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Entrevistados nesta
página:
Antônio
Carlos de Oliveira - José Haílton Mendes - Eugênio Pinto
Gláucia Santiago - Elmo Nélio - Lúcia
Amaral
Osmando Pereira - Paulo de Carvalho - J. A.
Fonseca - Cosme Silva
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Entrevista com Antônio Carlos de Oliveira
Dirigente da Comunidade Bom Pastor
Por
Bruna Santos*

Antônio Carlos e alguns
dos meninos da Comunidade Bom Pastor.
A Comunidade Bom Pastor (CBP) é uma instituição civil que
tem prestado relevantes serviços sociais à população carente em Itaúna-MG.
A entidade, nascida a partir da iniciativa de alguns integrantes do
Movimento Carismático Católico local, assiste material e espiritualmente,
mais de 35 crianças de ambos os sexos em Itaúna. São crianças que
perderam, desde a infância, suas perspectivas familiares, por algum
motivo, e ainda assim, tiveram a felicidade de encontrar um verdadeiro lar
dentro da CBP. Em setembro passado, através de esforços dos dirigentes da
CBP, entre eles, Nicéforo, Alex, Antônio Carlos, Gislany, Eliane e
diversos outros, a instituição se organizou e foi à luta, conseguindo uma
substantiva vitória, que foi a aquisição de um veículo Kombi, para o
transporte das crianças da casa. A aquisição do veículo se deu graças à
renúncia fiscal de imposto de renda da empresa Centrais Elétricas de
Furnas S.A., através de empenho do Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente. Além disso, diversos outros benefícios,
incluindo moradia, estudo e alimentação são cedidos gratuitamente às
crianças da comunidade, que é mantida, sob a boa vontade de diversos
cidadãos itaunenses.
Antônio Carlos de Oliveira, contador, aposentado foi um dos responsáveis pela
criação e fundação da Comunidade Bom Pastor. Ele está presente nesse
projeto desde o desenvolvimento da idéia, despertada pelo “estado de
carência, material e espiritual de tantas famílias de nossa cidade”, até
os dias de hoje. Segundo ele, a Comunidade Bom Pastor veio preencher o
anseio de retribuir a Deus e á sociedade o muito que recebeu ao longo de
sua vida. Em entrevista ao informativo da comunidade, A Chama,
ele nos fala um pouco de sua experiência e expectativas frente à CBP.
A Chama:
Como surgiu a idéia de formar uma comunidade para atender crianças?
Antônio:
Havia um grupo de pessoas da Renovação Carismática Católica
que tinha uma preocupação com o AGIR, além de orar. A eles incomodava o
fato de haver tanta carência material em nosso meio e poucas pessoas
estavam fazendo algo para melhorar a situação. Durante o ano de 1994,
surgiu a idéia.
A Chama: A partir de qual pessoa (ou de quais) surgiu a idéia?
Antônio:
Foram várias
pessoas que, na época, comungavam esta idéia. Não é bom citar nomes, pois
podemos esquecer alguns. Mas é impossível deixar de citar a Andréa Moraes,
Soraia Amaral e seu esposo Geraldo, Elizabete e Eduardo Corradi, Marcelo e
Gislany, Ângela Moraes, eu e minha esposa Lúcia Amaral, Nicéforo, Janete,
Ivony e Célio e muitas outras.
A Chama:
Quais foram os primeiros passos tomados para a construção da
comunidade?
Antônio:
Primeiramente,
motivamos as pessoas que tinham o mesmo ideal e as reunimos em uma
assembléia, realizada no Orfanato. Dali surgiu a Comunidade Bom Pastor.
Antes desta reunião, estávamos eu e minha família em um sítio. O assunto
era a criação de uma entidade assistencial. Não sei como nem de quem foi a
idéia. Sei que alguém disse: “que tal chamá-la de Bom Pastor?” Todos
aprovaram. Isto mesmo, Comunidade Bom Pastor.
A Chama: Como se chegou à comunidade hoje?
Antônio:
É uma história
longa. Fundada a entidade, iniciamos timidamente suas atividades. A sede
era em uma sala da Paróquia N.S.de Fátima, gentilmente cedida pelo Pe.
