O Seminário sobre Direito e Cidadania no Mundo Árabe que a
OAB- Ordem dos Advogados do Brasil, Sub-seção de Santos, através da sua
Comissão de Cidadania, realizará, objetiva levar à sociedade em geral um
conhecimento mais amplo e detalhado sobre o chamado Mundo Árabe,
conceituando o que significa esse qualificativo, definindo-o e mostrando
quais países fazem parte dele, tanto por etnia como por razões
idiomáticas.
Objetiva-se, sob esse foco, trazer à sociedade em geral
subsídios para uma reflexão sobre as bases e fundamentos da cultura, das
crenças, da riqueza cultural e da tradição árabes, tanto na África como
na Ásia, mostrando a sua evolução e como vigem nos dias atuais.
Nesse sentido, pretende-se remover os equívocos tão comuns
que a sociedade comete quando se refere aos países árabes, desfazendo
pré-conceitos, inclusive religiosos, e contribuindo para que haja luz e
alicerces sempre que se aprecie, analise, argumente e/ou debata sobre
aqueles países que, harmonicamente, sem qualquer imposição de idioma e
religião aos povos que dominaram, tanta influência exerceram sobre a
sociedade ocidental durante mais de 700 anos, trazendo-lhe inequívocos
progressos técnico, cultural, moral, ético e econômico.
Público alvo
O Seminário sobre Direito e Cidadania no Mundo Árabe, sendo
uma realização da Comissão de Cidadania da OAB- Ordem dos Advogados do
Brasil, é aberto à participação da sociedade em geral, sem qualquer
distinção de profissão, nível educacional, nacionalidade, etnia, nem
condição econômica ou financeira.
Pretendendo ser o Seminário sobre Direito e Cidadania no
Mundo Árabe uma ferramenta de afirmação da cidadania, pela educação e
esclarecimento dos participantes, serão muito bem-vindos todos e cada um
daqueles que queiram incrementar o seu cabedal de conhecimentos sobre o
chamado Mundo Árabe, fortalecendo os laços de fraternidade tão
necessários à convivência harmônica que deve reger a sociedade como um
todo, contribuindo para o alcance da Paz, hoje uma utopia, mas também um
objetivo a ser buscado com toda a força e vigor.
Inscrições
As inscrições podem ser feitas diretamente na OAB- Ordem
dos Advogados do Brasil, Subseção Santos, na sua sede na Praça José
Bonifácio no 55, em Santos, pelo telefone (13) 3226-5900, ou pela página
web:
http://www.oabsantos.org.br/contatos/.
Informações sobre
o Evento
DATA: 28 e 29 de setembro de 2011.
LOCAL:
Ordem dos Advogados do Brasil, Santos, SP.
REALIZAÇÃO:
OAB- Ordem dos Advogados do Brasil, Santos, SP.
COORDENAÇÃO:
Dr. Esaú Cobra Ribeiro- Comissão de Cidadania da OAB.
ORGANIZAÇÃO:
Prof. M.Sc. Carlos Tebecherani Haddad.
* Informações da OAB/Santos.
* * *
Brasília:
OAB critica desarmamento e aponta crise na
segurança
Plebiscito do desarmamento é cortina de
fumaça na crise da segurança, diz OAB*
Para o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Ophir Cavalcante, a proposta do presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), de um plebiscito nacional sobre o comércio de armas de fogo
pode ser considerada "uma cortina de fumaça para desviar o foco dos
reais problemas".
Na avaliação de Ophir Cavalcante, o que o país precisa, na
verdade, é de um plano nacional de segurança pública, de forma a
combater o comércio ilegal de armas e munição, que é o grande propulsor
da violência.
- Hoje, vive-se no Brasil uma verdadeira guerra civil
urbana pela ausência de uma política clara, consistente e efetiva de
combate à criminalidade e o tráfico de armas - afirmou, ressaltando que
já houve um referendo em 2005.
- O plebiscito pode ser uma cortina de fumaça para desviar
o foco dos reais problemas de segurança que devem ser enfrentados pelo
governo, além de se constituir num desrespeito à vontade popular
legitimamente expressada no referendo de 2005
Ainda segundo o presidente nacional da OAB, o governo
precisa cuidar da questão da segurança pública como um problema social
macro.
- É necessário um olhar nacional e global a respeito de uma
política de segurança pública para nosso país - finalizou Ophir.
*
Informações de Agência O Globo.
* * *
Brasília:
Ophir rebate juízes que não querem
cumprir jornada*
Presidente da OAB diz
que “toga não é escudo” e lembra que juízes brasileiros
já trabalham 10 meses,
mas recebem seus salários por 13 meses.
Ophir:
"Se houver gestão e
compromisso com a coisa pública,
a Justiça brasileira vai trabalhar melhor agora".
"A toga é apenas uma indumentária e não um escudo para
justificar a diferenciação entre os demais trabalhadores". Com essa
afirmação, o presidente nacional da ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
Ophir Cavalcante, rebateu na segunda 04/04, as desculpas que vem sendo
dadas por magistrados de vários Estados brasileiros para não cumprir a
jornada mínima das 9h às 18h nos Tribunais de Justiça, que consta de
recente Resolução editada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em
acolhimento a um pedido da OAB.
