Crise econômica:
EUA: chega a tempestade
Grandes credores do país, como China, Rússia e Brasil,
podem sofrer com essa decisão, e a reação
em cadeia pode jogar mais lenha na fogueira acendida pelo
descontrole capitalista nos últimos anos.
Por
Pedro Penido*
De Belo Horizonte
Para
Via
Fanzine
04/08/2011
Muitos acreditariam que não estariam vivos para ver os Estados Unidos
serem colocados à prova de seus próprios testes. E assim tem acontecido
nas últimas semanas, quando políticos norte-americanos, republicanos e
democratas, encenam uma grande batalha pela salvação da economia
americana.
Salvação esta que, independente da escolha, não virá de um dia para o
outro, nem de um ano para o seguinte. Analisa-se aumentar o teto da
dívida, permitida pelo Congresso Americano para parametrar os gastos do
Estado. Analisa-se também o decretar do calote, que pode vir como um
furacão para a economia tanto interna quanto externa.
Grandes credores do país, como China, Rússia e Brasil, podem sofrer com
essa decisão, e a reação em cadeia pode jogar mais lenha na fogueira
acendida pelo descontrole capitalista nos últimos anos. De igual
maneira, considerar o não pagamento de aposentadorias, pensões, salários
de servidores públicos e veteranos de guerra pode gerar um monstro
difícil de ser domado.
Afinal, como explicar a todas estas pessoas que serão prejudicadas em
sua fonte de renda e sobrevivência sumariamente? Quais os efeitos disso
a curto, médio e longo prazo em um american way of life tão
acostumado a ditar as regras (e não necessariamente respeitá-las)?
Cortes e Sangrias
Mas
este corte de bilhões de dólares não afetará apenas a população e
credores internacionais. Grande bastião do imperialismo americano, o
Pentágono é um dos alvos das sangrias.
Aproximadamente US$350 bilhões devem ser cortados nos próximos 10 anos
do setor militar. Tais cortes virão acompanhados de revisão de políticas
militares, o que passa por todos os frontes de guerra do país.
Espera-se assim, que esta sangria permita que o país ganhe mais tempo
para reorganizar a economia. Assim, até 2013, uma comissão bipartidária
estará responsável por avaliar novos cortes, o que não descarta a
possibilidade de que outros US$500 bilhões sejam arrancados do orçamento
de Defesa, acompanhados de novos cortes em infraestrutura e educação!
Outros US$900 bilhões devem ser cortados do orçamento ao longo dos
próximos dez anos, valores estes vindos de programas do governo
considerados não imprescindíveis.
A
ideia é cortar 2,5 trilhões em dez anos de dólares e evitar o pior.
Mas,
infelizmente, o povo estadunidense não estará livre de muitas pioras em
um estilo de vida que, até então, jamais imaginaria estar no centro de
um cenário que contempla, necessariamente, palavras como calote,
moratória e austeridade fiscal.
Críticas e críticos
A
mudança de direção dos holofotes chega a ser quase irônica. Países antes
questionados e alvos de fortes críticas de entidades financeiras
internacionais e dos EUA agora questionam a atitude destes em relação ao
cenário atual.
O
presidente russo Vladimir Putín, nesta semana, chamou de “parasita” o
método de atuação dos EUA na economia mundial, acusando o país de
multipolarizar sua dívida, jogando-a nos demais países.
China e Brasil já manifestaram a necessidade de os EUA não tornarem seu
próprio descontrole um problema global.
Da
mesma maneira o próprio FMI já solicitou não apenas aos EUA, mas também
à França e Reino Unido, que verifiquem com cuidado suas contas para
evitar cenários caóticos.
* Pedro Penido é jornalista e editor dos blogs MeioDigital, VersoFractal e Tragos&Doses.
* * *
Bin Laden:
O fim do mito ou o mito do fim?
Para uns foi herói, para outros, um monstro. Deus ou
diabo, esse homem de barba escura
e olhar obcecado, assustou o mundo no dia 11 de
setembro de 2001.
Por
Fábio Bettinassi
De
Araxá-MG
Para
Via Fanzine
Morre um mito do mundo obscuro do terrorismo internacional, e porque não
dizer, dos negócios internacionais? Entre todos os terroristas, Osama
Bin Laden foi o que mais afetou nosso modo de vida. Idealizador de
inúmeros ataques à bomba, este homem revelou o quanto nossa sociedade é
vulnerável e se sustenta sobre pilares de vidro.
Filho da CIA e primo brigado da KGB, Bin Laden, nos anos 70, calçou as
botas dos Estados Unidos e foi à guerra contra os russos no Afeganistão.
Distribuiu fuzis Ak47 às crianças e loucos, vindo a implantar um regime
político ultra-radical, cujas sentenças de morte em massa, escreveram
com sangue as mais sórdidas páginas da história.
Para
uns foi herói, para outros, um monstro. Deus ou diabo, esse homem de
barba escura e olhar obcecado, assustou o mundo no dia 11 de setembro de
2001, como autor do atentado que derrubou as torres gêmeas do World
Trade Center, matando milhares de inocentes.
Mas
não foi só em New York que Bin Laden deixou sua marca. Os dez anos de
sua caçada custou aos cofres públicos mais de US$ 5 trilhões e um saldo
de mortos que ultrapassa a casa dos 200 mil, entre militares e civis.
Comenta-se entre os aficionados da inteligência e estratégia, que Bin
Laden esteve envolvido em todo o tipo de atividade diabólica, desde a
criação de universidades do terrorismo para jovens, até sua suposta
participação no esquema de produção de uma arma nuclear islâmica, sonho
antigo dos extremistas barbudos.
Osama Bin Laden representou não só a intolerância insana contra o
sistema que governa o mundo, mas serviu de líder para toda sorte de
rebeldes sem causas, dispostos a vestir um paletó recheado de
explosivos e se vingar das donas de casas que compravam nos
supermercados.
Para
alguns, Osama Bin Laden nunca existiu, foi apenas um personagem criado
pela CIA para justificar os imensos gastos orçamentários destinados às
guerras criadas sob os mais variados pretextos. Ações banhadas de sangue
e vidas ceifadas que, sem dúvida, fizeram a riqueza de muita gente
oculta. Gente que, não necessariamente, puxa os gatilhos das armas.
A
morte do terrorista saudita já é vista pelos teóricos da conspiração
como algo encenado, repleto de inconsistências e situações duvidosas.
Como até hoje muita gente acha que Elvis não morreu e que um ET
realmente esteve em Varginha, é bem possível que o mito do fim de Bin
Laden seja considerado como a maior dúvida do mundo da inteligência
moderna. Quase solitário, rivalizaria somente com o duvidoso suicídio de
Adolf Hitler e o tiro que matou John Kennedy.
Uma
coisa é certa, o mundo ficou melhor sem Osama Bin Laden. Seria o fim do
mito ou o mito do fim? Só o tempo dirá.
*Fabio
Bettinassi
é publicitário e
consultor para o diário digital
Via Fanzine.