Nilo. Durante um ano desenvolvemos cursos de datilografia, corte e costura
e doação de cestas básicas. Um, ano depois o Nicéforo, hoje o coordenador
da Bom Pastor, deixou seu emprego e passou a dedicar seu tempo integral à
causa. Então, começamos a servir café todos os dias no bairro Morada Nova,
onde ele também fazia corte de cabelos e cuidava das crianças das mais
variadas formas. Dávamos também assistência às famílias. Muitos batizados
e até um casamento de um casal que já era avô foram encaminhados através
da ação da Comunidade Bom Pastor.
A Chama:
A idéia era se chegar à comunidade, ou ela é resultado de outro
projeto?
Antônio:
A idéia era se chegar à comunidade. O que ela é hoje, porém, é graça de
Deus. Explico porquê. Funcionávamos, como já disse antes, atendendo no
bairro Morada Nova, no pátio da Igreja. Um dia soubemos que o imóvel de
uma entidade de assistência social seria doado a outra entidade similar,
pois a mesma estava desativada. Nos canditamos, juntamente com outras
entidades, e fomos contemplados. Era a nossa tão sonhada sede própria. Daí
pra frente, com inúmeras bênçãos de Deus, pudemos abrigar cerca de 35
crianças, que vivem conosco.
* Para
A Chama
–
Informativo da Comunidade Bom Pastor.
- Contato e doações à CBP:
comunidade-b-pastor@hotmail.com
* * *
Entrevista:
José
Haílton Mendes
Presidente do CAPI
Por
Pepe Chaves
José
Haílton Mendes é o mais expressivo dirigente de futebol em Itaúna.
Co-fundador e presidente do Clube Atlético Ponte de Itaúna, levou a equipe
itaunense entre as melhores do Estado, das 36 que disputavam a
versão 2005 do Campeonato Mineiro de Futebol Juniores promovido pela Federação Mineira
de Futebol. Desportista nato, já jogou futebol e foi até árbitro da Liga
Itaunense de Futebol. Como dirigente cedeu alguns atletas itaunenses a
equipes de outros Estados e espera em breve fornecer maiores talentos de
nosso futebol ao cenário nacional. Nesta entrevista ele nos fala um pouco
de sua ligação com o futebol em geral e do futebol itaunense no contexto mineiro,
além
de seu brilhante trabalho como "cartola", frente ao CAPI.
VF: Haílton, qual é a mais antiga notícia do futebol em Itaúna que a
história registra?
JHM:
Olha, que eu tenho conhecimento é o tri-campeonato do Esporte Clube
Itaúna, 1941-42-43, que naquela época tinha como zagueiro o Cubú (tio do
Cabeça), que ainda está entre nós.
VF: Itaúna tem tradição no futebol mineiro?
JHM:
O Esporte Clube Itaúna disputou por dois anos (1964 e 1965) a divisão de
acesso (profissional) e no segundo ano disputou a final com o Nacional de
Uberaba. E justamente no dia 31 de março de 1964 (dia da revolução e
tomada do poder pelos militares) o Esporte Itaúna decidiu contra o
Nacional de Uberaba a vaga para a 1ª divisão do campeonato mineiro de
profissionais. O jogo se realizou no campo do Cruzeiro (Barro Preto) e o
Nacional venceu por 2X1.
VF: Na história do futebol local, quais são os atletas itaunenses que mais
se destacaram no cenário estadual e nacional?
JHM:
Sem dúvida o que mais se destacou foi o Zé do Edgar, que jogou em grandes
clubes como Botafogo, Palmeiras e até na Seleção Brasileira. Mas tivemos
também o Paulo Monteiro que jogou - além do Esporte Itaúna e do Atlético Mineiro
- no Santos de Pelé). Mais recentemente tivemos o Xandoca, filho do
professor Marco Elísio Chaves Coutinho. O interessante é que todos os três
foram goleiros. Além destes, também tivemos em clubes profissionais o Rosse, o Deninho, Nelinho (filho do Naron), e Henrique (filho do Dr.
