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A FAB & os UFOs
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FAB confirmou UFOs no Rio Grande do Sul
São Paulo: Militares da FAB e os UFOs CIOANI investigou caso de disco voador em Serra Negra – SP Por Edison Boaventura Júnior* De Guarujá-SP Para UFOVIA
Carteira usada pelos militares da FAB (IV COMAR) que integravam o Centro de Investigação de Objetos Voadores Não Identificados (CIOANI). Esta é mais uma prova concreta do envolvimento de militares brasileiros com a pesquisa dos UFOs nas décadas de 60 e 70.
FAB REGISTRAVA CASOS DE UFOs - Em 1969, no IV COMAR (Comando Aéreo Regional), localizado no bairro do Cambuci, São Paulo, Brasil, foi criado o SIOANI – Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados, sendo este o primeiro órgão oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) para pesquisa de Objetos Voadores Não Identificados (OVNI, ou UFO do inglês), sendo nomeado o major-brigadeiro José Vaz da Silva como chefe administrativo daquele órgão de pesquisa ufológica militar.
Muitas ocorrências de pousos, avistamento de UFOs e seus tripulantes, além de fotografias dos supostos discos voadores, foram analisados na época pelos militares, chefiados operacionalmente pelo major Gilberto Zani de Mello.
Fac-símile de documentos expedidos pelos militares sobre os UFOS: Carta e capa do relatório do caso 036; no detalhe, a página 10 do relatório.
No mesmo ano de fundação do SIOANI foram editados dois boletins informativos pela FAB, totalizando 52 páginas com informações normativas e estatísticas dos casos pesquisados. No segundo Boletim SIOANI foram relatados 58 casos acontecidos no Brasil, sendo que a maioria deles, ocorrida no interior de São Paulo. Alguns se tornaram clássicos, como por exemplo, o Caso Maria Cintra, o Caso Tiago Machado, dentre outros.
Entre os anos de 1997 e 2004, eu estive no IV COMAR, em São Paulo e por três vezes no ano de 2004 no COMDABRA, em Brasília, para obter informações sobre as atividades do SIOANI. Eu me lembro que numa das ocasiões, estive lá acompanhado do pesquisador do GEONI (Grupo de Estudos de Objetos Não Identificados), senhor Osmar de Freitas e na oportunidade, obtivemos algumas informações interessantes sobre aquele órgão.
Em 18 de dezembro de 1997, tive a satisfação de conhecer pessoalmente o major Zani, que foi o chefe operacional do órgão e aprendi muito com ele, tirando algumas dúvidas que eu tinha sobre o SIOANI. Posteriormente, falei com o Tenente Carvalho que integrava o SIOANI e descobri como e o porquê era realizado a análise psiquiátrica nas testemunhas.
Investigador Osmar de Freitas (GEONI) e Edison Boaventura (GUG), no IV COMAR.
Mais alguns anos se passaram e com as informações repassadas pelo Major Zani, conheci um outro militar e vi pela primeira vez os documentos oficiais e originais. O militar me passou este material riquíssimo e hoje, de forma inédita para a UFOVIA, revelo o modelo da carteirinha utilizada pelos militares nas investigações e também pela primeira vez, divulgo um relato sobre o caso número 36, acontecido em Serra Negra–SP, em 1968, devidamente registrado e comprovado por meio dos relatórios, documentos, croquis e cartas originais.
Um detalhe importante que menciono é que, apesar do caso ter acontecido em 1968 – antes da criação do CIOANI (Centro de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados) – é nítido o interesse dos militares em saber o que estava acontecendo em nosso País nos anos anteriores, pois o relatório só foi preenchido em maio de 1969, pelo 1º tenente R/R Aer., Sérgio Desidério Moisés.
CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS - Em 02 de maio de 1969, o major Zani, por meio do ofício número 3 do CIOANI solicitou que fosse realizada pesquisa completa sobre o caso, incluindo coleta de desenho da testemunha, depoimento e o envio do recorte de jornal referente àquela aparição.
No dia 23 de maio de 1969, foi encaminhada ao IV COMAR, pelo militar responsável pela pesquisa, toda a documentação sobre o avistamento do senhor José Augusto de Lima Gonçalves, de 51 anos.
Edison Boaventura mostra a edição do jornal 'O Serrano' e documentos ufológicos da FAB.
