UM
GRANDE INGLÊS -
No dia 18 de março de
2008, findou-se uma verdadeira “odisseia”: a vida do britânico Arthur C. Clarke, aos 90 anos de idade. Para muitos, este nome não tem
significado, por desconhecerem a pessoa e sua vida, entretanto, cada
cidadão em nosso planeta, de certa forma, se beneficiou com seus feitos.
Uma afirmação que pode ser ousada, mas verdadeira, como veremos.
Nascido em 16 de
dezembro de 1917, em Minehead, Somerset, Inglaterra, Arthur Charles Clarke
era filho do carteiro Charles Clarke e de Mary Nora Willis. Ele acabou
exercendo o mesmo ofício do pai, além de trabalhar também com
telegrafia. A vida em família não foi fácil, pois o pai trouxera sequelas
de envenenamento desde a 1ª Guerra Mundial e faleceu aos 43 anos, quando
resolveram investir em uma pequena propriedade rural.
A falta de
experiência com tal estilo de vida só trouxe dificuldades para todos.
Foi neste ambiente, pouco propício, que Arthur começou a desenvolver
gosto pela Ciência. Foi leitor ávido da rara publicação Astounding
Stories, que o seduziu a sonhar com o “muito além” de sua realidade.
Olhar as estrelas, construir rádios e pequenos foguetes constituía sua
fuga da dura realidade.
Com esforço, Clarke
conseguiu um serviço público e sua inclinação para Matemática o levou
para as Ciências exatas, enquanto dividia com amigos, pequenos
apartamentos. Ingressou na British Interplanetary Society e algum
tempo depois, chegou a ser presidente e editor dessa entidade (sediada
em sua própria residência). No entanto, é compreensível que não seriam
levados à sério, pois o mais próximo que existia de veículo lançador,
eram as bombas V-2, que eram incapazes de levar um artefato ao espaço -
contrastando com os planos desse grupo de ousados sonhadores que falava
abertamente em viagens que levassem o homem até a Lua e a outros planetas.
Durante a Segunda Guerra
Mundial, Clarke envolveu-se com o esforço de guerra britânico, ajudando
a desenvolver o radar, no mesmo tempo que seu interesse também se
voltava para o aprimoramento de foguetes. Em 1951 ele publica
Interplanetary Flight (Voo Interplanetário) e logo em seguida The
Space Exploration (A exploração do espaço)
com o qual ganhou algum dinheiro e abriu novos horizontes,
especialmente, para palestrar nos meios acadêmicos.
A partir daqui, se
tornou conhecida sua facilidade em convocar as ideias restritas aos
meios científicos, que se aliaram às suas próprias idealizações e sua ousadia
em prever um futuro promissor para a humanidade que, um dia seria também,
uma civilização extraplanetária. Por sua originalidade, foi colocado
entre as mentes mais destacadas da literatura científica, quer no ramo
da ficção ou da não-ficção.
Arthur C. Clarke e sua
obra-prima.
HUMANIDADE CÓSMICA -
Entre centenas de livros editados, talvez, Clarke seja mais
lembrado pela sua produção mais cult, que foi o clássico 2001, uma
Odisseia no espaço. Na verdade este conto do gênero Sci-Fi
teve seu início ou continuação a partir de um conto,
A sentinela, baseado na idéia de que a humanidade teve sua evolução
(senão seu início) a partir de outra raça que, no afã em conhecer
o resultado de sua obra, teria deixado na Lua um “monitor” em formato
monolítico. E após
inúmeros encontros com o já consagrado cineasta Stanley Kubrick, surgiu
a idéia de se levar às telas uma ficção científica que modificaria de
vez os rumos desse gênero. As produções envolvendo monstros e heróis
voadores e ou portadores de fantásticas armas de raios, dava lugar para
a reflexão sobre nossas origens, evolução e destino como espécie.
Conforme publicado
pela versão nacional da conceituada revista de divulgação científica,
Scientific American, “Ele criou uma metafísica em que a
humanidade só tem sentido em escala cósmica”.
