por ação do vizinho
e quais as consequências. Não era "para calcular, com exatidão, o volume
das águas vertidas e, muito menos, o tempo de enchimento e de
escoamento".
A professora, antes de avançar com um processo no tribunal
de primeira instância, apresentou queixa no Conselho Superior de
Magistratura (CSM). Mas, apesar de dois votos contra, o CSM acabou por
se decidir pelo arquivamento. No rol de testemunhas, Maria C. incluiu a
mãe do magistrado, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha
do Nascimento, um vogal do CSM, o juiz-conselheiro Laborinho Lúcio e o
bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto.
*
Informações do Correio da Manhã (Portugal).
-
Foto: Ionline.pt.
* * *
O trem-bala
português:
TGV:
Um buraco financeiro a prazo
Segundo o estudo, da Universidade do Minho, as linhas de TGV
Lisboa-Porto
e
Porto-Vigo nunca serão rentáveis, sendo eternas fontes de prejuízo ao
estado.
Por
Clavis Prophetarum*
De
Portugal/UE
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O
TGV (trem-bala português) pode ser um ‘cavalo de troia’ de Madrid,
porém, pago pelo povo de Portugal.
Em Portugal, um
estudo encomendado pelo Ministério das Finanças conclui aquilo que
muitos também já descobriram: o TGV (o trem-bala português) nunca será
mais do que um sorvedouro infindável de dinheiro público.
Segundo o estudo, da
Universidade do Minho, as linhas de TGV Lisboa-Porto e Porto-Vigo nunca
serão rentáveis, sendo eternas fontes de prejuízo ao estado. O estudo
revela também a motivação para a pressão de Madrid para que estas linhas
sejam construídas: o único beneficiário com estas duas linhas será a
Espanha, já que aumentará as suas exportações, reduzindo o preço dos
seus produtos, além de conquistar uma ainda maior quota de mercado em
Portugal.
Paradoxalmente, o
empreendimento português beneficiará as exportações do país vizinho,
prejudicando ainda mais a balança comercial de pagamentos portuguesa, a
expensas do erário público. Isto é, Portugal investe e Espanha lucra.
Patético…
O estudo indica
também que, as linhas restantes podem ter retorno financeiro em longo
prazo, sobretudo, a Lisboa-Madrid, pois a sua construção vai implicar
num aumento da dívida pública portuguesa, em condições mais acentuadas
que as atuais, devido à queda do rating da República pelas agências
internacionais de Rating. Ou seja, se já era uma má ideia fazer o TGV em
2009, agora, em 2010, será ainda uma ideia pior.
O estudo conclui, por
fim, naquilo que o Governo está a fazer bem: investimentos na renovação
das escolas e nas barragens. Uns e outros reduzem o desemprego,
qualificam o sistema de ensino – sempre crucial ao desenvolvimento a
prazo de um país – e na produção de energia hidroelétrica, essencial
para a redução da crônica balança de pagamentos portuguesa e das suas
emissões de CO2.
O TGV assume -
segundo o estudo, cujas conclusões serão no essencial ignoradas pelo
Governo do teimoso Sócrates – o papel de poço financeiro de um país
endividado e em crise financeira. Para os portugueses, o empreendimento
se traduzirá numa dívida piramidal para pagar uma construção faraônica
que sorverá todos os anos milhões de euros dos cofres públicos.
O TGV é um erro.
Ainda que a linha Lisboa-Madrid seja rentável, não implicará um aumento
da competitividade das exportações portuguesas. A aposta devia ser dada
no Pendular, na modernização das suas linhas e na multiplicação de
serviços e linhas suburbanas, de forma a oferecer uma alternativa cada
vez mais viável aos transportes individuais e rodoviários de pessoas e
mercadorias.
Não a um TGV que irá
beneficiar, sobretudo, as exportações da Espanha e as visitas de
madrilenos às praias da Caparica…
* Informações e
imagens de
TSF/Sapo.pt
- Com adaptação: Pepe
Chaves.
