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 Artigos

 

 

Falhou de novo!

Milenarismo, fim do mundo, fim de ano...

Isso de fim do mundo é coisa tipicamente ocidental. Duvido que budistas e islâmicos,

por exemplo, entrem nessa onda de história linear, com começo, meio e fim.

 

Por Paulo R. Santos*

De Divinópolis-MG

Para Via Fanzine

26/12/2012

 

 

Os milenaristas devem estar muito frustrados pelo fato do mundo - mais uma vez, não ter acabado. Mas, é assim mesmo. O medo do fim valoriza o presente. O medo da morte valoriza a vida. Abre comportas de esperança e motivação para mudanças. No final das contas é positivo, mesmo que entre eles, os milenaristas, existam certamente aqueles que morbidamente torcem para o fim do mundo, por uma razão ou outra, embora a principal delas seja a de que o mundo está mesmo ruim e feio, a sociedade doente e sem perspectiva.

 

O fim do ano, para muitos, é período de renovação de projetos, planos e promessas que não foram cumpridas. Novas metas e propósitos... Isso é bom. Algum avanço sempre há. E um mundo novo vai acabar surgindo do caos presente em nossos dias. Ainda haverá lugar para os de boa vontade, para os altruístas e generosos, os repletos de compaixão. Enquanto isso, de um jeito ou de outro, os egoístas e gananciosos, os adoradores do deus mercado e das coisas vão acabando, vão morrendo, desaparecendo, saindo do caminho... Há lugar para alguma esperança. Afinal, o mundo não precisa continuar assim só porque está assim! A ressacralização do mundo está acontecendo por vias tortas...

 

Mas isso de fim do mundo é coisa tipicamente ocidental. Duvido que budistas e islâmicos, por exemplo, entrem nessa onda de história linear, com começo, meio e fim. Da criação do mundo ao suposto 'juízo final'. Mas, há quem acredite em tudo em qualquer lugar do mundo. E nesse nosso mundo há espaço também para insanos de terno e gravata que decidem sobre a vida e a morte de milhares de pessoas enquanto tomam um champanhe!

 

Os mais pobres, os empobrecidos por esse modelo político-econômico predador, continuam sobrevivendo e vão acabar superando de algum modo, mais uma descivilização, mais uma que se vai para abrir espaço para uma outra. Melhor, esperemos. Precisamos de um novo Renascimento!

 

* Paulo R. Santos é professor, articulista e editor do blog Animal Spiens.

 

- Imagem: Divulgação.

 

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Qualidade da saúde:

A Medicina que dá medo

Até os anos noventa, antes do “boom” das novas escolas médicas, notável era o nível de excelência

dos professores, de dedicação exclusiva, lecionando e atendendo junto com os alunos nos hospitais-escola.

 

 Por Alessandro Bao Travizani*

De Itaúna-MG

19/07/2012

        

Com 372 mil em atuação, hoje o Brasil é o quarto país do planeta em número de médicos, sendo o segundo país com mais faculdades de Medicina.

 

Sempre existiu uma impressão de que faltam médicos nos atendimentos de urgência e postos de saúde do SUS, o que não é mentira quando consideradas as regiões norte-nordeste e o interior de todos os Estados da federação.

 

Formam-se anualmente 17 mil médicos no Brasil e o nosso ministro da educação, virando as costas para os pareceres técnicos de todas as entidades médicas, insistiu e aprovou recentemente a abertura de mais quatro mil vagas por ano para o preenchimento desta “lacuna” no SUS.

 

A decisão é grotesca e desconhece que as regiões metropolitanas, dotadas de hospitais mais equipados, são o destino certo de grande parte desses recém-formados, a maioria inseguros, incapazes de encarar ambientes mais longínquos, sem estrutura hospitalar e apoio técnico. As cidades pequenas tornam-se um terror para esses novatos, saídos das novas ‘pseudo-faculdades’ de Medicina.

 

Até os anos noventa, antes do “boom” das novas escolas médicas, notável era o nível de excelência dos professores, de dedicação exclusiva, lecionando e atendendo junto com os alunos nos hospitais-escola, com ênfase à pesquisa e ao treinamento prático. Confrontando esse tempo com o atual, onde se recebem diuturnamente ligações de diversas dessas instituições com convites para fazer “bicos”, dando uma ou outra “aulinha” para preencher o quadro, impressiona o séquito de despreparados arrebanhados para a nobre função.

 

A grande maioria das novas escolas mequetrefes de Medicina, ao invés de oferecer os imprescindíveis hospitais-escola próprios, com médicos-professores em regime de imersão, ludibriam os alunos nos superficiais “contratos de estágio” com hospitais particulares. No afã da redução de custos, essas novas faculdades também insistem em treiná-los em corações feitos de plástico, ossos de madeira e bonecos de borracha. Não se dissecam mais cadáveres, não se descobre mais o ser humano na sua maravilha divina.

