HOME | ZINESFERA| BLOG ZINE| EDITORIAL| ESPORTES| ENTREVISTAS| ITAÚNA| J.A. FONSECA| PEPE MUSIC| UFOVIA| AEROVIA| ASTROVIA

 

 

 

Mineração

 

 

Itatiaiuçu:

MMX é denunciada no MPE por possibilidade de poluição

Advogado aciona mineradora no MPE alegando que a construção de uma barragem para contenção de rejeitos

do minério poderá poluir o Ribeirão dos Pintos, principal afluente do Rio São João, que abastece Itaúna.

Empresa nega possibilidade de poluição e afirma que água será monitorada constantemente.

 

Por Pepe Chaves*

 De Belo Horizonte

Para Via Fanzine

12/04/2012

 

Mineração e água: cidadão alerta ao perigo de contaminação hídrica por metais pesados e outros poluentes.

 

Barragem de rejeitos

 

A MMX, mineradora do Grupo EBX, controlado pelo conhecido empresário Eike Batista, tem sido alvo de graves e reiteradas denúncias em parte da imprensa de Itaúna, na região Centro-oeste de Minas Gerais. Em suas últimas edições, o Jornal Brexó, semanário local, vem pontuando acerca da construção de uma barragem para abrigar rejeitos gerados pela mineradora MMX, que explora minério de ferro em terrenos vizinhos ao município de Itaúna.

 

Inicialmente, o referido semanário itaunense publicou uma denúncia do advogado, ex-vereador e ex-diretor do SAAE/Itaúna, João José de Oliveira, alertando sobre o perigo de contaminação dos recursos hídricos que abastecem Itaúna, através dos trabalhos de mineração da MMX numa localidade vizinha.

 

A MMX explora jazidas de minério de ferro situadas no chamado Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, uma imensa área, rica em minério de ferro, que compreende distintos municípios localizados relativamente próximos à capital Belo Horizonte. De acordo com as informações, a referida barragem de rejeitos, em fase de construção pela mineradora, abrigaria na região do município Itatiaiuçu (vizinho a Itaúna) todo o rejeito produzido pela exploração realizada nos distritos em que se situa a mina ferrífera da MMX.

 

O advogado informa que a mineradora MMX está iniciando a construção de uma barragem para rejeitos de mineração que estaria localizada próxima à bacia do Ribeirão dos Pintos, córrego afluente do rio São João, único veio d'água que abastece o município de Itaúna.

 

A barragem está prevista para receber os rejeitos da Unidade Serra Azul, localizada em terras dos município Igarapé, São Joaquim de Bicas e Brumadinho, onde o minério de ferro é explorado em grande escala. A barragem de rejeitos deverá ser construída próxima ao também distrito vizinho de Ponta da Serra, pertencente ao município de Itatiaiuçu, por onde passa o Ribeirão dos Pintos antes de desaguar no Rio São João.

 

Preocupado com a possível contaminação das nascentes e dos lençóis freáticos por metais pesados ou outros poluentes e, consequentemente, com o comprometimento da água consumida em Itaúna, João José de Oliveira falou com exclusividade o diário digital Via Fanzine sobre a questão da possível poluição aquífera, caso a dita barragem seja construída.

 

Ele informou que deseja ver a questão sendo investigada pelas autoridades ambientais e, para tanto, informa que entrou com uma representação junto ao Ministério Publico estadual (MPE), “com base em reportagens feitas pelo jornal Folha do Povo de Itatiaiuçu e Itaúna”, disse.

 

De acordo com Oliveira, “Estou buscando mais detalhes, mas posso te adiantar que segundo o líder comunitário de Ponta da Serra, a barragem será construída na bacia do Ribeirão dos Pintos, que é um dos principais afluentes do Rio São João”.

 

Segundo o advogado, que conclama uma espécie de movimento pacífico em prol da "não construção" da barragem de rejeitos nas proximidades de Itaúna, “Também posso informar que essa barragem terá capacidade para 320 milhões de metros cúbicos de rejeitos ou lixo do minério. Neste momento é preciso que todos os itaunenses se unam, pois a construção desta barragem vai trazer sérias consequências às futuras gerações”, afirmou Oliveira.