- Mais sobre o
TGV:
http://www.railway-technology.com.
* * *
Vila Verde:
Portugal recebe brasileiros de Bom
Despacho
Fomos conhecer o famoso Santuário da
Virgem do Bom Despacho, no alto de uma colina,
enriquecendo ainda mais uma das mais
belas paisagens que meus olhos já viram.
Por
Jacinto Guerra*
De Brasília-DF
Para
Via Fanzine
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Brasileiros e portugueses em Vila Verde.
Em 1967, quando o Dr. Laércio Rodrigues lançou seu livro
História de Bom Despacho – origens e formação, ficamos sabendo que,
na Freguesia de Cervães, em Vila Verde, Portugal, existe o famoso
Santuário de Nossa Senhora do Bom Despacho, padroeira de nossa terra – e
lá conhecida, antigamente, como “a Senhora do Sol”.
Promotor de Justiça, Laércio, que veio de Teixeiras –
pequena cidade da Zona da Mata, situada entre Viçosa e Ponte Nova –,
tornou-se um dos professores mais queridos de Bom Despacho. Suas luzes
de historiador despertaram-me um interesse especial por Vila Verde e a
província do Minho, de onde, nos fins do século XVIII, vieram os
colonizadores de vasta região de Minas Gerais. Inclusive, meu bisavô
materno, Mizael Pinto Ribeiro, natural da região do Porto e, depois,
morador da vizinha Santo Antônio do Monte.
Bem antes da História de Bom Despacho – origens e
formação, encantei-me com os relatos do Vigário Nicolau e outras
lendas de minha terra, que enriquecem a nossa memória literária e devem
harmonizar-se com os estudos históricos, cada um no seu espaço de
conhecimento e de cultura.
Em 1995, depois do período em que nos despedimos de nossa
querida Letícia – que virou uma estrela no poema que a Bete, sua irmã,
lhe dedicou –, os desígnios de Deus nos conduziram, numa viagem de
sonho. Partindo de Brasília rumo à Grécia, Itália, Turquia, França,
Espanha – e a Portugal de nossas origens e de nosso bem-querer, com uma
escala na mais bela cidade do mundo: o sempre lindo Rio de Janeiro.
De Lisboa e, depois do Porto e de Braga, Nilce e eu
tomamos o caminho de Vila Verde, onde fomos conhecer o famoso Santuário
da Virgem do Bom Despacho, no alto de uma colina, enriquecendo ainda
mais uma das mais belas paisagens que meus olhos já viram.
Daquela viagem, carregada de emoção e de uma saudade
mergulhada em tempos distantes – mas dirigida ao futuro – surgiu um
programa de amizade entre Bom Despacho e Vila Verde. É um sonho de duas
comunidades separadas por terras e mares, mas unidas pela cultura,
pela história e pelas tradições de povos irmãos.
Ao longo de quase 15 anos, diversos foram os encontros de
amizade, de cultura, sobretudo de idéias e sonhos com um futuro de
desenvolvimento e de paz social entre em pequenas cidades do Brasil e de
Portugal.
Foram belos encontros de arte e cultura, como as
apresentações do músico Valdir Silva, em Vila Verde, e a entrega solene,
em Bom Despacho, de livros e outros bens culturais ao nosso Museu da
Cidade e à Biblioteca Municipal, especialmente o Lenço dos Namorados.
Uma tradição de beleza e de ternura, principalmente na aldeia
vilaverdense de Aboim da Nóbrega.
Esta amizade entre Bom Despacho e Vila Verde se parece com
aquelas lamparinas antigas que iluminavam nossas casas, apagando de vez
em quando sua chama, para depois, reacendê-la com o seu brilho vencedor
da escuridão.
