|
HOME | ZINESFERA| BLOG ZINE| EDITORIAL| ESPORTES| ENTREVISTAS| ITAÚNA| J.A. FONSECA| PEPE MUSIC| UFOVIA| AEROVIA| ASTROVIA
África
Sudão do Sul: Desafios de uma nova república O Sudão do Sul se tornou o primeiro Estado africano reconhecido que não figurou anteriormente como uma colônia ou um reino dominado por um império.
Por Isaac Bigio* ESPECIAL, de Londres Para Via Fanzine Tradução: Pepe Chaves 16/08/2011
Ao ter reconhecida sua autonomia pela ONU, a nação mais pobre do mundo, que acaba de nascer na África, não recebeu nenhum amparo substancial por parte de governos ou organismos internacionais e permanece semi-isolada.
No dia 14 de julho de 2011, fez um mês, as Nações Unidas reconheceram como seu membro de número 193, à nova República de Sudão do Sul, que fora auto-proclamada cinco dias antes.
Durante a guerra fria, Alemanha, Iêmen, Vietnã e Coreia dividiram-se, cada uma delas, em duas repúblicas que se separaram por possuir diferentes sistemas econômicos, ainda que formassem uma mesma nação. Ao contrário do Vietnã e da Coreia do Sul, descendentes do norte "socialista", o Sudão do Sul se separa do Sudão mantendo o mesmo capitalismo subdesenvolvido, mas se baseando em diferentes nacionalidades. O Sudão está dominado por árabes, semitas e islâmicos, enquanto o Sudão do Sul, por negros bantus cristãos ou animistas.
Faz cerca de duas décadas, passaram a existir as repúblicas da Rússia e Bielorússia, as da Eslováquia ou Eslovênia que, apesar de possuir similaridades, se assentam em nações com histórias e idiomas diferentes.
O Sudão do Sul nunca existiu antes e também não tem uma língua diferenciada, pois em seu território são falados cerca de 200 diferentes idiomas nativos.
Este recém criado país não adotou um novo nome, mas anexou o prefixo Sul à sua denominação anterior. Já a Alemanha austral e o Alto Peru ao se constituírem como repúblicas separadas de seu tronco histórico anterior, escolheram novos apelativos (Áustria e Bolívia, respectivamente), apesar que em ambos os casos se juntaram os mesmos idiomas, religiões e composições raciais, tanto na Alemanha, como no Peru.
A cada 100 partos no país, 11 bebês e duas mães morrem. Apesar de seu território possuir cerca de 620 mil km², o país só conta com três hospitais e três cirurgiões.
As três repúblicas que se fragmentaram da Grande Colômbia em 1830 (Nova Granada, Equador e Venezuela) não sustentaram o nome desta em suas novas nomenclaturas, ainda que três décadas depois, a primeira decidira rebatizar-se como Colômbia (retirando o prefixo 'Grande', do nome anterior).
Nenhum dos cinco territórios repartidos naquela mesma década da federação centroamericana reteve parte desse nome. Atualmente, estas cinco repúblicas se denominam Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica. Apesar disso, em ambos os casos, todas as repúblicas divididas mantiveram as mesmas cores da bandeira que antes dividiam.
Quando os EUA derrotaram o velho México e anexaram ao seu território, todo o norte mexicano, Washington manteve os nomes originais dos Estados mexicanos então anexados (como Novo México ou Califórnia), visando demonstrar a continuidade com superioridade.
Já o Sudão do Sul, nasce sendo o país com os piores índices de saúde do planeta. A cada 100 partos no país, 11 bebês e duas mães morrem. Apesar de seu território possuir cerca de 620 mil km², o país só conta com três hospitais e três cirurgiões. Cerca de 90% dos oito milhões de sul-sudaneses sobrevivem com menos de um dólar diário. Cerca de 80% deles são analfabetos. Só uma a cada 100 mulheres termina o curso primário.
O Sudão do Sul se tornou o primeiro Estado africano reconhecido que não figurou anteriormente como uma colônia ou um reino dominado por um império. E, até hoje, todos aqueles movimentos separatistas que buscavam autonomia de ex-colônias (como Biafra ou Katanga) não são bem-vindos pela ONU.
A aceitação de um novo país tão pobre e multiétnico e sem prévia história ou administração colonial diferenciada, deverá abrir as portas para que outras dezenas de regiões ou Estados constituídos mundo afora também queiram ser reconhecidos pela ONU.
* Isaac Bigio é professor e analista internacional em Londres. - Leia outros artigos de Isaac Bigio em português: www.viafanzine.jor.br/bigio.htm.
- Fotos: Médicos sem Fronteiras (Em Sudão do Sul).
- Tópicos associados: Sudão do Sul - o mais novo país africano - Por Isaac Bigio Últimas postagens de Via Fanzine em tempo real!
Produção: Pepe Chaves
|
|
HOME | ZINESFERA| BLOG ZINE| EDITORIAL| ESPORTES| ENTREVISTAS| ITAÚNA| J.A. FONSECA| PEPE MUSIC| UFOVIA| AEROVIA| ASTROVIA
© Copyright 2004-2011, Pepe Arte Viva Ltda.