Ophir Cavalcante afirmou que a sociedade espera do
magistrado que ele sirva a ela e a sirva bem. Isso porque são os
recursos públicos que remuneram os juízes, que recebem treze salários
para trabalhar dez meses. "Não se pode mais conceber que os juízes
ingressem às 9h da manhã nos Tribunais, como acontece em muitos Estados,
e às 14h já estejam encerrando o expediente tendo que, neste período,
realizar audiências, receber partes, dar despachos e sentenciar".
Quanto à alegação de muitos juízes, de que não haveria como
cumprir a jornada fixada pelo CNJ em razão do calor característico de
alguns Estados, o presidente da OAB afirmou que essa é uma visão
elitista e antiga a respeito do papel do magistrado. "É inconcebível que
alguém deixe de trabalhar sob a alegação do calor, quando se sabe que
não há nenhum gabinete de juiz e sala de audiência deste país que não
tenha um simples ar condicionado". Ainda segundo Ophir, usar essa
justificativa para não cumprir jornada completa é "desdenhar do
trabalhador que trabalha muitas vezes de sol a sol, carregando sacos
pesados nas costas, às vezes doze horas por dia".
Na avaliação final de Ophir, as entidades de classe ligadas
à magistratura devem trabalhar com afinco para convencer os membros da
magistratura da importância de seu papel e seu compromisso com a
sociedade. "Se houver gestão e compromisso com a coisa pública, a
Justiça brasileira vai trabalhar melhor agora", espera Ophir.
*
Informações e imagem da
OAB.
* * *
Brasília:
OAB contesta no STF pensões do Paraná e
Sergipe*
A entidade lembra
que em 2007 o STF concluiu que a concessão do benefício era
inconstitucional ao julgar
uma ação na qual a
OAB contestou o pagamento do benefício a ex-governadores do Mato Grosso
do Sul.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contestou hoje no
Supremo Tribunal Federal (STF) a concessão de pensões vitalícias a
ex-governadores do Paraná e de Sergipe. Para tentar derrubar esse
privilégio, a entidade sustenta que a atual Constituição não prevê nem
autoriza o pagamento do benefício a quem não ocupa cargo público.
"Ex-governador não possui mandato eletivo nem é servidor
público", afirma o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante Júnior,
que assina as ações protocoladas no STF. No caso do Paraná e de Sergipe,
legislações estaduais garantem aposentadorias de R$ 24 mil, valor que
corresponde ao salário pago a desembargadores do Estado.
A OAB alega que não podem ser admitidos critérios
diferenciados para concessão de aposentadorias a ex-governadores já que
a Constituição estabelece que todos os trabalhadores são submetidos ao
regime geral da Previdência. De acordo com a entidade, nenhum artigo da
atual Constituição ampara o pagamento dessas pensões vitalícias.
"O subsídio ora atacado viola os princípios da
impessoalidade e da moralidade prescritos no artigo 37 da Constituição
Federal, uma vez que assenta regalia baseada em condição pessoal do
beneficiado e afronta a ética e a razoabilidade, pois inexistente no
caso em análise qualquer interesse público a ser albergado", sustenta a
Ordem.
A entidade lembra que em 2007 o STF concluiu que a
concessão do benefício era inconstitucional ao julgar uma ação na qual a
OAB contestou o pagamento do benefício a ex-governadores do Mato Grosso
do Sul. Na ocasião, o Supremo concluiu que os mandatos de chefes do
Executivo são temporários e seus ocupantes são transitórios.
*
Informações do jornal Estado de S.Paulo.
* * *
Brasília:
OAB requer anulação do Enem
OAB requer ao MEC anulação do Enem:
quebra de paridade entre candidatos.*
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Ophir Cavalcante, enviou em 1º/12 ao ministro da Educação,
Fernando Haddad, ofício requerendo a imediata anulação da última edição
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado em todo o país. O
pedido tem como base farta documentação entregue à OAB pelo procurador
da República do Ceará, Oscar Costa Filho, atestando que houve o
vazamento do tema da redação. Integra o rol de documentos o relatório
final da Delegacia de Polícia Federal de Juazeiro, na Bahia, instaurado
para apurar a existência de crime de violação de sigilo funcional
durante a aplicação da prova do Enem.
Segundo a conclusão da autoridade policial, "o estudo das
provas colacionadas ao apuratório não deixam dúvida que o vazamento
existiu", em relação ao tema da redação na cidade de Remanso, também na
Bahia. "Muito embora seja impossível mensurar a extensão do vazamento,
considerando que várias pessoas (fiscais) manusearam a prova antes de
sua aplicação, isso, no entanto, não desnatura o fato objetivamente
posto - houve o vazamento", afirma, categoricamente, o presidente
nacional da OAB.
O requerimento de anulação da prova, ainda segundo Ophir,
também visa preservar os princípios constitucionais da igualdade,
legalidade, impessoalidade e moralidade pública. "Revela-se imperiosa a
anulação da prova do Enem porquanto quebrada a paridade entre os
candidatos", acrescenta Ophir no texto do ofício.
A seguir a íntegra do ofício enviado pelo presidente da OAB
ao ministro da Educação:
Ofício n º 1738/2010/GPR.
Brasília, 1º de dezembro de 2010.
Ao Exmo. Senhor
FERNANDO HADDAD
Ministro de Estado da Educação - MEC
Palácio da Justiça - Esplanada dos Ministérios
Assunto: Exame Nacional de Ensino Médio - ENEM - Conclusão
da Polícia Federal - Vazamento do tema da redação.
