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Pensadores
Na 'Era Digital': Os Digitalistas e os escravocratas tecnológicos A digitalização dos vestígios do século passado como rolo compressor de um admirável mundo pasteurizado.
Por Guilherme Paula de Almeida+ De São Paulo-SP Para Via Fanzine
A palavra é: digitalizar...
Em uma relação menos tempestuosa com os tempos vindouros, a minha adaptação à artilharia das inovações tecnológicas se torna improvável. Desde quando conseguiria trilhar tantos caminhos para a aquisição de cultura suficiente para absorver tantas probabilidades eletrônicas?
Não tenho obtido, assim, sucesso para acompanhar os níveis de informações que tendem a voar sobre a minha cabeça, num tempo cada vez menor e com alcance cada vez mais ininteligível. O problema nem se torna grave, principalmente quanto o que necessito para viver continua a ser consumido pela boca, as vestes ainda não são virtuais e as mulheres continuam sendo de carne e osso, ainda que as bonecas infláveis façam a felicidade de uns tantos que se agradam com o sexo artificial.
Os verdadeiros problemas são os que nos colocam como apenas expectadores de um destino sombrio dentro de uma era de incertezas e de indefinições. Observa-se que a democracia, cantada em verso e prosa, estão com as normas colocadas em nosso dia a dia, mas a realidade nos separa dela à medida que não mais questionamos sob pena de parecermos ridículos e fora de moda.
Os Ipods, os mp3, os pen-drives, os celulares multimídias, atuais e promissores, combinados com as futuras projeções espaciais, as inteligências artificiais, as multi-clonagens, as criações biológicas das vidas artificiais, os jogos eletrônicos reais, os deslocamentos informativos nanotecnológicos e suas atuações múltiplas, estão entre as ferramentas sobre as quais não temos o direito de questionar ou colocar em dúvidas o verdadeiro advento das nossas necessidades.
Ao que parece, nos tornamos verdadeiros aleijados mentais. Não mais admitimos estar inseridos num mundo humano. Um mundo em que a eletrônica era apenas um recurso a mais para trilharmos nossas preferências. Apenas equipamentos para facilitar algum acesso a uma melhoria do conforto ou de soluções para problemas que afligissem os hipossuficientes. Não! Estamos viventes em um mundo pertencente aos governantes que usurpam a liberdade dos que querem ter opções de vida e de valores. Afinal, desmonetizar é démodé. O sonho das gerações da década de 70 é utopia fora de propósito! Tudo cafona, ingênuo e impossível. Acostumamos a ouvir os governantes e os líderes, naturais ou políticos, afirmarem que determinada coisa é "irreversível" ou que um determinado controle social é necessário, tendo em vista a onda de violências existentes na sociedade ou dos problemas de determinados grupos sociais que impregnam à maioria.
Realizar greves se tornou uma conduta anti-social. Buscar os seus direitos deixou de ser democrático, porque afeta os interesses de uma maioria em determinada cidade. Quando um grupo profissional tenta apenas manter um nível de consumo que não o leve para uma vida indigna e tenta manter um mínimo de dignidade, passa-se as críticas de que a maioria está próxima da miséria e que muitos gostariam de estar no lugar daquele grupo com uma motivação profissional maior e com um retorno econômico menor. Viva a resignação! Aliás, a nova (ou velha) Igreja utiliza muito deste expediente: a resignação! Não! Não a resignação econômica dos católicos e nem a troca do dízimo protestante por uma vida empresarial prometida por um Deus que virou aplicação segura de Fundos de curto prazo.
'Quem sabe os digitalistas não criam um Mundo Novo, 'admirável' em todos os sentidos? Talvez os equipamentos que limparão a crosta e a exosfera'
Na realidade estamos diante da "Era Digital". Uma era em que os sinais da televisão nos proporciona a chance de observar a marca do relógio de pulso que o árbitro da partida de futebol está utilizando. Imagina que maravilha! Poderemos ter o mesmo equipamento de ponta que o sujeito sem mãe, nos dizeres da torcida, está utilizando naquela atuação histórica. A interatividade, então, revolucionará a humanidade. Conceberemos mensagens sonoras, olfativas e visuais que serão respondidas em tempo real. N
ão haverá espaços privados. Vislumbra-se que o futuro equipamento eletrônico será meio humano, meio juiz, meio de comunicação, meio de entretenimento, meio de participação social e econômico. Uma televisão, um telefone, um correio eletrônico, um reprodutor de música digital, uma forma de gravação audiovisual, uma seara fluídica para o alimento do corpo e da alma. Tudo congregado num mesmo aparelho, provavelmente do tamanho de uma ervilha e com espectro de trezentos e sessenta graus, com uma resolução de "giga-pixels", de alcance polidimensionais e de uma complexidade absoluta. Ele será capaz de citar a formulação geral da Lei da Física Quântica. A energia será mais do que a capacidade de se realizar trabalho, como nas velhas definições do velho ensino ginasial, atual fundamental. O ato de pensar será relegado ao segundo plano. Não pense, ou pense com o coadjuvante código de barras impressa no dorso da mão esquerda, apenas para ser bíblico com relação a marca da Besta Apocalíptica.