VÁRIAS ANTENAS LUMINOSAS - A ocorrência foi descrita no jornal O Serrano, edição nº 3.520, de 20 de outubro de 1968, como matéria de capa sob o título “Avistado Disco Voador em Serra Negra”. Entretanto, a reportagem não revela muitos detalhes da ocorrência.
O relatório de 19 páginas dos militares tem mais conteúdo e riquezas de detalhes, pois explora aspectos que não foram abordados na matéria jornalística como, por exemplo, o blackout ocorrido no momento da aproximação do estranho objeto voador e sua aterrissagem.
Consta que o senhor José Augusto de Lima Gonçalves, de origem portuguesa, no dia 12 de outubro de 1968, se encontrava assistindo um programa de televisão por volta das 20h, em sua casa no Parque Turístico da Estância de Serra Negra, quando foi chamado por sua filha menor e sua esposa que avistaram primeiramente o UFO. Ele se dirigiu até a janela e viu o objeto estacionado numa altura de 15 a 17 metros, um pouco acima de um pinheiro.
“O objeto estava a uma distância aproximada de 50 metros, era luminoso e possuía várias antenas luminosas. Tinha um formato arredondado e com forma de pêra”, disse Augusto. Foi estimado pelas testemunhas que o objeto tivesse o tamanho de um automóvel de 4 a 5 metros, possuía a cor azul brilhante e não emitia nenhum som.
Movido pela curiosidade, o senhor Augusto pulou a janela e rumou em direção ao objeto, juntamente com outros moradores, mas, imediatamente, o UFO se deslocou para uma distância de aproximadamente 400 metros, pousando no solo. Não foi possível chegar ao local do pouso naquele momento, pois havia um barranco intransponível. O máximo que conseguiram se aproximar foi por cerca de 50 metros de distância daquele insólito objeto.
No alto, o desenho do UFO, feito pelo senhor Agusto; abaixo, reprodução colorida feita pelos militares.
HOUVE BLACKOUT NO MOMENTO DA APARIÇÃO - Um detalhe importante foi que no momento do avistamento, as 12 lâmpadas dos postes elétricos existentes no local se apagaram, bem como as luzes residenciais também sofreram um blackout.
Toda a observação durou 15 minutos e no total foram sete pessoas que presenciaram a aparição: os integrantes da família do senhor Augusto, mais os integrantes de uma família vizinha que morava a cerca de 600 metros de distância da sua residência.
Pouco antes de desaparecer, o UFO elevou-se do solo, a uns 2 metros de altura e apagou totalmente suas luzes. Após o seu desaparecimento as luzes dos postes e do interior da sua residência acenderam normalmente.
No dia seguinte, as testemunhas foram ao local do possível pouso, mas não viram nenhuma marca no solo, devido às chuvas que caíram pela manhã.
TESTEMUNHA CONFIÁVEL - O jornal O Serrano em relação ao caráter da testemunha escreveu: “O entrevistado de ‘O Serrano’ pessoa de hábitos moderados, mereceu, deste repórter, a mais sólida confiança”.
O tenente Sérgio, em carta datada de 23 de maio daquele ano, informou que foi dificultosa a coleta de informações sobre o caso, por causa da má vontade da testemunha, provavelmente em função de já ter se passado cinco meses entre o avistamento e a coleta de informações para o relatório da FAB.
Todavia, ele informou que a emissora de rádio local fez uma entrevista com o observador, na época do avistamento. O diretor da rádio, senhor Alcebíades Feliz se prontificou a fornecer cópia da gravação, caso houvesse interesse da Aeronáutica.
Verso da carteira usada pelos militares da FAB (IV COMAR).
CARTEIRINHA DE IDENTIFICAÇÃO DO CIOANI - Todos os informantes do CIOANI possuíam uma carteira de identificação com fotografia para obter facilidade em suas investigações. Cada integrante era enquadrado em uma categoria e também era atribuído um número de identificação.
Na parte da frente da carteira [no início dessa matéria], além do nome, categoria, número de identificação, foto do informante e assinatura do responsável, havia o símbolo do CIOANI. No verso [foto acima] da carteirinha havia cinco recomendações:
1) Ouça com atenção – Narre por escrito; 2) Faça perguntas e colha respostas – Registre; 3) Fotografe: coisas, pessoas, lugares; 4) Preencha o relatório; 5) Envie urgente ao CIOANI.
