Aeromodelismo
Vertente radical:
A onda do aeromodelismo
noturno
Clubes de
aeromodelismo e praticantes em todo o país têm se rendido à prática
do aeromodelismo
noturno. Iluminadas com luzes coloridas, réplicas motorizadas
de aviões famosos
executam manobras radicais em altas velocidades
Por
Pepe
Chaves *
De
Belo Horizonte-MG
Para
Via
Fanzine.
Voos noturnos de
aeromodelos em Point Fermin, na Califórnia:
cinco aeromodelos num
belo espetáculo de luzes e movimentos aéreos.
Aeromodelismo se
reinventa
Eles são verdadeiros brinquedos para adultos, estão
aumentando em todo o país e deixando os desavisados assustados com suas
desconexas performances aéreas. São aeromodelos de motores elétricos,
cuja prática já deixou de ser hobby para se tornar um esporte que,
assustadoramente arrebata um grande número de praticantes em todo o
mundo. Além de já estar sendo usados para tomar fotografias aéreas, o
voo motorizado de aeromodelos parece que ainda está se inventando.
Algumas dessas miniaturas em escala são capazes de executar
manobras
precisas e
radicais. Elas podem partir de um tradicional
“parafuso” ou mergulho, passando por zigue-zagues variados, além de
atingir grandes alturas e entre tantas outras que ordenar a criatividade
do piloto. Além disso, alguns aeromodelos podem simplesmente parar no
ar, numa manobra sensacional, conhecida como torque-roll, quando
a aeronave se mantém completamente estacionada em voo.
Geralmente, medindo mais ou menos um metro, um aeromodelo
montado (em estado usado), para um iniciante, pode custar hoje em torno
de uns R$ 600. Contudo, ao longo do uso, vai requerer outros gastos com
manutenção e peças.
Voos noturnos
Recentemente adaptados para a execução de acrobacias em
voos noturnos, os aeromodelos seduzem muito mais e faz com praticamente
todos os aeroclubes do país passem também a praticar essa nova
modalidade. As luzes coloridas e as manobras radicais dessas pequenas
máquinas aéreas podem levar os mais crédulos a pensar que se trate de
OVNI ou de “qualquer coisa de outro mundo”. As performances se tornam um
verdadeiro espetáculo acrobático, de manobras e cores sobre um fundo
negro.
O aeromodelismo noturno, que parece surgir como uma nova
vertente do aeromodelismo tradicional, já dispõe no mercado de diversos
consoles e kits de luzes para adaptação aos aeromodelos. Clubes de
aeromodelismo de várias cidades do Brasil já promovem eventos com
exibições noturnas, onde o destaque são as réplicas elétricas de famosos
aviões, iluminadas e teleguiadas por controle remoto.
“Recentemente construí um modelo do F-35 e no momento estou
voando um modelo do Grippen. Já fiz um Tucano que tem até o logotipo da
Embraer. Não se esqueçam que têm também helicópteros”, falou com Aerovia
o engenheiro aeronáutico, René Nardi, residente em São José dos
Campos-SP, que nas horas vagas se dedica a pilotar aeromodelo.
Adepto do esporte faz alguns anos, Nardi, que já pilotou
aeromodelo à noite, falou da recente tendência aos voos noturnos das
máquinas, “Posso dizer que voar à noite é tão ou mais emocionante do que
voar de manhã”, disse. E acrescenta, sobre a popularização do
aeromodelismo elétrico, “Os aeromodelos com motor elétrico estão tomando conta do
mercado, seja para voar de dia ou de noite”.
O Extra 300 iluminado e
os integrantes do CASCS de Santa Cruz do Sul,
que celebram o primeiro
evento de voo noturno daquela entidade.
Santa Cruz do
Sul-RS
No Estado do Rio Grande do Sul, o Clube de Aeromodelismo de
Santa Cruz do Sul (CASCS) reuniu seus 47 integrantes em dezembro de 2010
para promover o “1º voo noturno do CASCS”.
Apesar do vento acentuado na ocasião - o que interfere na
segurança das manobras - o piloto gaúcho Dilo Ziebell foi a grande
atração do evento. Executando acrobacias com o seu Extra 300, ele foi
destaque no Clic RBS.
Em sua apresentação, Ziebell usou um aeromodelo com
motorização elétrica, equipado com leds vermelhos na parte superior da
asa, brancos na parte inferior e laterais com leds verdes e azuis.
Olímpia-SP
O Estado de São Paulo tem um dos aeroclubes mais
entusiastas do país, o Aeroclube de Olímpia-SP, que pratica o
aeromodelismo noturno. Manobras radicais são executadas pelos membros,
que também usam leds coloridos em suas aeronaves elétricas. Um
vídeo postado na internet mostra precisas manobras noturnas da
aeronave modelo Piper J3, pilotado por Jorge Reis, que usa disposição de
luzes semelhante à de aeronaves convencionais.
De acordo com
informações do
Jornal Planeta, Ricardo Serrano, 55 anos, piloto
profissional de aeronaves, é o pioneiro do aeromodelismo em Olímpia, A
reportagem do jornal informa que Serrano é filho e irmão de pilotos. Ele
se apaixonou pela aviação ainda na adolescência. Aos 18 anos ingressou
na Escola do Aeroclube de Barretos, onde se formou piloto profissional
de voos comerciais.
“Trata-se de um hobby que vicia, apaixonante; você fica
louco de vontade de chegar o final de semana para voar”, afirmou Serrano
sobre a prática do esporte. Ele também destaca a comodidade
proporcionada pela internet para a aquisição de peças de manutenção e
reposição vindas do exterior. Ironizando a alta taxa tarifária
brasileira para importações, informa Serrano, “Compro a maioria das
peças pela internet. Quando não encontro o que quero no Brasil, compro
nos Estados Unidos; é só pagar os 60% de imposto sobre o valor da nota
que chega direitinho”.
