Cosmos
Washington Explosão espacial é destacada por cientistas Cientistas descobrem uma das maiores explosões espaciais já registradas.*
Concepção artística de uma estrela sendo distorcida por um buraco negro.
A colisão entre uma estrela e um enorme buraco negro provocou uma das maiores explosões espaciais jamais registradas, cujo brilho viajou por 3,8 milhões de anos luz até chegar à Terra, segundo estudo publicado nesta quinta-feira pela revista Science.
No momento da descoberta, os cientistas estudaram a origem de um feixe de raios gama observado a partir de um satélite da Nasa (agência espacial americana) e, inicialmente, pensaram que podia se tratar de uma explosão de raios gama, mas a persistência da luminosidade e o fato de ter se reativado três vezes em apenas 48 horas, levou os pesquisadores a buscar outra hipótese.
"Era algo totalmente diferente de qualquer explosão que tivéssemos visto antes", disse em comunicado Joshua Bloom, cientista da Universidade de Berkeley e um dos principais autores do estudo.
Bloom sugeriu que a causa poderia ser a queda de uma estrela do tamanho do Sol em um buraco negro um milhão de vezes maior, o que gerou "uma quantidade tremenda de energia ao longo de muito tempo", em um fenômeno "que ainda persiste dois meses e meio depois", acrescentou.
"Isso acontece porque o buraco negro rasga a estrela, sua massa gira em espiral e este processo libera muitíssima energia", explicou o cientista.
Cerca de 10% da massa dessa estrela se transformou em energia irradiada, como raios X e gama, que podiam ser vistos na Terra, uma vez que o feixe de luz apontava para a Via Láctea, segundo o estudo.
Ao repassar o histórico de explosões na Constelação de Draco, onde foi observado o fenômeno, os cientistas determinaram que o acontecimento foi "excepcional", já que não encontraram indícios de outras emissões de raios X ou gama.
O mais fascinante, segundo Bloom, é que o fenômeno começou em um buraco negro em repouso, que não estava atraindo matéria. "Isto poderia acontecer em nossa própria galáxia, onde há um buraco negro que vive em quietude e que fervilha ocasionalmente, quando absorve um pouco de gás", garantiu.
No entanto, Bloom ressaltou que seria uma surpresa ver outro fenômeno similar no céu "na próxima década".
A explosão é algo "nunca visto" até agora na longitude de onda dos raios gama, por isso o mais provável é que só aconteça "uma vez a cada 100 milhões de anos, em qualquer galáxia", calculou o cientista.
O estudo estima que as emissões de raios gama, que começaram entre os dias 24 e 25 de março em uma galáxia não identificada a cerca de 3,8 milhões de anos luz, vão se dissipar ao longo do ano.
"Acreditamos que o fenômeno foi detectado em seu momento de maior brilho, e se realmente for uma estrela destruída por um buraco negro, podemos dizer que nunca voltará a ocorrer nessa galáxia", concluiu Bloom.
* Informações da EFE.
- Imagem: University of Warwick/AP.
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A Vida lá fora: Revista cientifica aborda impacto de vida fora da Terra Autores levantam as possibilidades de mudanças em diversos aspectos humanos, caso seja detectada a presença de outras formas de vida no Universo.
Da Redação* 14/01/2011
A revista “Philosophical Transactions”, da academia científica Royal Society, em sua edição de fevereiro de 2011, traz como matéria de capa as discussões acerca da possível descoberta, através de sinais de rádio, de uma outra civilização do espaço profundo.
A matéria intitulada "A detecção de vida extraterrestre e as consequências para a ciência e a sociedade" foi editada e organizada por Martin Dominik e John C. Zarnecki.
Nesse trabalho, os responsáveis levantam as possibilidades de mudanças em diversos aspectos humanos, caso seja detectada a presença de outras formas de vida no Universo. E também aconselham que, por menor que seja a nossa ideia acerca da descoberta de vida espacial, já deveria haver agendas globais e específicas para tratarem desse assunto.
De acordo com eles, “Se o nosso planeta não é o único no cosmos e se a vida passar a ser comum e universal, pela primeira vez na história será dada uma chance realista de ver as assinaturas de vida extraterrestre detectada”.
