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 Apollo 11

 

A saga dos 40 anos da Missão Apollo 11:

Do Vale do Antílope ao solo lunar Parte 1

Faz 40 anos, os primeiros seres humanos aportaram em solo lunar.

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Por Márcio R. Mendes*

De Dois Córregos/SP

Para ASTROvia_

 

 

O módulo da Apollo 11 circunda a Lua, enquanto a Terra é vista ao fundo.

 

Três homens e uma história

 

É difícil encontrar o ponto de partida; o início de toda a história. Talvez esteja em homens sonhadores que mesmo entre as atrocidades da Segunda Grande Guerra, viram outras utilidades para os veículos que carregavam a morte. Repentinamente, a Lua não pareceu mais ser um alvo inatingível. Talvez, esteja muito aquém, quando se manipulou o enxofre que, misturado a outros produtos químicos, liberava uma quantidade razoável de energia... Ou talvez esteja mesmo, no primeiro ser humano, que nas pradarias do antigo continente Africano, olhando os céus, perguntou-se o que seriam aqueles distantes pontos de luz. É uma longa história.

 

Talvez seja razoável começar pelos homens diretamente envolvidos. Afinal, estamos comemorando as quatro décadas do feito destes homens que, apoiados em um verdadeiro exército de colaboradores, puderam marcar a presença humana na Lua. Esta é a estória de Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins.

 

Pode-se discutir a escolha e, talvez, não sejam os melhores embaixadores de nosso planeta; mas, o fato, é que ousaram partir e caminhar em um outro corpo celeste. Vamos então recordar ou conhecer um pouco sobre esses representantes da nossa espécie.

 

A jornalista italiana Oriana Fallaci (falecida em 2006) escreveu diversos

artigos sobre os pilotos de provas, que mais tarde se tornariam astronautas.

 

Anos de Néon

 

Já naquela época, Las Vegas era a cidade do néon, contrastando com estradas poeirentas da Califórnia, no final da década de 50. Nas planícies extensas, no Vale do Antílope, está dos maiores complexos aeronáuticos dos Estados Unidos. O local é uma espécie de “Meca” dos melhores pilotos do país.

 

No Vale do Antílope, Neil Armstrong e Michel Collins foram aceitos para compor o seleto quadro de pilotos de provas das melhores e mais avançadas aeronaves já produzidas. Na época, não lhes passava pela cabeça viajar ao espaço, muito menos à superfície da Lua.

 

O início do programa espacial tripulado esbarrou com inúmeros problemas, dentre os quais, a busca pelos perfis corretos e dispostos a encarar o desafio de sair de sua atmosfera, para ir além. Foi inevitável que buscassem os pilotos de prova da Base de Edwards e também da Marinha.

 

Os nomes Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michel Collins têm lugar garantido na história humana. Toda a mídia da época contribuiu para criar uma imagem de “semi-deuses” aos astronautas, graças aos seus feitos. Mas pouca coisa sobre a formação profissional e pessoal de um astronauta era tornada público. Contudo, a jornalista italiana Oriana Fallaci (falecida em 2006), teve o privilégio de conviver e escrever muito sobre os antigos pilotos de provas, posteriormente “transformados” em astronautas. De forma nada convencional, a jornalista traça perfis mais realistas desses homens.

 

Os três tripulantes da Apollo 11 estavam com exatos 39 anos quando se aventuraram nesta jornada à Lua.

 

Neil Armstrong

 

 

Ao pé da letra, Armstrong traduz-se “braço forte”; mas, segundo Oriana, Neil seria um sujeito tímido e de poucas palavras. Em três anos de abordagens conseguiu muito pouco de Neil, comentando que costuma ruborizar-se facilmente nos bate-papos, o que o enfurece e chega a tornar-se grosseiro.