* * *
Emergente do Terceiro Mundo:
Brasil comercial e experiência direta
Teríamos duas interpretações contrárias
sobre um único país.
Por
Bruno Peron Loureiro*
Para
Via Fanzine
Começo o texto desta semana reiterando a dificuldade de
opinar sobre contextos dos quais nos informamos a distância pelos meios
de comunicação. A experiência "in loco" contradiria muitas bobagens que
lemos em periódicos ou ouvimos dos convictos jornalistas na televisão.
Desta forma, a experiência direta corroboraria fatos e
opiniões ou desmistificaria o que dizem sobre Bolívia, Colômbia, Cuba,
Estados Unidos, França, Portugal, Venezuela, pintem-se-nos as imagens
positiva ou negativamente.
De duas interpretações corriqueiras e que esquentam os
debates nos meios de comunicação, uma: 1- Cuba seria um país de
restrição das liberdades e um presidente ditatorial como alguns sugerem;
ou 2- Fidel e seu irmão Raul Castro nada mais sofrem que aversão de
grupos contrários à idéia de "revolução" e o compartilhamento de bens na
sociedade.
Teríamos duas interpretações contrárias sobre um único
país. Ainda que ambas apresentem argumentos convincentes, a gestão
política exige o encaminhamento de uma proposta alinhada ou não aos
interesses de outros países. O embargo estadunidense desde 1962 e a
flexibilização da ilha ao intercâmbio internacional (o que não quer
dizer cessão ao capitalismo) refletem, respectivamente, a resistência
dos EUA e a tentativa cubana de obter reconhecimento.
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, Nobel de Literatura
em 2010, direcionou críticas aos governos de Argentina, Bolívia e
Venezuela, ao mesmo tempo em que teceu elogios aos avanços democráticos
no Brasil, Chile e Colômbia. Chamou a Argentina de país indecifrável e
manifestou desconforto com as atitudes concentradoras de poder em Hugo
Chávez.
A democracia converteu-se em medidor basilar de evolução
política na América Latina independentemente de se o povo escolhe bem ou
não seus representantes. Seus defensores argumentam que este conceito
transforma-nos em cidadãos mais fiscalizadores e participantes, a
despeito do retrocesso por que passou Honduras com a deposição de Manuel
Zelaya.
É por isso que o Brasil recebe elogios de comitivas
internacionais, agentes de comércio, chefes de Estado e organismos
internacionais e compõe um cenário de investimentos de cifras elevadas.
Um país terceiro-mundista metido a "emergente".
O Brasil é o aprendiz número um do mercado, que nos trata
como clientes, da democracia, que mobiliza parte da sociedade a eleger
entes que não sabem ler e escrever só porque soam divertidos e são
famosos, e do desrespeito ao cidadão pela decadência do interesse
público.
O fenômeno mais vexaminoso da interação entre Estado e
mercado no Brasil é que aquele sangra até onde puder o contribuinte
tupinica à medida que o segundo obstina-se em convencer-nos a pagar à
iniciativa privada por tudo o que o Estado tem o dever e o dinheiro, mas
não tem sido capaz de prover em serviços de boa qualidade, como
educação, saúde e segurança.
A democracia representativa tem o grande problema de
acomodar a população no Brasil, onde esta é obrigatoriamente
reivindicada em processo eleitoral e nada mais. É uma minoria que cobra
os representantes eleitos desde suas promessas de campanha.
O restante culpa de suas próprias desgraças os
"representantes" políticos, enquanto são incapazes de manter a cidade
limpa ou respeitar o próximo em seus direitos. Um sistema de democracia
direta ou participativa seria melhor porque exigiria mais de nós.
Por sua vez, o interesse público no Brasil é praticamente
inexistente e sua defesa advém de poucos cidadãos bem-intencionados, que
pensam mais no coletivo que em si mesmos. Já vi uma declaração de
secretário municipal de que "o público é de ninguém".
Há que acabar com a cultura que predomina em licitações de
compras em Prefeituras municipais pela qual as empresas vencedoras
oferecem produtos de má qualidade, durabilidade baixa ou com preços
muito acima do valor de mercado porque foram combinados entre as
participantes do pregão. Devem entender que o público é de todos, um bem
a ser apreciado e zelado.
Asfaltos comprados de fornecedores não idôneos, por
exemplo, têm provocado prejuízos para os condutores de veículos e as
próprias administrações públicas, que reativam as políticas de tapamento
de buracos bem à moda tupinica.
Finalmente deixo a minha insatisfação com o tratamento dado
pelas empresas aos cidadãos a fim de divulgar seus produtos, com exceção
das que realmente têm responsabilidade social.
Os panfleteiros, para mencionar um caso, veem-se no direito
de acumular informativos publicitários nos carros estacionados ou nos
semáforos, e nas garagens das casas, embora a maioria das pessoas
desaprove a desregulação dos anúncios publicitários. Nalgumas cidades,
já se aboliram os enormes cartazes através de políticas de "cidade
limpa".
Nestes e outros aspectos, o Brasil é um gigante comercial e
um atrativo aos investimentos, mas um anão em respeito ao cidadão e o
interesse público.
Finalizo recordando que ainda não fui a Cuba, mas escrevo
sobre o Brasil a partir de minha experiência direta e sem nunca ter
aceito um centavo por estas linhas.
*
Bruno Peron Loureiro é articulistas. Sue site é
http://brunoperon.com.br.
* * *
Censura a Monteiro Lobato:
Index
Librorum Prohibitorum
Somos um povo multirracial. Privilegiar
alguns em detrimento de
outros contraria a Constituição e a ordem
natural das coisas.
Por
Hiram Reis e Silva*
De
Porto Alegre-RS
Para
Via Fanzine
O escritor Monteiro
Lobato.
“Hoje, tenho eu
a impressão de que o "cidadão comum e branco" é agressivamente
discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a
favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes,
homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a
possíveis preconceitos. Assim é que, se um branco, um índio e um
afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, pouco acima da
linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem
limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles! Em
igualdade de condições, o branco é um cidadão inferior e deve ser
discriminado, apesar da Lei Maior”.
(Ives Gandra da Silva Martins)
O Index
Librorum Prohibitorum ou Index Librorvm Prohibithorvm (Lista
dos Livros Proibidos) foi uma relação de publicações proibidas pela
Igreja Católica de livros considerados perniciosos. O Governo Federal
tenta reviver a figura do famigerado “Index” tentando proibir a leitura
de um dos mais consagrados autores nacionais de literatura infantil.
- MEC pede
reconsideração de veto a Monteiro Lobato
O Ministro da
Educação solicitou ao CNE (Conselho Nacional de Educação) que reveja o
parecer que recomendou que não fosse mais distribuído o livro de
Monteiro Lobato, “Caçadas de Pedrinho”, nas escolas públicas.
- Radicais
tentam vetar livro de Monteiro Lobato nas escolas públicas
“Tia Nastácia,
esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de
carvão”.
