Curiosity em Marte
De Marte a Pasadena: NASA presta informações sobre ‘descoberta’ Os cientistas acreditam que a detecção das substâncias durante esta fase inicial da missão “demonstra a alta capacidade do laboratório para analisar o solo diversificado ao longo dos próximos dois anos”.
Por Pepe Chaves* De Belo Horizonte-MG Para ASTROvia 03/12/2012
Duas cavas feitas pelo Curiosity no solo de Marte. A amostra foi retirada debaixo de uma camada de poeira. Veja galeria de fotos envolvendo o pouso do Curiosity em Marte Leia também: NASA desfaz expectativa de ‘notável descoberta’ NASA pode anunciar descoberta histórica em Marte Sonda orbitadora vê Curiosity em Marte Curiosity desceu em Marte com tranquilidade Chegada de Curiosity será mostrada na TV Curiosity: fogos de artifício riscam os céus de Marte Nasa lança novo jipe robô Curiosity a Marte Curiosity, o sucessor dos robôs marcianos
'Química complexa' é encontrada
Após um membro da NASA difundir uma possível novidade que “entraria para os livros de história” por conta de uma descoberta do robô Curiosity em Marte, a NASA prestou informações em uma conferência de imprensa nessa segunda-feira, 03/12.
Segundo a agência espacial, através de uma gama completa de instrumentos para analisar o solo de Marte, pela primeira vez, o jipe robô Curiosity encontrou uma química complexa no solo do planeta vizinho. O material analisado contém água e algumas substâncias, como enxofre, cloro, entre outros ingredientes. A conclusão tem base nas análises do laboratório analítico instalado no interior do robô móvel.
Os cientistas acreditam que a detecção de tais substâncias durante esta fase inicial da missão “demonstra a alta capacidade do laboratório para analisar o solo diversificado e as amostras de rochas ao longo dos próximos dois anos”. Durante essa pesquisa, os cientistas também puderam testar em campo a capacidade dos instrumentos utilizados pelo robô.
Em seu informe, a NASA lembra que o Curiosity é o primeiro robô marciano capaz de escavar o solo, colher e enviar amostras deste para os seus instrumentos analíticos internos. A amostra de solo analisada, descoberta sob uma camada de poeira no chão é chamada pelos cientistas de “Rocknest” (Ninho de pedra). O local fica em uma parte relativamente plana da cratera Gale [veja imagem abaixo], mas ainda há quilômetros de distância do principal destino do robô, que é a encosta de uma montanha chamada Monte Sharp.
O laboratório do robô (SAM) inclui para a análise de amostras marcianas uma suíte composta por instrumentos de Química e Mineralogia (CheMin). O SAM utiliza de três métodos para analisar gases emitidos a partir da areia poeirenta, quando esta é aquecida em um pequeno forno localizado no seu interior. Uma classe de substâncias analisadas pelo SAM apresenta compostos orgânicos – à base de carbono, que contêm elementos químicos considerados potenciais ingredientes para formação da vida.
Contudo, em declaração no Goddard Space Flight Center (NASA), em Greenbelt, Maryland (EUA), o chefe de investigação para o SAM, Paulo Mahaffy, afirmou que, “Nós não temos nenhuma detecção definitiva de orgânicos marcianos neste momento, mas vamos continuar procurando em diversos ambientes da cratera Gale”.
Imagem mostra o Curiosity no local e as cinco escavações realizadas para retirar a a amostra analisada.
Analisando um pedaço de Marte
O instrumento APXS instalado no Curiosity e a Mars Hand Lens Imager (MAHLI), uma das câmeras utilizada pelo robô (instalada em seu braço) confirmou que o referido “Rocknest” contém elemento químico em sua composição e constatou que a sua aparência tem textura semelhante aos encontrados em outros locais visitados anteriormente pelos robôs Pathfinder, Spirit e Opportunity, todos da NASA.
A equipe do Curiosity selecionou este primeiro local de coleta, porque ali estão partículas de areia fina, adequadas para se esfregar contra as superfícies interiores do braço de manuseio da câmara. A areia foi agitada dentro das câmaras para remover resíduos da Terra. O MAHLI mostrou imagens próximas do Rocknest que revelam a aparência de uma crosta revestida pela poeira.
Segundo Ken Edgett, investigador para os Sistemas MAHLI em San Diego, Califórnia, “Esta é uma amostra que esteve à deriva e teve tempo suficiente para se formar uma crosta de poeira acumulada sobre si”.
O exame das amostras realizado pelo CheMin acerca do Rocknest encontrado, apresenta em quase metade de sua composição, minerais comuns vulcânicos e o restante é composto por materiais não cristalinos. O SAM adicionou informações sobre os ingredientes presentes em concentrações muito mais baixas, sendo associados a isótopos. Os isótopos são formas diferentes de um mesmo elemento e pode fornecer pistas sobre as mudanças ambientais. Entretanto, a água vista pelo SAM em sua análise molecular não significa que a amostra estava molhada. As moléculas de água ligadas aos grãos de areia ou poeira não são incomuns, mas a quantidade verificada nesta amostra foi maior do que o previsto.
Segundo a NASA, o SAM identificou, ainda provisoriamente, oxigênio e perclorato composto de cloro. Este último é um elemento químico reativo, encontrado anteriormente no solo marciano ártico pela mal fadada sonda Phoenix, também da NASA. As reações com outros produtos químicos quando aquecidos no SAM formaram compostos de clorados de metano – denotando o carbono orgânico detectado pelo instrumento. O cloro é de origem marciana, mas é possível que o carbono possa ter origem na Terra e tenha sido levado pelo próprio Curiosity, para depois ser detectado pela alta sensibilidade analítica do SAM.
O cientista John Grotzinger, do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, informa que, “Nós usamos quase todas as partes de nossa carga científica útil examinando esta amostra. A sinergia entre os instrumentos e a riqueza dos conjuntos de dados nos faz uma grande promessa para usá-los no Monte Sharp, o destino final dessa missão científica”, declarou.
E assim, a NASA continua trabalhando com o Curiosity em Marte, na tentativa de avaliar se algumas áreas dentro da cratera Gale já ofereceram um ambiente habitável para micróbios. O Curiosity tem ainda, literalmente, um longo caminho pela frente. No entanto, a julgar pela expectativa da equipe científica, esta análise inicial por ser o prenúncio de grandes novidades que podem surgir nos próximos dois anos de pesquisa.
* Pepe Chaves é editor do diário digital Via Fanzine e da Rede VF. - Com informações de Nasa/JPL e tradução do autor.
- Fotos: NASA/JPL-Caltech/MSSS.
- Colaborou: José Ildefonso P. de Souza (SP).
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