Senhor Ministro,
Ao tempo em que o cumprimento, informo que recebi do
Procurador da República Dr. Oscar Costa Filho o Relatório Final
elaborado pela Polícia Federal (Delegacia de Polícia Federal em
Juazeiro/BA) nos autos do Inquérito Policial nº 0341/2010-4, instaurado
para apurar a existência do crime de violação de sigilo funcional
ocorrido na aplicação da prova do Exame Nacional de Ensino Médio - ENEM.
Segundo a autoridade policial, ‘o estudo das provas
colacionadas ao apuratório não deixam dúvida que o vazamento existiu',
especificamente em relação ao tema da redação e na cidade de Remanso/BA.
Em razão da conclusão da autoridade policial, e objetivando
preservar os princípios constitucionais da igualdade, legalidade,
impessoalidade e moralidade pública, revela-se imperiosa a anulação da
prova do ENEM porquanto quebrada a paridade entre os candidatos.
Muito embora seja impossível mensurar a extensão do
vazamento, considerando que várias pessoas (fiscais) manusearam a prova
antes de sua aplicação, isso, no entanto, não desnatura o fato
objetivamente posto - houve o vazamento.
Dessa forma, na visão da OAB é hipótese de anulação da
prova, pelo que solicita as devidas providências de V. Exa. nesse
sentido.
Sendo o que se apresenta para o momento, despeço-me e
renovo protestos de estima e consideração.
Atenciosamente.
OPHIR CAVALCANTE, presidente do Conselho
Federal da OAB"
* Informações da OAB (
http://www.oab.org.br ).
* * *
Brasília:
Presidente da OAB condena ataques contra a
imprensa*
‘Essas críticas vêm de setores e
autoridades que sempre se valeram da
liberdade de imprensa e de expressão
quando eram minoria e estavam na oposição’.
Para Ophir Cavalcante, presidente nacional da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), ataques à liberdade de imprensa e de expressão
- como têm feito o presidente Lula e entidades ligadas ao PT- não podem
ser tolerados sob nenhum pretexto. De acordo com Cavalcante, as críticas
dirigidas à mídia não têm fundamento, já que "tudo o que foi noticiado
tem tido crédito".
Em entrevista ao repórter Uirá Machado da Folha de S.Paulo,
o presidente da OAB ainda disse estranhar que aqueles que já se valeram
da imprensa quando eram minoria agora resolvam se voltar contra ela.
Folha -
O presidente Lula, a candidata Dilma Rousseff (PT) e entidades como MST
e UNE têm feitos seguidos ataques à imprensa, dizendo por vezes que a
mídia é "golpista". A OAB concorda com essas críticas?
Ophir Cavalcante -
Não concorda. Para a OAB, não há democracia sem liberdade de expressão,
princípio essencial sobre o qual se erige o Estado democrático. Essas
críticas vêm de setores e autoridades que sempre se valeram da liberdade
de imprensa e de expressão quando eram minoria e estavam na oposição.
Eles sempre usaram esses espaços democráticos para expor ideias e
efetuar críticas. É estranho que agora tenham esse posicionamento. Não
sei se são atitudes eleitoreiras, mas não representam suas próprias
histórias.
Há nesses ataques
algum risco à democracia?
Não podemos por nenhum momento tolerar restrições à
liberdade de imprensa e de expressão. As atitudes que vêm sendo adotadas
pela mídia reafirmam o preceito democrático. A reação que está havendo
pode até colocar em risco esse princípio maior. Não podemos em nenhum
momento transigir com a liberdade de expressão sob o argumento que seja,
sob pena de haver um descaminho que não podemos tolerar.
Qual a sua opinião
sobre o papel que a mídia tem exercido na atual disputa eleitoral? Há
excesso da imprensa?
A meu ver, não há nada de novo no que a imprensa brasileira
vem fazendo em termos de denúncias. Ela continua exercendo o mesmo papel
que sempre exerceu. É claro que, no processo eleitoral, a notícia toma
dimensão maior e é aproveitada pelos envolvidos. Mas isso não pode
retirar da imprensa a sua liberdade. Eventuais exageros, que até agora
não vi, se houver, devem ser combatidos dentro do processo judicial. Até
agora, tudo o que foi noticiado tem tido crédito, pois já provocou
renúncia de ministra e exonerações de funcionários públicos. Se não
fosse verdade, não haveria esse efeito.
Na quarta-feira
foi lido um manifesto com a meta de "brecar a marcha para o
autoritarismo". Com poucas exceções, as personalidades presentes no ato
eram ligadas ao PSDB. O ato não pode ser visto como partidário?
Nesse momento, tudo que envolver pessoas engajadas em
campanhas não deixa de ter um viés de influência política. Mas são atos
válidos, que refletem a liberdade que se tem neste país. A OAB sempre
teve um posicionamento forte pela liberdade de imprensa. Não vamos abrir
mão disso, mas não vamos nos confundir com partidos. O bem maior não é a
candidatura de A ou B, mas a liberdade de expressão e de imprensa.
Esse clima de
acirramento de parte a parte não é, ele próprio, ruim para a
estabilidade institucional?