Seria hilário se
não fosse trágico, a censura ressurge das trevas. O CNE chegou ao
desplante de sugerir que o livro “Caçadas de Pedrinho”, distribuído pelo
MEC (Ministério da Educação) para as escolas de ensino fundamental, não
fosse mais adotado pela rede pública. O CNE alega que a obra tem forte
conteúdo racista. O parecer baseia sua ridícula tese afirmando que a
personagem Tia Nastácia é chamada, pelo autor, de “negra”, “tição”,
“urubu” e “macaco”.
“Não vejo que
Monteiro Lobato pinte Tia Nastácia com cores racistas. Ele tinha enorme
carinho pela personagem. O livro tem que ser contextualizado em seu
tempo histórico”. (Laura Padilha)
A pesquisadora
Laura Padilha afirma que Monteiro Lobato não pretendia discriminar a
personagem e apenas usava expressões da época. Laura cita outro exemplo
do CNE: “Não é à toa que os macacos se parecem tanto com os homens. Só
dizem bobagens” e afirma: “Ele (Monteiro Lobato) realmente estava sendo
preconceituoso? Contra os homens ou contra os macacos?”.
“Uma adaptação
tiraria o cunho original da obra. Então, essas obras poderiam vir com um
aviso. Mas o ideal é que não sejam mais publicadas”. (Marlene Lucas)
A radical
militante do Movimento Negro do Distrito Federal, Marlene Lucas, é a
favor da proibição do livro nas escolas e vocifera: “Tudo aquilo que
agride a identidade das pessoas deve ser banido, seja de qual período
for, independentemente da importância histórica e artística”. A
pretensão de Marlene é mais radical ainda sendo a favor da retirada
destas obras não só das escolas, mas do mercado nacional.
- Movimento
Negro
“Impedir que um
aluno brasileiro, de uma comunidade carente, tenha acesso a uma obra de
Monteiro Lobato é errado. Em vez disso, os professores poderiam usar
certas frases e expressões para discutir o racismo no Brasil". (Laura
Padilha)
Os radicais do
Movimento Negro perderam totalmente o bom censo. A sugestão, se
necessária, seria a meu ver usar o livro, como sugere Laura Padilha,
para promover discussões sobre preconceito. Os movimentos étnicos
radicais tentam abrir feridas já cicatrizadas pelo tempo. Estes
movimentos tentam a todo custo criar “guetos” num país em que a
miscigenação foi exemplo para as demais desde que se lançaram os
primeiros alicerces desta grande e bela nação. Criação de cotas,
privilégios especiais pela cor ou raça contrariam a Constituição
Federal.
- Índios
“Em 2000, um
estudo do laboratório Gene, da Universidade Federal de Minas Gerais,
causou espanto ao mostrar que 33% dos brasileiros que se consideravam
brancos têm DNA mitocondrial vindo de mães índias. ‘Em outras palavras,
embora desde 1500 o número de nativos no Brasil tenha se reduzido a 10%
do original (de cerca de 3,5 milhões para 325 mil), o número de pessoas
com DNA mitocondrial ameríndio aumentou mais de dez vezes’, escreveu o
geneticista Sérgio Danilo Pena no ‘retrato molecular do Brasil’. Esses
números sugerem que muitos índios largaram as aldeias e passaram a se
considerar brasileiros”. [NARLOCH]
O artigo 231 da
Constituição Federal estabelece que só deveriam ter direito às terras
ocupadas em 5 de outubro de 1988. Interpretações à revelia da lei
criaram a figura dos “tempos imemoriais” permitindo a demarcação de
gigantescas reservas sem qualquer critério científico.
Somos um povo
multirracial. Privilegiar alguns em detrimento de outros contraria a
Constituição e a ordem natural das coisas. Estabelecer cotas para
estudantes comprovadamente carentes eu concordo, o resto é pura
hipocrisia.
*
Hiram Reis e Silva, Coronel de Engenharia, Professor do Colégio Militar
de Porto Alegre (CMPA), Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS), Acadêmico da Academia de História Militar
Terrestre do Brasil (AHIMTB), Membro do Instituto de História e
Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS), Colaborador Emérito da Liga de
Defesa Nacional.
Site:
http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail:
hiramrs@terra.com.br
* * *
Política:
Lavam-se as mãos, ficam-se os dedos (e
anéis)
Tempos atrás, em meu perfil no twitter,
vivia condenando 2010
a ser o Ano Pilatos, ou seja, o ano do
"lavo minhas mãos".
Por Pedro Penido*
Itaúna/MG
Dizia isso motivado por acontecimentos políticos (e
politiqueiros) na minha cidade natal: Itaúna, interior de Minas Gerais.
Por lá paira no ar a sensação de impotência da população diante das
safadezas de um Executivo falho e obscuro, investigado em várias
esferas, mas, ainda, detentor de poder político para impor sua vontade,
doa a quem doer. Incomoda também a lentidão do Judiciário e os espasmos
e convulsões do Legislativo.
Mas a esfera de Itaúna, mesmo sendo grave, é micro ante
outros pontos que precisam ser apontados: STJ empatando votações. Isso é
o cúmulo, não? Mas no país da Independência comprada, decisões como
essas são quase que pré-requisitos para a oficialização de cenários como
esse nas atas do processo político brasileiro.
Distrito Federal
Parece que o oba-oba é generalizado. No Distrito Federal,
por exemplo, além da vergonha que ofuscou a comemoração dos 50 anos de
Brasília (José Roberto Arruda que o diga) temos agora Weslian Roriz, a
mulher-laranja. E o melhor é que quando se vota nela, na urna eletrônica
aparece a foto do marido, Joaquim Roriz (inelegível pelo Ficha Suja).
Aberração atrás de aberração. E o TSE? Lavando as mãos.
Rio de Janeiro
Tempo estranho no Distrito Federal e mares revoltos no Rio,
onde o candidato tucano José Serra criou uma tempestade em copo d'água
ao ser atingido por uma coisa que só a Rede Globo conseguiu mostrar ter
existido. Seu vice, Índio da Costa, disse que o objeto teria "uns dois
quilos".
Poxa! Se um objeto de dois quilos acerta uma cabeça velha,
frágil e antediluviana como a do Serra, ele não estaria vivo contando
histórias e papos. Além disso, muita água passou debaixo da ponte no Rio
e muita coisa tem que ser investigada. Acusações sopraram para todos os
lados.
E mais...
Por mais que se evite falar, muito ainda deve ser explicado
pelo presidenciável José Serra em relação ao tal Paulo Preto, homem
forte seu no Dersa e um dos "homens de confiança" na gestão das obras do
Rodoanel (obras milionárias, aliás).
Da mesma maneira, Dilma Rousseff não convenceu com o "Erenice
errou!", mas, pelo menos, neste caso, sabe-se onde começa o problema.
Espera-se agora, com rigor, a solução.
Em Goiás correm de um lado para o outro censurados e
opressores. Jornalista filiado ao PSDB pede demissão ao vivo, informando
não concordar com censuras a que vinha sendo exposto seu trabalho.