Denílson).
'Eu praticamente nasci no campo do Esporte.
Passei a freqüentar o campo aos 5 anos de idade'
VF: E os dirigentes? Quais foram os grandes incentivadores do futebol
daqui no passado?
JHM:
Alguns que devem ser citados: Major Rui, Sô Tunico, Manoel Ferro Velho, Zé
Faxineiro, Mario Preto e outros.
VF: Historicamente, quais foram os principais certames externos em que
esteve participando alguma equipe local?
JHM:
Com certeza o mais relevante foi a disputa do campeonato mineiro de profissionais pelo Esporte
Itaúna. E não podemos deixar de lembrar do Torneio Internacional de
Futebol Mirim, organizado pelo Dalton Teles, quando eu era presidente do
Universidade Itaúna Clube. Recebemos em Itaúna diversas equipes do Brasil e
da América do Sul. Foi interessante, pois naquela ocasião esteve aqui
conosco o melhor jogador de futebol do Mundo, Ronaldinho Gaúcho.
VF: Como se iniciou sua ligação com o futebol? Você já foi atleta?
JHM:
Eu praticamente nasci no campo do Esporte. Passei a freqüentar o campo aos
5 anos de idade, fui atleta do Esporte Clube de Itaúna, do Cruzeiro da
Ponte, Colorado e outras equipes, mas sempre na reserva ou cascudo.
VF: Me lembro de um tempo onde havia uma intensa disputa municipal entre
duas agremiações aqui do bairro Piedade: o Arsenal, de Marcão, Argeu,
Murilo, Nonô, entre outros, e o Flamengo, de Detinho, Paulinho, Teínha e
outros. Você chegou a arbitrar em alguma dessas clássicas disputas?
JHM:
Em Itaúna o jogo de maior relevância que arbitrei foi justamente
Flamengo X Arsenal, que terminou com a vitória do Flamengo por 1x0. Me
lembro que o gol foi de pênalti, sofrido por Detinho em falta praticada
por Magirão. Naquele jogo a defesa do Arsenal tinha Magirão e Culei do
Miranda. Bons tempos...
'O Ponte de Itaúna nasceu de uma dissidência no Cruzeiro da Ponte.
Surgiu de uma turminha de pelada de final de semana'
VF: Como você tem visto a notoriamente desastrosa administração da LIF
nesses últimos anos?
JHM:
Infelizmente nós presidente de clubes temos toda culpa e devemos fazer a
alteração necessária, colocando uma pessoa competente e honesta no cargo.
VF: Não há como o poder público ou outro órgão interferir, no sentido de
sanar tal situação caótica?
JHM:
Penso que sendo uma entidade privada, não se deve haver interferência do
poder publico, a não ser do judiciário, se for o caso.
VF: Quem são os grandes craques do futebol itaunense na atualidade?
JHM:
Hoje no Ponte de Itaúna temos os itaunenses Loló e Juninho do Velocidade,
e no Padre Eustáquio o Pacu e Deninho, além de diversos outros atletas.
VF: Itaúna contou com o trabalho de tantos amantes do futebol, cada qual à
sua forma, de corpo e alma doaram-se ao esporte, entre os quais, estão
entre nós, por exemplo, o José Paulino Júnior (Cabeça), Miranda, Porvio do
Colorado, Zé Faxineiro, Henrique, Cassiano, Visgüêta, Cristóvão, José
Haílton Mendes, entre outros; além de outros que já se foram e se
dedicaram igualmente, tais como o Mário Preto, César Matos, Sô Tunico do
Palmeirinhas da Ponte, Dison do Imperial e tantos outros. Como você
analisa o trabalho de todos estes homens que, por muitas das vezes, mesmo
sem condições, tiraram até dinheiro do bolso para investir no futebol
local?
JHM:
Olha, é praticamente inexplicável esta doação, pois temos o prazer de
servir. Se não existissem pessoas assim, não teríamos esporte amador e com
certeza haveria mais violência e drogas em nossa cidade.