Temos que privilegiar e fortalecer as instituições, cada
vez mais. Homens e pessoas não devem ter a mesma força que as
instituições. Devem ser respeitados, claro, mas não há democracia que
possa viver sem instituições fortes. Esse é um momento de esquecermos as
paixões e pensarmos mais no Brasil.
*
Informações da Folha de S.Paulo/Site OAB.
- Leia também:
Via Fanzine publica Manifesto em prol da Liberdade:
www.viafanzine.jor.br/principal.htm
* * *
Eleições 2010:
OAB nacional se recusa a homologar urnas
eletrônicas
Consideramos bastante corajosa a decisão
do presidente da OAB e merecedor de nosso elogio.
Por
Amílcar Brunazo Filho*
Tradicionalmente a Ordem dos Advogados do Brasil, assim
como a ABI, assumem posições corajosas em defesa de ideais e princípios
sociais. Como membro do Comitê Multidisciplinar Independente (CMind) e
moderador do Fórum do Voto Seguro, venho manifestar minhas
congratulações ao Conselho Federal da OAB e à sua Comissão de
Informática pela recente decisão de não legitimar os programas de
computador do sistema eleitoral desenvolvido pelo TSE.
Como poucos vão entender a importância e a coragem dessa
nova postura da OAB, cabe aqui apresentar um breve histórico.
Em 2002, foi aprovada a Lei 10.408/2002, que previa a
adoção do Princípio da Independência do Software em Sistemas Eleitorais
a partir de 2004. Esse princípio determina que auditoria do resultado
eleitoral possa ser feita de uma forma que não dependa de confiar no
software instalado nas máquinas de votar.
Em 2003, a autoridade eleitoral absoluta brasileira,
comumente chamada de Justiça Eleitoral, laborou para derrubar essa lei
antes mesmo que vigorasse, e conseguiu aprovar a Lei 10.740/2003, que
restabelecia a situação anterior, em que a auditoria do resultado
eleitoral era substituída por um método totalmente dependente da
confiabilidade do software.
E, para tentar estabelecer a confiabilidade do software
eleitoral, essa lei de 2003 concedeu aos partidos políticos, ao
Ministério Público e à OAB a função de validar e assinar digitalmente os
programas desenvolvidos pelo TSE.
Em 2004, a atuação destas entidades foi a seguinte:
1) o PT, PDT e OAB enviaram representantes para avaliar o
software, e chegaram a desenvolver programa próprio de assinatura
digital;
2) o MP assumiu uma posição estritamente formal. Não fez
nenhuma avaliação do software eleitoral, mas decidiu assiná-los mesmo
assim, usando um programa derivado do programa do PDT.
Esta experiência revelou enormes custos e dificuldades que,
na prática, tornavam impossível a validação do software por essas
entidades.
Assim, a partir de 2006, o PDT continuou enviando
representante para analisar os programas, mas deixou de assinar
digitalmente porque não podia assegurar a confiabilidade do sistema
analisado.
A OAB assumiu a mesma postura formal do MP em 2006 e 2008,
isto é, não fazia nenhuma avaliação técnica do software eleitoral, mas
emprestava seu prestígio à autoridade eleitoral ao participar da
cerimônia oficial final de assinatura dos arquivos.
Em abril de 2010, o CMind entregou o seu relatório ao
presidente da OAB, Ophir Calvacante Júnior, em que denunciava os riscos
à sociedade nessa postura de legitimar o software eleitoral sem de fato,
tê-lo avaliado. Ophir Cavalcante disse então que pediria parecer à
comissão de Direito Eleitoral e Informática da entidade, e tornou sua
posição pública:
“Se o parecer disser que a Ordem não deve legitimar, não
vamos legitimar [o atual modelo de votação eletrônica]”, ressaltou,
antes de reconhecer que “hoje,
a OAB faz de conta [que fiscaliza as eleições]”.
A promessa foi cumprida. A comissão de informática da OAB
enviou o Sr. Rodrigo Anjos, especialista em Tecnologia da Informação,
como seu representante devidamente credenciado ao Tribunal Superior
Eleitoral. Ao constatar que o conjunto do software eleitoral era
composto por dezenas de milhares de arquivos com mais de 16 milhões de
linhas de códigos-fonte, foi confirmado que não havia condições práticas
de validar o software do TSE e decidiu-se que a OAB não iria assinar
cada programa para que não se passasse a imagem de legitimadora do
processo.
Houve, no entanto, um mal-entendido no desenrolar. O TSE
marcou inicialmente a cerimônia de assinatura e lacração dos sistemas
para o dia 2 de setembro, e seu presidente convidou o presidente da OAB
para a cerimônia. Como a OAB não iria assinar os programas, foi enviado
o advogado Francisco Caputo Neto, presidente da OAB do Distrito Federal,
para assistir a cerimônia.
Mas, naquele momento, o Sr. Caputo foi convidado a assinar
"o pacote dos programas" (e não cada programa individualmente), e
assinou-os sem saber ou sem considerar que tal assinatura era meramente
formal, e não capacitaria os representantes da OAB a poder verificar as
assinaturas dos sistemas instalados.
Desde então, no site do TSE consta com destaque a notícia
de que a OAB, junto com o MP,
teria dado legitimidade os programas.