Além disso, houve investigação da Polícia Federal em torno
do tucano Marconi Perillo, candidato ao governo estadual.
Sabemos que as Eleições 2010 têm tirado o tempo, o sono e
até o ânimo de muita gente. Mas, convenhamos, não pode o brasileiro
lavar suas mãos para este monte de escândalos que estão sendo vomitados
na mídia, de ambos os lados (Dilma e Serra).
Já que há tanta acusação de todos os lados, terminadas as
Eleições, o povo não pode se desmobilizar. Tem que levar à frente tudo
que lhe foi jogado na cabeça pelos presidenciáveis e demais candidatos
estaduais. E, com certeza, muita sujeira veio e virá à superfície.
*
Pedro Penido é jornalista e editor dos blogs
MeioDigital,
VersoFractal e
Tragos&Doses.
* * *
Público e notório:
'Cadeia
neles!!!'
Probidade administrativa é coisa séria,
restringido seu conceito naquilo que é honesto.
Por
Caio Britto*
Para Midiamax (MS)
Diuturnamente venho
questionando qual deve ser o comportamento de um pai de família,
trabalhador e honesto, na educação de seus filhos tendo como parâmetro
as constantes denuncias de corrupção no país.
Os valores éticos se
perderam no decorrer dos tempos existindo hoje, sobretudo na classe
política, um falso paradigma do certo e do errado. Valores que pareciam
serem certos se tornaram errados. Outros, errados, se tornaram certos.
Isso é visível nas
declarações públicas, onde se propaga a falsa impressão do que se tem
como probidade administrativa.
Ao administrador
público não se admite transigir com a ilegalidade. Esse é um valor
absoluto, de interesse público, não podendo ser comparado com valores
individuais, resguardados e protegidos no âmbito dos direitos
fundamentais.
Probidade
administrativa é coisa séria, restringido seu conceito naquilo que é
honesto, comprometido, ou seja, tudo aquilo que nossos pais nos
ensinaram quando ainda acreditávamos que honestidade era rótulo de
valor.
Imaginar que uma
denuncia de corrupção tenha que ser provada pelo denunciante, tendo em
vista a impossibilidade de se produzir prova negativa sobre o fato,
tendo como parâmetro regras constitucionais processuais penais, é por
demais mesquinho e desmerecedor de qualquer crédito.
O administrador probo
tem sim obrigação de fazer prova acerca da falsidade das acusações que
lhe são postas, a bem do interesse público e da moralidade
administrativa.
Envolve, inclusive,
ética, que tem seu conceito constantemente desvirtuado por aqueles que
não a tem.
Já dizia o nosso
grande Mestre que “todas as coisas nos são lícitas, mas nem tudo nos
convém”, ou seja, o administrador público até pode achar que a
improbidade imposta sobre si deve ser provada, da mesma forma que não há
no país imposição legal contrária a isso. Todavia, não deve ser assim e
por isso essa conduta não é ética.
Desta forma, ao pai
de família, trabalhador e honesto, só resta uma alternativa na educação
de seus filhos. Continuar a ensinar-lhes o valor da honestidade e clamar
a Deus por mais cadeia, sempre rogando: “cadeia neles”...
*
Caio Britto é juiz de Direito, especialista em Direito Tributário – UFMG
e doutorando UMSA.
* * *
Amazônia:
FUNAI e ONGs, 'Cavalos de Tróia' da Soberania
“(...) Em face do problema atual,
considero que está na hora de revermos o tamanho das reservas indígenas.
(...) O ideal é que as reservas indígenas
tenham seu tamanho reduzido. Elas não podem, também, por uma questão
estratégica, ser situadas nas chamadas
faixas de fronteira. Precisamos manter o controle absoluto sobre as
nossas divisas”.
(Geraldo Lesbat Cavagnari Filho - UNICAMP)
Por
Hiram Reis e Silva*
De
Porto Alegre-RS
Para
Via Fanzine
Relatório da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)
mostra que o CIR (Conselho Indígena de Roraima) passou a defender
abertamente a criação de um “Estado Independente”, em Roraima, após o
julgamento da reserva Raposa/Serra do Sol pelos “doutos” Ministros do
Supremo Tribunal Federal em 2008. Hoje, como ontem, a grande mídia
cooptada, patrulhada e a soldo do Governo Federal, não se manifesta, não
noticia o grande imbróglio.
Somente, graças à ação sistemática e corajosa dos pequenos
periódicos e da “Folha de São Paulo”, a população brasileira toma
conhecimento do Relatório da ABIN em relação às pretensões dos meliantes
do CIR em Roraima. O CIR emitiu uma nota para se defender, mas não se
esquece de guardar uma carta na manga que é a famigerada Declaração
Universal dos Direitos dos Indígenas assinada pelo nosso despreparado
Presidente.
- Nota do CIR sobre matéria da Folha de São Paulo
Boa Vista, 22 de julho de 2010.
“A coordenação do CIR tomou conhecimento através da
reportagem da Folha de São Paulo da existência de um suposto relatório
da ABIN com informações inteiramente inverídicas a respeito da atuação
do Conselho Indígena de Roraima (CIR). Mais uma vez, como durante a fase
final do julgamento no STF da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra
do Sol, são lançadas contra o CIR denúncias sobre formação de milícias
armadas e pretensões de criar uma nação indígena independente no Brasil.
(...)
A luta do Conselho Indígena de Roraima pelo reconhecimento
dos territórios indígenas tradicionais, que inclui a revisão dos limites
de algumas áreas com ampliação dos territórios e demarcação de terras
ainda não reconhecidas, vem de muito antes da vitória da Terra Indígena
Raposa Serra do Sol. (...)
O CIR, assim como todas as principais organizações
indígenas do Brasil, apóia a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas
da ONU (...)”.
- Declaração Universal dos Direitos dos Indígenas
O CIR faz questão de dizer que apóia a “Declaração
Universal dos Direitos dos Indígenas” aprovada na Assembléia Geral da
Organização das Nações Unidas, que reconhece a necessidade da
“desmilitarização” dos territórios indígenas, reconhece o direito à
“autodeterminação” e lhes permite vetar “as atividades militares” em
suas terras. A declaração foi aprovada por 143 países, com 11 abstenções
e quatro contra - Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Austrália.
Estes países possuem grandes populações indígenas e inteligentemente, ao
contrário dos brasileiros, decidiram “não meter a mão em cumbuca”.
É interessante lembrar alguns pontos da Declaração:
- terão livres estruturas políticas, econômicas e sociais,
especialmente seus direitos a terras, territórios e recursos;
- o Estado reconhece, a necessidade da desmilitarização
das terras e territórios das terras e territórios dos povos indígenas;
- têm o direito à autodeterminação, de acordo com a lei
internacional. Em virtude deste direito, eles determinam livremente sua
relação com os Estados nos quais vivem;
- têm o direito coletivo e individual de possuir,
controlar e usar as terras e territórios que eles têm ocupado
tradicionalmente ou usado de outra maneira. Isto Inclui o direito ao
pleno reconhecimento de suas próprias leis;
- do ponto de vista da segurança do Estado, os índios têm
o direito de não concordar e de vetar 'as atividades militares' e
depósito ou armazenamento de materiais em suas terras.