A era digital! Um momento em que os processos judiciais materializados serão substituídos pela tela do computador. O tempo ganho com os trâmites processuais e as árvores que deixarão de ser cortadas já justifica a economia que tal fato proporcionará. A segurança digital com seus pontos criptografados será inatingível e a segurança jurídica estará garantida em um sistema inacessível. Ora, até a inteligência dos hackers & crackers, está sendo ignorada ou excluída pelos digitalistas. O ser humano, tecnicamente e economicamente, estará sendo beneficiado com o seu conflito resolvido pela máquina, controlada por toda a cúpula de juristas e, em um tempo recorde, fazendo do controle social uma bem visualizada forma de resolução dos dilemas em detrimento da justiça, hoje tão humana quanto errada nos velhos questionamentos da obra do Renato Russo.
Não nos esqueçamos da lição do físico e fisioterapeuta Nelson Granado, hoje transtornado pelo retorno de Jesus em uma nave espacial que teima em não ocorrer: a ressonância. A sua inteligência nos deu a informação de que, na Física, a ressonância se constitui em uma base, inclusive, para explicar a espiritualidade humana. Porém, para os digitalistas a transformação do Mundo em uma dualidade uso/tecnologia considera o ser humano apenas como uma caixa de ressonância das inovações tecnológicas. O que for manual e atrasado apenas considera o tempo em que deixará de ter a sua iniciativa para aderir ao Mundo maravilhoso da imagem em detrimento da imaginação, do eletrônico em detrimento do mecânico e da criatividade, do digital e da memória artificial em detrimento do ingênuo e do natural.
A prova, para estes seres perfeitos, existe somente para que os seus argumentos passem a ter fundamentos indiscutíveis. Forneço uma solução que absorverá determinados problemas em troca do velho escambo econômico, representada pelo magnético do cartão de débito, que futuramente se transformará em outro feixe de problemas para uma consequente nova solução colocada em disponibilidade para o mercado da livre iniciativa, restritamente econômica, sob a tutela da Grande Figura: o Estado Policial, o Estado Legalista e sobre o qual paira a legitimidade de privatizar até mesmo a água e as florestas, fato que, nem a maior das ditaduras possuiu a coragem de realizar.
'Esqueci que John Lennon morreu em 1980 e que Woodstock ocorreu no Século XX. Afinal, como se consumia drogas naquela época, não é mesmo?'
Pena que toda esta maravilha esteja fadada a um fim melancólico: temos um arsenal tecnológico que pode moldurar até mesmo o mais terrível adversário dos humanos atuais que é o "Tempo". O problema é que criamos o arsenal ás custas maiores do que toda a economia mundial pode suportar. Esquecemos de contar. Contar quais os recursos poderiam ser utilizados sem o esgotamento que comprometesse nossa própria existência. O cálculo não era tão complexo assim. A ditadura dos escravocratas teriam os especialistas necessários para prover a numeração dos recursos e do seu uso racional. O problema é que existe a ambição desmedida. Esqueceram do lixo decorrente de tantas inovações tecnológicas. Eles não combinaram com a Natureza o quanto dos reflexos ela poderia onerar-se sem maiores problemas dos combustíveis a serem fornecidos à Vida. Agora, correm contra o tempo. Alguns dos donos planetários ainda pairam perdidos na Ilha da Fantasia. Afinal, "Kyoto" está mais parecendo com marca de macarrão do que um protocolo honesto de intenções ambientais.
Outros nos alarmam com comentários realizados por sujeitos vestidos de roupas alvas e brilhantes. Homens que, em nome da Ciência, se propagaram em calcular o quanto poderemos resistir às consequência dos nossos atos imersos na nossa própria História. A partir daí, surge toda a sorte de soluções: os transgênicos poderão "otimizar" os alimentos, os combustíveis vegetais, obra-prima do agronegócio tão defendido pelo esquecido ex-operário e atual mandatário deste povoado terceiro mundista. Quem sabe os digitalistas não criam um Mundo Novo, “admirável” em todos os sentidos? Talvez os equipamentos que limparão a crosta e a exosfera! Uma vassoura digital ou um aspirador de CO2 com ligação direta pela Internet, via satélite, com a materialização direta na tela do PC, no qual será possível ver a desfragmentação de cada partícula dos compostos químicos que provocam o Efeito Estufa.
Apenas uma pergunta: cadê a qualidade de vida? Onde está a luta pela paz e entendimento com base nos Direitos Humanos e no Principio de Autodeterminação dos Povos? Existe, ainda, aquele maldito desejo de dividir melhor o pão para merecer o que vêm depois? Coitado do Beto Guedes! A felicidade ainda é a melhor busca que podemos fazer na vida, com respeito ao semelhante e com a divisão justa das riquezas alicerçado pela prática do amor? Ainda há valores humanos descompromissados de valor econômico? Ainda existe a busca da liberdade com a inclusão daqueles que estão isentos dela pela nossa atuação egoísta? Será que todos os hippies viraram "yupiies", comprados a peso de ouro e vestidos com uma tira de pano que enforca o bom senso em nó de gravata?
Desculpem! Era para ser apenas uma pergunta! Esqueci que John Lennon morreu em 1980 e que Woodstock ocorreu no Século XX. Afinal, como se consumia drogas naquela época, não é mesmo? Sejamos abstêmios com a nossa tecnologia e com o que o Mundo Digital nos proporciona. Sejamos felizes! Virtualmente falando...
* Guilherme Paula de Almeida é bacharel em Direito, escrevente público e colaborador de Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br). - Ilustração: K. Rija. - Produção: Pepe Chaves. © Copyright 2004-2008, Pepe Arte Viva Ltda.
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