 

Exploração de minério de ferro pela Mineradora MMX em Serra Azul, no Quadrilátero Ferrífero mineiro.

 

Copam adia reunião que trataria da expansão da MMX

 

A reportagem de Via Fanzine foi informada que, na segunda-feira, 02/04, o Conselho de Política Ambiental (COPAM) de Minas Gerais se reuniria na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, em Belo Horizonte. Na oportunidade, seria discutido e votado pelos membros daquele órgão a licença ambiental para a expansão que a Mineradora MMX pretende fazer na sua mina, situada nas cidades de Igarapé e São Joaquim de Bicas.

 

O COPAM, criado em 1977, é um órgão normativo, colegiado, consultivo e deliberativo, subordinado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD. Tem por finalidade deliberar sobre diretrizes, políticas, normas regulamentares e técnicas, padrões e outras medidas de caráter operacional, para preservação e conservação do meio ambiente e dos recursos ambientais, bem como sobre a sua aplicação pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pelas entidades a ela vinculadas e pelos demais órgãos locais. São considerados órgãos locais os órgãos ou as entidades do Poder Público Municipal cujas atividades estejam associadas às de proteção e controle do uso dos recursos ambientais.

 

De acordo com as informações fornecidas por João José de Oliveira, que compareceu ao local marcado para a reunião, "A votação não aconteceu e o processo foi retirado da pauta, ficando sua análise para o mês de maio, pois estavam faltando documentos que não foram juntados pela empresa MMX", afirmou.

 

Estiveram presentes para esta reunião, além do advogado João José de Oliveira, o vereador de Itatiaiuçu, Matheus Pedrosa, o deputado federal Walter Tosta, Taíse Machado e seu irmão Thiago (representando a Associação Comunitária de Ponta da Serra), além de Delzi e representantes da empresa da MMX.

 

Para João José, este adiamento "é importante para dar mais tempo para articulação e assim buscar o apoio de mais pessoas para o movimento contra a construção da Barragem de Rejeitos que a MMX pretende edificar na bacia do Ribeirão dos Pintos, no povoado de Ponta da Serra".

 

Resistência esboçada em Itaúna

 

Através de um comunicado nos enviado posteriormente, João José de Oliveira se diz satisfeito com a posição da direção do SAAE de Itaúna, que foi publicada em um jornal local, "onde o presidente da autarquia, Wandick Pincer manifesta que o SAAE vai entrar na luta contra a construção desta barragem de rejeitos em nossas nascentes", afirma.

 

Segundo Oliveira, "Outra posição importante foi a tomada pela Câmara de Vereadores de Itaúna, ao requerer uma Audiência Publica na Assembléia Legislativa de Minas, além do envio de ofícios aos deputados mais votados na cidade para poderem dar apoio contra a construção da tal barragem", informou.

 

O advogado itaunense também rebate a declaração dos representantes da MMX, publicada em recente edição do jornal Brexó, “quando eles afirmaram que naquela região só teria somente 20 nascentes”.

 

João José de Oliveira informa que procurou o ambientalista Ralim Mileib, com quem trabalhou no Projeto São João Vivo e este lhe garantiu que são mais de 60 nascentes naquela região. “Ralim informou ainda que o Ribeirão dos Pintos é o principal afluente do Rio São João”, complementou o advogado.

 

Ainda de acordo com o comunicado de Oliveira, “Outra cobrança que deve ser feita é com relação aos pré-candidatos a prefeitos de Itaúna. Osmando, Gustavo Mitre, Hely Maia, Zezé Luiz e principalmente o deputado Neider Moreira precisam se manifestar e entrar neste movimento para evitar a construção desta barragem de rejeitos da MMX”, declarou.

 

Com relação aos prefeitos de Itaúna, Eugênio Pinto e de Itatiaiuçu, Wagner Chaves, João José diz não entender o silêncio dos dois, “principalmente o de Wagner Chaves que não produziu este rejeito e não vai ganhar nada com isso, ao contrário, esta é perdendo terreno na zona rural”, observou.