 

Nesses hospitais, onde apenas alguns médicos do corpo clínico recebem para ensinar, assusta constatar que, findados os poucos meses de estágio (que em faculdades sérias, como nas federais, duram quatro dos seis anos de curso), a maior parte dos alunos têm saído mais confusos do que quando entram. Surpreendente é observá-los, passivos, desmobilizados frente às suas faculdades na cobrança por hospitais próprios.

 

O aprendizado médico completa-se na residência, de mais três a cinco anos após a formatura, dependendo da área, num aprendizado árduo, prático, dentro do hospital, sob a tutela de um mentor. Aí reside outra tragédia: não há vagas suficientes e apenas 4 de cada 10 formandos conseguem se especializar!

 

Neste ínterim, a astúcia dos “caça-níqueis” não tem limites na área médica: na falta de vagas de residência, espocam por todos os lados “especializações” pagas, onde o aluno inacreditavelmente só precisa comparecer a aulas teóricas, num único fim de semana por mês! Já existem até especializações ‘on-line’.

 

Resta então, à maioria dos recém-formados, o trabalho em postos de saúde e nos plantões dos pronto-socorros pelo país afora, locais que, contraditoriamente, deveriam contratar os médicos mais experientes, aptos a dar todos os diagnósticos com a rapidez e exatidão necessárias ao salvamento de vidas em risco. Os inúmeros processos de erro médico, em ascensão nos fóruns de todo o país, atestam o fato.

 

Até a década passada, fazer Medicina exigia vocação, recursos financeiros da família e muito, mas muito estudo. Hoje, na maioria das novas faculdades, com os seus vestibulares “faz-de-conta”, exige-se apenas o dinheiro. Muitos profissionais de outras nobres áreas da saúde, mesmo sem a essencial vocação para a labuta médica, seduzem-se pelas promessas de (“sub”) emprego fácil, em hospitais e planos de saúde, embarcando na nova carreira. Por já terem cursado outra faculdade semelhante, vários conseguem eliminar matérias e iniciar o curso médico já no quarto ou quinto período, sendo dispensados de aulas essenciais à formação, que na Medicina são ministradas com ênfase clínica, literatura detalhada e cobrança mais árdua.

 

Caso de uma dentista, que no curso inicial havia naturalmente estudado apenas a anatomia da boca, mas que não sabia de qual lado ficavam fígado e baço, alçada ao quinto período médico de uma faculdade particular de Belo Horizonte. Fato semelhante ao de um veterinário, entendido em patologia de animais, dispensado da patologia humana, após a aprovação num outro curso médico da mesma capital.

 

Concomitantemente, o ministro sinaliza em afrouxar as regras para a aceitação de médicos formados fora, tais como em Cuba, Bolívia e Argentina, onde nem mesmo o vestibular é exigido. Reflexo disso é que em 2010, dos 628 inscritos na prova de conhecimentos para a revalidação do diploma e atuação no Brasil, apenas dois (sim, dois!) candidatos acertaram o mínimo exigido...

 

O Conselho de Medicina de São Paulo, há sete anos realiza uma prova de conhecimentos básicos, facultativa, com os seus formandos. O resultado é que 50% deles são reprovados! Ainda assim, como a Medicina não é igual à OAB (que impede o reprovado de advogar), diplomas são concedidos a esses despreparados, num absurdo total.

 

Enfim, o governo lava as mãos, no momento em que deixa às moscas no Congresso Nacional a PEC 454/09, que criará a Carreira de Estado para médicos, com concursos e salários equivalentes aos de juízes e promotores, o que, definitivamente, resolverá o problema de fixação dos doutores no interior do país, mas ainda não o da péssima formação desses profissionais, que só tende a piorar.

 

* Alessandro Bao Travizani é Especialista em Cardiologia/Mestrando em Diabetes -  Itaúna - MG

 

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As rédeas nacionais:

Porque me envergonho do meu país

Com Lula lá empunhando seu cetro diante de companheiros e seguidores,

o pior da América Latina em termos de governantes se tornou expressivo.

 

 Por Maria Lúcia V. Barbosa*

De Londrina-PR

19/07/2012

 

Desde que o PT foi entronizado no posto mais alto da República a nação foi se acanalhando. A sucessão de escândalos anestesiou as mentes e poucos se indignam com a imoralidade reinante nos Poderes Constituídos. Os sentimentos populares foram amestrados pela propaganda incessante e o mito do pobre operário foi suficiente para que a corrupção sempre havida alcançasse seu paroxismo sem que nenhum protesto fosse ouvido. Não houve nem partidos, nem instituições, nem grupos de pressão que agissem como oposição ao desgoverno populista, perdulário, enganador.

 

Lula foi reeleito. Verborrágico como um caudilho latino-americano, debochado como um frequentador de boteco, praticante do autoelogio, ególatra ao extremo, ele conquistou as massas pobres iludidas com bolsas da caridade pública. Atraiu o apoio dos ricos que financiaram suas campanhas e, depois, se refestelaram nos lucros que ele lhes proporcionou. A classe média, especialmente a composta por professores e estudantes universitários, artistas, clérigos da Teologia da Libertação, ou seja, os entusiastas das utopias que prometeram o céu e transformaram a vida em inferno, viram no pelego sindicalista a ansiada personificação do proletário que iria liderar a lutas de classes.

