Venezuela:
Ianomâmis negam que
tenha havido massacre*
Segundo a acusação, o
caso havia ocorrido em julho, mas só fora denunciado
em agosto por outros
índios ianomâmis da remota região amazônica.
Índios da etnia
ianomami não foram atacados por mineradores, diz chefe de aldeia.
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Índios ianomâmis negaram a autoridades e jornalistas que
sua aldeia na Venezuela
tenha sido cenário de um massacre, e a entidade Survival
International também recuou do seu relato inicial sobre a suposta
matança de dezenas de pessoas.
A versão inicial do incidente era que garimpeiros
brasileiros tinham ido de helicóptero à aldeia de cerca de 80 moradores
e cometido uma matança indiscriminada, deixando apenas três
sobreviventes.
Segundo a acusação, o caso havia ocorrido em julho, mas só
fora denunciado em agosto por outros índios ianomâmis da remota região
amazônica, próxima à fronteira com o Brasil.
"Ninguém matou ninguém", disse o chefe da aldeia na serra
Parima, que se identificou apenas como Massupi, falando a jornalistas no
local, com a ajuda de um intérprete. "Aqui estamos todos bem",
acrescentou ele, vestindo uma tanga vermelha e sentado em frente a uma
oca de palha.
O governo do presidente Hugo Chávez, que se orgulha da
atenção dedicada aos direitos dos indígenas, havia prometido investigar
o incidente, mas vinha dizendo repetidamente nas últimas semanas que não
havia indícios de uma chacina.
Em nota na segunda-feira, a Survival International disse:
"Tendo recebido seus próprios testemunhos de fontes confidenciais, a
Survival agora acredita que não houve ataque de garimpeiros contra a
comunidade ianomâmi de Irotatheri".
"Atualmente não sabemos se essas histórias foram ou não
motivadas por um incidente violento, o que é a explicação mais provável,
mas a tensão continua elevada na área."
Incidentes entre índios garimpeiros e fazendeiros são
relativamente comuns na região. Em 1993, 16 ianomâmis foram mortos num
ataque de garimpeiros no Brasil.
Na aldeia, Massupi e outros índios pareceram surpresos com
a chegada de um helicóptero militar transportando jornalistas. O grupo
foi recebido por moradores empunhando lanças, arcos e flechas, mas
sorridentes.
Funcionários do governo aproveitaram a visita para entregar
roupas e alimentos aos ianomâmis, que falaram aos jornalistas por meio
de um intérprete contratado pelo governo.
Em vez de encontrar indícios de violência, um fotógrafo da
Reuters se deparou com moradores dançando, descansando em redes, caçando
ou cozinhando.
*
Informações de Carlos Garcia Rawlins | Reuters.
10/09/2012
- Foto: AFP.
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