VF: Nos fale do Clube Atlético Ponte de Itaúna (CAPI). Como surgiu a
agremiação?
JHM:
O Ponte de Itaúna nasceu de uma dissidência no Cruzeiro da Ponte.
Surgiu de uma turminha de “pelada de final de semana”, que se reunia no
bar do Kendinho, perto do Campo Vermelho.
'Vimos que com um grupo coeso o nosso
sonho pode se tornar realidade'
VF: Nos fale dos últimos certames que o CAPI esteve participando e, de
forma geral, como foram as participações da equipe itaunense em certames
estaduais?
JHM:
O Ponte de Itaúna, já foi campeão Adulto da Liga Itaunense de Futebol (LIF) em
1999 e em 2003. Foi
também bi-campeão da categoria juniores da LIF em 2000 e 2001. Disputou
os campeonatos mineiros de juvenil e infantil em 2002, Campeonato Mineiro
de Juniores em 2003, a Taça Integração de juniores do Diário da Tarde em
2003, 2004 e 2005. Neste ano de 2005 tivemos o maior feito ao disputarmos
o campeonato mineiro de juniores e, entre 36 equipes de todo estado, ficamos
no honroso 6º lugar, superando muitas equipes profissionais como o Valério
de Itabira, Democrata de Governador Valadares, entre outras.
VF: Como você analisa este 6º lugar dos itaunenses em meio a 36 outras
equipes, mesmo não possuindo Itaúna uma equipe de futebol profissional?
JHM:
Foi um grande feito nosso, mas devemos destacar o comando técnico do
experiente Zé Carlos, ex-atleta do Cruzeiro, acrescido do trabalho do
Marcinho (preparador físico), do Dr. Thompson (fisioterapeuta) e do Aranha
(treinador de goleiros). Vimos que com um grupo coeso o nosso sonho pode
se tornar realidade.
VF: Diversos atletas do CAPI se destacaram neste campeonato de 2005.
Alguma equipe de fora mostrou interesse em adquirir algum jogador de
Itaúna?
JHM:
Sim, e já temos um atleta no União da Ilha da Madeira (Portugal), outro na
cidade de Camburiu (Bebeto) e devemos encaminhar mais alguns para outras
equipes profissionais.
'O Galo vem sendo mal administrado há muitos anos.
A atual fase é reflexo de administrações passadas'
VF: Como empresário do futebol, nos fale: já temos aqui a estrutura
técnica para se criar craques e “exportá-los” às grandes equipes do
Brasil?
JHM:
Itaúna é uma cidade muito bem localizada e isso facilita bastante. Estamos
perto de Belo Horizonte e a cidade é cortada por duas rodovias estaduais.
Temos acesso rápido aos grandes centros como Rio e São Paulo, além de ter
a Universidade de Itaúna e o melhor centro de treinamento do interior
mineiro, acrescido das faculdades de Fisioterapia e Educação Física.
VF: Quais são os planos do CAPI para 2006?
JHM:
Vamos buscar entre os empresários itaunenses o apoio financeiro para
disputarmos o Campeonato Mineiro de Juniores e tentar melhorar nossa
classificação. Disputaremos a Taça BH de juniores e a Copa
Integração de Juniores em 2006. Para o segundo semestre almejamos profissionalizar
a equipe e disputarmos o campeonato mineiro da 2ª divisão.
VF: Quem apóia o CAPI?
JHM:
Temos apoio de quatro empresários de Belo Horizonte, boa ajuda da
Prefeitura e da Universidade de Itaúna, alem de alguns amigos da cidade.
VF: Como você vê, a nível de Estado e nação, o rebaixamento do Clube
Atlético Mineiro à série B do Campeonato Brasileiro de Futebol?
JHM:
O Galo vem sendo mal administrado há muitos anos. A atual fase é
reflexo de administrações passadas, mas servirá pra tornar o Galo mineiro
mais forte. Certamente, em 2007 ele estará na 1ª divisão e disputando o
titulo, pode apostar nisto.
VF: Para você, o que poderia tirar a maioria das grandes equipes
brasileiras do sufoco administrativo-financeiro a que elas passam atualmente?