 

Com Lula lá empunhando seu cetro diante de companheiros e seguidores, o pior da América Latina em termos de governantes se tornou expressivo. E o magnânimo presidente, em detrimento dos interesses brasileiros, facilitou a vida de déspotas travestidos de democratas como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e outros mais. Com tais compadres Lula compartilhou o ódio à liberdade de imprensa, como é também o caso de Cristina Kirchner, sempre adulada pelo petista.

 

Em todo mundo a política externa lulista seguiu vergonhosamente apoiando os piores tiranos que exercitam aberrante desrespeito aos direitos humanos como, por exemplo, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

 

Acontece que Lula da Silva sempre foi um homem de muita sorte, o que é confundido com capacidade. Herdou a herança bendita do Plano Real, surfou durante seus dois mandatos, até 2008, nas águas calmas da economia mundial e ainda logrou eleger sua sucessora, Dilma Rousseff. Esta fiel seguidora do seu criador político imita seus gestos, perpetua seu populismo, não dá um passo sem consultá-lo. Sobre ela também um mito é tecido: é a gerente, a “faxineira”, a economista.

 

Entretanto, se Lula satisfazia a plateia contando piadas de mau gosto em péssimo português, Rousseff, quando discursa, parece não conseguir ligar um parágrafo com outro se levanta os olhos do papel. Sua linguagem é confusa. Seu pensamento obtuso. Mesmo quando tenta agradar assume uma atitude colérica como se vivesse em perpétua fúria.

 

Em política externa ele segue, como em tudo mais, as ordens do mestre. Foi assim que, por seu intermédio, em conluio com Cristina Kirchner e aquiescência de José Mujica, o Brasil mais uma vez encenou procedimento vergonhoso, covarde, arbitrário ao suspender o Paraguai do Mercosul por causa do impeachment de Fernando Lugo, um ato legítimo, legal e soberano daquele país.

 

Esta, sim, foi uma manobra desonesta levada a efeito para introduzir no Mercosul Hugo Chávez, o despótico governante da Venezuela que tentou assumir o poder através de um fracassado golpe. Posteriormente foi eleito, mas, alterando a Constituição a seu-bel prazer tem se perpetuado no cargo desde 1999. Prepara-se agora para nova eleição com pleno apoio e intromissão de Lula na política venezuelana.

 

Enquanto seguem as lutas do poder pelo poder, sinais preocupantes vão aparecendo na esfera econômica, em que pese o falso otimismo da presidente e de seu ministro da Fazenda, Guido Mantega. A produtividade da economia encolheu pelo segundo ano consecutivo. A Petrobrás estagnou. Segundo O Estado de S. Paulo, “a produção industrial recuou cinco anos e vai cair mais”. “De janeiro a junho o valor das exportações foi de 1,7%, menor do que um ano antes, enquanto o das importações foi 3,7% maior”. Aumenta a inadimplência e a inflação. O reflexo no desemprego será inevitável e já começou acontecer. E o PIB, que agora não tem importância para a presidente, pode ficar abaixo de 2%.

 

Culpa dos ricos, da crise mundial, dirão Rousseff e Mantega para esconder o próprio fiasco. Será só isso? Segundo o BIS, o Banco Central dos Bancos Centrais: “O caminho escolhido nos últimos anos para promover o crescimento econômico – crédito – se tornou insustentável e pode levar o Brasil ao desastre”.

Por essas e por outras me envergonho do meu país.

 

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

mlucia@sercomtel.com.br

www.maluvibar.blogspot.com

 

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O ex e a Presidência:

Lula e o Capitão Simone Simonini

Lula é o caso típico de alguém que tendo tido origem humilde tornou-se dono

de um imenso poder do qual abusa, que lhe propicia as delícias da burguesia

que antes criticava e no qual se agarra com unhas e dentes.

 

 Por Maria Lúcia V. Barbosa*

De Londrina-PR

1º/06/2012

 

É sabido que a arte imita a vida e muitas vezes uma obra literária revela mais do que um tratado. Assim, quem ler O Cemitério de Praga, livro mais recente do notável escritor e pensador, Umberto Eco, sem dúvida fará um paralelo com o que se passa na política brasileira em termos de essência, é claro, e não de cenário histórico com costumes e personagens próprios de uma época.

 

Nesta obra Umberto Eco conduz o leitor a uma vertiginosa aventura entre intrigas, calúnias, crimes, traições, conspirações. Destaca-se a sordidez própria das tramas presentes nos jogos do poder, sendo que o personagem principal, capitão Simone Simonini, que conduz o enredo é o velhaco por excelência, o ardiloso falsificador, o traidor que oscila entre facções, o cínico que justifica todos seus atos, o frio calculista, o impiedoso carrasco dos adversários. Enfim, Simonini, que tem personalidade dupla é um tremendo mau-caráter, um inescrupuloso, um corrupto que se vende e serve a quem lhe pagar mais.