- Ameaça separatista
- Fonte: Coronel
Gelio Augusto Barbosa Fregapani - Comentário nº 68 - 25 de julho de
2010.
“Com a instabilidade do valor das moedas ‘fortes’ muitos
países procuram trocar seus dólares por ativos sólidos, como terras e
usinas de álcool. A imprensa já fala da venda descontrolada de terras
brasileiras a estrangeiros. Segundo informações devem chegar a 3% do
espaço brasileiro, e as vendas vêm aumentando nas férteis terras para a
agricultura de larga escala e, principalmente, nos ricos em minérios.
Quem conhece História se lembrará do que aconteceu no Texas, na
Califórnia, na Palestina e no Acre.
Como se não bastasse, um processo de ‘kosovonização’ do
território já está se desenvolvendo a passos largos, mercê de uma
política indigenista equivocada. Mais de 13% do território brasileiro já
são ‘terras indígenas’ demarcadas, estando ainda outras 123 em processo
de demarcação. As principais, como as ultra mineralizadas reservas
Ianomâmi e Raposa Serra do Sol, localizam-se em faixa de fronteira e é
nítida a tentativa de criação de verdadeiros ‘curdistões’ entre o nosso
País e a Venezuela, além das reivindicações de quilombolas que se julgam
com direito de posse sobre grandes extensões que abrangem até uma cidade
inteira.
A FUNAI e as ONGs, verdadeiros ‘cavalos de Tróia’ propugnam
agora pela unificação das reservas indígenas do norte da Amazônia, em
uma única para formar uma grande nação abarcando toda a região de
fronteira do norte da Amazônia Ocidental com suas serras, riquíssimas em
minerais estratégicos e extremamente raros. Seria interessante que se
estudasse, guardadas as assimetrias, o que ocorreu na Bolívia sob a
tutela de Evo Morales”.
*
Hiram Reis e Silva, Coronel de Engenharia, Professor do Colégio Militar
de Porto Alegre (CMPA), Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS), Acadêmico da Academia de História Militar
Terrestre do Brasil (AHIMTB), Membro do Instituto de História e
Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS), Colaborador Emérito da Liga de
Defesa Nacional.
Site:
http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail:
hiramrs@terra.com.br
* * *
ABC-SP, 1980:
A ‘Greve’ de Fome de Lulla
“Vocês sabem que sou contra, porque fiz
greve de fome”.
(Lulla)
Por
Hiram Reis e Silva*
De
Porto Alegre-RS
Para
Via Fanzine
Lulla, culpando Orlando Zapata Tamayo pela própria morte,
exclamou: “Lamento profundamente que uma pessoa se deixe morrer por
fazer uma greve de fome”. Zapata havia permanecido 85 dias sem se
alimentar para chamar a atenção do mundo para a insustentável situação
dos presos políticos cubanos.
Não satisfeito com a infeliz colocação, Lulla complementou:
“Vocês sabem que sou contra, porque fiz greve de fome”. A observação
seria hilária, não fosse o trágico contexto que a gerou. Como se
merecesse tal qualificação o anedótico simulacro de jejum que simulou
durante a paralisação dos metalúrgicos do ABC entre abril e maio de
1980.
- Prefácio de uma ‘Greve de Fome’ que não aconteceu
“O pessoal escondia bala, acordava para roubar bolacha, uma
vergonha”.
(José Maria de Almeida)
Às seis horas, do dia 19 de abril, Lulla e outros líderes
sindicalistas foram presos e encarcerados na ‘cela zero’, onde são
devidamente fichados.
No dia 6 de maio os metalúrgicos de Santo André encerram a
greve sem que nenhuma de suas reivindicações fosse atendida. A greve de
São Caetano do Sul já fora suspensa três dias antes.
No dia 7 de maio, os ocupantes da ‘cela zero’ dão início a
uma suposta greve de fome, apesar do posicionamento contrário de Lulla.
Os 13 sindicalistas presos anunciam que só consumirão, nos próximos
dias, água e sal. Na calada da noite, porém, às escondidas, diversas
guloseimas são consumidas pelos farsantes.
No dia 12 de maio, morre aos 64 anos, a Dona Lindu, mãe de
Lula, vítima de câncer. O delegado Romeu Tuma, diretor do Dops, permite
que Lulla assista ao velório e ao enterro da mãe. A multidão presente ao
cemitério cerca e apedreja o carro do Dops tentando impedir que Lulla
retorne à prisão. Lulla defende os policiais que vinham gentilmente
permitindo suas escapulidas diárias para visitar a mãe moribunda.
Quando a ‘greve de fome’ terminou, o delegado do Dops e,
agora senador da República, Romeu Tuma conta: “Fiquei tão contente
quando a greve de fome acabou que mandei servir lula a dorê para o
pessoal”.
- Hóspedes Preferenciais
Na realidade Lulla e seus comparsas ficaram ‘hospedados’ no
Dops. Romeu Tuma transformou o cárcere em um confortável hotel. Os seus
pronunciamentos totalmente inoportunos e inconsequentes mostraram, ao
mundo todo, a ‘grandeza’ do extadista, com x mesmo, que tanto veneram. O
vídeo abaixo reproduz com detalhes as ‘abomináveis privações e
restrições’ que sofreu o atual presidente só comparadas, nos dias de
hoje, as sofridas nos cárceres castristas.
- Clique aqui
para assistir o vídeo.
*
Hiram Reis e Silva, Coronel de Engenharia, Professor do Colégio Militar
de Porto Alegre (CMPA), Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS), Acadêmico da Academia de História Militar
Terrestre do Brasil (AHIMTB), Membro do Instituto de História e
Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS), Colaborador Emérito da Liga de
Defesa Nacional.
Site:
http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail:
hiramrs@terra.com.br
* * *
Reflexão:
Devaneios contemporâneos sobre Dom Quixote
de la Mancha
Onde está don Quixote? Ou seria melhor
dizer: onde estão nossos dons Quixotes? Quem são eles?
Por Samir Antunes*
De Ouro Preto-MG
Para
Via Fanzine
Aqui estou eu, um ator do século XXI; dos tempos modernos;
da alta tecnologia às voltas com uma obra literária clássica. Não apenas
uma obra, mas sim “a obra”. Trata-se de El Ingenioso Hidalgo don
Quijote de la Mancha, o nosso famoso Dom Quixote, de Miguel de
Cervantes Saavedra. Uma obra que atravessou quatro séculos para me
atormentar nos dias atuais.