JHM:
Todas devem se tornar clubes-empresa e com capital aberto na Bolsa de
Valores. Não se pode deixar um volume de dinheiro tão grande na mão de uma pessoa só,
no caso, o presidente. E, tampouco, que tais presidentes continuem sendo reeleitos por
muitos e muitos anos.
VF: Como você viu o episódio envolvendo o árbitro Edílson Pereira de
Carvalho, flagrado “negociando” resultados das partidas que apitava.
JHM:
Não culpo somente o Edílson, os clubes e principalmente a CBF são culpados
também. Com o Armando Marques comandando os árbitros, penso que isto já era
corriqueiro por lá, porém só descobriram o Edílson. Mas tem mais
“Edílsons” na arbitragem brasileira, “não é, Marcio Rezende?”
VF: Agradecemos pela entrevista e pedimos para nos deixar suas
considerações finais.
JHM:
Eu que agradeço a oportunidade e conclamo toda a sociedade itaunense
para participar dos nossos sonhos frente ao Ponte de Itaúna em 2006.
Visite o portal oficial do CAPI:
* * *
Entrevista coletiva:
A primeira
coletiva de Eugênio Pinto
Prefeito eleito,
emocionado, chorou no final da entrevista.
Reportagem de
Pepe CHAVES
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O prefeito eleito em Itaúna, Eugênio Pinto concedeu
entrevista aberta à imprensa e ao público no dia 04/10, às 11h30, na
sede do PT, em Itaúna. Mais de 100 pessoas se fizeram presentes para
saudar o futuro prefeito e seu vice, Cláucio Corradi na primeira
apresentação perante o público, como eleitos. Dentre os presentes,
correligionários, familiares, amigos, imprensa e populares.
Numa
mesa composta pelos eleitos e ainda o presidente do PT em Itaúna,
médico Barú, falaram sobre a campanha e as expectativas para o seu
futuro governo. |
CLÁUCIO -
Iniciando, Eugênio disse que
para demonstrar a democracia que será seu governo, passaria a fala inicial
a Cláucio Corradi. O futuro vice-prefeito agradeceu à sua família, aos
eleitores, afirmando terem feito uma campanha, apesar de sofrida, honesta.
Disse que a vitória foi do povo e que estava muito emocionado naquele
momento.
BARÚ -
O próximo a falar foi Barú, que também agradeceu o apoio popular. Disse
Barú: “Foi falado que a nossa campanha era de brincadeira, agora a
glória pertence aos filiados do PT”. Destacou o empenho de Eugênio e
Cláucio, que, por vezes, sacrificaram o aconchego de suas famílias.
Afirmou que o governo petista será popular, sadio, sem burocracia e que
não será um governo de ódio.
EUGÊNIO -
Falando aos presentes Eugênio Pinto teceu agradecimentos à população de
Itaúna, família, esposa e “a todos que foram sacrificados com as cartas
sujas”. Sobre as cartas citadas, disse que não queria falar a respeito
naquele momento.
CARGOS -
O futuro prefeito afirmou que sobre os cargos do seu governo, o único que
certo é de Cláucio Corradi, como vice. Destacou o fato de não ter
prometido cargo a ninguém durante a campanha e afirmou que vai montar uma
equipe de profissionais competentes, independente dos partidos que eles
vierem a pertencer. Disse que, ao contrário do que muitos ventilaram, ele
não vai trazer ninguém do PT de fora, ou de Betim (onde o PT perdeu o
Executivo) para compor sua equipe em Itaúna, que contará com profissionais
locais.
CONTRATOS -
Como prefeito disse que uma das primeiras medidas será a revisão dos
contratos da prefeitura, aos quais dará pleno seguimento, mas cobrará que
sejam cumpridos. Como exemplo, citou o fato de que alguns médicos
contratados pela prefeitura atualmente, para um contrato de 4 horas
diárias, trabalham, na verdade, cerca de 20 minutos diários. Disse que vai
exigir o cumprimento do contrato e aqueles médicos que não aceitarem
poderão se desvincular da prefeitura.
