Ensino Superior:
Greve de professores federais deve
‘radicalizar’
Professores entram no terceiro mês de
greve e prometem 'radicalizar'*

INFOGRÁFICO: G1.
Principal entidade representativa dos professores, o
Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
(Andes) rejeitou a proposta de reajuste anunciada pelo governo na última
sexta-feira e decidiu não só manter a greve como ainda radicalizá-la.
O documento do sindicato foi encaminhado para os estados,
onde entidades estaduais farão sua avaliação da oferta do governo. Na
sexta, os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Miriam Belchior
(Planejamento) apresentaram proposta de reajuste prevendo aumento de até
45% para professores titulares de universidades e de até 48% para os
docentes dos institutos federais. O reajuste se daria de forma
escalonada, em três anos, e um professor com doutorado e dedicação
exclusiva receberia R$ 17 mil em 2015.
O comando de greve, em assembleia realizada na noite de
domingo, entendeu que o reajuste proposto pelo governo não supera os
índices inflacionários e beneficia somente quem está no topo da
carreira, caso dos professores titulares, que, segundo o Andes,
representam 5% da categoria. O Andes decidiu, então, reprovar a proposta
do governo, mas manterá aberta a negociação. Na próxima segunda-feira
acontecerá outra rodada de conversações.
O sindicato afirmou, num extenso documento de doze páginas,
que sua proposta é criar um único cargo de professor federal e que a
proposta do governo mantém a posição de não unificar as carreiras. "Isto
denota caráter visivelmente discriminatório, uma vez que todos os
professores exercem a mesma atividade", diz o comando de greve do Andes.
O sindicato diz que o governo adota uma posição
"propagandística". A presidente do Andes, Marinalva Silva de Oliveira,
afirmou que, ao anunciar sua proposta de reajuste, semana passada, os
ministros fizeram um "show midiático".
- Nem sabíamos da coletiva do governo. Enquanto anunciavam
a proposta num auditório, ainda estávamos reunidos com técnicos dos
ministérios - disse Marinalva Oliveira.
O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação,
Amaro Lins, criticou a posição do Andes e afirmou que na base da
categoria, a maioria dos professores concorda com a proposta de reajuste
apresentada pelo governo.
- A avaliação que tenho é o contrário da apresentada pelo
Andes. Há, na base, um reconhecimento do mérito e concordância dessa
visão de qualificação da universidade. E os percentuais de reajuste
apresentados foram muito bem aceitos. O Andes está divergindo de sua
base - disse Amaro Lins.
A presidente do sindicato dos professores da Universidade
Federal Fluminense, Eblin Farage, afirmou que a posição da Comando Local
de Greve da UFF também é de rejeição ao texto governista.
- Nossa avaliação é ruim. O reajuste não representa ganhos
reais e desqualifica uma série de reivindicações do plano de carreira.
Determina, por exemplo, que apenas 20% dos professores de cada
universidade federal chegarão ao topo da carreira, é um funil ainda
maior da carreira - ressaltou Eblin.
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Informações de Evandro Éboli | Agência O Globo.
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Escolas técnicas federais
iniciam greve em todo o país
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Novo piso:
Mec aumenta piso de professores em 22,22%
Piso nacional do magistério de 2012 é
definido em R$ 1.451.*
O Ministério da Educação (MEC) definiu em R$ 1.451 o valor
do piso nacional do magistério para 2012, um aumento de 22,22% em
relação a 2011. Conforme determina a lei que criou o piso, o reajuste
foi calculado com base no crescimento do valor mínimo por aluno do Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) no mesmo
período.
A Lei do Piso determina que nenhum professor pode receber
menos do que o valor determinado por uma jornada de 40 horas semanais.
Questionada na Justiça por governadores, a legislação foi confirmada
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado.
Entes federados argumentam que não têm recursos para pagar
o valor estipulado pela lei. O dispositivo prevê que a União complemente
o pagamento nesses casos, mas, desde 2008, nenhum estado ou município
recebeu os recursos porque, segundo o MEC, não conseguiu comprovar a
falta de verbas para esse fim.
Em 2011, o piso foi R$1.187 e em 2010, R$ 1.024. Em 2009,
primeiro ano da vigência da lei, o piso era R$ 950. Alguns governos
estaduais e municipais criticam o critério de reajuste e defendem que o
valor deveria ser corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC), como ocorre com outras carreiras.
Na Câmara dos Deputados, tramita um projeto de lei que
pretende alterar o parâmetro de correção do piso para a variação da
inflação. A proposta não prosperou no Senado, mas na Câmara recebeu
parecer positivo da Comissão de Finanças e Tributação. A Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) prepara uma paralisação
nacional dos professores para os dias 14,15 e 16 de março com o objetivo
de cobrar o cumprimento da Lei do Piso.
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Informações de Amanda Cieglinski, da Agência Brasil/ Yahoo! Notícias.
27/02/2012
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