 

Estas características não parecem familiares aos que me leem? Não vem à mente determinados tipos que transitam com desenvoltura por nossa ribalta política? É a selva humana em ação onde prevalece como mostrou Maquiavel, “a força do leão ou a astúcia da raposa”.

 

Feitas essas observações lancemos um olhar sobre o encontro de Lula e o ministro, Gilmar Mendes, do STF, promovido por Nelson Jobim. No episódio, apesar dos muitos desmentidos e versões, um todo-poderoso Lula chantageia e lança seu veneno sobre o ministro oferecendo proteção de capo para não envolvê-lo na CPI do Cachoeira, desde que ajude a protelar o temido julgamento do “mensalão”, crime cometido durante seu governo por companheiros, entre eles, José Dirceu.

 

Nesse caso, o ex-presidente assume sua porção de um fabuloso Simonini. Ele faz questão de demonstrar que não só dirige a CPI como manipula o STF, pois afirma já ter conversado com outros ministros ou ter meios para convencê-los do que deseja, como seria o caso da ministra Carmem Lúcia a ser influenciada pelo o ex-ministro Sepúlveda Pertence.

 

Lula é o caso típico de alguém que tendo tido origem humilde tornou-se dono de um imenso poder do qual abusa, que lhe propicia as delícias da burguesia que antes criticava e no qual se agarra com unhas e dentes.

 

Naturalmente, nem todos que foram pobres e que tiveram o mérito de ascender na escala social agem desse modo. Exemplo disso, o ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Lula, contudo, não subiu por mérito e sim por sorte, sendo sua escola a sindical onde aprendeu tretas e mutretas dignas do capitão da ficção de Umberto Eco.

 

Matreiro, Lula é confundido com gênio da política e sua verborragia cheia de impropriedades linguísticas, gafes, palavrões, piadas de mau gosto é saudada como identificação perfeita com o povo. Ele se move pela lei da desforra do que foi e apesar da arrogância, da fanfarrice, da vaidade desmesurada, no fundo é um recalcado com complexo de inferioridade que precisa constantemente de holofotes, aplausos, premiações, títulos, para se sentir bem. Compara-se a Jesus Cristo, Tiradentes, Jk e se gaba de ser o melhor presidente que o mundo conheceu, o descobridor  do Brasil que antes dele não existia, o salvador dos pobres e oprimidos.

 

Uma competente propaganda e a tendência humana para acreditar na mentira compõem o mito e o PT faz de sua criação o ser inimputável, intocável, onipotente, onisciente, o pequeno deus que no fundo sabe que tem pés de barro.

 

No caso do encontro com o ministro, Lula/Simonini, como é de seu feitio negará o que disse, não sabe de nada, não viu nada, nenhuma afronta ao STF foi feita, no que foi secundado pelo anfitrião, Nelson Jobim. Ao mesmo tempo, a rede de intrigas e versões entrou em ação e nisto pelo menos nisso o PT é competente. O errado é o ministro que ao se defender ficou mal visto. Pior, ficou sozinho.

 

Enquanto Lula foi homenageado pela presidente Rousseff, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, junto com seus pares declarou que o problema de Gilmar Mendes é pessoal. O ministro Marco Aurélio Mello afirmou que é legitimo Lula opinar sobre o julgamento do mensalão, do qual, aliás, o ex-presidente foi avisado em 2005 por Marcondes Perillo, hoje na fogueira da CPI. E o próprio José Dirceu andou dizendo que não fazia nada sem que Lula soubesse.

 

Em todo caso, as coisas vão bem para Lula, “mensaleiros” e companheiros da cúpula petista. A tal CPI é uma farsa que desmoraliza ainda mais o Legislativo. O Judiciário foi conspurcado em sua mais alta corte sem ninguém reclamar. Sobra a hipertrofia do Executivo que se prepara para a volta, em 2014, do capitão Simonini, quer dizer, de Lula e de seus companheiros. E ainda se acredita que vivemos em plena democracia.

 

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

mlucia@sercomtel.com.br

www.maluvibar.blogspot.com

 

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Internet:

Corrupção no Facebook

Estamos tornando a corrupção um membro da família.

 

Por Beto Canales*

De Porto Alegre-RS

Para Via Fanzine

1º/05/2011

 

Estranho o título, não é? Mas representa a mais pura verdade. A corrupção, porém, não é de algum funcionário ou diretor inescrupuloso. Ela está presente em um jogo, o "Roba Roba" (assim mesmo, sem o "U"), que foi lançado semana passada pela empresa PlayerUm, e está a disposição no Facebook.