EMPRESÁRIOS –
Eugênio afirmou que no final da campanha recebeu o apoio de vários
empresários de Itaúna e que, ao lado destes pretende criar um “Conselho de
Empresários”.
EDUCAÇÃO -
Eugênio garantiu que não vai governar com ódio, procurando fazer uma
administração tranqüila, limpa, ética e sem medo de prestar contas. Quer a
Secretaria de Educação e Cultura funcionando “não mais de fachada” - nesse
instante todos aplaudiram.
OP, PLANO DIRETOR E ETE -
Respondendo a
perguntas da imprensa disse que o Orçamento Participativo será implantado
em todas as áreas da prefeitura. Sobre o Plano Diretor, disse que seu
plano de governo não foi para enganar e que prometeu que implantará o
Plano Diretor em prazo hábil, até 2006 e que realizará melhorias na Usina
de Lixo e no Aterro Sanitário. Disse que são compromissos.
CADEIA -
Segundo afirmou, construirá também, em parceria com os governos Federal e
Estadual, uma nova cadeia pública, afastada do centro da cidade e com
condições para a visitação dos familiares dos detentos. Quanto à ETE
(Estação de Tratamento de Efluentes), irá tentar obter verbas em Brasília
para sua conclusão e informa que já fez contatos para tal.
BAIRROS -
Através de sua experiência como líder comunitário no bairro das Graças
disse que uma associação comunitária em bom funcionamento é como uma
“micro-prefeitura”. Pretende, como prefeito, incrementar as associações
comunitárias itaunenses e fará contratação de um contador para prestar
serviço às mesmas, desburocratizando seus serviços internos. “As nossas
portas vão estar sempre abertas para todos os segmentos itaunenses” -
afirmou.
RELACIONAMENTOS -
Sobre o relacionamento com o governo Federal, contou que foi procurado por
Nilmário Miranda e que em Brasília as portas estão abertas. Disse que
cobrará também do deputado itaunense Neider Moreira (não citou seu nome)
uma maior participação, pois entende que o mesmo tem obrigação para com
Itaúna que o elegeu como representante. O relacionamento com a Câmara
Municipal também foi colocado pelo futuro prefeito, que afirmou: “Os
vereadores serão convocados para caminharem com a administração, se isso
acontecer, daqui a 10 anos serão eleitos os mesmos”.
TRANSIÇÃO
- Falando sobre a
transição do governo Osmando para o seu, disse que a partir de novembro se
reunirá com a equipe do atual prefeito, visando já fazer acertos para a
transição. Reafirmou que na prefeitura, não será o Eugênio do PT, mas o
Eugênio de Itaúna e que vai contar com bons profissionais em sua equipe,
inclusive, estará convocando o vereador e o ex-petista (não eleito neste
pleito), Márcio Bernardes (PV) para integrar sua equipe, além de outros que
serão procurados.
OBRAS
ATUAIS - A
respeito dos projetos e obras em andamento na atual administração, o
petista disse que não “vai atrapalhar nada”, mas pretende analisar a
situação da ponte que liga a avenida São João à Jove Soares. Para ele, não
há necessidade daquela obra e pretende embargá-la, porém, assinala que a
população do bairro das Graças será ouvida e opinará a respeito.
GASTOS
DE CAMPANHA - Os
gastos da campanha petista, segundo Eugênio Pinto, foram baixos e ficou em
torno de 40 mil reais, disse: “o povo fez a campanha, fui iluminado também
pelos pastores da cidade”. Agradeceu também às crianças, prometendo para
breve, um presente para todas as crianças itaunenses.
‘IMPRENSA
IMPARCIAL’ -
Agradeceu também à “imprensa imparcial” pelo trabalho durante a campanha e
disse que esta merecerá toda atenção no seu governo. Afirmou que três
jornais (não citou quais) agiram dentro da ética e que sua equipe estará
preparada para receber os empresários da comunicação de Itaúna. Falando
sobre as cartas difamatórias dirigidas à sua pessoa na última semana da
campanha, disse que pedirá indenização moral e citou que um certo
radialista da cidade “se vendeu” por 500 reais durante a campanha.