Também constava no verso os seguintes dizeres: “Solicitamos imediato apoio das Forças Armadas e Policiais”.
Envelope, com selos da época e um dos relatórios do CIOANI.
Tornando públicos estes comprobatórios documentos, que demonstram o interesse dos militares brasileiros pelos UFOs avistados no País, espero ter agregado mais informações aos leitores sobre o SIOANI. A minha intenção é paulatinamente, tornar acessível ao público, dentro de um contexto histórico, toda a informação existente e a metodologia utilizada pela FAB na época do SIOANI. Assim, voltaremos ao tema futuramente com mais novidades para preencher estas lacunas históricas da Ufologia militar no Brasil.
- Mais sobre o SIOANI: Leia outros artigos do autor em Brazilian Ufo Research Network: www.burn.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=311 www.burn.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=312
* Edison Boaventura Júnior é pesquisador há 27 anos, fundador e atual presidente do Grupo Ufológico de Guarujá (GUG). Possui diversos trabalhos publicados em revistas, jornais e periódicos de vários países. Realizou e participou de vários congressos nacionais e internacionais. Participou de vários programas de televisão e rádio. Como pesquisador, adota a linha científica, tendo investigado centenas de casos de abdução, pousos e contatos com OUFOs, principalmente no Litoral Paulista. Participou intensamente da investigação do “Caso Varginha”, em Minas Gerais. Viajou para vários países para investigar o fenômeno, como por exemplo, Egito, Grécia, Turquia, Inglaterra, França, Peru, Chile e Argentina. Atualmente vem desenvolvendo levantamentos sobre a atuação de militares brasileiros em pesquisas relacionadas com o Fenômeno Disco Voador. É o pesquisador brasileiro que possui a maior quantidade de documentos oficiais sobre o assunto. Endereço para contato: boaventura_gug@hotmail.com. É colaborador dos portais Via Fanzine e UFOVIA.
- Todas as imagens: Arquivo GUG e FAB.
- Produção: Pepe Chaves. © Copyright 2004-2008, Pepe Arte Viva Ltda.
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Rio Grande do Sul: FAB confirmou UFOs no Rio Grande do Sul Em 1967, pela primeira vez, a Força Aérea Brasileira (FAB), confirmaria e forneceria informações à imprensa dando conta da interseção de uma aeronave militar brasileira, feita por um objeto voador não identificado. Entre os passageiros estavam cinco militares e dez civis, todos eles puderam observar as inusitadas manobras do objeto voador luminoso de pequenas dimensões, em formato discóide e que parecia 'brincar' em torno da aeronave.
Por Edison Boaventura Júnior* De Guarujá-SP Para UFOVIA
Aeronave C-47 da FAB que sofreu interseção de um UFO e o ex-brigadeiro Ronald Eduardo Jaeckel, que estava a bordo e falou com o autor dessa matéria.
SOBRE O RIO GRANDE DO SUL - Um insólito caso acontecido em março de 1967, no Estado do Rio Grande do Sul, envolvendo um avião DC-47 da Força Aérea Brasileira (FAB) e também a tripulação de um avião do serviço aerofotogramétrico da Cia. Aérea Cruzeiro do Sul foi tão importante quanto o conhecido caso acontecido em 19 de maio de 1986, que também envolveu militares da Aeronáutica no avistamento de 21 UFOs, amplamente divulgado pelos meios de comunicação na época. Entretanto, é relevante mencionar o fato de que, já em 1967, a Imprensa obteve da FAB um documento oficial sobre este histórico acontecimento.
Os registros da época atestam que a torre de controle da base entrou em contato com o Douglas da Cruzeiro do Sul de prefixo PP-CES, que retornava do Uruguai e pediu ao comandante Aizemberg que se aproximasse do UFO e tentasse uma identificação. O comandante atendeu ao pedido, mas o estranho objeto voador acelerou em direção oposta ao avião e em 25 minutos desapareceu.
Na ocasião, toda a imprensa escrita explorou o fato, atribuindo um teor mais sensacionalista, publicando matérias de capa, noticiando que um avião teria sido perseguido por um disco voador até Porto Alegre. Jornais como o Diário de Notícias, de Porto Alegre-RS, nas suas edições de 21 e 23 de março de 1967; Diário de São Paulo, nas suas edições de 23 e 24 de março de 1967; e Notícias Populares, de 30 de março de 1967; trouxeram detalhes sobre este caso incomum.