 

Funciona assim: você começa sua carreira política como vereador e, conforme as falcatruas e desvios que fizer, vai subindo na vida, passando por deputado estadual, depois federal, até que, na última fase, chega à cadeira de presidente do glorioso Senado Federal, cargo hoje ocupado pelo ilibado marimbondo de fogo, proprietário do Maranhão, senhor, doutor, excelência e coronel, José Sarney.

 

Existem alguns outros jogos, famosos e comuns entre os jogados em PCs e consoles, como o GTA ou o Máfia, em que o jogador assume a função do bandido e vaga por uma cidade assaltando velhinhas, roubando carros e fazendo coisas ainda piores. Lembro que quando eles foram lançados, boa parte das pessoas que opinou sobre o assunto, incluindo eu, execrou a iniciativa, mas depois, o bom e velho tempo, fez tudo cair no esquecimento.

 

Pois agora, quando novamente um jogo se inspira e imita a vida de um bandido, com a diferença de que esse não assalta velhinhas e rouba carros - certamente faz "coisas ainda piores", muito piores, como condenar à ignorância gerações inteiras, com o dinheiro roubado da educação; como condenar à morte crianças, adultos, grávidas, velhos, com o que rouba da saúde. Enfim, minha reação é uma só: espanto!

 

Claro que não me refiro ao jogo em si, nem a iniciativa da criação, que deve ser incentivada, e muito menos se ele trará algo de bom ou de ruim, refiro-me, simplesmente, a banalização da roubalheira.

 

Estamos nos profissionalizando. Estamos tornando a corrupção um membro da família. Algo comum, algo que está sempre por perto, algo que precisamos para viver. Essa afirmação pode causar alguma desconfiança, infelizmente, porém, representa nosso cotidiano: precisamos furar a fila, estacionar onde é proibido, roubar o sinal da TV a cabo, não devolver algumas moedas dadas a mais no troco ou aceitar um "carinho" de um político sem vergonha.

 

Precisamos transgredir ou seremos chamados de babacas. Seremos babacas! Nossos políticos roubam milhões na construção de uma usina hidroelétrica onde depois de pronta empregam seus familiares, seus amigos, seus comparsas, em cargos bem remunerados, enquanto nós - ah, como somos espertos! - faremos um "gato" e roubaremos a energia elétrica. Nós não ficamos para trás. Não somos passados para trás.

 

E agora, além disso tudo, podemos imitar nossos eleitos em pleno Facebook e roubar.  Roubar muito. Roubar tanto, mas tanto, que não poderíamos chegar em outro lugar que não fosse a cadeira de Presidente do Senado Federal.

 

Enfim, a vida real no Facebook.

 

* Beto Canales é editor do blog Cinema e bobagens.

 

- Imagem: divulgação.

 

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Imbróglio dos hotéis na Pampulha:

O equívoco do foco

A Lei que permitiria a edificação de hotéis era específica

e não valeria para empreendimentos que não fossem hospitais ou hotéis.

 

Por José A. Ribeiro

De Belo Horizonte-MG

08/04/2012

 

Belo Horizonte é uma cidade surpreendente em todos os sentidos, para o bem e para o mal. Ultimamente o que vale é a altura do grito e não o bom senso. A alegação de que a construção de dois hotéis abriria precedente para a verticalização da Pampulha é tão estapafúrdia quanto os meios utilizados pelo MP e pelos moradores para impedir as obras. Sem contar a covardia do vereador que levantou suspeitas sobre o CONPUR, em um gesto de oportunismo e infantilidade que lhe são peculiares.

 

A Lei que permitiria a edificação de hotéis era específica e não valeria para empreendimentos que não fossem hospitais ou hotéis. Tinha prazo para terminar. Portanto, a tese do precedente é absurda e não tem fundamento. A Lei não serve mais. Com efeito, o imbróglio em si vale menos do que a vaidade de meia dúzia que precisam aparecer.

 

O que deveria mobilizar a população da Pampulha e vereadores oportunistas é a FEDENTINA que toma conta da lagoa e a falta de cuidado da PBH com aquele cartão postal, e não dois prédios de hotéis que não causariam nenhum impacto. Quem acha que um hotel gera transito ou qualquer impacto ambiental, não conhece o dia a dia de um e deveria conversar com quem é vizinho de hotéis em outras regiões da cidade. Neste episódio, mais uma vez valeram as especulações, as emoções e menos a razão.

 

Se existe um local em que os hotéis seriam recomendáveis, é exatamente onde eles estão sendo preteridos. Isso só acontece em uma cidade onde o poder público finge de morto, quando deveria usar o poder que o voto lhe conferiu. O medo da exposição e a mediocridade mais uma vez ficaram evidentes em um tema controverso.

 

Não é por acaso que a cidade anda a passos de tartaruga e está prestes a entrar em colapso. Os interesses políticos são maiores do que os da cidade e seu desenvolvimento. Políticos e lideres comunitários que agem pela emoção e não pela razão, só trazem prejuízos para o conjunto da sociedade. Vergonha e absurdo é o que está ficando deste imbróglio que tomou dimensão desproporcional ao que de fato merecia...