Mas havia erros no software assinado no dia 2 de setembro,
e nova cerimônia de compilação, assinatura e lacração teve que ser
realizada nos dias 13 e 14 de setembro no TSE. Os erros encontrados eram
primários (buffer overflow), e confirmam a imaturidade do processo de
desenvolvimento do software do TSE, que já fora denunciada no Relatório
COPPE-UFRJ (de 2002) e no relatório CMind (de 2010). Mostra ainda que
quem assinou no dia 2 (MP, PT e o Sr. Caputo Neto) não tinha feito uma
avaliação eficiente.
Finalmente, na cerimônia do dia 14 de setembro, a OAB
cumpriu a determinação de sua Comissão de Informática e não enviou
nenhum representante para assinar e legitimar o software desenvolvido
pelo TSE.
Consideramos bastante corajosa a decisão do presidente da
OAB e merecedor de nosso elogio.
A assessoria de imprensa da autoridade eleitoral
brasileira, que, por seu absolutismo, tem muita dificuldade em
reconhecer suas mazelas, escondeu da imprensa a cerimônia do dia 14 para
que não tivesse que admitir que havia erros nos programas, detectados à
undécima hora. Escondeu também que a OAB finalmente deixou de legitimar
seu método de desenvolvimento de software. Continua em destaque no site
do TSE a notícia da lacração do dia 2, com a presença do representante
da OAB.
A lamentar, temos a posição do MP de continuar assinando os
sistemas do TSE sem nunca ter feito nenhum esforço técnico de avaliação
do sistema, permitindo que se passe para a sociedade que esta
instituição legitima um sistema eletrônico que, na realidade, nunca
avaliou.
Como engenheiro que sou, lamento também que a minha
associação de classe, o sistema CREA-CONFEA, não tenha ainda se
capacitado para avaliar o sistema eleitoral eletrônico brasileiro e
apresentar seu parecer à sociedade brasileira.
Mais uma vez, parabéns à OAB por sua atitude responsável de
não omissão perante a sociedade.
*
Informações do Conjur.
- Leia também:
O
voto de cabresto digital - Por Fábio Bettinassi
As urnas eletrônicas e
a zerézima - Por Davi Castiel Menda
* * *
Brasília:
Ophir: educação no
Brasil está na UTI
Para presidente da
OAB, educação no país precisa de um choque no novo governo.
O sistema educacional no Brasil está na UTI e precisa de um
choque efetivo, principalmente por parte dos próximos governadores e
presidente da República. A afirmação foi feita hoje (19) pelo presidente
nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, ao
comentar o péssimo resultado do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem
2009. Para Ophir, o choque precisa ser dado, necessariamente, no início
dos novos governos, estadual e federal, para que a educação possa se
tornar uma prioridade no país.
Para Ophir Cavalcante, os números apresentados pelo Enem
são assustadores. "Hoje, o ensino no Brasil, ao invés de ter tido uma
melhoria em sua qualidade, lamentavelmente, estagnou-se, mostrando-se
pior do que sempre". Segundo o Ministério da Educação, quase sete mil
escolas brasileiras tiraram média abaixo de 500 no Exame, numa escala
que vai de zero a mil. Dessas, 97,8% são da rede estadual de ensino.
A seguir a íntegra do comentário feito pelo presidente
nacional da OAB sobre as estatísticas divulgadas:
"Os números apresentados pelo Enem são assustadores. Hoje,
o ensino no Brasil, ao invés de ter tido uma melhoria em sua qualidade,
lamentavelmente, estagnou-se, mostrando-se pior do que sempre. Não se
pode conceber que a rede estadual de ensino, que hoje reúne cerca de
85,9% das matrículas no país, esteja tão desestruturada do ponto de
vista da gestão e desqualificada do ponto de vista da qualidade de
ensino.
Isso demonstra que falta uma política pública definida e
com prioridade com relação à educação. O descaso com o qual os
governantes tem tratado a educação aponta para uma má formação dos
futuros profissionais, com reflexos em todas as carreiras.
No Exame de Ordem, essa constatação fica muito mais clara
porque muitos egressos do ensino público também prestam as provas e o
índice de reprovação é bastante semelhante ao do Enem. A educação no
Brasil está na UTI e precisa de um choque efetivo. Nada melhor do que o
início de um novo governo, estadual ou federal, para que esse choque
possa acontecer, tomando a educação uma prioridade no país.
Só poderemos fazer grandes transformações sociais se
tivermos uma educação de qualidade. Não adianta soluções tópicas, é
necessário que haja uma profunda reforma educacional, um comprometimento
maior de verbas públicas para a educação. Só assim poderemos mudar esse
lamentável quadro, acabando com o estelionato educacional principalmente
no ensino superior (faculdades).
Muitos desses alunos que tiveram uma péssima educação no
nível fundamental e médio quando chegam no ensino superior encontram
facilidade para ingressar nas faculdades particulares que só visam o
lucro e não oferecem uma formação de qualidade. É necessário que haja
maior controle por parte do Ministério da Educação a respeito da
formação em nível estadual. Deve haver uma maior fiscalização por parte
do MEC para que haja maior qualidade no ensino."
*
Informações do Conselho Federal da OAB.
* * *
Brasília:
OAB adverte no STF que ‘a lei é para
todos’*
Presidente nacional da OAB sustentou a
necessidade de se manter no Estado democrático de
Direito os poderes interagindo de forma
independente e harmônica, sem interferência de um sobre outro.