Também é destacado o impacto que tal descoberta poderia trazer às sociedades terrestres e o fator da assimilação da mesma. “O estudo e a compreensão da vida no Universo engloba muitas, se não todas, as questões fundamentais da biologia, física e química, mas também da filosofia, psicologia, religião e da maneira com que os seres humanos interagem com seu ambiente e entre si”, descreve.
O artigo também aponta que, “Embora não haja nenhuma maneira de prever os resultados das pesquisas para a vida extraterrestre e por isso, não podermos estar preparados para o imprevisível, o desenvolvimento cuidadoso de uma agenda social ao lado de uma agenda científica torna-se obrigatória”.
A Royal Society é a academia científica mais antiga da história e se intitula como uma “irmandade” dos mais eminentes cientistas do globo.
* Com informações de Royal Society. - Tradução: Pepe Chaves (MG). - Colaborou: J. Ildefonso P. de Souza (SP). - Foto: divulgação.
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Dos confins do espaço: Nasa detecta ruído cósmico desconhecido* Um estranho ruído cósmico está intrigando a comunidade científica mundial. Até o momento, os pesquisadores não têm explicações para a origem do misterioso sinal cósmico registrado por um balão estratosférico operado pela Nasa.
Cientista trabalha nos equipamento do Absolute Radiometer for Cosmology, Astrophysics, and Diffuse Emission – Arcade.
Segundo o diretor de Satélites e Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB), Thyrso Villela, a descoberta surpreendeu a todos, ao demonstrar que a ciência ainda "não compreende a natureza da maneira como acreditávamos entender", necessitando "aperfeiçoar" os modelos empregados para explicar fenômenos naturais.
"Esse sinal não havia sido previsto pelos modelos que temos hoje para explicar a origem e a evolução do Universo. É, literalmente, um mistério, algo não explicável pelos modelos físicos de que dispomos hoje", afirmou Villela.
Primeiras estrelas do Universo
O anúncio sobre a detecção do sinal foi feito durante a reunião da Sociedade Astronômica Americana, realizada na Califórnia (EUA). Segundo Alan Kogut e Michael Seiffert, pesquisadores que participam do projeto Arcade (do inglês, Radiômetro Absoluto para Cosmologia, Astrofísica e Emissão Difusa), o sinal desconhecido em frequências de rádio foi detectado enquanto o balão estratosférico da NASA buscava fontes de energia emitidas pelas primeiras estrelas a se formarem no Universo, há dezenas de bilhões de anos.
"Em 2005, os componentes feitos em São José dos Campos foram incorporados ao experimento ARCADE", diz Thyrso Villela. "O rigoroso controle dos erros instrumentais e a excelente sensibilidade do instrumento permitiram essa detecção", continua ele.
"Esperávamos medir um sinal de rádio que tivesse sido produzido pelas primeiras estruturas a se formar no universo. Ao invés disso, medimos um sinal seis vezes mais intenso e não havia forma de explicar isso", disse Villela, que participa do projeto Arcade junto com o também brasileiro Alexandre Wuensche, do grupo de Cosmologia Observacional da Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Radiação Cósmica de Fundo em Microondas
A imensa maioria dos objetos cósmicos emite ondas de rádio. Em 1931, o físico Karl Jansky detectou, pela primeira vez, um ruído estático em rádio emanada pela própria Via Láctea, a galáxia à qual o nosso Sistema Solar pertence.
O Universo como um todo é permeado por um sinal residual do Big Bang (teoria segundo a qual o Universo teria se originado a partir da explosão de um único átomo primordial).
Esse sinal residual, conhecido como Radiação Cósmica de Fundo em Microondas, pode ser verificado em frequências de rádio e microondas. Esse sinal foi descoberto em 1965 pelos astrofísicos Arno Penzias e Robert Wilson, que ganharam o Prêmio Nobel de Física de 1978 pela descoberta.
Novo ruído cósmico de fundo
Contudo, não existe um suficiente número de galáxias no Universo capazes de explicar a intensidade do estranho sinal detectado, seis vezes mais intenso que o produzido pelas estruturas mais antigas. Dessa forma, ele não pode ser atribuído a nenhum sinal já conhecido.