 

* José Aparecido Ribeiro é Consultor em Assuntos Urbanos e ex Presidente da ABIH/MG.

 

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Brasil:

A primeira república dos ladrões

Eles aqui aportaram, e não foi o Pedro Álvares Cabral, com a missão de fundar a Primeira República dos Ladrões.

 

Por Antonio Ribeiro de Almeida*

 

A tese não é minha e não vou roubá-la do seu autor, o escritor Ubaldo Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras, que a defendeu na sua coluna dominical do jornal “O Estado de São Paulo”. A idéia é original e seu desenvolvimento é baseado no filme “Guerra nas Estrelas”. De uma galáxia distante vem povoar o Brasil um grupo de alienígenas cuja característica fundamental era roubar e mentir.

 

Eles aqui aportaram, e não foi o Pedro Álvares Cabral, com a missão de fundar a Primeira República dos Ladrões. Este projeto vinha sendo adiado desde 1500 porque uma parte da população havia se convertido ao Catolicismo e procurava cumprir um mandamento de Deus, que eles até então desconheciam, e que dizia “Não roubar”. O Pe. Antonio Vieira, um jesuíta, já havia advertido no seu “A Arte de Furtar” que nunca vira tanto roubo como aqui e citava o Estado da Bahia. Ele estava sendo profético, mas, infelizmente, o roubo se estendeu por todo o país como uma praga.

 

Com a passagem do tempo grande parte dos brasileiros não acreditou mais neste Deus e aderiram aos governantes que sempre roubavam, mas o roubo era muito menor do que passou a ocorrer nos séculos XIX, XX e XXI. Os brasileiros foram mais tarde muito bem descritos pelo escritor Oswald de Andrade que compreendendo a essência daquele povo escreveu no Manifesto Antropófago o seguinte: “Só me interessa o que não é meu.” “No início do Manifesto ele escreve que só a antropofagia nos une”, isto é, une os brasileiros. Isto significa que eles vivem comendo uns aos outros, mas o roubo estava mais ou menos equilibrado entre as diferentes classes sociais.

 

Acontece que no século XX e no início do século XXI uma classe destes alienígenas, que recebe o nome de políticos, resolveu roubar mais do que as outras classes. Eles foram eleitos por uma parte dos brasileiros analfabetos e primários e dominam o governo daquele país que até hoje não se sabe se a grafia correta do seu nome é Brasil com S ou com Z.

 

O ex- presidente, Sr. Luis Inácio Lula da Silva, passou a ser um bombeiro e assistiu durante o seu governo como os ministros se locupletavam, mas ele sempre dizia, orientado pelo seu Ministro da Justiça que “Não sabia”. Muitos saíram do sob a acusação de serem ladrões. No ano de 2007 até o presidente do Senado da República foi suspeito de receber dinheiro de uma grande construtora e, como sempre, nada ficou provado.

 

Para diminuir a tensão naquele país alguns ladrões estão cogitando de fundar a I República dos Ladrões. Eles argumentam que ladrões sempre existiram nas outras repúblicas, mas uma república que seja comandada exclusivamente pelos ladrões é um fato novo e original na História da Terra.

 

O ex-presidente, Sr. Lula, conseguiu eleger uma senhora, sua discípula predileta, para a Presidência da República com os votos dos brasileiros e das brasileiras cuja consciência ética é ZERO.

 

No primeiro ano do seu governo, 2011, ela teve que se livrar de sete ministros porque todos eles estavam envolvidos em sinecuras e corrupção, e, como sempre, nenhum foi para a cadeia e nada ficou provado.

 

Neste ano de 2012 haverá novas eleições para prefeituras das cidades e os candidatos das grandes cidades já colocaram as garras de fora para tirar dinheiro dos grandes empresários, industriais e banqueiros que depois cobrarão com juros os seus investimentos.

 

(*) Doutor em Psicologia Social, professor aposentado da USP e Jornalista.

 

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Pernambuco:

O governo da poluição

O anúncio de mais uma termelétrica não é fato isolado,

pois está se construindo deliberadamente em Pernambuco um

pólo de produção de energia elétrica com termelétricas sujas.

 

Por Heitor Scalambrini Costa*

De Recife-PE

Para Via Fanzine

21/12/2011

  

No mês de setembro houve o anúncio em Pernambuco da construção da maior termelétrica a óleo combustível do mundo, no município do Cabo de Santo Agostinho. Com uma potência instalada de 1.452 MW e um sistema de armazenamento para suprir à termelétrica, com capacidade para armazenar 200.000 toneladas de óleo combustível, foi prometido assim, produzir energia suficiente para atender as necessidades da cidade do Recife, caso necessário.  A cada dia de funcionamento esta usina emitirá 24.000 toneladas de CO2 para o meio ambiente e quantidades expressivas de outros gases altamente prejudiciais à saúde humana. Além de ser perigosa, esta fonte energética é cara e aumentará a tarifa para todos os consumidores.