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil,
Ophir Cavalcante, ao discursar no dia 23/04 na cerimônia de posse do
presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, fez uma
dura advertência aos atuais detentores de cargos eletivos e candidatos
que insistem em desrespeitar a lei, lembrando que "a lei é para todos -
do topo da pirâmide até a base - e, segundo a Constituição, todos são
iguais perante ela". Enfatizando a importância de um Judiciário atuante
para o fortalecimento da democracia, Ophir ressaltou que "a lei
representa o antídoto contra qualquer prática de crime: não importa que
seja um simples delito, passando pelo desrespeito à legislação
eleitoral, até o mais sofisticado golpe de ataque ao erário público".
O presidente nacional da OAB sustentou a necessidade de se
manter no Estado democrático de Direito os poderes interagindo de forma
independente e harmônica, sem interferência de um sobre outro. "São
noções elementares que remontam nosso modelo republicano e sobreviveram,
graças a um Judiciário forte, às inúmeras aventuras golpistas de nossa
história. Sempre que se buscou romper esse equilíbrio, tentando
desqualificar decisões judiciais, evidenciava-se a marca dos governos
arbitrários e discricionários", afirmou.
Se por um lado destacou a importância de um Judiciário
forte e atuante para a defesa e consolidação da democracia, por outro
Ophir Cavalcante criticou o que chamou de "voluntarismo judicial que
atenta contra direitos fundamentais básicos e, por tabela, contra as
prerrogativas dos advogados - prerrogativas que, tenho o cuidado de
destacar, não são privilégios mas direitos definidos em lei". Segundo
ele, essa atitude se expressa, por exemplo, nas escutas telefônicas
ilegais e nas vozes que defendem a instalação de um "big brother" no
país, "com todos vigiando todos".
Ophir criticou também aqueles magistrados que não cumprem o
dever legal de morar nas Comarcas - "para onde se dirigem em alguns dias
da semana, mais parecendo meros visitantes", observou -, bem como
aqueles que até hoje não dispensam tratamento urbano aos advogados. Ele
encerrou sua fala destacando que o perfil do novo presidente do STF,
ministro Cezar Peluso, "que se ajusta aos desafios da nova realidade
nacional, desafios de um Brasil que irá exigir do Judiciário uma atenção
especial para as demandas em praticamente todos os campos da vida
política e institucional".
A seguir, a íntegra do discurso do presidente nacional da
OAB, Ophir Cavalcante, na posse do presidente do STF:
"Mais uma vez, a Ordem dos Advogados do Brasil ocupa esta
Tribuna para se manifestar em nome da sociedade civil numa cerimônia de
posse do Presidente e Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Devemos refletir este momento (e é o que faço agora) não como uma mera
concessão protocolar, mas sim como uma demonstração do avanço e do
respeito mútuo entre as nossas instituições.
A OAB comparece a esta tribuna, com muita honra, para dar
voz à cidadania no espaço do Judiciário, um dos pilares sem o qual não
sobrevive nenhum projeto de construção de nação democrática.
Digo "construção" porque sabemos todos que a democracia
será sempre uma obra inacabada enquanto continuarmos a conviver com
grupos que mancham a administração pública com práticas de corrupção;
que abusam de poderes para violar direitos fundamentais; e que tentam
transformar a aplicação da justiça em espetáculo pirotécnico, num vale
tudo que acaba não valendo nada.
Ideologias do atraso que, infelizmente, teimam em resistir
ao tempo, razão porque (reitero) o Judiciário está sempre a merecer
nossa atenção redobrada, pois é um dos pilares indispensáveis para
sustentar o edifício da dignidade humana.
Vossa Excelência à frente do Supremo Tribunal Federal e do
Conselho Nacional de Justiça, do qual a Ordem dos Advogados faz parte,
teve uma importância crucial para, a partir de um diagnóstico interno
fundado em números, aproximar o Judiciário da realidade do nosso País.
Expressou-se com dignidade, nos autos e fora deles, quando necessário,
com uma franqueza que se de um lado lhe custou críticas e
incompreensões, de outro lhe granjeou admiração e respeito.
Neste País não se quebram algemas de séculos de
autoritarismo sem pagar um preço, mas Vossa Excelência enfrentou todas
as adversidades causadas pelas suas atitudes sem demonstrar temor e nem
sequer preocupado em esperar o troco.
Sua maior contribuição, ao lado das inúmeras ações
efetivas, dentre as quais destaco os chamados mutirões carcerários pelos
quais traçou uma radiografia do inferno que é viver encarcerado e sem
perspectiva de futuro, foi combater o voluntarismo judicial, os atalhos
perigosos ainda arraigados em muitos setores da Justiça e que restringem
direitos e reduzem qualquer cidadão à condição de suspeito de culpa até,
ele próprio, provar a sua inocência.
O que se quis, e ainda se quer, por absurdo que pareça, é
inserir o Brasil em um sistema panóptico, idealizado por Jeremy Bentham
e descrito por Foucault: ou seja, todos vigiando todos, muito além do
Grande Irmão de George Orwell.
Não são poucas as vozes defendendo que se instalem sistemas
de vigilância eletrônica em gabinetes, repartições, escritórios - em
cada rua, em cada esquina, em cada arbusto, se possível, transformando o
cotidiano humano numa paródia de vida de inseto, na qual as provas são
produzidas contra ele próprio.
