Antártica:
Marinha faz resgate e impede acidente
ambiental*
A embarcação foi içada por um guindaste
do navio Gulmar Atlantis e,
posteriormente, teve colocados
flutuadores ao longo de seu casco.
Uma chata carregada com óleo combustível, que afundou no
final do ano passado no Continente Antártico, perto da Estação
Comandante Ferraz, foi resgatada e levada para terra, afastando o perigo
de dano ambiental. A informação foi divulgada no final da tarde de
sábado (3) pela Marinha. Os trabalhos de resgate começaram em 28 de
fevereiro e duraram cinco dias.
A embarcação foi reflutuada em operação executada por
mergulhadores embarcados no navio Gulmar Atlantis, cedido pela
Petrobras, com apoio do Navio Polar Almirante Maximiano, da Marinha.
Também foi utilizado um veículo submersível de operação remota, um
minisubmarino conhecido como ROV, para checar as condições em que se
encontrava a chata.
A embarcação foi içada por um guindaste do navio Gulmar
Atlantis e, posteriormente, teve colocados flutuadores ao longo de seu
casco. Em seguida, o óleo que estava em seus tanques foi bombeado em
recipientes que permitem armazenamento seguro, para ser levado pela
Marinha à base no Rio de Janeiro.
Durante toda operação, houve a preocupação de se evitar
qualquer possibilidade de dano ambiental na região, que é considerada um
santuário de vida marinha ainda livre da poluição, através da colocação
de uma barreira ao redor da área montada com equipamentos da Petrobras.
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Informações de Planeta Sustentável/Abril.
06/03/2012
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Um italiano na Antártida:
O mundo em branco e preto
A vida na Base Concórdia, Centro de
Pesquisas científicas no alto platô antártico.
Por Daniele Karlicek*
Em 30/03/2010
Daniele no mundo branco da Antártida.
Faz três meses e meio que sai da cidade de Trieste, na
Itália, para viajar à base ítalo-francesa de Concórdia, construída no
Dome C, sobre o platô Antártico, a 1.200 km de distância do primeiro ser
vivente.
Quando sai, uma incógnita surgiu na minha mente: de onde eu
havia chegado e com quais pessoas eu teria convivido por aproximadamente
um ano, este era o meu maior pensamento.
A primeira questão foi resolvida quando desci do twin
otter; o lugar é fantástico, o ambiente é extremo, mais do que eu
poderia desejar. Quem chega até aqui pode se orgulhar de ter estado num
outro planeta.
Apesar do absoluto isolamento e da vida estática do lugar,
quando saio para me conduzir ao shelter para realizar vários trabalhos,
percebo que à minha volta existem coisas diferentes.
Isto não é pela monotonia de quem está fora de casa, mas
pelo extremo frio. Aqui não têm pessoas transitando, não têm automóveis,
nem semáforos e pode se ouvir o silêncio que na vida civil não existe.
Minha casa agora está a mais de 18 mil km ao norte e 3.230
metros mais abaixo (resido ao nível do mar). Lá, naquela distância, eu
encontra a minha namorada, minha família e meus amigos. A saudade é
muita, mas, por sorte, encontrei pessoas simpáticas, disponíveis e
divertidas. Acredito ter encontrado um grupo que vai superar e muito
este grande inverno antártico.
Apesar das distâncias culturais da linguagem, tenho a
impressão que nestes tempos estaremos em contato amigável.
Procuramos apreender o idioma e as diferenças, graças aos
problemas que surgem em vários setores e temos a possibilidade de expor
notadamente nossas experiências trabalhistas e sociais.
Evidentemente, não podemos ver o verde das árvores o azul
do mar (aqui tudo é branco) e parece que estamos vivendo num filme em
branco e preto. Mas quando voltarmos, nós estaremos aptos a valorizar
coisas que nunca tínhamos feito antes, apreciando as cores que a
natureza nos brinda e que, faz três meses não tínhamos notado a
diferença.
A fase em que o sol brilhava 24 horas por dia terminou, agora nós
podemos apreciar as nuances das cores do por do sol, e à noite
conseguiremos ver o céu como em nenhuma outra parte ao mundo.
A Via Láctea é claríssima, os astrônomos nos indicam as
várias estrelas e as constelações e, pela primeira vez, pude ver o
Cruzeiro do Sul.
Aproxima-se a escuridão total e espero poder logo ver as
auroras austrais. Os dias passam rápido e percebemos que todas as
preocupações de como ocupávamos o nosso tempo antes de vir a este lugar,
não tinham sentido algum.
Uma saudação, a todos deste mundo do planeta Antártida.
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Daniele Karlicek é técnico do laboratório de Geoquímica Isotópica da
Universidade de Trieste/Itália.
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Texto extraído do site da
base
ítalo-francesa de Concórdia – Pesquisas científicas no alto platô
antártico.
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Tradução: Anna Baraldi Holst (SC).
- Colaborou: J. Ildefonso P. de Souza.
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Foto: divulgação.
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