 

O anúncio de mais uma termelétrica não é fato isolado, pois está se construindo deliberadamente em Pernambuco um pólo de produção de energia elétrica com termelétricas sujas, funcionando a base de combustíveis fósseis, concentradas em Suape (Termope com 520 MW a gás natural, Suape II de 380 MW e Suape III de 1.452 MWh, ambas com óleo combustível). Sem contar com a termelétrica a ser construída pela Petrobrás que servirá a Refinaria Abreu e Lima.

 

A instalação da Refinaria da Petrobrás para produzir 200.000 barris/dia de óleo diesel e a construção de estaleiros, também são atividades típicas de empreendimentos que poluem em todas as suas formas, porém a mão de obra necessária não é na sua grande maioria, oriunda da comunidade e de seu entorno.

 

Experiências passadas em outras partes do Brasil e do mundo mostraram como é perigosa para a saúde das pessoas a concentração de indústrias que utilizam combustíveis fósseis. Além de gases que contribuem para o efeito estufa produz óxidos à base de enxofre e de nitrogênio, que são lançados a atmosfera e assim se transformam em ácido sulfúrico e nitrosos, que se precipitam como chuva ácida. Elementos químicos pesados, cancerígenos são produzidos nestas termelétricas, que mesmo com sistemas de filtros ainda causam enormes danos e riscos aos habitantes próximos da usina.

 

Existem caminhos diferentes para o tão desejado e pretendido progresso, com a criação de empregos e geração de renda, beneficiando mais e mais famílias. Em Pernambuco, patrocinado pelo governo estadual acontece uma deliberada atração de instalações industriais de alto risco, que podem provocar acidentes graves, assim como agressões severas ao meio ambiente e produzir emissões poluentes extremamente venenosas para a saúde pública.

 

O que se espera de qualquer governo municipal, estadual e federal é a preservação do meio ambiente e da saúde daqueles moradores próximos a estes empreendimentos de alto risco. Todavia, o que se verifica é uma irresponsabilidade com o futuro. O modelo de desenvolvimento adotado em Pernambuco tem conceitos e paradigmas do século passado, ultrapassados em relação à realidade e as exigências do século XXI. O desenvolvimento tem que ser parceiro da preservação ambiental e trazer conseqüências positivas na geração de empregos e renda, saúde, habitação, saneamento, educação, lazer, cultura. Não basta somente o discurso do desenvolvimento sustentável, é preciso agir como tal.

 

A poluição causa danos reais e mensuráveis à saúde humana. As autoridades precisam levar esses danos em conta. Não podem esquecer que existem empregos que causam mortes e devem ser evitados. Existem estudos atuais que possibilitam estimar monetariamente os danos ambientais infligidos por diversos setores da economia. Recente estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Yale e do Middlebury College mostram que há diversos setores que infligem danos ambientais maiores que a soma dos salários que pagam e dos lucros que realizam. Portanto, não criam valor econômico e sim, destroem. Também neste estudo verificou-se que indústrias do setor de energia são as que mais destroem valor. Poluir mais como propõe o governo de Pernambuco, não vai resolver as questões de emprego, só torna a população mais pobre e doente.

 

* Heitor Scalambrini Costa é professor da Universidade Federal de Pernambuco.

 

*  *  *

 

Economia e a Terra:

Socialismo ecológico

Esse socialismo ecológico tem sido defendido por eminentes pensadores.

 

Por Marcus E. de Oliveira*

De São Paulo-SP

Para Via Fanzine

12/12/2011

 

Mudar radicalmente a racionalidade econômica; aproximar as preocupações da ciência econômica junto à necessidade de libertar o homem; criar um novo ambiente propício para a vida de todos os seres humanos, sem a divisão costumeira que privilegia alguns em detrimento de muitos e reconhecer, definitivamente, a existência de limites físicos ao crescimento da economia. Esses são alguns pontos centrais da discussão em torno do que se convenciona chamar socialismo ecológico; ou como alguns preferem de eco-socialismo.

 

Socialismo, sim, no sentido de enaltecer os laços sociais e políticos que respeitam, primeiramente, a Mãe Terra. Socialismo, ainda, no sentido de fazer a crítica verdadeira ao “deus-capitalismo” que se afirma consoante à ideia básica de que o mercado, altar sagrado do dinheiro, pode tudo e tudo pode. Esse socialismo, aqui defendido, se põe em posição contrária a essa premissa, pois entende e afirma que o mercado é incapaz de resolver tudo e que o mundo não pode viver apenas de consumo e mais consumo, como esse “deus-capitalismo” sempre quis.

 

Quem tem olhos para ver sabe que a contradição entre o capital e a natureza está posta e deve ser repensada à luz de nova perspectiva que inclua, essencial e preferencialmente, o ser humano dentro do objeto de análise dos modelos econômicos, partindo do pressuposto que o mundo não pode ser pensando, como dissemos, como sendo uma simples mercadoria pronta para ser digerida por bocas ávidas.