Alguns anos depois,
quando já havia saído da mídia e era bem menos conhecido que nos tempos
de sucesso de “2001...”, publicou um outro livro, Mundos
perdidos de 2001, em que relata detalhes de como “2001...”,
livro e filme, foram criados. Li esta obra ainda adolescente e, desde
então, nunca mais deixei de ler seus livros, à medida em que eram
publicados e ou traduzidos.
Há passagens
interessantes, como as filmagens dos símios que sugerem a “aurora do
Homem”. Atores vestindo fantasias foram filmados em um parque nos EUA e
quando as cenas foram dadas como concluídas, alguém, por sorte, notou a
longínqua trilha de um jato comercial contrastando com o céu azul sobre
as tribos de primatas... Além de citar muitos detalhes de como fazer as
trucagens vistas no filme (por Douglas Trumbull), numa época em que
computação gráfica ainda era a própria ficção científica. Havia a
curiosa “apreensão” dos produtores em lançar a ideia de que a Lua era
(como se imaginava) um corpo morto.
Coincidentemente, a
chegada do Homem à Lua estava para acontecer nos meses seguintes ao
lançamento do filme e, por incrível que pareça, havia um certo “temor”
em descobri-la habitada, o que reduziria o realismo pretendido do filme
que se tornou um clássico. O mais curioso é que chegaram a fazer um
seguro milionário para o filme, caso a Apollo 11 proporcionasse essa “tragédia”.
Enfim, “2001...”,
não é um filme de fácil interpretação, muito menos de fácil compreensão.
O crítico Rodrigo Cunha, escreveu “O ‘2001...’ é feito para
neurônios e não para testículos” e logo completa “e não pense que
esta é uma frase preconceituosa, pois ‘2001...’
é isso mesmo, um desafio à sua mente. É um filme de questionamentos e
não de respostas”.
Clarke com traje típico do Sri Lanka e algo que
ajudou a conceber: a comunicação via satélite, nos anos 40.
No
detalhe acima,
em
entrevista à BBC de Londres no início de sua carreira.
CONTATO SIDERAL - Algumas ideias sobre
a forma em que se dará o primeiro contato entre a raça humana e uma
outra, extraterrestre, que possa estar em sintonia com a esta, são uma
constante em seus livros. Uma delas, ambiguamente coerente e
desconcertante, propõe que tão grandioso acontecimento seja inteiramente casual.
Neste conto, no espaço
profundo, uma enorme frota de naves extraterrestres passa ao largo do Sistema Solar,
sendo impossível sua observação a partir de qualquer meio disponível por
nós, entretanto, está ao alcance da comunicação.
Feito contato, ficou
evidente o desinteresse daqueles “passageiros” por nossa civilização,
sugerido, em face ao obscuro objetivo desses extraterrestres. Contudo,
amenizando o desprezo por nossa civilização, depois de árduos esforços
de ambas as inteligências em se fazerem entender, através de suas
comunicações, concordam elas em estabelecer uma troca de conhecimentos,
a título de intercâmbio.
E assim, antes que a comunicação se torne difícil
- sempre
respeitando os limites da velocidade da luz no Universo - ocorreu o envio
de “pacotes” de conhecimentos em diversas áreas, seguidos, é claro, de
algumas perguntas e considerações. Uma delas deixou a humanidade desconcertada,
pois os alienígenas questionam qual a diferença entre o que chamamos de
“ensinamentos de Santo Agostinho” e uma apresentação de um grupo
intitulado “Beatles”...
Muitas idéias estão
embutidas em "2001...", mas, talvez a sugestão maior esteja aqui: o
descompasso entre a evolução tecnológica e a evolução moral da Espécie
Humana. Trocando em miúdos, a evolução tecnológica só terá sucesso se
vier acompanhada de respectiva evolução moral. Contudo, para quem ainda
não formulou uma idéia sobre os conteúdos abordados, é altamente
recomendada uma visita ao
www.kubrick2001.com, onde uma “explicata” com desenhos, acompanhada
de trilha sonora bastante adequada, facilita a percepção de nuances, tão
magistralmente construída por Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke. Você
será levado à página onde a aeromoça do transbordador futurista da
Pan-An, oferecerá a escolha do idioma. Depois disso, você certamente
se sentirá compelido a refletir ou rever o filme com outros olhos.