 

Para Oliveira, “É necessário que mais pessoas se unam ao Movimento em favor do Rio São João, antes que seja tarde, uma vez que com a construção dessa barragem de rejeitos (lixo da mineração), certamente, a água vai acabar em pouco tempo”, concluiu.

 

Integrantes do COPAM compareceram, mas reunião que

trataria da barragem de rejeitos da MMX foi adiada.

 

Empresa diz que atividades não poluirão recursos hídricos

 

O diário digital Via Fanzine entrou em contato a mineradora MMX, através de sua assessoria de imprensa, solicitando que se manifestasse a respeito da questão.

 

Em ofício enviado ao editor de VF, a assessoria da MMX confirmou a construção da barragem na Ponta da Serra, mas negou que o empreendimento poderá proporcionar poluição no local.

 

Sobre o relacionamento da empresa com a comunidade e a escolha do local do projeto, a assessoria informou que, “A MMX, mineradora do grupo EBX, busca estabelecer o melhor relacionamento possível com todas as comunidades com as quais se relaciona e está sempre aberta para considerações sobre os seus projetos. A escolha dos locais para instalação das estruturas da expansão da Unidade Serra Azul é fruto de uma análise robusta, respaldada por estudos de impactos ambientais, que consideram diversos fatores técnicos, dentre eles critérios socioeconômicos, de conservação ambiental e de organização territorial”.

 

Ainda de acordo com a assessoria, “Para as estruturas auxiliares do projeto de expansão, tais como a barragem e sistema dutoviário, foram estudadas 24 diferentes alternativas locacionais. Os estudos apontaram para três alternativas, considerando áreas com menor densidade populacional e com menores interferências socioambientais. Estudos complementares estão sendo realizados para que o órgão ambiental dê o seu parecer sobre as opções apresentadas”, afirmou.

 

Monitoramento da água

 

Sobre a suposta contaminação dos recursos hídricos da região e os programas ambientais desenvolvidos pela empresa mineradora, a assessoria ressaltou que, “Todas as alternativas locacionais consideram a garantia da qualidade e da quantidade de água das comunidades próximas, de acordo com os padrões das normas ambientais pertinentes. Em todas as opções, a MMX realizou estudos sobre a atual qualidade da água dos rios, córregos e ribeirões das regiões que poderiam receber as estruturas auxiliares da Unidade Serra Azul. Estas análises servirão de referência para a garantia da manutenção da qualidade da água. Além disso, serão parâmetros para identificação de possíveis alterações”.

 

Em seu ofício, a assessoria da MMX assegura que a qualidade da água na região será monitorada constantemente, “A legislação ambiental brasileira determina que a companhia, após a instalação de qualquer estrutura, monitore constantemente a qualidade da água que abastece as comunidades à jusante e os cursos d’água identificados na área”, afirmou.

 

Ainda sobre as supostas influências que os lençóis freáticos e cursos d’água daquela região possam sofrer através das atividades da mineradora, frisa o comunicado que, “Em respeito à comunidade e ao cumprimento da legislação, a MMX desenvolverá programas de controle e monitoramento, evitando interferências na qualidade dos cursos d’água e no abastecimento. Entre os programas propostos, está o Plano de Desenvolvimento do Sistema de Gestão dos Recursos Hídricos, que vai atuar com atores locais, instituições e poderes públicos para promover melhorias ambientais no contexto municipal e regional”.

 

O Ministério Público de Minas Gerais ainda não se manifestou publicamente a respeito da denúncia formalizada por Oliveira ou sobre as atividades da MMX naquela região. Nenhum membro dos poderes Legislativo e Executivo em Itaúna também não se manifestou publicamente sobre a questão.

 

Mineradora MMX possui vultosas reservas de minério de ferro em sua Unidade Serra Azul.

 

Serra Azul: reservas totalizam 997,4 milhões de toneladas

 

Tudo indica que as atividades exploratórias da MMX na unidade Serra Azul deverá se prolongar por tempo indeterminado, já que recentemente foram certificadas robustas jazidas minerais naquela região, conforme divulgou a MMX no final do ano passado.