Agora, em julho de 2009, uma embaixada de três
bondespachenses, deixou importante Congresso de Literatura, em Braga,
chegando, de surpresa, ao palácio do governo de Vila Verde – sede da
Câmara Municipal –, munidos apenas de uma cópia de mensagem que enviei
pela internet, apresentando aos amigos vilaverdenses, meus conterrâneos
de Bom Despacho que estavam em terras de Espanha e Portugal.
A pequena comitiva, que já estivera em Lisboa, Coimbra e
Fátima, chegara a Vila Verde, formada por Dulce Couto Alves, professora
em Belo Horizonte, e sua irmã Dinorá Couto Cançado, moradora de
Brasília. Completando-se o grupo com seu marido, o fazendeiro Edson
Geraldo Cançado, incentivador de sua mulher em projetos de cultura e
inclusão social, reconhecidos no Brasil e outros países da América
Latina.
Dinorá, que já levou suas experiências a Cuba e ao Peru,
foi a Portugal num projeto de intercâmbio da Universidade de
Brasília-UnB e a Universidade do Minho - com o objetivo de levar à
Europa seus projetos de leitura para deficientes visuais – e de
incentivo às crianças para o prazer com os livros e as bibliotecas,
mostrando o que se faz no Brasil neste campo da educação e da inclusão
social.
Em Braga, a professora mineira apresentou o projeto
Braille, desenvolvido principalmente em Taguatinga, que envolve
escritores e leitores, facilitando aos cegos um contato mais direto com
a literatura e seus autores. Ainda na Universidade do Minho, Dinorá
Couto coordenou sua oficina de incentivo à leitura, intitulada
“Brincando de Biblioteca”, promovida em Brasília com apoio da Lei de
Incentivo à Cultura do Distrito Federal.
Edson, Dulce e Dinorá ficaram encantados com a
hospitalidade dos nossos amigos vilaverdenses. Foram recebidos no
Gabinete do Presidente da Câmara Municipal que lá é, também, o chefe do
Poder Executivo. Naquele salão belamente decorado com o Brasão de Vila
Verde, receberam livros e outros presentes do rico artesanato da
província do Minho. O presidente da Câmara, António Vilela, que visitou
Bom Despacho em 1997, encontrava-se em viagem à Espanha e foi
representado por um de seus assessores, Manuel Lopes, anfitrião dos
melhores naquelas terras de Portugal.
Da Câmara Municipal, nossos conterrâneos foram conhecer a
Biblioteca Municipal Prof. Machado Vilela, instalada num prédio
monumental, um dos orgulhos de Vila Verde, também, pela riqueza de seu
acervo e pela modernidade de suas instalações como integrante da Rede de
Bibliotecas – Modelo que funcionam com apoio da Unesco.
Recebidos por Fernanda Vilela, diretora da Biblioteca, num
requinte de hospitalidade, os visitantes foram levados, primeiramente, a
uma obra de arte que representa um traço de união entre duas cidades,
uma do Brasil e outra de Portugal: em primeiro plano, encontra-se a bela
Igreja Matriz de Bom Despacho e, logo depois, uma Ponte Romana, que
existe em Vila Verde, compondo a idéia das relações entre os dois
Municípios. Trata-se de um quadro a óleo da artista plástica Nilce
Coutinho, sendo que, da mesma obra, existe outro exemplar em Bom
Despacho, no Museu da Cidade, integrando o conjunto de bens culturais
desse interessante programa de intercâmbio luso-brasileiro.
Na frente da Biblioteca, uma grande faixa de divulgação da
Bienal Internacional de Arte Jovem de Vila Verde mostra o alto nível
da programação de arte e cultura da cidade. Nesta importante Bienal,
jovens de Bom Despacho já tiveram a oportunidade de participar, enviando
seus trabalhos, que foram selecionados e expostos ao lado de outros,
principalmente de jovens artistas de Portugal, Espanha, França e
Alemanha.