 

Niel não tem nenhuma fantasia, dificilmente se interessa por qualquer coisa, exceto voar e entender as máquinas de vôo. Ainda segundo Oriana, nunca leu um romance, nunca foi a um concerto, nunca admirou um quadro, nunca teve prazer com qualquer coisa a não ser com uma hélice ou um reator. Segue dizendo que nunca teve um minuto de cordialidade dele, de calor humano, exceto se pronunciasse as palavras Mercury, Gemini, Apollo, LEM (sigla para Módulo Lunar).

 

Em seu formulário, no item “a que religião pertence?”, consta a resposta: nenhuma. Pessoas que o conhecem bem, dizem que qualificá-lo como ateu não é o ideal, e sim um agnóstico. Outros chegaram a dizer que Neil é o único dos astronautas que não acredita em Deus por um simples motivo: Deus não é um avião!

 

Tendo participado em 68 missões na Coreia, a guerra para Neil, resumiu-se em análises das performances de seus voos; na experiência de aplicar novas técnicas de voo e a eficácia das mesmas. Incapaz de abalar-se com os resultados de conflitos bélicos, a guerra da Coreia transformou-se em um laboratório para refinamentos em técnicas de voar e conhecer a fundo a máquina de voo.

 

Mais tarde, o piloto do avião-foguete X-15, Joe Walker, definiu-o como “o melhor piloto de X-15 que já existiu”. Era extremamente preciso e de uma calma invejável. Durante o pouso do módulo lunar, teve a frieza em retardar o pouso, desviando para um sítio mais adequado, o que lhes deixou, ao final, com apenas 20 segundos de combustível.

 

Na ocasião do vôo da Apollo 11, o Chefe de Relações Públicas da Nasa chegou a comentar: “Não espero frases memoráveis de Neil ou de Buzz (referindo-se à Aldrin) ao desembarcarem. São dois pedaços de gelo envolvidos pela sua capacidade técnica”.

 

Oriana conclui que a escolha não foi equivocada, afinal, na Lua ainda não se vai com o romantismo ou com a doçura das fantasias. É preciso usar o Life Suport System, a matemática, os computadores, toda uma Ciência apurada, além da destreza de saber voar.

 

Edwin Aldrin

 

 

O perfil de Edwin Aldrin (apelidado Buzz) não é muito diferente. Encarou a viagem à Lua como uma conquista tecnológica. Aldrin dificilmente sorri (mesmo em situações onde este é o objetivo almejado), porém, é educado e gentil. Casado com a atriz Joan Archer, Aldrin é um tanto ufanista e não esconde a idéia de que seu feito teve algum desígnio divino.

 

É coronel da aviação e formado em West Point. Teve participação na Guerra da Coreia, executando 66 missões bem sucedidas. Quando surgiu-lhe a oportunidade de participar da Apollo 11, Aldrin treinou duramente para a missão, quase como uma máquina, diziam; com o propósito de não falhar.

 

Michael Collins

 

 

Michael Collins veio de uma família de militares, com generais, inclusive, segundo Oriana, era o mais simpático e mais acessível dos três.  Também formado em West Point, trata-se de pessoa agradável, cuja imagem não fazem jus ao seu modo de ser e, dificilmente, o caracteriza como um militar. Talvez, o único mais “romântico” do trio, Collins foi justamente o único que não desceria à superfície lunar. Sua função seria a de permanecer em órbita lunar, comandando o Modulo de Serviço e de Comando.

 

Collins participou com John Young de um vôo do Programa Gemini, afastando-se logo em seguida do Programa Espacial para uma cirurgia delicada numa saliência da medula espinhal, que poderia condená-lo à paralisia. Curou-se e conseguiu voltar ao Programa, sendo escolhido para compor a tripulação da Apollo 11. Ainda segundo Oriana, ele é o único que conhece o significado da palavra humildade.

 

Estes foram nossos representantes e embaixadores em outro mundo, que comemoram seu feito pela 40ª oportunidade, nesse mês de Julho de 2009.

 

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* Márcio Mendes é físico, professor em Dois Córregos/SP, astrônomo amador membro da REA (Rede Astronômica Observacional) e consultor de Astronomia para Via Fanzine.

 

- Fotos: Nasa/divulgação.

 

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