CHORO LIVRE -
Ao finalizar a entrevista,
Eugênio agradeceu a todos os presentes, dizendo que seu celular continua o
mesmo (citou o número), afirmando que estará, como sempre, à disposição
para atender a todos. Ao terminar sua última fala, o futuro prefeito,
emocionado, caiu em lágrimas.
* * *
Entrevista com Gláucia
Santiago
vereadora
 |
Seu nome foi
o mais votado ao Legislativo itaunense e ela entrou para a história como
a primeira vereadora reeleita. Super simpática, bela e inteligente,
Gláucia Santiago
esteve conosco em nossa redação e falou um pouco de sua vida política,
sobretudo, do último pleito. Filha do ex-prefeito
Hidelbrando
Canabrava Rodrigues,
o Bandinho, ela parece ter nas veias a 'ginga' política do pai e sabe se
envolver de forma bastante positiva, com diversos segmentos da
comunidade itaunense, onde presta diversos serviços sociais. |
VF: Gláucia, como a senhora
se sente após se tornar a vereadora mais votada em 2004?
Gláucia:
Eu trabalhei o tempo todo, não
somente 90 dias, mas três anos e meio. Em momento algum, pensei em ser a
mais votada. É uma emoção grande demais, estou vendo que as pessoas
reconheceram meu trabalho e agora, mais do que nunca, vou fazer tudo em
agradecimento aos votos que tive.
VF: Como a senhora vê a
nova Câmara eleita?
Gláucia:
A gente fica sentida de não ter ao lado as amizades que fizemos durante este
mandato. Creio que a população soube escolher e tenho certeza de que esta
Câmara vai interagir muito bem com o povo de Itaúna.
VF: E a Câmara atual?
Gláucia:
Muitos ali deveriam ter voltado. O papel de vereador é fiscalizar e
praticamente todos desse mandato, cumpriram com sua obrigação.
VF: Ao contrário de
mandatos anteriores quando havia somente uma mulher, a nova Câmara conta com
a participação de três mulheres. Como a senhora analisa este crescimento da
participação feminina?
Gláucia:
A participação da mulher tem
aumentado gradativamente na nossa política. Quebramos dois tabus: o de nunca
uma mulher ter sido reeleita e de nunca ter tido três representantes
femininas na Câmara. Tenho certeza que as mulheres saberão representar muito
bem Itaúna, trabalhando com honestidade, com garra e acima de tudo, olhando
a nossa a área social.
'Espero que
as pessoas que estão
nessa
comissão ajam, não motivados
por vingança
ou raiva, mas dentro da lei'
VF: Seu pai, o ex-prefeito
Bandinho foi grande apoiador de sua campanha. Como foi a participação dele
nessa eleição?
Gláucia:
Tenho orgulho de ser filha de
um homem como Bandinho. É uma pessoa boníssima e sofreu junto comigo em
todos os momentos da campanha. Estamos super satisfeitos com o resultado que
obtivemos e tenho certeza, que grande parte dos meus votos eu devo a ele, à
minha mãe, minha família, meus amigos, que foram muitos e principalmente a
Deus.
VF: Como a senhora pretende
dar continuidade ao seu mandato?
Gláucia:
Pretendo continuar e ampliar
os projetos feitos na área social. Tenho mais de 60 crianças e adolescentes
que acompanho como voluntária no bairro Graças. Acompanhei também a terceira
idade, sou madrinha do “Projeto Agente Jovem”, coordenado pela professora
Ida Lavandosky, que atende atualmente o bairro das Graças e que será levado
também até o bairro Morada Nova.
VF: Como deve ser o seu
relacionamento com o prefeito Eugênio Pinto?
Gláucia:
Quando fui eleita pela
primeira vez, apoiei Ramalho, mas nem por isso eu deixei de votar algum
projeto mandado pelo Osmando que fosse bom para Itaúna e os itaunenses.
Nestas eleições apoiei Élvio Marques, nunca votei em partido, mas sim,
naquele que eu julgasse que fizesse melhor por Itaúna. Agora, o que depender
de mim vou fazer junto com Eugênio Pinto, da melhor forma para Itaúna.