Chamaram a atenção dos brasileiros, principalmente do Edson
Cançado, a beleza do verde e da natureza por toda parte no Minho, com
vinhedos, árvores frutíferas e até hortas e milharais dentro das
cidades, em quintais e espaços de jardins.
Dulce e Dinorá acharam muito interessante o programa de
intercâmbio entre Bom Despacho e Vila Verde, que temos desenvolvido,
inclusive em contatos pela internet. Acreditam que nossa Secretaria
Municipal de Cultura e Turismo poderá ampliar as ações que diversos
cidadãos realizam nesta direção, citando principalmente o interesse meu
e de Nilce Coutinho criadores e incentivadores desse projeto,
compartilhado, também, por sites.e jornais nos dois países de Língua
Portuguesa.
Nossos embaixadores trouxeram as melhores impressões de
Vila Verde, em razão da qualidade de vida de seus moradores, das
conquistas na educação e na cultura, no encontro feliz da tradição com
a modernidade, no espírito religioso e na organização comunitária.
Em Vila Verde, os mineiros não se esqueceram do bom vinho, do bacalhau e
das batatas, enfim, da excelente culinária, em que os portugueses são
grandes mestres. Mas, lembrando de Bom Despacho e de sua fazenda em
Goiás, o Edson ficou mais com a cerveja, o arroz com feijão, a farinha
de mandioca e a carne de gado, que, por lá é meio escassa e custa os
olhos da cara.
Como as irmãs Couto são educadoras em Brasília e Belo
Horizonte, o projeto que nasceu em Bom Despacho irá florescer, também,
em bibliotecas e escolas das duas capitais. Lembrando que, também, as
cidades pequenas como Vila Verde podem exercer sua influência nos
grandes centros, seja Paris, Lisboa ou Nova York – e para valorizar os
que acreditam em sonhos, lembro algumas palavras do grande poeta
Fernando Pessoa: “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”, porque
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”.
*Jacinto
Guerra,
natural de Bom Despacho-MG, professor e escritor com vários livros
publicados, entre os quais JK – Triunfo e Exílio-Um estadista
brasileiro em Portugal (Thesaurus, 2ª edição, 2005), é colaborador
do jornal Via Fanzine e diretor de Divulgação da ANE - Associação
Nacional de Escritores.
* * *
Belezas de Portugal:
Conhecendo o país de norte a sul
Um verdadeiro caldeirão de história e
cultura.
Por
Ana Maria Elyseu*
De Itaúna-MG
Para
Via Fanzine
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Uma proposta de
novos olhares para as riquezas de Portugal.
Desde menina, eu me encantava visualizar no mapa da Europa,
aquele pequeno retângulo no cantinho sudoeste, parte da península
Ibérica, chamado Portugal. Tão humilde pelas suas dimensões, porém, com
características bem peculiares que o tornam um país de personalidade
ímpar.
Quem não conhece, não consegue imaginar quanta variedade de
cenários naturais, acervos históricos, culturais, a riqueza do folclore,
da gastronomia, as nuances da língua falada com sotaques diferentes de
região para região. Enfim, um verdadeiro cardápio de cores, belezas,
prazeres, estilos de vida, fontes de verdadeiro conhecimento que definem
um povo de alma tão grande, que não se conteve em permanecer no pequeno
território que lhe cabia.
Com a vontade de conhecer novos mundos, Portugal se
expandiu, conquistando espaço em vários continentes. Hoje o movimento é
inverso, principalmente aqui no Brasil. O que se observa é um crescente
interesse em “descobrir” Portugal, seja a passeio, estudo, ou negócios.
Fazer contato com as origens, sentir onde se estabelecem as afinidades é
algo que acalenta e fortalece a identidade.
Por essa razão sempre pensei que cada brasileiro deveria
ter pelo menos uma vez na vida, a oportunidade de ir visitar Portugal.