Os depoimentos militares foram prestados em uma das salas da Base Aérea de Canoas-RS. Através do documento formulado sobre o incidente, tivemos, pela primeira vez, o reconhecimento do Ministério da Aeronáutica de que um fenômeno anômalo foi testemunhado por militares e civis.
Vernon Anthony Walters, militar adido no Brasil, que informou o caso ao Departamento de Defesa norte-americano e o coronel da FAB Zenith Borba dos Santos.
Vejamos a seguir mais detalhes do episódio e a sua confirmação por meio de documentos e depoimentos recentes dos envolvidos.
DOCUMENTO OFICIAL - Antes de agregarmos mais informações ao caso, transcrevo na íntegra o primeiro documento oficial devidamente assinado por autoridades militares da Aeronáutica que foi fornecido à Imprensa por determinação do comandante da Base Aérea de Canoas, coronel Zenith Borba dos Santos:
- INÍCIO DA TRANSCRIÇÃO -
"Cerca de dez minutos após a decolagem que realizaram num avião Douglas C-47, prefixo 2077, do aeroporto de Florianópolis, com destino a Porto Alegre, o capitão Jaeckel, verificou que havia uma luz bastante intensa ao lado direito do aparelho.
A luz se deslocava no rumo de Porto Alegre, o mesmo que seguia o aparelho militar, num nível pouco acima e numa velocidade equivalente a do avião. Até as proximidades de Torres a luz se manteve na mesma posição, quando foi encoberta pelas nuvens. As condições atmosféricas, naquele momento, não eram muito propícias a observações visuais.
Logo após, já nas proximidades da cidade de Taquara, onde as condições atmosféricas eram excelentes, com noite bastante clara e enluarada, a luz foi novamente avistada, desta vez, à frente e um pouco abaixo do avião.
O capitão Jaeckel nesta ocasião chamou o Centro de Controle do Aeroporto Salgado Filho, para transmitir a posição do aparelho e indagar se havia algum outro avião voando naquele setor. O Controle informou negativamente e deu liberdade de ação para que o avião militar averiguasse o que havia. A partir de então, o capitão Puget passou a realizar manobras tentando a aproximação com o objeto luminoso. Toda a vez que o avião se dirigia em direção à luz, esta apagava e surgia em outra posição.
Os capitães Puget e Jaeckel disseram, ainda, que a partir do momento em que foram feitas manobras de aproximação, ocorreram algumas mudanças na intensidade da luz. A luz que era intensa e azulada, aumentava e diminuía a luminosidade. Não sabem informar se essas mudanças na intensidade da luz se deviam à aproximação e afastamento desta em relação ao avião ou se tal luminosidade diminuía e aumentava de forma natural. Foi então que surgiu nos dois aviadores a suspeita de que havia dois objetos luminosos no espaço; tal a rapidez com que a luz desaparecia num ponto e surgia em outro.
Verificando a inutilidade da perseguição, pois que o Douglas não conseguia se aproximar da luz, os capitães Puget e Jaeckel resolveram aproar para o Aeroporto de destino, na Base Aérea de Canoas. Foi nesta ocasião que as suspeitas de ambos foram confirmadas: avistaram duas luzes iguais, circulando sobre a cidade de Novo Hamburgo, apagando e acendendo alternadamente.
Verificaram também que a luminosidade daqueles objetos era cada vez mais intensa. Antes que fosse realizado o pouso, as duas luzes surgiram próximo ao avião, do lado direito, sendo que uma mudou, nesta ocasião, a coloração da luz, passando de azulada para vermelho forte.
A preocupação da manobra de aterragem fez com que os militares não prestassem muita atenção naqueles objetos. O capitão Puget ficou inteiramente absorvido na manobra para pousar, enquanto o capitão Jaeckel ainda viu uma última vez aquela luz, agora com a coloração avermelhada, que ficara situada sobre Canoas.