Apesar de “2001...”
ser um marco e uma fonte inesgotável de discussões, além de ter
produzido continuações como “2010”, “2061” e “3001”, outras obras de
Arthur C. Clarke, esperam pela atenção de algum diretor/produtor, pois a
mente desse autor viaja para muito além de suas próprias criações.
Para o pesar de todos os
seus fãs, Arthur C. Clarke em seu leito
de morte: estranha semelhança com a
sua personagem do final
de “2001...” (acima) que, ao falecer, sua
essência retorna
com o recém-nascido
Star Child.
O FUTURO DA OBRA - Além de “2001...”,
meus favoritos são, “Fim da Infância” e “Encontro com Rama”.
Estes dois títulos, se transportados ao Cinema, certamente poderão
proporcionar outros Universos tão ricos ou mais que “2001...”.
Enquanto “2001...” é extremamente sutil ao propor que não estamos sozinhos,
os outros dois são bem mais explícitos e diretos, colocando em evidência
e em cheque valores sociais atualíssimos: choque de culturas,
religiosidade, destino; tudo permeado pelo alcance da tecnologia
alienígena, seguramente e indeterminadamente mais avançada.
Arriscaria
aqui o palpite de que levaria novamente o gênero Sci-Fi, de volta
às reflexões, pois o filão do “suspense/terror” e do “space-opera”
parecem ter dominado novamente o mercado.
Os feitos de Arthur C.
Clarke, certamente, não se restringem ao mundo da ficção científica.
Nosso mundo já foi chamado de “aldeia global”, depois que as distâncias
foram reduzidas pela comunicação instantânea, via satélite.
Além da comunicação em
si, o monitoramento das condições meteorológicas e sensoriamento remoto
dependeram da colocação de satélites em órbitas específicas para esse
fim, ou seja, foram posicionados de forma que estejam “estacionários”
sobre um ponto da superfície terrestre, ao mesmo tempo em que giram ao
redor da Terra.
Tal condição é obtida,
fazendo com que o satélite gire em torno do planeta de tal forma que,
combinando distância e velocidade, consiga manter-se sobre um mesmo
ponto. Tal órbita, bem como suas aplicações foram primeiramente
propostas por Clarke, muitos anos antes do primeiro satélite contornar a
Terra. Portanto, de forma merecida, essas órbitas passaram a ser
chamadas de “órbitas de Clarke”.
Um número considerável
de obras não–ficção, em geral abordando assuntos da exploração do espaço
e dos oceanos, compõe uma invejável bibliografia e sempre destaca Clarke como
um dos maiores pensadores contemporâneos. Em edição especial da Scientific American
(nacional), sobre
sua vida e obra, Clarke é apresentado como um “Homem da Lei”. Justificando aqui
o título recebido da Scientific American.
Também merecidas foram
as inúmeras referências e homenagens, que vão desde as mais tradicionais
às mais exóticas, como aquela em que seu nome foi atribuído a um
dinossauro da espécie
Serendipaceratops Arthurcclarkei, cujo fóssil foi descoberto em 1994, na Austrália, por Tom Rich e Patrícia Vickers-Rich.
E,
numa espécie de
homenagem póstuma à vida e a obra desse intelectual, encerro este artigo
destacando as chamadas “Três Leis de Clarke”:
1 - Quando um cientista
notável, mas idoso, diz que algo é possível, ele estará, na maioria das
vezes, certo. Quando afirma que algo é impossível, estará, muito
provavelmente, errado.
2 – A única forma de
descobrir os limites do possível é avançar um pouco além deles e
penetrar no impossível.
3
– Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da
mágica.
Arthur C. Clarke,
acabou fixando residência em Sri Lanka (antigo Ceilão) e além de ter
reconhecimento e respeito nos meios científicos em todo mundo, foi sem
dúvida, um grande divulgador da Ciência, um cidadão de visões ímpares,
dono de uma das mentes mais brilhantes de nossa espécie.
