Luzes, câmera, AÇÃO:
VF
tem acesso à conteúdo de Ação Civil Pública
Ação Civil Pública do MPE em face ao prefeito Eugênio Pinto e outros,
pede o seu imediato afastamento do cargo e descreve
todas as manobras, envolvendo vários agentes, para a promoção de
supostos desvios de recursos públicos. Entre as diversas
denúncias apresentadas está a de que os vereadores que apoiam o prefeito
teriam participado de suposto rateio de R$ 200 mil -
sacados de maneira irregular da conta da Hemodiálise/Secretaria da Saúde
– para impedirem que o mesmo fosse punido.
Até
então, os vereadores não foram indiciados, assim como a chefe de
Gabinete, Íris Leia, também citada na dita ação.
Por Pepe Chaves*
De
Belo Horizonte-MG
Para
Via Fanzine
23/02/2011
Reprodução do ofício
enviado pelo MP-MG ao editor de Via Fanzine,
encaminhando cópias
impressas da inicial, das quais, partes compõem esta matéria.
Conteúdo da Ação
Civil Pública e indiciamentos
O diário digital Via Fanzine teve acesso à íntegra da
Inicial da Ação Civil Pública, aberta pelo Ministério Público do Estado
de Minas Gerais, através de sua representante local, promotora Sílvia de
Lima Soares da Primeira Promotoria de Justiça da Comarca de Itaúna, que apresenta pedidos liminares ao Juiz de Direito da Vara
Cível da Comarca de Itaúna-MG, aqui transcritos por nós em grafia da cor
azul.
A Ação Civil Pública em virtude da prática de atos de
improbidade administrativa, com pedidos liminares, foi emitida em face
de 16 pessoas físicas, entre elas Eugênio Pinto, prefeito de Itaúna, e
uma jurídica, a Prescon Informática, por irregularidades num contrato
para fornecimento de materiais e serviços de informática às escolas
municipais. A Ação Civil Pública, datada de 15 de setembro de 2010, é
assinada pela Promotora de Justiça Sílvia de Lima Soares, do Ministério
Público em Itaúna.
O ofício do MP de nº 593/2010, referente a encaminhamento
da inicial da petição em cópia impressa ao editor de Via Fanzine é
também assinado pela Promotora de Justiça Sílvia Soares de Lima, da
Primeira Promotoria de Justiça de Itaúna-MG e datado de 24/11/2010
[reprodução acima].
Na inicial, contida em 56 laudas e encaminhada pela
Promotoria do MP ao juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de
Itaúna-MG, Geraldo Rogério de Souza, é colocado que,
“o Ministério Público do Estado de Minas
Gerais, através de sua Promotora de Justiça em Itaúna, no exercício de
suas atribuições legais e com fulcro no Inquérito Civil Público nº 0338
09 000169-8 e da Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada pela
Câmara Municipal de Itaúna, através da resolução 50/2009, cujo teor
passa a fazer parte integrante vem propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA
EM VIRTUDE DA PRÁTICA DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, COM PEDIDOS
LIMINARES em face de 16 pessoas ligadas ao governo municipal e à empresa
contratada além do indiciamento da pessoa jurídica Prescon Informática
Ltda”.
Da parte da Prefeitura de Itaúna foram indiciados: Eugênio
Pinto (prefeito); Osmar de Andrade (ex-Procurador-Geral); Shirley
Pereira da Cunha Silva (ex-secretária de Finanças); os ex-secretários de
Educação e Cultura e o atual: Carlos Márcio Bernardes, Marisa Pinto
Pereira; Heli de Souza Maia e os servidores públicos: Antônio Valdir de
Souza, Emar Teodoro Gomes Silva, Marco Antonio de Oliveira E. Souza,
Maria Aparecida de Medeiros Pereira Santos, João Paulo da Silva Antunes
e Adriano Machado Diniz.
Da parte da Prescon Informática foram indiciados: Rosângela
de Melo Flud, Denise Ratine Flud, José de Carvalho Neto, Kells Belarmino Mendes
e a pessoa jurídica da Prescon Informática Assessoria Ltda. Na ação, são
descritos cargos e dados pessoais de cada parte citada.
Afastamento do
prefeito e envolvimentos suspeitos
A Ação da Promotoria do MP, que também pede o imediato
afastamento do prefeito Eugênio Pinto de suas funções, destaca o que
poderia ser a “compra” de quatro vereadores de Itaúna, quando de uma
transação irregular de recursos da ordem de R$ 200 mil subtraídos da
área da Saúde. As informações têm base em depoimentos apresentados,
inclusive, do ex-secretário de Saúde do governo pintista, José Oscar
Júnior, e um médico do Hospital Manoel Gonçalves de Souza Moreira, Bruno
Cauzin.
A subtração irregular de R$ 200 mil da Saúde em data
próxima ao evento, sugere aos denunciantes que cada um dos quatro edis
poderia supostamente ter recebido R$ 50 mil para que a CPI contra a
administração Pinto não fosse adiante.
Além disso, a denúncia também especifica toda uma “trama”
de pessoas específicas em torno do prefeito Eugênio Pinto, do
ex-procurador Osmar de Andrade, de Kells Mendes (dono da Prescon) e sua
esposa, que era sócia da namorada do mesmo ex-procurador Andrade e
ainda, jornal “O Momento” (de propriedade dos mesmos), vereadores
aliados, entre outros, indiciados ou não – conforme veremos
cronologicamente.
Sobre o envolvimento de agentes do Legislativo, cabe
registrar que, mesmo com a apresentação das denúncias descritas contra
os parlamentares suspeitos de suborno e, até onde fomos informados,
nenhum vereador foi indiciado ou amplamente investigado sobre tal
denúncia. E, mesmo depois de Via Fanzine publicar esta matéria anunciada
com antecedência, o pouco que revelamos sobre a ação foi suficiente para
causar furor nos quatro vereadores da base pintista na Câmara.
