Marte
Pasadena/Califórnia: Nasa vê água corrente em Marte Dados da nave espacial MRO da Nasa, que se encontra na órbita de Marte, sugerem a existência de água salgada e corrente no planeta vermelho.
Pepe Chaves* De Belo Horizonte-MG Para Via Fanzine 05/08/2011
As estrias alongadas seriam água salgado que escorre pelos penhascos e Marte em determinadas estações.
Descoberta de outro mundo
Uma nova revelação da Nasa deve mexer com a comunidade cientifica astronômica nos próximos dias. Registros da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da Nasa, que trabalha na órbita marciana, revelaram que, possivelmente, consideráveis volumes de água líquida fluem durante os meses mais quentes na superfície rasa de Marte.
Se a agência espacial americana chegou a enviar até jipes robôs ao solo de Marte, também em sua órbita, ela mantém potentes olhos que observam e analisam detalhes intrínsecos do mundo vermelho.
Para o administrador geral da Nasa, Charles Bolden, “O programa de exploração de Marte da NASA continua a nos aproximar da resposta sobre alguma espécie de vida no planeta vizinho”.
Ainda de acordo com ele, o programa também “reafirma Marte como um importante destino futuro para a exploração humana”.
Fluxo de água salgada
Sulcos escuros e característicos de fluxos aparecem durante o final da primavera com o verão, somem no inverno e retornam durante a primavera seguinte. Observações repetidas monitoraram mudanças sazonais nestes traços recorrentes em vários declives acentuados, localizados nas latitudes médias do hemisfério sul de Marte.
Alfred McEwen, da Universidade do Arizona, em Tucson, o principal analista para a câmera orbital High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE), que "enxergou" o achado, afirma que, “A melhor explicação para estas observações até agora é o fluxo de água salgada”.
McEwen, que é autor de um relatório sobre os fluxos recorrentes, publicado em recente edição da revista Science, acredita que alguns aspectos das observações ainda são como um quebra-cabeça para os pesquisadores, mas destaca que os fluxos líquidos, característicos de salmoura, se encaixam melhor do que as hipóteses alternativas.
A salinidade diminui a temperatura de congelamento da água. Assim, locais com fluxos ativos podem se aquecer o suficiente, mesmo na subsuperfície rasa, para manter a água líquida que é tão salgada como a dos oceanos da Terra, enquanto a água pura seria congelada nas temperaturas observadas.
“Estas estrias escuras são diferentes de outros tipos de características encontradas nas encostas marcianas”, afirmou o cientista Richard Zurek, do Projeto Mars Reconnaissance Orbiter do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), em Pasadena, Califórnia.
“Observações repetidas mostram que o fluxo se amplia cada vez mais para baixo com o tempo e durante a estação quente”, explicou Zurek.
A cor escura dos fluxos não significa que estejam necessariamente molhados.
Água pode secar rapidamente na superfície
As estrias escuras medem de 0,5 a cinco metros de largura e têm comprimentos que se estendem por até centenas de metros. A largura é muito menor do que a anteriormente relatada nas encostas marcianas. No entanto, alguns desses locais apresentam mais de mil fluxos individuais.
Quando os pesquisadores verificaram o fluxo nas encostas com o Espectrômetro Compacto (CRISM) - do veículo orbital Mars Reconnaissance Imaging - nenhum sinal de água foi detectado. Eles acreditam que a água líquida pode sublimar rapidamente na superfície ou as estrias podem se tratar de fluxos superficiais na subsuperfície.
“Os fluxos não são escuros por estarem molhados, mas por algum outro motivo”, argumenta McEwen. De acordo com ele, um fluxo de água salgada poderia reorganizar partículas ou alterar a rugosidade superficial de forma que escureça a sua aparência. “É um mistério, até então, mas um mistério que pode ser revelado com mais observações e experimentos de laboratório”, concluiu McEwen.
Estes resultados são os mais próximos que os cientistas chegaram sobre a comprovação da existência de água líquida na superfície de Marte na atualidade. Já a água congelada tem sido detectada próxima à superfície e em várias regiões de elevadas latitudes.
* Pepe Chaves é editor do diário digital Via Fanzine e da Rede VF. - Com informações de Nasa/JPL e tradução do autor.
- Imagens: NASA / JPL-Caltech (www.nasa.gov).
- Colaboraram: José Ildefonso P. de Souza e Márcio R. Mendes (SP).
- O Jet Propulsion Laboratory (JPL), uma divisão do California Institute of Technology, em Pasadena, Califórnia (EUA), administra a missão Mars Science Laboratory da NASA, através do Science Mission Directorate, em Washington (EUA).
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- Extra: Mais informações sobre o programa Mars Reconnaissance Orbiter (Nasa/JPL): http://marsprogram.jpl.nasa.gov/mro/
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