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Elevador espacial de Clarke
Engenho espacial sai da ficção e
começa a ser estudado pela Nasa.
Por J. Ildefonso P. de Souza *
De Taubaté-SP
Para
Via Fanzine
'Um elevador espacial é uma estrutura teórica destinada a transportar
carga da superfície de um planeta para o espaço. Muitos tipos diferentes
de elevadores espaciais já foram propostos, todos eles com o mesmo
objetivo de substituir a propulsão de foguetes pelo uso de uma via fixa
para transporte, não muito diferente de um elevador, para colocar cargas
em órbita ou mesmo para lançá-a ao espaço. Os elevadores
espaciais às vezes são chamados de beanstalks ("pé-de-feijão",
numa referência à história João e o pé-de-feijão), pontes espaciais,
flutuadores espaciais, escadas espaciais, ganchos espaciais e torres
orbitais'.
Da ficção à realidade
As primeiras discussões a respeito de elevadores
espaciais remontam ao ano de 1895, quando o cientista russo Konstantin
Tsiolkovsky, impressionado pela imagem e construção da Torre Eiffel,
vislumbrou um "Castelo Celestial" em uma órbita geostacionária ao redor
da Terra.
Jerome Pearson, em 1975, do Laboratório de
Pesquisas da Força Aérea (USAF), publicou um artigo descrevendo a construção de
um elevador espacial, o que inspirou o romance de ficção científica de
Arthur C. Clarke, As Fontes do Paraíso (Fountains of Paradise),
em 1978. O romance introduziu a ideia dos elevadores espaciais para o
grande público, com referências a "nanofibras de carbono" e estações
portuárias equatorial-oceânicas.
O elevador espacial seria um dispositivo que
poderia conduzir pessoas ou cargas ao espaço. Ele teria um cabo
correndo da superfície da Terra direto para o espaço, conectado a um
satélite em órbita. O custo da jornada para o espaço seria, imagina-se,
somente uma fração do que é com os métodos atuais. A Nasa planeja trocar
os foguetes por cabos ligados a satélites.
Inspirado no livro de Clarke, o elevador
espacial é um projeto que pode ser realizado nas próximas décadas. "Não
é mais ficção científica", diz David Smitherman, engenheiro do
Laboratório Marshall de Projetos Avançados da Nasa. "Podemos tê-lo em
operação na segunda metade desse século".
O seu principal trunfo é a economia, pois o
elevador poderá aposentar os caros foguetes tripulados usados até agora.
O estudo de Smitherman mostrou que, uma vez pronto, seriam gastos US$
150 por passageiro levado à estação orbital. Nos ônibus espaciais, esse
custo por pessoa é de US$ 2 milhões.
É claro que a construção exigirá somas
financeiras igualmente astronômicas e décadas de pesquisa. O elevador
espacial necessita de um cabo 100 vezes mais resistente que os feitos de
aço. Para isso, a Nasa já pesquisa um material composto de nanotubos de
carbono – fibras microscópicas, dispostas de forma a garantir extrema
resistência.
Será preciso também uma base na Terra com 50
quilômetros de altura. Ela terá de ficar perto da linha do Equador.
Alguém disse que o Brasil seria um bom local para instalar um elevador
do tipo.
* José Ildefonso
Pinto de Souza é bacharel e licenciado em
Física.
- Foto:
Concepção da Nasa.
-
Produção: Pepe Chaves.
* *
*
Sinopse do livro:
As Fontes do
Paraíso*
Arthur C. Clarke
Dos tempos em que teremos
colônias humanas na Lua e em Marte.
Por J. Ildefonso P.
de Souza*
Fonte:
REDERPG
Obra de Clarke aborda o que seria
um elevador espacial.