A aterrissagem foi completada às 20h45 de sábado, dia 19 de março de 1967. Além dos dois pilotos, capitães Puget e Jaeckel, tripulavam o avião o mecânico de bordo, sargento Anacleto e o rádio-telegrafista, sargento Araújo. Como passageiros vinham mais cinco oficiais da Força Aérea Brasileira, e dez civis. É interessante frisar que os cinco oficiais que vinham como passageiros foram convidados a comparecer à cabina para que observassem o objeto luminoso. Todos constataram a luz que seguia o avião, sem, no entanto, saberem dar uma explicação do que se tratava. Enfim, todos os que estavam a bordo tiveram oportunidade de ver aquela luz e constatar o que se passava". Porto Alegre, 22 de março de 1967. (assinado) Capitão Alberto Espírito Santo Puget (assinado) Capitão Ronald Eduardo Jaeckel
- FIM DA TRANSCRIÇÃO -
Fac-símile do documento oficial assinado pelos capitães Jaeckel e Puget, disponibilizado à imprensa na época, transcrito na íntegra, acima.
O fato relatado causou surpresa e apreensão entre todos os passageiros do avião militar. Esta sensação só amenizou quando o avião pousou. Mas os passageiros informaram que, ao pisarem em terra, verificaram que o estranho UFO pairava imóvel sobre a base aérea.
OUTROS DEPOIMENTOS - Nos dias seguintes ao caso, a 5ª Zona Aérea instaurou um inquérito com base nos dados que foram registrados na Torre de Controle do Aeroporto Salgado Filho, para receber os relatórios das testemunhas e apurar todos os fatos. Um outro depoimento militar interessante que transcrevemos abaixo exemplifica este fato, pois foi elaborado dez dias depois da ocorrência:
"MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA 5ª ZONA AÉREA -BASE AÉREA DE CANOAS 1º/14º GRUPO DE AVIAÇÃO
- INÍCIO DA TRANSCRIÇÃO -
RELATÓRIO
Estava eu a bordo do Avião C-47 nº. 2077, dia 18 de março de 1967, quando notei que os passageiros da aeronave observavam e falavam num objeto que acompanhava o avião. Estava na ocasião entretido lendo um artigo da ‘Seleções’, motivo pelo qual não dei maior importância ao fato.
Aproximadamente a uns 10 (dez) minutos antes do pouso do avião na Base Aérea de Canoas, fui chamado pelo Capitão Sperry para ver o estranho objeto, ocasião em que notei um objeto luminoso de uns 30 (trinta) centímetros de diâmetro, deslocando-se abaixo e em sentido contrário do avião 2077, desaparecendo ao atingir a perpendicular sob a asa direita da aeronave, sendo imediatamente visto no lado oposto da mesma por outros passageiros.
Desloquei-me para o lado esquerdo da aeronave, na expectativa de rever o objeto, porém nada mais vi, pois o mesmo já havia desaparecido.
Quartel em Canoas, 28 de março de 1967. (assinado) Eron Teixeira Appel 1º Tem. Esp. Sup. Tec.".
- FIM DA TRANSCRIÇÃO -
Fac-símile do documento oficial assinado pelo tenente Eron Teixeira Appel, transcrito na íntegra, acima.
PERSEGUIÇÃO - No documento acima é citado outro capitão com nome de guerra: Sperry. Esclareço que se tratava do co-piloto da aeronave. A Torre de Controle do Aeroporto Salgado Filho tomou medidas especiais e solicitou ao comandante Bernardo Aizemberg, do avião da Cruzeiro do Sul, para que perseguisse e tentasse uma identificação do OVNI. O comandante Aizemberg estava em companhia do comandante Ricardo Wagner, do piloto Costa Maia, do telegrafista Vicente Arno e do fotógrafo Francisco Urbano, no avião especializado e aparelhado para levantamentos aerofotogramétricos, que voltava de Montevidéu.
Após serem informados de que o estranho objeto estava na direção da cabeceira nº. 28 do Aeroporto Salgado Filho, na direção nordeste, a tripulação voou nesta direção e logo avistou a "bola luminosa".
O avião perseguiu a esfera luminosa por cerca de 15 minutos mas não conseguiu se aproximar para fotografá-lo. O UFO desapareceu e a aeronave retornou.
O fotógrafo Urbano declarou que não fotografou o objeto porque a tripulação não conseguiu chegar mais perto e por causa da escuridão da noite.