Assim como tantos – escritores, pintores, escultores e
pessoas simplesmente com o péssimo hábito da leitura – me apaixonei por
esta esplêndida e cruel obra, a ponto de possuir dez diferentes volumes
sobre a história de nosso famoso fidalgo. Desde uma edição espanhola de
1878 a uma miniatura, contendo toda a história na íntegra, onde só pode
ser lida (acredite se quiser) se usada uma lupa.
Toda esta fixação me fez investir em um projeto
megalomaníaco, a meu ver, onde resolvi montar a novela de Cervantes para
teatro de rua usando uma linguagem contemporânea, o que para mim é quase
um paradoxo, pois, como transportar esta figura do século XVII, tão
presente no imaginário popular, para os dias atuais?
Pode parecer óbvio para você, caro leitor, onde devesse eu
me apoiar para realizar a minha difícil tarefa de “transcriação”
literária: este mundo cheio de injustiças que vivemos; guerras
devastadoras por coisas tão ínfimas; o homem destruindo o seu próprio
habitat para uma suposta evolução; – e o que mais se parece com nossos
dias atuais – a falta de figuras ideológicas, utópicas, que queiram
desfazer agravos e endireitar tortos. Um herói, mesmo que seja um
anti-herói, para trazer esperança a um mundo esquecido, uma Idade de
Ouro perdida para sempre em nossa eterna Idade do Ferro. Um don Quixote
e seu fiel escudeiro Sancho Pança. Despreparados para encarar tais
aventuras, mas com vontade de mudar as coisas ao seu redor.
Eis a pergunta que faço, não só a vocês, mas também a mim,
e que me atormenta tanto nesta minha longa e árdua jornada (ou seria
aventura?): onde está don Quixote? Ou seria melhor dizer: onde estão
nossos dons Quixotes? Quem são eles? Quando irão se despertar; se
enlouquecer e sair pelo mundo contagiando uma legião de escudeiros para
acompanhar-lhes nesta difícil aventura?
Digo que todos devemos ser Sanchos, mesmo que não haja
ilhas a que governar, nem ruços a que cavalgar. Aceitar as pauladas que
nos derem e os manteamentos que nos alçarem aos céus. Devemos ser
Quixotes, mesmo sem Dulcinéias a quem servir – pois mesmo a própria foi
uma desculpa criada para se lançar ao mundo – ou sem Rocinantes a quem
se apoiar. Exércitos ou carneiros; castelos ou vendas; princesas ou
meretrizes; gigantes ou moinhos de vento. Não importa o que vier pela
frente. Precisamos da loucura utópica de um don Quixote para que nossa
época não se torne uma lacuna na história.
Há algum tempo escolhi ser um dom Quixote e espero realizar
uma parte desta utopia através deste espetáculo. Para isso encontrei
alguns companheiros que fossem comigo nesta jornada. Seriam eles novos
Sanchos, ou assim como eu outros Quixotes. Não sei responder. Sei apenas
que será uma aventura prazerosa, onde participar da luta é mais
gratificante que ganhar a guerra.
*
Samir Antunes é ator e diretor teatral.
* * *
Funcionalismo público:
Sarney e o 'Bando de Um'
Até quando o
patinho feio vai ignorar que já é ou quase é um cisne?
Por
Alberto F. do Carmo*
De Brasília-DF
Para
Via Fanzine
Em fins de 1996, entrei para o serviço público por
concurso. Ele restara como última trincheira para sobrevida pessoal,
pois constatara nas universidades e ensino em geral (público e privado)
o vício compulsivo de fraudar e transgredir, graças à falta de um código
de ética profissional geral, no magistério, o que estranhei. E fui voto
vencido. E hoje, vendo a impostura continuar e essa enxurrada de
desfiles de “Perolas do Enem”, vagueando pela Internet, sinto que a
burrice é tanta que ninguém vê a relação de causa e feito entre os dois
fatos.
Uma vez dentro do serviço público, constataria, dez anos
depois de admitido, que o Governo Collor, tão apedrejado, deixara uma
coisa boa, a Lei 8112/90 sobre regras do serviço público. Entretanto,
era, por assim dizer, no máximo mencionada, mas coisa alguma se dizia a
mim e muitos sobre os artigos 116 e 117 da mesma lei sobre deveres e
proibições do servidor público.
De fato, o parágrafo IV do art.116 é claro: 'cumprir as
ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais'. No mesmo
artigo parágrafo VI: 'levar ao conhecimento da autoridade superior as
irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo'.
Portanto a ocultação desses detalhes da referida lei nos
parece algo proposital. Ignorando-os servidores se amedrontam – de
forma abertamente paranoide ou no mínimo omissa-quanto a tomar atitudes
mais corajosas se constatarem que seu colega, chefe ou dirigente máximo
pratica irregularidades. Os sindicatos de classe, por sua vez,
desconversam sobre isto, o que é estranho. A nomeação de parentes ou não
parentes, mas em geral de 'apadrinhados' é generalizada no Brasil,
apesar desta pobre e 'esquecida' lei. Estranhamente o próprio Collor, de
volta à política, não fala nela.
Na minha experiência, constatei, por exemplo, o hábito de
cartas anônimas e e-mails anônimos em estilo até chulo e/ou
gramaticalmente grotesco, denunciando irregularidades. De repente você
abre a caixa de entrada de seu e-mail e lá está mais um “veneno”.
Origem: alguém que visivelmente abriu um e-mail gratuito com algum nome
maroto, só para produzir sua flechinha envenenada e inócua. Ou então,
pessoas recebem cartas anônimas, visivelmente grotescas apesar de
denunciarem fatos irregulares, sim. Mas tanto nestas quanto nos e-mails
“envenenados” percebe-se o tom de quem teve algum interesse pessoal
frustrado.
Por tais fatos, vê-se que o funcionalismo, sobretudo, a
massa admitida antes da era dos concursos (por sinal, pessimamente
elaborados) não sabe que denunciar e resistir à corrupção nem é um
direito, é um dever. Um fato gritante é que o servidor público - e
valeria indagar o porquê - é mantido como que numa “burka” psicológica,
para que tenha medo de tudo, e que silenciar ante a corrupção de
superiores lhe dará alguma vantagem. É ainda corrente a filosofia dos
três macaquinhos orientais: não viu, não ouviu, não falou nada. O
próprio desuso da expressão “funcionário público” em favor de “servidor”
público, poderia ser discutido à luz da Semiótica como uma possível
sugestão subliminar de que por ser “servidor” tem de ser... servil.
E dentro disto, o que hoje acontece Congresso me parece
caso de 'porco falando mal do toucinho' ao condenarem em Sarney, quando
têm - na maioria - rabo preso.
O mecanismo é idêntico à impostura do 'Bando dos Quatro' na
China, quatro bodes expiatórios de todo o mal maoista. A histeria
generalizada da absurda “Revolução Cultural” fez milhões de pessoas
perderem o juízo e praticar barbaridades. Mas então, para evitar longos
processos, escolheram–se bodes expiatórios. Os membros do famigerado
“Bando dos Quatro”, decretou-se na “marreta” foram culpados de TUDO.