 

Se for fato que o consumo consome o consumidor, o socialismo ecológico vem para refutar o deus-mercado e pôr novas regras no jogo da vida social, defendendo as bases de sustentação da vida, condenando, primeiramente, o consumo artificialmente induzido pela fútil publicidade.

 

Esse socialismo ecológico tem sido defendido por eminentes pensadores. Destacam-se, dentre esses, o economista mexicano Enrique Leff, o sociólogo Michael Lowy, além de Victor Wallis, John Bellamy Foster, Jean-Marie Harribey, Raymond Willians, David Pepper e tantos outros que apontam para a necessidade de incutir no imaginário coletivo a verdade de que toda vez que o capital se constrói sob as ruínas da natureza é a vida de todos nós que entra em perigo.

 

Talvez seja por isso que Enrique Leff acertadamente pontua que “a economia está gerando a morte entrópica do mundo”. Essa “morte”, em nosso entendimento, é cada vez mais explícita quando se percebe que a única preocupação dos “Senhores da Economia Mundial” está em salvar o grande capital, não em salvar o planeta e a vida. Por sinal, melhor seria dizer em salvar a vida, pois o planeta saberá viver sem nós uma vez que não depende de nossa incômoda presença; nós é que dependemos do planeta.

 

Pelo lado da economia voraz e consumista, base de sustentação desse deus-mercado, que a tudo destrói em nome de atender aos ditames mercadológicos, somos sabedores de que a ordem da macroeconomia comandada por esses “Senhores” é uma só: fazer crescer e crescer e crescer cada vez mais a economia mundial.

 

Do outro lado, para o bem da sobrevivência e do respeito às leis da vida, a ordem da ecologia também é una: lutar pela possibilidade de assegurar a sobrevivência de nossa espécie.

 

Conquanto, o fato é que já não é mais possível aceitar a prédica mercadológica que faz com que uma minoria prospere enquanto a maioria conhece de perto o drama da exclusão numa sociedade que parece não ser de outra natureza além daquela consumista, insuflada pela propaganda, financiada pelo capital, destruidora da natureza.

 

Os que defendem o modelo de fazer a economia crescer sem limites para assim promover a “felicidade geral”, como se isso fosse exeqüível, e como se não houvesse nenhum tipo de diferença sócio-econômica, se equivocam ao ignorar que esse “crescimento” é dependente das leis da natureza e a natureza, em toda sua amplitude, não é (e nunca será) capaz de dar conta dessa política de crescimento.

Nesse sentido, a economia parece ser completamente míope em relação à necessidade de se regular a produção. Para o bem daqueles que se encontram ao lado da ecologia, contra a economia destruidora, cabe atentar aos preceitos desse novo pensamento que ganha, cada vez mais, contornos de paradigma que veio para ficar. Consoante a isso, analisemos a seguir o que tem dito Lowy e Bellamy Foster que trabalham a idéia de “eco-socialismo”.

 

Afinal, o que significa ecossocialismo?

 

Afinal, o que é o ecossocialismo? Para Lowy, “Trata-se de uma corrente de pensamento e de ação ecológica que toma para si as conquistas fundamentais do socialismo – ao mesmo tempo livrando-se de suas escórias produtivistas”.

 

Já o sociólogo John Bellamy Foster definiu o eco-socialismo como sendo “a regulação racional da produção, respeitando a relação metabólica entre os sistemas sociais e os sistemas naturais, de forma a garantir a satisfação das necessidades comuns das gerações presentes e futuras”.

 

Portanto, a definição dada por Foster não está muito distante da recomendação feita pelo Relatório Brundtland. Para melhor ilustrar-se essa questão, três aspectos realçam o posicionamento de Foster. São eles:

 

* O reconhecimento dos limites ao crescimento e a ruptura com a lógica produtivista que associa o aumento do bem-estar a um aumento da produção. Colocar o prefixo eco na palavra socialismo implica conciliar a igualdade intra-geracional com a igualdade inter-geracional;

 

* A reformulação do sistema produtivo de forma a torná-lo dependente unicamente do uso de recursos renováveis, articulando com o princípio anterior. Cumpre ressaltar que a sustentabilidade exige um uso dos recursos renováveis a um ritmo que garanta a sua renovação;

 

* O uso social da natureza, privilegiando a gestão comunitária de recursos comuns.

Como visto, os termos eco-socialismo e socialismo ecológico estão longe de serem apenas modismos ou meras retóricas românticas. São, ademais, conceitos que ganham contornos relevantes num mundo que vive intensamente a mais grave crise ecológica de toda a história. Para o bem de todos nós, o pensamento em defesa da sustentabilidade se fortalece no dia a dia. A natureza e a vida agradecem.

 

* Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo. Membro do GECEU – Grupo de Estudos de Comércio Exterior (UNIFIEO).

 

- Contato:  prof.marcuseduardo@bol.com.br

 

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