Veiculou-se a notícia no Aeroporto de que várias pessoas observaram o fenômeno e que minutos antes daquela ocorrência em céus gaúchos, havia sido recebida uma mensagem de Montevidéu, que indicava ter aparecido também um UFO sobre o Aeroporto de Carrasco, na capital uruguaia.
FOIA LIBERA DOCUMENTO - Na década de 1980, a FOIA - Freedom of Information Act (Lei da Liberdade de Informação), nos Estados Unidos, liberou um documento do Department Of Defense Intelligence Information Report que mencionava o caso de março de 1967. Este documento apresentava um erro na data do acontecimento, pois informava que o fato ocorreu no dia 22 de março e estava assinado pelo falecido Brig. General de Defesa e Ataque norte-americano, Vernon Anthony Walters.
Vernon Walters foi um general conspirador utilizado pela CIA e foi adido militar dos EUA no Brasil a partir de 1964, sendo testemunha de vários golpes, e naquela época forneceu várias informações de avistamentos ufológicos acontecidos no Brasil para o governo norte-americano. Segundo alguns historiadores, Walters faria parte de uma equipe que não media esforços para esconder a existência do fenômeno ufológico.
Detalhe do documento norte-americano do Department of Defense liberado pelo FOIA sobre o Caso de Canoas.
OUTRAS CONFIRMAÇÕES - No dia 16 de março de 1998 estive em Brasília-DF para conhecer pessoalmente o pesquisador Thiago Luiz Tichetti, na ocasião fui motivado por uma mensagem de e-mail recebida no Guarujá-SP que continha a seguinte informação:
- INÍCIO DA TRANSCRIÇÃO -
"Sou filho de um ex-coronel da Aeronáutica que no final da carreira foi trabalhar no III COMAR, no Departamento A2, uma espécie de serviço de segurança da Aeronáutica no Rio de Janeiro, entre 1992 e 1993. Algumas vezes eu ia fazer companhia para meu pai no seu trabalho e ficava até o final do expediente, e nessa época eu já tinha um enorme gosto por Discos Voadores. Então certa vez pedi ao meu pai, por curiosidade, se ele poderia, se existisse, me deixar ver os documentos que o III COMAR tinha em relação aos OVNIs. E não é que tinham! E eram muitos documentos! Eu tentei tirar cópias, mas meu pai não deixou. Portanto a única saída foi copiar tudo à mão, o máximo que pude. (...) eu vou relatar algo espetacular que aconteceu no dia 18 de março de 1967. São nada menos do que nove avistamentos de um OVNI. Todos os relatos foram feitos por pilotos privados e da FAB (...) não tenho como provar que esses relatos são verdadeiros. Somente a minha palavra como testemunha visual e principal. Thiago Luiz Tichetti".
- FIM DA TRANSCRIÇÃO -
Recebi na ocasião um dossiê das mãos do jovem Ticchetti contendo os depoimentos de 1967 e outros casos ocorridos em outras épocas. Este compilado de casos confirmou os fatos ocorridos no Rio Grande do Sul, demonstrando que algo excepcional realmente aconteceu em março daquele ano.
Dois anos mais tarde, no início de 2000 tive a oportunidade de conversar, por telefone, com os dois capitães que pilotavam o C-47 da FAB na época: Puget e Jaeckel. Puget disse: "Eu me concentrei na pilotagem... Estou convicto que houve no caso nosso, histeria coletiva... porque várias pessoas vieram à cabine... Eu vi luz, só luz intensa... O Jaeckel ficou com a fonia e eu decidi pilotar...".
Atualmente reformado, o brigadeiro Ronald Eduardo Jaeckel seguiu carreira sempre se especializando em Defesa Aérea, sendo comandante, no início dos anos de 1990, do Nucomdabra (Núcleo do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileira) em Brasília-DF. Atualmente o Nucomdabra chama-se Comdabra (criado em 1980) e se trata do órgão que centraliza o material mais consistente sobre o fenômeno dos UFOs.
"Fui eu que fiz força para levar tudo isso para o Comdabra. Institucionalizei uma ficha para as pessoas registrarem os casos. Foi em cima de uma diretriz que fizemos o questionário e divulgamos a todos os Comares", afirmou Jaeckel em nossa conversa telefônica.