Daí que para o caso de Sarney, eu sugeriria o rótulo de
caso do 'Bando de Um'. Todos os outros são anjos arcanjos, querubins. Ou
então todos os outros corruptos são apenas um, porque tudo era ilusão,
truque de espelhos. Na verdade é apenas um e os outros são ilusões de
ótica avançada, onde a imagem do único vilão é retocada por algum
Photoshop sofisticado, que os transforma em hologramas com caras, bocas
e roupas diferentes.
Nota atualizadora
e conclusiva
Este comentário foi, antes, vetor de uma experiência em
comunicação. Eu o postei, com ligeiras diferenças nos comentários dos
leitores do Portal Terra, atento para as técnicas de redação e a não
semelhança com cartas de visíveis desequilibrados. Pelo menos me
esforço, quanto a isto. E enviei-o a vários políticos e jornalistas.
Bato uma aposta-se bem que gostaria de perde-la - que nenhum deles deu
importância a este, digamos, experimento. Inclusive meu pessimismo se
devia ao fato de que certos profissionais da mídia são ligados a
políticos que também sofrem da "síndrome do apêndice caudal
aprisionado". Noutro dia uma jornalista de uma grande rede de
comunicação admitiu: ”é, nem tudo a gente pode pôr no ar”. E viva a
liberdade de expressão... dos donos da verdade mediática! Ditadura? Isto
é coisa de comunista!
Bem, aí esperei pela reação dos leitores. Tal como
desconfiava, nenhum se deu ao trabalho de lê-lo, e continuou aquela
chuva de xingatórios, que – fruto da péssima Educação e más maneiras -
não se sabe a diferença entre criticar e xingar, ou pior, destruir, e de
como esses xingamentos podem revelar mentalidades fascistas e até
dementes.
Foi o caso. Isto mostra que à falta de Educação e
compostura, aliada à falta de ética que nos vem de tempos talvez até do
período da descoberta do país, poderíamos suspeitar que a frase do
célebre Dr. Miguel Couto, “o Brasil é um imenso hospital” poderia ser
modificada para “o Brasil está virando ou já se tornou um imenso
hospício”.
Os comentários dos leitores, não só nesta matéria, mas em
geral, revelam que um grande número deles não sabe administrar o id
(inconsciente e impulsos primitivos); o superego (o censor ou
conselheiro severo); e o ego, que modera os argumentos dos dois extremos
e toma a atitude mais sensata. Portanto, o uso da palavra “ego” como
sinônimo de auto-estima e geralmente em excesso, está errado.
Então, vê-se nos comentários id e superego em excesso. Ego,
muito pouco. O primeiro em impulso destrutivos descontrolados e aí vale
tudo: apelos a fechamento do Congresso, prisão e morte de políticos em
geral, deboche grosseiro, e talvez mesmo megalomania, no grande número
que escreve em letras maiúsculas apenas, afora os erros conceituais e
gramaticais absurdos. O superego hipertrofiado se mostra nos
preconceitos autoritários: a idéia de que Lula é e sempre será um
torneiro mecânico ignorante, por acaso eleito, que foi um erro e, que
SOMENTE seu governo é corrupto; preconceito contra os habitantes de
Brasília, por definição ou postulado, todos corruptos e vagabundos,
nadando em dinheiro obtido por corrupção; preconceito contra
nordestinos; homofobia e etc.etc.
E por final, o pior: a cegueira de que apesar de tudo isto
o Brasil de hoje é bem melhor que o Brasil de ontem. Obra somada de dois
períodos, FHC e Lula, onde um não quer admitir que sem um não haveria o
outro,e isto continuará se a primeira linha voltar ao poder. E não se
sabe e não se indaga: por que o Brasil foi um dia escolhido para, por
tradição, ser o primeiro país a se fazer ouvir, em cada abertura da
Assembléia das Nações Unidas? Por que apesar de tudo o que dizem de mal
dele, aqui, o torneiro mecânico é admirado mundialmente? Por que não
admitir que certos dirigentes de direita no poder, a nível estadual e
municipal, até que estão fazendo bons governos? Ah o complexo de
inferioridade do Brasil! Até quando o patinho feio vai ignorar que já é
ou quase é um cisne?
P.S.:
Agora dêem uma olhada no seguinte, que é ótimo, principalmente vocês que
são FUNCIONÁRIOS públicos, e nunca lhes chamaram a atenção para isto.
Lei 8112/90 -
Artigos 116 e 117
Art. 116. São
deveres do servidor:
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
cargo;
II - ser leal às instituições a que servir;
III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
manifestamente ilegais;
V - atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as
irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo;
VII - zelar pela economia do material e a conservação do
patrimônio público;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX - manter conduta compatível com a moralidade
administrativa;
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
poder.
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII
será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade
superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao
representando ampla defesa.
Capítulo II
Das
Proibições
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória
nº 2.225-45, de 4.9.2001)
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
autorização do chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
qualquer documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de
documento e processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua
responsabilidade ou de seu subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido
político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau
civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
X - participar de gerência ou administração de sociedade
privada, personificada ou não personificada, salvo a participação nos
conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a
União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social
ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus
membros, e exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista
ou comanditário; (Redação dada pela Lei nº 11.094, de 2005);
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de
cônjuge ou companheiro;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de
qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
em serviços ou atividades particulares;
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e
transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de
trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando
solicitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997).
*
Alberto Francisco do Carmo é
Técnico em Assuntos Educacionais-aposentado. Licenciado em Física-UFMG.
Artista (diretor, iluminador e cenógrafo), Técnico em Espetáculos
(Diretor de produção, Sonoplasta e Operador de Luz, Radialista (produtor-redator-locutor
entrevistador/apresentador), Articulista nos ramos de Educação, Aviação
e Astronáutica e Música. Ufólogo com 55 anos de experiência no assunto.
* * *
Política:
Ali Barbado e 40 milhões aliados
O PMDB tem obrigação de fazer uma
sindicância para apurar as denúncias do Senador Jarbas Vasconcelos,
porque o que disse é serio e, se o
Partido não tem filiado corrupto não tem que o temer.
Por
Odair de A. Rodrigues*
De Itaúna-MG
Para
Via
Fanzine
Comecem pelas coligações nas Prefeituras, onde as manobras
para candidaturas são vergonhosas e imorais. O Partido impõe e, aprova
coligações e candidaturas mesmo tendo conhecimento de dezenas de
irregularidades que levam Prefeituras a perderem o crédito até para
fornecimento de merenda escolar e papel higiênico e, professoras
solicitam aos pais que mandem os alunos levarem de casa. Este não é o
PMDB que muitos gostariam de estar filiados.
Parabéns, Senador Jarbas, esperança de trazer de volta a
vergonha na cara, a ética, a moral e idoneidade, de muitos brasileiros
de vários Partidos. A corrupção está enraizada há séculos no Brasil. Mas
é preciso que homens de bem, principalmente detentores dos poderes
constituídos (JUDICIARIO), (MINISTERIO PUBLICO) e ainda os corretos dos
LEGISLATIVOS se movimentem para mudar procedimentos que permite que
cassados, desonestos, incompetentes, corruptos, consigam recursos e
protelem suas permanências nos cargos, recebendo salários astronômicos
pela má qualidade dos serviços prestados, até uma decisão final que
muitas vezes leva anos.