 

De acordo com informações da revista Minérios, a mineradora do Grupo EBX, divulgou em 15 de dezembro passado, a certificação do volume de 997,4 milhões de toneladas em reservas minerais na Unidade Serra Azul.

 

Segundo a publicação, esse número “integra o novo relatório da SRK Consulting, empresa contratada para auditar recursos e reservas da MMX. Esse foi o primeiro anúncio da companhia divulgando volumes de reserva minerais (...). Todos os relatórios da SRK são realizados em conformidade com a norma internacional NI 43.101”.

 

A revista também informa que “O novo laudo da certificadora aponta que 87% dos recursos minerais medidos e indicados da Unidade Serra Azul foram classificados como reservas minerais. Além disso, o documento aponta que, a partir do início da operação da nova planta de beneficiamento, a mina da Unidade Serra Azul irá operar com uma relação estéril/minério de 0,28”.

 

Ainda sobre a certificação da reserva mineral, Guilherme Escalhão, presidente da MMX, declarou à revista Minérios que, “A certificação de reservas representa mais um passo na consecução do nosso projeto de expansão. Com reservas certificadas, contratos de fornecimento de longo prazo e porto próprio em construção avançada, a MMX se consolida como fornecedora integrada ao mercado transoceânico de minério de ferro”.

 

Capitalismo selvagem

 

Além da MMX, outras grandes mineradoras multinacionais exploram minas no Quadrilátero Ferrífero e na Serra do Curral, na divisa de Belo Horizonte com Nova Lima. Entre estas, as gigantes Usiminas e Companhia Vale do Rio Doce mantêm atividades na região.

 

Com a crescente demanda de minério de ferro no mercado exterior, as mineradoras têm trabalhado a todo vapor para atender os seus clientes.

 

E, de certo modo, essa intensa demanda pelo minério no mercado internacional nesses últimos anos vem acelerar a dilaceração de grandes áreas naturais no interior de Minas Gerais, descaracterizando paisagens, comprometendo a qualidade de vida das populações e gerando montanhas de entulhos e rejeitos.

 

Além disso, algumas dessas ações mineradoras já foram denunciadas à Justiça pelo MPE já que ficou comprovada a causa, também, de irreversíveis impactos ambientais, como a imensa cava feita pela MBR (hoje patrimônio da Vale) que perfurou irremediavelmente um lençol freático na Serra do Curral.

 

Por outro lado, fato é que todas essas ações praticadas por grandes companhias e que se configuram claras depredações ao patrimônio paisagístico e natural de distintas localidades têm gerado uma crescente resistência por parte de ambientalistas e diversos agentes autônomos da sociedade civil - e um bom exemplo disso, agora se faz em Itaúna.

 

* Com informações de João José de Oliveira, Assessoria de Imprensa da Mineradora MMX, Jornal Brexó e Revista Minérios.

 

- Fotos: COPAM/ MMX / Divulgação.

 

- Tópicos associados:

   MMX envia nota pedindo correção dessa matéria

   O leitor -  'Por que Itaúna não aprende a lição?'

   O leitor -  'Itaúna e a lavagem de minério'

   Mineradora MMX anuncia investimentos de R$ 5 milhões em Igarapé

   Estragos provocados pela mineração em Minas Gerais

   MPE-MG responde VF sobre crime ambiental na Serra do Curral

   Mineração: Belo horror na Serra do Curral - RELEASE DA PRODUÇÃO EM VÍDEO

   Mineração: Belo horror na Serra do Curral - PRODUÇÃO EM VÍDEO/TV FANZINE  

   Clique aqui para visualizar imagens de crime ambiental na Serra do Curral

 

- Produção: Pepe Chaves.

  

 

 topo  home

 

 
 

 

 

 HOME | ZINESFERA| BLOG ZINE| EDITORIAL| ESPORTES| ENTREVISTAS| ITAÚNA| J.A. FONSECA| PEPE MUSIC| UFOVIA| AEROVIA| ASTROVIA

© Copyright 2004-2012, Pepe Arte Viva Ltda.

 

Motigo Webstats - Free web site statistics Personal homepage website counter