Durante o telefonema, o brigadeiro demonstrou seu ceticismo em relação ao assunto e comentou que na época deu entrevista por escrito para não haver distorções no fato acontecido em 1967. "Na época saiu na revista ‘O Cruzeiro’... Não sou nenhum fanático. Tenho o pé muito atrás, nunca vi nada consistente... Nós vimos uma luz, no lusco fusco. Tinha nebulosidade... A própria variação do avião dificultava saber se a luz estava em cima ou embaixo... Como a noite todos os gatos são pardos... Não teve nenhum significado...", declarou Jaeckel lembrando-se do caso de 1967.
Em 2002 tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o ex-brigadeiro Jaeckel na sua residência em Brasília-DF. Na ocasião, ele me confirmou os fatos vivenciados pelos militares naquela época e ainda contou outros casos similares, informando que a Aeronáutica sempre pesquisou com seriedade este assunto, frisando que o Comdabra era o órgão competente para tratar destes casos na atualidade.
Edison Boaventura Filho mostra os jornais da época que reportam o fato..
AVISTADO TAMBÉM EM PELOTAS - Está registrado na imprensa jornalística da época que, no dia 19 de março de 1967, cerca de 20 pessoas observaram um objeto redondo e luminoso, de cor avermelhada, deslocando-se rapidamente no sentido sul a norte.
O fato teria acontecido por volta das 20h30 e foi visto primeiramente pelas esposas de veranistas do Hotel Costinha, em Cascata (localidade situada a 20 km de Pelotas). Dentre os observadores estavam os senhores Paulo Araújo, José Júlio Pereira da Silva, tenente Mireno Kaster, todos de Pelotas e o doutor Mariante Lopes, este de Rio Grande. Por cerca de meia hora um UFO evoluiu nos céus passando da cor avermelhada para a cor característica de estrela. Depois de subir a grande altitude, o UFO mudou a direção e seguiu para o leste, onde desapareceu. Na época, questionou-se a possibilidade de se tratar do mesmo UFO avistado pelos militares e civis em Canoas.
41 ANOS DEPOIS: A CONFIRMAÇÃO! - Nos dias 14 e 15 de janeiro de 2008 troquei algumas mensagens eletrônicas com o filho do major reformado Eron Teixeira Appel (hoje com 76 anos de idade), um dos tripulantes do C-47 e obtive as seguintes informações:
- INÍCIO DA TRANSCRIÇÃO -
“Prezado Edison. Procurei os relatórios oficiais, que dispunha (cópia dos originais entregues ao comando do V COMAR, mas não os encontrei, pois já há alguns anos deixei as pesquisas ‘formais’ de lado e pelo que me recordo, doei todo material que dispunha para bibliotecas, uma parte para Curitiba e outra para Porto Alegre). Conversei com meu pai a pouco e pedi-lhe um relato. Para minha surpresa ele tem o fato vívido na memória, mesmo transcorrido mais de 40 anos, pelo que repasso a você:
Declarante: Eron Teixeira Appel - Major RR - Força Aérea Brasileira Patente a época do evento: Tenente Especialista em Suprimento Técnico.
Segundo informes de colegas que estavam a bordo do 2077, após decolar de Florianópolis com destino a Base Aérea de Canoas - BACO, no RS, o avião C-47 da FAB começou a ser seguido por OVNIs. Meu pai a princípio, não deu maior importância ao fato, pois estava lendo um artigo ‘muito interessante’ na revista ‘Seleções’, embora toda agitação reinante, em decorrência do avistamento.
Já próximo da Base Aérea de Canoas (BACO) - por insistência dos colegas, ele resolveu verificar o que estava ocorrendo. Da janela, avistou um objeto com cerca de 30 cm de diâmetro aparente, pequeno, mas bem visível, como o formato discóide - tipo dois pires sobrepostos, numa cor bronze (ou âmbar), que não lhe pareceu ser tripulado, e sim uma sonda teleguiada, haja vista que o tipo e a alta velocidade das manobras, bem como, a estabilidade/controle de vôo atingido pelo objeto, o fizeram crer não ser um artefato de tecnologia humana. Ressalta que o avião estava mais alto que o UFO e este manobrava de um lado a outro, por baixo da aeronave, como que "brincando".
Relata ainda, que algumas testemunhas, inclusive os pilotos, verificaram a existência de dois UFOs, e ambos manobravam da mesma forma. Por vezes, quando um sumia, outro aparecia e, eventualmente, ambos apareciam, porém, isso não foi verificado pelo meu pai.