Provas apócrifas não têm valor, mas quando são confirmadas,
mostra que quem denunciou fica anônimo, porque a perseguição é evidente,
deveriam ser consideradas pelo menos como indícios para investigações.
Com a atual Legislação, políticos se enricam, continuam recebendo
salários, propriedades em nome de laranjas e tudo fica por isso mesmo,
porque o povo não tem coragem de levantar a voz e, as autoridades, não
se expressam, silenciam.
Se faz necessário, que as contas das Prefeituras sejam
conciliadas e a licitações sejam avaliadas com auditorias, porque
comparar papeis não é fiscalizar. O procedimento é conhecido: “Você
ganha essa concorrência, eu ganha aquela e, ele aquela outra”, com
relação à propina incluam nos preços, porque tem o HOME, o comprador e
os outros. Enquanto a roubalheira é descarada, o Brasil assassina seus
aposentados, que construíram o que está aí. Nunca vimos tanta corrupção.
No passado, só o ALÍ ROUBAVA, AGORA O ALÍ BABÁ LIBEROU para todos
roubarem.
Espero que alguém de Organismos internacionais dos direitos
humanos leia e procure saber as condições que estão vivendo muitos
aposentados, roubados pela política de reajuste e não cumprimento dos
direitos adquiridos quando a CF/88, desvinculou de todos que aposentaram
com a media dos últimos 36 meses de salário, do salário mínimo. Desde
quando no Brasil não foi o salário mínimo o indexador para cobranças do
INSS? Mas não para remunerar as aposentadorias miseráveis, porque o
dinheiro tem sobrar para ser mal aplicado pelo País afora, ou roubado
nas corrupções de Brasília e das Prefeituras Municipais, enquanto
aposentados morrem por falta de remédios e da má alimentação.
Trata-se por analogia de um genocídio Republicano oficial e
legalizado.
* * *
Brasil:
Corrupção
legalizada
Se
nossos Tribunais não abortar a cultura de que os eleitos nas urnas devem
cumprir seus mandatos,
a
corrupção e a entrada sistemática de novos oportunistas dispostos a
roubar o dinheiro público, nunca terá fim.
Por
Odair de A. Rodrigues*
De Itaúna-MG
Para
Via
Fanzine
É preciso analisar as circunstancias e como, muitos desses
bandidos são eleitos. Qual o percentual de votos que os elegeram. Porque
nos municípios onde não há segundo turno, se elegem com percentual de
1/3 ou menos dos eleitores, mal informados e, grande parte com votos
comprados, ou usando a maquina administrativa nos casos de reeleição.
A reforma política que não sai do papel, precisa rever esta
situação e impedir que Prefeitos sejam eleitos com menos de 50% + 1 dos
votos, como acontece nos Tribunais, Congressos Nacionais, entre outros,
para dar legitimidade, legalidade e maioria da vontade dos eleitores.
A consciência política tem um percentual pequeno entre os
eleitores e poucos Municípios conseguem sensibilizar a população para
uma votação maciça de votos nulos e brancos, para provocar novas
eleições, quando os candidatos são analfabetos, incompetentes,
desonestos, ou inconvenientes, como ocorreu em Bom Jesus do
Itabapoana-RJ. Se o Judiciário e os Tribunais não mudarem suas posições,
deixando de punir deputados, senadores, prefeitos e vereadores,
canalhas, bandidos, analfabetos, possuidores de folha de antecedentes de
fazer inveja a qualquer detento, aparecerão com castelos e patrimônios
invejáveis, poucos anos depois, como vemos diuturnamente pelo Brasil
afora.
É nos municípios que se inicia a carreira política daqueles
que aproveitam a despolitização do povo, para conseguir cargos mais
altos. Se depender do Governo Federal, ou do Congresso Nacional, nada
será mudado, haja vista que muitos deles foram alunos dessas escolas.
O presidente Lula, em nome da crise, anistia dívidas e
libera bilhões para prefeitos que rasgaram dinheiro público em obras
desnecessárias e licitações superfaturadas, aluguéis de veículos, entre
outras desídias. Como há interesse em eleger-se indiretamente em 2010,
premiam-se milhares de prefeitos que deveriam estar na cadeia, se
estivéssemos num país um pouco sério.
Não distante de nós, vimos Prefeituras, onde seus prefeitos
despreparados e desonestos superfaturaram obras, distribuíram bens
públicos a troco de votos, para se elegerem e eleger vereadores dos seus
partidos e coligados. Sabem das dificuldades para provar os atos
ilícitos, em razão da assistência de profissionais competentes e falsos
homens públicos, que são verdadeiros camaleões, mas os atos imorais
todos vemos. Não temem a Justiça pela estrutura das leis eleitorais,
gastando mal e sem prioridades, na certeza que as Câmaras Municipais,
algumas corrompidas por eles, aprovem empréstimos para cobrir rombos,
cujos montantes deveriam estar no caixa, não fosse à farra com dinheiro
do povo.
Respeitáveis Magistrados de todas Instancias desse País. Se
Vossas Excelências não se dispuserem a banir da política esses homens,
usando os dispositivos legais precários das Leis Eleitorais, punindo os
atos ilícitos cometidos, não tenham duvidas que estarão postergando
problemas e criando novos mensaleiros e entupindo o Judiciário de novas
ações.
Quanto mais políticos bandidos, maior será o numero de
indivíduos que se tornarão traficantes, ladrões, assassinos, face à má
distribuição de renda, alimentada nas mãos dessa gente e seus comparsas,
somado ainda ao fator psicológico que não pode ser esquecido, “se eles
roubam, eu também posso”, e está enraizando a cultura nacional.
Se Vossas Excelências não fizer um esforço dentro da
legalidade, mas com o livre convencimento e com as parcas provas que
deixam os políticos, a separação dos poderes não fará sentido e, todos
nós ficaremos à mercê de uma nação adormecida envolta por um País que é
um engodo, apesar de maravilhoso.
O Ministério Público não tem como acompanhar e fiscalizar
as eleições, por falta de pessoal e estrutura física, como também o
Judiciário que acumula funções. Agravado ainda pela lentidão dos
inquéritos policiais, onde falta até material de consumo e convive-se
com os mesmos problemas em pauta. Sabendo dessas dificuldades, os
políticos riem da Justiça, dão adeus às punições e gozam os munícipes e
principalmente, quem ainda tenta uma luta inglória, até com ameaças,
apesar de essas lutas serem destinadas a todos os homens probos desse
País. O que estamos esperando das próximas gerações dessa forma?
*
Odair de Assis Rodrigues é brasileiro,
economista, administrador de empresas, bacharel em direito e
psicanalista.
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