Não existe outro sentimento, afora o da indignação, quando
esse voluntarismo judicial atenta contra direitos fundamentais básicos
e, por tabela, as prerrogativas dos advogados. Prerrogativas que, tenho
o cuidado de destacar aqui, não são privilégios, mas sim direitos
definidos por lei. E mais do que isso, direitos que não se restringem à
pessoa do advogado ou advogada, pois alcançam o próprio usuário da
Justiça, o cidadão, o jurisdicionado.
Enquanto isso, é triste constatar que ainda há alguns
magistrados que não cumprem, como deviam, os seus deveres de morar nas
Comarcas, para onde se dirigem em alguns dias da semana, mais parecendo
mero visitantes. Há magistrados que não dispensam, como deviam,
tratamento urbano aos advogados. Há magistrados que convidam advogados a
se retirarem das salas de audiência. Há magistrados que só recebem
advogados em horários preestabelecidos, inclusive com fichas de
inscrição. Há magistrados que chegam atrasados às audiências. Há
magistrados que não permitem que advogados retirem autos do cartório. Há
magistrados que desconhecem o princípio constitucional da razoável
duração do processo.
Tais procedimentos, devo ressaltar, não são generalizados,
mas existem e é nosso dever denunciá-los, pois denigrem, afrontam,
humilham e prejudicam de forma contundente o livre e sagrado exercício
da defesa, em detrimento da atividade profissional e da cidadania. O
abuso de autoridade cometido contra o advogado no exercício profissional
é um atentado contra a própria Constituição Federal. Logo, quem
descumpre prerrogativa profissional prevista em lei é criminoso, está
cometendo crime de abuso de autoridade.
Vossa Excelência, Ministro Gilmar Mendes, tem o nosso
reconhecimento por neutralizar boa parte do furor populista de uma
polícia pirotécnica e de uma justiça "injusta e falha", e fortalecer o
conceito da "justiça justa", aplicada a todos, indistintamente, com
celeridade e eficiência, baseada nos preceitos do Estado democrático de
Direito.
Sob seu comando, o Conselho Nacional de Justiça ganhou um
ímpeto na forma e na prática, fiscalizando a administração da Justiça ao
identificar o acervo de processos sem decisão e exigir o cumprimento das
famosas "metas". Para além disso, atraiu debates que, se antes eram
impossíveis no âmbito dos tribunais, em razão do natural distanciamento
entre o julgador e os julgados, hoje são indispensáveis para envolver
todos os segmentos da sociedade organizada. O debate em torno das
liberdades individuais contra o Estado Policial; sobre a desumanidade
que é o sistema carcerário e a necessidade de políticas de efetiva
reinserção social, tudo sob uma ótica humanista, são exemplos candentes
dessa transformação.
Claro está, e seria injusto se não o registrasse, Vossa
Excelência contou com o apoio decisivo de seus pares, nobres membros
desta Casa e dos eminentes Conselheiros do CNJ.
A partir dessa constatação, traço aqui uma linha de
reflexão para lembrar que a lei é para todos, e segundo a Constituição
todos são iguais perante ela. Quando me refiro a "todos", significa do
topo da pirâmide até a sua base, pois somente a lei, quando observada em
seus ritos e procedimentos, representa o antídoto contra qualquer
prática de crime. Não importa que seja de um simples delito, passando
pelo desrespeito à legislação eleitoral, até o mais sofisticado golpe de
ataque ao erário público.
Em um Estado democrático de Direito, os Poderes interagem
de forma independente e harmônica, sem interferir um no outro. São
noções elementares que remontam nosso modelo Republicano e sobreviveram,
graças a um Judiciário forte, às inúmeras aventuras golpistas de nossa
história. Sempre que se buscou romper esse equilíbrio, tentando
desqualificar decisões judiciais, evidenciava-se a marca dos governos
arbitrários e discricionários.
Lembrando Rui Barbosa, nosso patrono, os tribunais não usam
espadas. Os tribunais não dispõem do Tesouro. Os tribunais não escolhem
deputados e senadores. Os tribunais não fazem ministros e não distribuem
candidaturas. Não elegem presidentes. Os tribunais não comandam
milícias, exércitos ou esquadras.
Os tribunais julgam.
E é por medo dos tribunais que tremem os tiranos.
Não devemos esquecer que o nosso modelo
político-institucional se deve, em grande parte, ao Judiciário,
sobretudo ao Supremo Tribunal Federal. Por aqui foram discutidas e
definidas as liberdades civis, o estabelecimento da jurisprudência, a
reafirmação da inviolabilidade dos direitos constitucionais de reunião e
da livre manifestação do pensamento. Nem sempre, é claro, com a devida
compreensão dos governantes de plantão.
Foram inúmeras as pressões que Supremo Tribunal sofreu
diante de sucessivos golpes de Estado e atos institucionais, do início
da República até datas mais recentes.
Mas esta Corte sobreviveu para provar que a democracia não
se restringe a uma técnica de organização e administração do Poder,
completamente dissociada de fins e valores. A democracia se alimenta dos
valores éticos e morais, da dinâmica das circunstâncias, das demandas
sociais, das pressões e contrapressões, enfim, da cadeia que une os elos
dos sistemas sociais, econômicos e políticos.