Pena que a maioria dos turistas (cerca de 80%) faça pacotes que em
poucos dias incluem outros países, não permanecendo em terras
portuguesas mais de dois ou três dias. Desembarcam em Lisboa, passam por
Fátima, por vezes, chegam a visitar mais uma cidade e em seguida já
atravessam fronteiras para outros rumos.
Viajar do sul, pelas praias existentes nos 150 km da costa
do Algarve banhada pelo Mediterrâneo, até aos verdes montes do Minho, lá
na fronteira do norte com a Espanha. Pelos caminhos, planícies no
Alentejo, pelas vinhas nas encostas do rio Douro, correndo pelas
modernas autoestradas ou serpenteando montanhas por estreitas vias
rodoviárias. É uma aventura inesquecível.
Fica fácil reter na memória panoramas cinematográficos de
ruínas romanas, ou vestígios da arquitetura islâmica, gótica, medieval,
renascentista, em contraste com os modernos parques e edifícios.
É inesperado, quase incompreensível, observar a convivência
antagônica do velho e o novo, do milenar com o que há de mais atual, não
só nas estruturas, como também, nos hábitos e costumes.
Para um verdadeiro deleite dessa imensidão de informações e
estímulos existentes nesse pequeno país, tão rico e abundante para quem
vai de coração aberto e espírito observador, sugiro que tirem bem mais
que dois ou três dias de férias. Preparem as pupilas, papilas, tímpanos
e tudo que possa captar, tudo de bom, de diferente e interessante de
além mar.
- Vídeos indicados:
As Galerias Romanas da Rua da Prata
A Sé de Lisboa
O Aqueduto das Águas Livres
Os Moinhos de Vento
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Conheça Portugal de Norte a Sul
A
autora Ana Maria Elyseu, pela primeira, está reunindo um grupo de
amigos
para conhecerem Portugal de Norte a Sul. Será um passeio
inesquecível,
com muitas surpresas agradáveis. Interessados em fazer parte do
grupo
que vai curtir o "Belezas de Portugal" podem entrar em contato pelos
telefones:
- Ana Maria (37) 2341-4626
- Suely (31) 3296-1900
E-mail:
anaelyseu@hotmail.com
|
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*
Ana Maria Elyseu é portuguesa, natural de Angola e residente em
Itaúna-MG há 28 anos.
-
Imagem: História.
* * *
Interior de Portugal:
Tua, o vale que
será inundado
O Vale do Tua corta
os distritos de Vila Real e de Bragança, situados no interior de
Portugal.
Com a construção da
Barragem do Tua naquele local, serão inundadas a via férrea,
as vinhas e grande
parte da beleza histórica e natural do vale.
Por
Ricardo S. Pinto*
De Porto/Portugal
Para
Via Fanzine
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A estrada de ferro
e parte do ribeirão; ambos serão inundados por uma barragem.
A imprensa noticiou que o Ministério do Ambiente de
Portugal decidiu definitivamente pelo alagamento da linha ferroviária do
Tua para a construção de uma Barragem. Embora construída à cota mínima,
é um pedaço inestimável da nossa história e da nossa cultura que
desaparecem. Razões mais do que suficientes para recuperar este texto,
sempre atual, que já publiquei em três blogues e o pequeno filme que fiz
quando da viagem até Mirandela.
O fato de sermos governados por um iletrado, de quem nada
se espera em termos de defesa do patrimônio natural e edificado do nosso
país, não dá a ninguém o direito de cruzar os braços perante o atentado
criminoso que se prepara para o Vale do Tua e a sua inacreditável linha
ferroviária.
Para quem não sabe, a Linha do Tua foi equiparada, pelos
mais reputados engenheiros, em termos de dificuldade, às Linhas
ferroviárias dos Alpes Franceses ou Suíços. Pela sua beleza e rigor
técnico, merecia ser classificada como Patrimônio Nacional ou, mesmo,
Patrimônio Mundial da Humanidade.