Meados do Século XXII. A humanidade tem colônias
na Lua e em Marte. O tráfego espacial é muito alto, tendo efeitos
nefastos no meio ambiente de nosso planeta. Os foguetes estão chegando
aos limites teóricos de desempenho. Projeções indicam que o volume de
tráfego espacial para os próximos anos crescerá assustadoramente,
gerando pressões ecológica e econômica sem precedentes na sociedade,
podendo parar todo o desenvolvimento futuro...
Será que a humanidade chegou num beco sem saída,
justamente quando partiria para as estrelas? Nesse momento da história,
o embaixador especial Rajasinghe recebe em sua casa em Taprobana um
engenheiro da Empresa de Construção Terráquea, Dr. Vannevar Morgan,
famoso por ter projetado uma ponte sobre o Estreito de Gibraltar, entre
a Europa e a África.
Rajasinghe, um homem cuja carreira foi marcada
por ajudar
a humanidade encontrar a paz e que, agora, só queria descansar em sua
terra natal, ficou curioso pelo interesse do engenheiro por seu país...
Ele descobrirá que Morgan quer transformar a plácida Taprobana no centro do Sistema Solar, o lugar para se instalar uma ponte
para as estrelas: o Elevador Espacial...
Entenda: imagine que você está em um satélite geoestacionário - aqueles que ficam "parados" sobre
determinado lugar da Terra.
Agora desça um cabo a partir desse satélite até à superfície do planeta
e o prenda no solo. Coloque um sistema para carregar coisas por esse
cabo, como um elevador. Pronto, agora o espaço é tão acessível quanto
qualquer lugar da Terra, a um custo baixo por passageiro e sem problemas
de poluição dos foguetes. Você deve estar pensando que é impossível, não
é? Ideia absurda? Nada disso, é fundada em física sólida e nesse instante a Nasa
realiza pesquisas sobre tal
sistema...
Porém, para Morgan conseguir realizar tal sonho,
ele terá de enfrentar várias adversidades, como, a relutância de seus
empregadores em se comprometer com o projeto (como o senador Collins), a
descrença do público quanto ao conceito (e de técnicos, como o Dr. Donald Bickerstaff) e mais precisamente, o fato de que o único lugar do mundo
onde o elevador “poderia” ser construído devido à particularidade do campo
gravitacional terrestre, seria no Sri Kanda, na Montanha Sagrada de Taprobana,
cujo topo é ocupado há séculos por monges budistas que têm direito perpétuo
sobre o terreno...
No
entanto,
há pessoas que defenderam a ideia
implacavelmente, como o Dr. Choam Goldberg/Parakarma. Isso, para não
citar o adversário definitivo, a própria Natureza, uma adversária
honesta, mas implacável, sempre disposta a se aproveitar dos erros e da
arrogância dos seres humanos - como ela demonstrou muito bem em 07 de
novembro de 1940, com a ponte do Estreito de Tacoma. Alguns
meses depois de ser inaugurada, a ponte pênsil com 1600 metros, em Tacoma, Washington,
colapsou após um vento de 65 km/h que a fez vibrar e entrar em
ressonância, até se partir.
Ao mesmo tempo em que Morgan e seus aliados como
o embaixador Rajasinghe e a famosa jornalista Maxine Duval lutam para
que o Elevador Espacial se torne realidade, conhecemos a história de
Yakkagala, o surpreendente e misterioso palácio do Rei Kalidasa, um rei
parricida da época do imperador romano Adriano que estava determinado a
criar um céu na Terra para si mesmo.
* José Ildefonso
Pinto de Souza é bacharel e licenciado em
Física.
- Colaborou: José
Ildefonso Pinto de Souza .
-
Produção: Pepe Chaves.
* *
*
Verne & Clarke:
Encarnações da
invenção
Quando a ficção
inspira a ciência.
Por Pepe Chaves *
De Contagem-MG
Para
Via Fanzine
Verne e Clarke: um passo
adiante da ciência.
O francês Júlio Verne (Jules Verne) nasceu em Nantes, em 08
de fevereiro de 1828 e faleceu em 24 de março de 1905. O inglês Arthur
Charles Clarke nasceu em Minehead em 16 de dezembro de 1917 e faleceu em
17 de março de 2008. Verne faleceu perto dos 70 anos de idade e Clarke
com pouco mais de 90.