A torre de controle da BACO, avisada pelos pilotos, confirmou existência visual dos UFOs. Pouco antes do pouso, os UFOs teriam se afastado em velocidade vertiginosa, segundo informaram colegas. Meu pai já não mais assistia ao UFO na ocasião do pouso, voltara a ler o artigo da revista ‘Seleções’... Este vôo saiu do Rio de Janeiro e fez escala em Florianópolis.
Eu, Eron Teixeira Appel Júnior, filho do declarante, colhi na data abaixo este depoimento de Eron Teixeira Appel, o qual transcrevo, atestando ser este a mais fiel versão dos fatos que me foram narrados.
Canoas, 14 de janeiro de 2008.”
- FIM DA TRANSCRIÇÃO -
O pesquisador Edison Boaventura Júnior, autor dessa matéria e o ex-brigadeiro Ronald Eduardo Jaeckel.
INFLUÊNCIAS - Em uma das mensagens recebidas por mim, o filho do militar reformado, senhor Eron Teixeira Appel Júnior, relatou ainda um fato digno de nota... Disse que aquele vôo quase sofreu um acidente gravíssimo, pois ao decolar do RJ, o avião que estava com muita carga, quase se chocou contra o morro em frente à pista (do "Calabouço" no RJ), pois teve de ser arremetido durante a decolagem por não ter atingido sustentação de vôo e, para não cair ao mar, teve de decolar imediatamente após a arremetida, quando restava pouca pista.
“Segundo as palavras do meu pai, o avião foi acelerado ao máximo e subiu quase na vertical e em paralelo ao morro em questão, escapando por fração de segundos de acidente gravíssimo dado a situação”, escreveu Eron.
Eron lembrou ainda que, “Outro fato, que embora não tenha a ver com este relato é que cerca de nove anos depois, quando meu pai foi fazer a EAO – ‘Escola para Oficiais Superiores (quando o oficial vai ser promovido a Major) havia necessidade de apresentação de uma palestra. E meu pai, um pouco por influência minha à época, apresentou o tema: “OVNIs ou UFOs”. O comandante do vôo 2077 – na época capitão - hoje brigadeiro Jaeckel, ao saber do tema que seria abordado pelo meu pai, enviou-lhe uma declaração sobre o seu avistamento, a qual, também possuía cópia, mas que infelizmente não está mais comigo, talvez numa das bibliotecas já citadas. A palestra atingiu seu objetivo (conseguir pontos para aprovação no curso), embora alguns colegas olhassem com desdém para o tema, outros, após a palestra, procuraram meu pai pensando que era um estudioso/interessado pelo assunto, o que não é bem verdade. Para ele (meu pai) o fenômeno existe, porém não lhe chama tanto a atenção e por isso não lhe dedica tempo”.
Em vista do que foi apresentado neste artigo, hoje tenho a convicção que este episódio foi e é de suma importância para Ufologia brasileira, pois foi a primeira vez que a Aeronáutica reconheceu oficialmente o fenômeno ufológico, liberando documentos oficiais à imprensa da época. Com o passar dos anos, muitos outros documentos e casos com envolvimento militar ainda virão à tona. Quem viver, verá!
* Edison Boaventura Júnior é pesquisador há 27 anos, fundador e atual presidente do Grupo Ufológico de Guarujá (GUG). Possui diversos trabalhos publicados em revistas, jornais e periódicos de vários países. Realizou e participou de vários congressos nacionais e internacionais. Participou de vários programas de televisão e rádio. Como pesquisador, adota a linha científica, tendo investigado centenas de casos de abdução, pousos e contatos com OUFOs, principalmente no Litoral Paulista. Participou intensamente da investigação do “Caso Varginha”, em Minas Gerais. Viajou para vários países para investigar o fenômeno, como por exemplo, Egito, Grécia, Turquia, Inglaterra, França, Peru, Chile e Argentina. Atualmente vem desenvolvendo levantamentos sobre a atuação de militares brasileiros em pesquisas relacionadas com o Fenômeno Disco Voador. É o pesquisador brasileiro que possui a maior quantidade de documentos oficiais sobre o assunto. Endereço para contato: boaventura_gug@hotmail.com. É colaborador dos portais Via Fanzine e UFOVIA.
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