Ressaltamos que não nos cabe acusar vereador ou quem quer
que seja, cabe reportar e é isso que estamos fazendo, com base nos
princípios da publicidade e da liberdade de informação. Afinal, estamos
abordando uma Ação Civil Pública, da qual, os senhores vereadores
citados na mesma tinham total consciência de seu conteúdo há vários
meses e se originou por intervenção desse jornal junto à Promotoria do
MP-MG.
Sigilos colocados
à disposição
Estranhamos o fato de que, cientes que já estavam, os
quatro vereadores da base governista, Delmo Barbosa (DEM), Márcio
Bernardes (PT), Lucimar Nunes (PT) e Vicente Paulo (PMDB) não vieram a
público se defender, antes de revelarmos o envolvimento dos mesmos nessa
conturbada questão milionária que tanto lesou os cofres municipais. Na
reunião legislativa de 15/02, todos eles negaram qualquer participação
em suposto suborno ou recebimento de propina e afirmaram em alto e bom
tom que os seus sigilos estão à disposição de quem quer que seja.
Ameaçaram até de processar – entre outros - este jornal, que apenas
divulgou informações públicas, assim como sempre continuará fazendo, doa
a quem doer.
Contudo, apesar dos nervos aflorados de alguns dos nossos
vereadores, informamos que na segunda-feira, 21/02, este editor de Via
Fanzine protocolou ofício aos quatro vereadores na Secretaria da Câmara,
solicitando aos mesmos, o envio da quebra de seus sigilos, colocada à
disposição pelos mesmos em pronunciamentos na Câmara. É de nosso
interesse mostrar fatos e, como eles mesmos se dispuseram, nós acatamos
e formalizamos a solicitação dos dados que, quiçá, poderão mostrar que
as pesadas denúncias recebidas podem não proceder. Estamos aguardando o
cumprimento do que foi falado pelos mesmos na dita reunião.
No entanto, com a colocação dos sigilos à disposição, esta
seria uma boa oportunidade para o Ministério Público de Minas Gerais,
sim, requerer formalmente dos nossos destemidos vereadores tais dados,
já que o mesmo é quem os citam na Ação Civil Pública. Entendemos que
esta, é uma questão que necessita de urgente investigação, seja para
provar a culpa ou a inocência dos envolvidos, ante as acusações
sacramentadas, como veremos a seguir.
Gênese da ação
Em “I – Breve histórico das apurações”, a promotora inicia
a petição informando que, “Instaurou-se o
Inquérito Civil Público nº 0338.09.000169-8,em 28 de setembro de 2009, a
partir do recebimento do e-mail em fl. 04, no qual José Geraldo Chaves
(Pepe Chaves), editor do jornal digital Via Fanzine, alegava, em
síntese, que a Prefeitura municipal de Itaúna havia adquirido
computadores e contratado serviços de manutenção destes, com indícios de
superfaturamento, uma vez que os preços eram muito superiores aos
usualmente praticados pelo mercado”.
Ainda de acordo com a promotora,
“Paralelamente, em 8 de junho de 2009, foi instaurada, pela Câmara de
Vereadores do Município de Itaúna a Comissão Especial com o fito e
estudar a matéria contida no ofício circular nº n01/2009 (fl. 117-CPI),
subscrito pelo cidadão José Alves Capanema Júnior e acompanhado por mais
de 2.330 assinaturas de outros cidadãos itaunenses, documento este que
requeria a apuração da notícia de que as salas de informática das
escolas do Município tinham custado aos cofres públicos o valor
exorbitantes de 2,5 milhões de reais”.
Comissões
legislativas
A promotora também lembra que após os trabalhos da Comissão
Especial (CE) do Legislativo local foi instaurada a Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI), em 18/12/2009, “a fim de
investigar possíveis irregularidades contidas no Processo Licitatório
(Concorrência) nº 03/2007, que culminou com a contratação pelo Município
de Itaúna da empresa Prescon Informática Ltda.”.
A promotora coloca que a CPI concluiu que,
“as condutas perpetradas pelo Prefeito
Municipal infringiram diversos dispositivos da Lei de Licitações e
contratos, além de configurarem a possível prática, ao longo dos
trabalhos da CPI, de delitos político-administrativos, os quais estão
tipificados na Lei Orgânica do Município e no Decreto-lei nº 201/67”.
Ainda de acordo com ela, “A
seguir, por meio do ofício circular nº 03/10, fls. 4046/4047 – ICP, o
Presidente da Câmara Municipal de Itaúna informou que, através da
Portaria nº 16/2010, instaurou-se Comissão Processante para apurar os
fatos acima alencados, Comissão esta ainda em curso”.
Cabe registrar que a denúncia inicial de Capanema apontava
para gastos supostamente irregulares, da ordem de R$ 2,5 milhões pela
Prefeitura de Itaúna, num contrato firmado com a empresa “Prescon
Informática”, para fornecimento de softwares e máquinas para um programa
de informática que seria implantado nas escolas do município. No
entanto, após o trabalho investigativo realizado pela CPI legislativa,
foi constatado que o gasto não fora somente de R$ 2,5 milhões, mas sim,
de quase R$ 7 milhões ao longo dos anos de 2007 a 2010, período em que
vigorou o contrato. O contrato foi renovado por duas ocasiões,
inclusive, na segunda delas, após as denúncias de possíveis
irregularidades já terem sido apresentadas formalmente pelo Legislativo.
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Clique no link abaixo para ler a parte 2:
Ação destaca réus e irregularidades do
início ao fim
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