O Piper J3, pilotado por Jorge Reis, do
Aeroclube de Olímpia-SP.
Belo Horizonte-MG
Em Belo Horizonte, Minas Gerais, o voo de aeromodelos à
noite vem se consolidando junto à Associação Mineira de Aeromodelismo
(AMA). Os pilotos Cachaça, Leo Horta e Regis Labatte têm executado voos
simultâneos à noite. As belas acrobacias dos três aeromodelos voando
juntos podem ser vistas em
vídeo postado na internet. Em suas performances, eles contaram com a
assessoria de Adriano, Túlio e Bruno Malachias.
Assim como o Piper J3, os aeromodelos elétricos dos
mineiros usam as cores básicas em aeronaves comerciais: vermelha no
topo, verde e azul nas laterais e branca no centro. Para colocação do
kit de luzes no corpo do aeromodelo, “usa-se fios, leds e um resistor
que é ligado em uma bateria de 3,6v”, explica Malachias.
Evidentemente, durante esses voos noturnos, o corpo do
aeromodelo não pode ser visualizado pelo observador, prevalecendo
somente a iluminação em destaque, o que causa efeitos sensacionais.
O aeromodelo dos
mineiros, com sua farta iluminação colorida.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, onde o aeromodelismo noturno é
largamente praticado, um
vídeo postado na internet mostra manobras radicais de praticantes do
esporte em Point Fermin, na Califórnia.
A exibição reúne cinco aeromodelos com asas em formato
delta voando simultaneamente, proporcionando um belo espetáculo de luzes
e movimentos aéreos [foto no topo].
Portugal
Os portugueses também são adeptos do voo noturno de
aeromodelos. No fórum
Forum.rcmpt.com
é apresentado um
vídeo (em exibição acelerada) da construção completa de uma asa Swift II, da
MSComposite, para voo noturno, que vale a pena ser visto pelos
simpatizantes.
Diversos outros
vídeos mostrando evoluções de aeromodelos em voos noturnos pelo Brasil e
exterior podem ser
encontrados na internet. Não resta dúvida que, a modalidade caiu na
simpatia da maioria dos aeromodelistas em todo o mundo.
Aeromodelo em formato
delta, usada pelo pessoal de Point Fermin (EUA).
Aeromodelismo e
segurança
A Confederação Brasileira de Aeromodelismo (COBRA), que tem
sua sede em São Paulo, foi fundada em 1959 e reúne os clubes e
associações dedicadas à prática da atividade no território brasileiro.
Sua antiga denominação é Associação Brasileira de Aeromodelismo (ABA)
A COBRA é integrada pelas federações, associações e clubes
filiados que, através de seus presidentes e vice-presidentes, formam a
sua Assembléia Geral.
Visando evitar acidentes com pilotos e público em geral, a
entidade criou o Código de Segurança da COBRA, edição de 2006, em vigor,
que recomenda várias medidas preventivas para a prática do
aeromodelismo. No entanto, não faz referências claras à prática do
aeromodelismo à noite, mas tão somente durante o dia.
Contudo, entre as normas de segurança adotadas pela
entidade para a prática do esporte diurno, destacamos o seu art. 34, que
observa: “A Área de Pilotagem não pode ser ocupada por cadeiras, caixas
de campo ou quaisquer outros objetos que possam restringir os movimentos
ou ações de defesa contra aeromodelos descontrolados ou em acidentes.
Exceção poderá, eventualmente, ser concedida aos instrutores
credenciados, durante o período da instrução, a critério da Diretoria
Técnica”.
Também está previsto em Parágrafo Único a recomendação,
“Aconselha-se que outros aeromodelos não voem durante o voo dos jatos”.
Já o art. 4, prevê que “São proibidos os voos sobre
espectadores, áreas de estacionamento, de manutenção, taxiamento e
pilotagem, sendo permitido sobrevoar somente as ÁREAS DE SEGURANÇA DE
VOO, e em emergências as ÁREAS DE ESCAPE”.
*
Pepe Chaves é editor do diário digital
Via
Fanzine e da
Rede VF.
- Colaboraram: Vitório Peret (RJ), J.
Ildefonso P. de Souza (SP) e Alberto F. do Carmo (DF).
- Imagens: Reprodução/divulgação.
- Referências:
-
Clube de Aeromodelismo de Santa Cruz do Sul (CASCS).
-
Aeroclube de Olímpia-SP.
-
Associação Mineira de Aeromodelismo (AMA).
-
Confederação Brasileira de Aeromodelismo (COBRA)
-
Engenheiro René Nardi (relato).
-
Piloto civil Ricardo Serrano (relato).
-
Bruno Malachias (relato).
-
Clic RBS (RS).
-
Jornal Planeta.
-
http://forum.rcmpt.com (Portugal).
-
Aeromodelistas de Point Fermin (Califórnia/EUA).
- Tópicos relacionados:
- Clique aqui para obter
contatos dos clubes de aeromodelismo (Brasil).
-
Site da Confederação Brasileira de Aeromodelismo:
http://www.cobra.org.br/
- Mais aeronáutica:
www.viafanzine.jor.br/aerovia.htm
-
Vídeos associados:
Clube de Aeromodelismo de Santa Cruz do Sul - voo noturno
Aeroclube de Olímpia – voo noturno
Associação Mineira de Aeromodelismo (BH) – voo noturno
RC Night Flying at Point Fermin – exibição simultânea de
5 aeromodelos
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