Senhoras e Senhores,
O Judiciário, nessa moldura, é o bastião da cidadania. Não
mais o Poder Moderador, mas sim o Poder Estabilizador, que promove o
equilíbrio do Estado democrático. É também o Poder Garantidor da
segurança jurídica, da liberdade ativa e da Constituição.
O Brasil precisa de um Judiciário independente e forte
também para atender as demandas sociais. A nossa democracia,
infelizmente, é carente de conteúdo social, pois não atende as
necessidades essenciais do povo, que, afinal de contas, é o agente, o
meio e o fim do desenvolvimento.
Essa ausência de conteúdo social se reflete nas
estatísticas das desigualdades sociais.
Relatório das Nações Unidas recentemente divulgado
classifica o Brasil como um fiasco em matéria de saneamento básico nas
áreas urbanas. No meio rural, um desastre. Em tempos de enchentes, uma
catástrofe.
Ao ser exposta com frieza essa dura realidade, percebe-se
que os camponeses de países como Sudão e Afeganistão, envolvidos em
conflitos internos, possuem melhor acesso a saneamento do que no Brasil,
oitava economia do mundo e septuagésima quinta (75ª) em desenvolvimento
humano. São números divulgados pela imprensa em todo o mundo.
Igualmente no quesito segurança pública, vivemos uma
espécie de guerra civil não declarada, em particular nos grandes centros
urbanos, com assassinatos e outras práticas de violência que nos situam
como o sexto país com a maior taxa de homicídios do mundo dentre noventa
e um analisados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mas não é só.
Em seu discurso de posse, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, com a sensibilidade que lhe é característica, decorrente do
profundo conhecimento de nossas mazelas sociais, identificou na incúria
e na corrupção a origem da inversão de valores que leva a uma
conseqüência imediata: a fome. Nada mais verdadeiro e triste, sendo
impensável se continuar vivendo com a lógica das Escrituras de ‘Aos
pobres é reservado o reino dos céus'. Agora, como defendia Josué de
Castro, devemos pensar que aos pobres deve também ser reservado o reino
da Terra, pois a Terra é para todos os homens e não só para um grupo de
privilegiados.
Evoluímos, sim, mas ainda persistem os privilégios e com
eles as anomalias que levam à descrença de que se pode mudar desviando o
foco da corrupção.
Tomo como exemplo para a reflexão a postura de Governos que
transformam grandes somas de dinheiro público em campanhas publicitárias
cujo objetivo não é outro senão o da promoção particular. Um truque para
manter-se na pole position da corrida eleitoral.
As injustiças diminuiriam se os recursos fossem
corretamente aplicados. Agora mesmo o CNJ, o Conselho Nacional do
Ministério Público e o Poder Executivo Federal constituíram um grupo de
trabalho para analisar as razões pelas quais deixaram de ser construídos
28 novos presídios quando milhões de reais já foram liberados.
São questões, diriam alguns, recorrentes nesta tribuna,
mas importantes no momento em que o Brasil novamente se encontra diante
do grande debate democrático das eleições. Passam-se os anos e continua
adiada a necessária reforma política, indispensável para a moralização
de práticas e costumes, para a densidade doutrinária dos partidos, para
o aperfeiçoamento da sistemática eleitoral.
Seja na saúde, na educação, no trabalho e na segurança,
continuamos sem um planejamento ordenado de nossas políticas de
infra-estrutura social e econômica. Insistimos na improvisação, e de
apagão em apagão alimentamos a ilusão de que no final tudo vai dar
certo. Para alguns, talvez. Mas até quando seremos o país da apartação -
dos poucos que têm de sobra e dos muitos que tudo falta?
A Ordem dos Advogados do Brasil traz essas considerações
esperando interpretar o sentimento de parcela ponderável do pensamento
nacional. Sentimento este, porém, que está longe de ser pessimista.
Houve avanços em todos os setores e em especial nas políticas sociais, é
claro, e, no tocante ao fortalecimento das instituições, eles são
palpáveis.
Retiro novamente de Rui Barbosa o seguinte ensinamento: "A
garantia da ordem constitucional, do equilíbrio constitucional, da
liberdade constitucional, está neste templo da Justiça, neste inviolável
sacrário da lei, onde a consciência jurídica do País tem a sua sede
suprema, o seu refúgio inacessível, a sua expressão final".
Vossa Excelência assume a Presidência do Supremo Tribunal
Federal em meio a essa revolução silenciosa (corrijo, é bem verdade, uma
revolução às vezes ruidosa) que vem se processando no âmbito do
Judiciário. Portanto, ainda não acabou.
O espírito de independência, encarnado por Vossa
Excelência, se ajusta plenamente aos desafios da nova realidade
nacional. Desafios de um Brasil que irá exigir do Judiciário uma atenção
especial para as demandas em praticamente todos os campos da vida
política e institucional.
Temos a convicção de que Vossa Excelência saberá exercer o
cargo com competência, dignificando a Justiça, a cidadania, e a sua
própria história. A estrada é longa, mas saiba que nela Vossa Excelência
nunca estará sozinho. Há uma grande nação a acompanhá-lo.
Peço a Deus, Sr. Presidente, que o ilumine em sua missão,
ao lado do Ministro Carlos Ayres Britto e dos demais membros desta
Corte. Muito obrigado."
*
Informações da
OAB.
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