Segundo Dale Fixsen, um dos pesquisadores do projeto, "as galáxias teriam que estar praticamente coladas umas às outras, não havendo nenhum espaço entre elas", para que o sinal dessas fontes pudesse ser medido com essa intensidade.
Em conseqüência, o sinal emitido pelas primeiras estrelas encontra-se submerso nesse novo ruído de fundo cósmico, e sua detecção agora passa a ser uma tarefa ainda mais complicada.
A identificação e o estudo do sinal das primeiras estrelas podem trazer pistas importantes sobre o processo de formação das galáxias quando o Universo tinha menos da metade de sua idade e melhorar o nosso entendimento sobre como as fontes de rádio evoluíram no universo primordial.
Entendendo como as coisas funcionam na natureza
"O grande problema é que não existem idéias que possam explicar de forma objetiva a origem desse sinal. Supomos que as primeiras estrelas a se formar no Universo podem ter formado buracos negros e emitido esse sinal, mas ainda não fizemos as contas para verificar se algo assim explicaria a descoberta", disse Villela. "Ao nos depararmos com esse sinal tivemos que considerar várias possibilidades de erro, recalibrar instrumentos e refazer cálculos, pensando outras hipóteses que pudessem explicar tais sinais".
Para o cientista, embora pareça não ter qualquer vínculo com o cotidiano das pessoas, a descoberta é importante. "O objetivo inicial da ciência é entender como as coisas funcionam na natureza, entender a física que rege nosso mundo. Se conseguirmos entender como essas estruturas se formaram no universo, podemos descobrir aplicações que podem revolucionar nosso dia a dia", argumentou Villela, lembrando que o raio-laser já havia sido observado quase cem anos antes de o homem dominar sua utilização. "Esse sinal pode ser uma nova pista de como a natureza funciona, do que provavelmente só poderemos tirar proveito daqui a algum tempo".
O que é o Arcade
O ARCADE é um experimento de astrofísica do Goddard Space Flight Center (GSFC), vinculado à agência espacial dos EUA (NASA), do qual participam o Jet Propulsion Laboratory (JPL), também da NASA, a Universidade de Maryland, a Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, ambas nos EUA, e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos (SP).
Ele foi projetado para estudar possíveis desvios da temperatura de 2,7 K da RCFM, que seriam causados pelo decaimento de partículas primordiais ou pela injeção de energia no Universo produzida pela primeira geração de estrelas formadas.
Entretanto, o que se mediu foi um sinal desconhecido, cerca de seis vezes mais intenso do que havia sido previsto. Já estão descartadas as hipóteses de emissão de estrelas primordiais, de fontes cósmicas de ondas de rádio conhecidas ou do gás contido no halo da nossa própria Galáxia, de modo que a origem do sinal tornou-se um grande mistério.
Balão estratosférico
O ARCADE voou a bordo de um balão estratosférico em julho de 2006, tendo sido lançado de Palestine, Texas (EUA). Ele operou durante algumas horas a cerca de 36 km de altitude, para evitar a influência da atmosfera nas medidas, e foi o primeiro instrumento a estudar o céu na faixa de freqüências de rádio com sensibilidade suficiente para detectar este sinal.
A imersão dos detectores do ARCADE em aproximadamente 2000 litros de Hélio líquido permitiu que a sensibilidade do instrumento fosse bastante alta e que ele pudesse operar a aproximadamente 2,7 K acima do zero absoluto (cerca de 270 graus Celsius negativos).
"Isso é o que faz a ciência ser tão empolgante", diz Michael Seiffert, do JPL, em Pasadena, Califórnia. "Tenta-se medir algo - nesse caso, a energia emitida pelas primeiras estrelas que se formaram no Universo - mas, ao invés disso, encontra-se outra coisa completamente nova e inexplicável".
* Informações de ARCADE / INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. - Foto: Nasa. - Mais sobre o Projeto Árcade (Nasa): http://arcade.gsfc.nasa.gov/. - Colaborou: J. Ildefonso P. de Souza (SP).
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