Estes europeus atravessaram seus séculos (19 e 20) e foram lidos pelos
mais influentes homens da Terra em épocas e posteriores ao seu tempo; desde os
mais delirantes consumidores de aventuras e “viagens”, passando pelos
meandros da arte propriamente dita, habitados pelos produtores e
diretores de cinema, teatro, editores literários, até adentrar o campo
das ciências, onde se encontram os mais ousados projetistas, físicos,
astrônomos, construtores e inventivos cientistas.
As sugestões de Verne partiam de avanços tecnológicos que
já estão em curso desde bem antes dos dias atuais, tais como um comum
“submarino” até inventivas aeronaves que hoje podem ser vistas cruzando
o nosso céu nos mais variados modelos. Além disso, idealizou a viagem
lunar com detalhes idênticos aos ocorridos, tais como o resgate da
cápsula no mar, os três tripulantes da missão, entre outros. Já Clarke, mostrava e propunha –
assim como o francês -, inovações tecnológicas que poderiam ser as mais
necessárias à humanidade do ponto de vista de sua época. Baseados no
senso comum e sempre atrás de uma solução global, como escritores e
ficcionistas, eles “forçavam” a ciência no sentido de se buscar suporte
às suas ideias ou sugestões mais “delirantes”, vislumbradas da ótica comum, a ponto de
torná-las não somente altamente viáveis, mas imprescindíveis ao homem do
globo.
Assim como foram consideradas absurdas as máquinas
sugeridas por Verne em sua época, também foram aquelas sugeridas por
Clarke em seu tempo. No entanto, estes escritores foram visionários ao
anteverem as verdadeiras necessidades humanas em seus respectivos
séculos e
estágios da evolução terrena. E se as “invenções” de
Verne em sua maioria já se concretizou, algumas concepções de Clarke ainda buscam
se viabilizar, bem como a dos seus “elevadores espaciais”, verdadeiras
pontes erguidas para os céus, as quais nos colocaria a um passo da órbita terrestre.
Inclusive, mostra clara de que a ficção de ontem já é
a realidade hoje, foi que a Agência Espacial Europeia (ESA) lançou com
êxito seu primeiro cargueiro espacial, acoplado a um foguete Ariane 5,
para abastecer a Estação Espacial International. Sugestivamente nomeada
de Jules Verne esta missão foi pioneira na pesquisa espacial europeia.
Quando Clarke escreveu “2001, uma odisseia no espaço”, o
homem tinha tecnologia para, apenas, lançar foguetes à altura
da órbita planetária. Mas, somente dois anos depois de chegar aos cinemas
o homônimo filme, o homem estaria colocando seus pés no solo lunar.
“2001...” foi o precursor das produções espaciais que surgiriam
utilizando um apurado realismo visual, aliado aos parâmetros
tecnológicos vigentes acerca das prováveis - e necessárias - viagens
tripuladas além da Terra.
E agora, no momento em perdemos este ilustre contemporâneo
que foi Arthur C. Clarke, creio, sentimo-nos um tanto quanto órfãos, "ficti-cientificamente" falando. É como se a Terra perdesse uma de suas mais
importantes molas propulsoras que, ao longo de um século, alçou voo e alavancou a
ciência, colocando-a definitivamente no prumo das reais necessidades
coletivas.
Em 1905 falecia Verne. Clarke nasceria somente 12 anos
depois, em 1917. E passados 103 anos de seu nascimento, em 2008, faleceria Clarke.
Ficamos agora a perguntar: quem será e de onde virá o próximo visionário da
ficção, que dará seguimento às ideias de Clarke (continuações das de
Verne) e cravará um passo à frente da atual ciência, procurando mantê-la
sob as rédeas da responsabilidade, para se buscar soluções comuns - e não
destruição - à espécie humana?
- Pepe Chaves é editor de
Via Fanzine
e pesquisador em assuntos aeroespaciais.
* Fotos:
Wikipedia.
-
Produção: Pepe Chaves.
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