Ao invés, querem destruí-la. Para dar lugar a uma Barragem,
que representará menos de 4% da produção de energia existente de norte a
sul. Uma Barragem! Um monte de betão, tão do agrado dos novos
engenheiros de Portugal. Os engenheirozecos que hoje mandam no país, os
mesmos que fazem licenciaturas da forma que se sabe e que fazem projetos
de sarjeta!
Pensarão os mais pessimistas que não adianta lutar. Nada se
pode contra o betão! Nada se pode, no fim de contas, contra o dinheiro!
Pois se Portugal é líder nas energias alternativas e continuamos a pagar
a eletricidade cada vez mais cara…
Concedo que é difícil. Lutar contra o betão e o dinheiro é
difícil, mas lutar contra a ignorância é ainda mais. Mas não é
impossível. Temos as gravuras da Foz Côa como exemplo, apesar de
continuarem à espera de uma verdadeira política de exploração cultural e
turística.
Infelizmente, quando perguntados, os senhores do poder
dirão que se trata de progresso. De desenvolvimento. Como é óbvio, os
senhores do poder não sabem, porque não querem saber e porque são
iletrados, que em 1886 a Linha do Tua já chegava até Mirandela e que em
1906 chegou a Bragança. 100 anos depois, a ligação a Bragança já não
existe. Há muito que já não existe! 120 anos depois, querem acabar com a
ligação a Mirandela, a última ligação ferroviária do Nordeste
Transmontano!
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Detalhe do rochoso
Vale do Tua.
O progresso é isto? O desenvolvimento é isto? Acabar com o
meio de transporte mais limpo, mais eficiente e menos poluente do mundo
é progresso? É desenvolvimento? Abandonar a via tradicional para fazer
absurdos TGV’s num país minúsculo o que é?
Para o fim, o mais importante: as pessoas. Algo que,
olhando para a realidade sócio-política do nosso país, não será grande
argumento. São poucos aqueles que vivem em Trás-os-Montes, por
conseguinte, são poucos aqueles que votam. Acabar com a única ligação
ferroviária em toda a região não representará mais do que meia dúzia de
milhares de votos, tantos quantos são aqueles que utilizam anualmente a
Linha.
Milhares de pessoas, todos os anos, em aldeias isoladas,
sem forma de chegar a Mirandela ou à Régua? É o progresso! É o
desenvolvimento!
Infelizmente, como já se percebeu, não vale a pena contar
com o bom senso dos novos engenheiros que governam Portugal. Já sabemos
que o Sr. José de Sousa, o pequeno democrata de Vilar de Maçada, nunca
recua. Nem ele, nem o seu Ministro Jamais, nem aquele outro Ministro que
demoliu a casa onde viveu Almeida Garrett para construir o seu
empreendimento de luxo. Para essa gente, o patrimônio vale muito pouco.
Infelizmente também, não podemos recorrer sequer a Belém,
onde vive uma Múmia Petrificada que, embrenhada no seu novo papel de
“cooperadora estratégica”, sorri até não poder mais, calculista até à
vergonha. O mesmo que, enquanto Primeiro-Ministro começou a destruição
da via férrea.
Pelo menos, até ao seu segundo mandato, Portugal pode estar
a “ferro e fogo”, que ele continuará a passear férias em Moçambique à
custa do erário público.
Resta-nos, pois, lutar. Sozinhos. Com a força da razão. Em
defesa de um vale único que vai desaparecer. Em defesa de uma linha
ímpar, considerada a terceira mais bela do mundo das vias estreitas. Em
defesa de Portugal. Em defesa das pessoas que dependem do comboio.
*
Ricardo Santos Pinto é professor e editor
do Aventar (http://aventar.eu).
-
Fotos: Do autor.
-
Assista
vídeo de Ricardo Santos Pinto mostrando trecho do Vale do
Tua/Portugal.
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