VF: Temos visto um
levantamento das contas do presidente da Câmara Delmo Barbosa, coordenado
pelo vereador Silmar Marinho, presidente da comissão especial de
investigação. Como a senhora vê este processo?
Gláucia:
Espero que as pessoas que estão nessa comissão ajam, não motivados por
vingança ou raiva, mas dentro da lei. Participei das três Comissões
Parlamentares de Inquéritos (CPI) que aconteceram nesse mandato. Procurei
pessoas capacitadas, pesquisei bastante para que pudesse dar o meu voto
corretamente.
VF: Agradecemos,
parabenizando-lhe, e pedindo para nos deixar as suas considerações finais:
Gláucia:
Gostaria de aproveitar para agradecer a todos que me deram este voto de
confiança e dizer que vou fazer o possível para retribuí-los com meu
trabalho e com a minha amizade.
* * *
Entrevista exclusiva:
Elmo Nélio Moreira
Secretário Municipal de Finanças
Elmo
Nélio Moreira é natural de Belo Horizonte e filho de família itaunense. Aos 42
anos é secretário municipal de Finanças, contador concursado da PMI e
professor universitário. É formado em Administração e em Ciências
Contábeis, pós-graduado em Contabilidade com mestrado em andamento em
Ciências Contábeis. Fomos recebidos em seu gabinete, onde nos
concedeu a presente entrevista.
Por Pepe
CHAVES

Elmo Nélio.
Ascom/Arquivo
Via Fanzine.
Via Fanzine: Quais as atribuições da
Secretaria de Finanças e desde quando o senhor está à frente dela?
Elmo Nélio: Na
realidade, deveria ser Secretaria da Fazenda, pois as atribuições não se
restringem apenas às finanças municipais, são mais amplas. A Secretaria é
responsável pelo assessoramento ao Prefeito no planejamento e coordenação
da política fazendária municipal. Isso envolve as áreas financeira,
orçamentária, contábil, fiscal e tributária. Em poucas palavras, ela
elabora e controla a execução do orçamento, lança tributos, arrecada,
fiscaliza e cobra. Administra recursos, contrata crédito, paga a dívida e
presta contas. Em pouquíssimas palavras seria isso. Mas cada item envolve
um número muito grande de atividades e felizmente temos uma equipe muito
competente. Estou na Secretaria de Finanças desde janeiro de 1997, como
contador, mas como secretário a partir de agosto de 2000, final do segundo
mandato do prefeito Osmando. A Lei de Responsabilidade Fiscal já estava em
vigor desde maio e faltavam apenas cinco meses para encerrar o mandato.
Não havia prazo para realizar mudanças, então me limitei a fazer os
ajustes para encerrarmos o mandato cumprindo a legislação. Tinha algumas
propostas e o prefeito deve ter achado que eu tinha o perfil para
colocá-las em prática e me nomeou para seu terceiro mandato.
VF: Quais eram essas
propostas?
Elmo Nélio:
Modernizar e informatizar a Secretaria de Finanças, facilitar a vida do
contribuinte, do cidadão. Ainda temos muitos problemas, mas já avançamos
muito. Hoje, os processos correm mais rapidamente, com vários despachos
internos, a informação é mais ágil. Até o final do ano, a idéia é que o
contribuinte possa obter uma Certidão Negativa pela internet, assim como
pesquisar seu cadastro, fazer requerimentos e emitir guias para pagamento
de tributos. Precisávamos coibir o comércio irregular, gerar renda, tornar
justa a concorrência, dotar a fiscalização de instrumentos mais eficazes,
aumentar a arrecadação e viabilizar novas fontes de receita. Conter o
déficit público e criar instrumentos de controle para atender a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
VF: Existem projetos
criados pelo senhor frente à Secretaria de Finanças, que teriam gerado
acréscimos à arrecadação pública durante sua atuação frente a esta pasta?
Elmo Nélio: Demos
suporte à Divisão de Fiscalização dotando-a de meios para atuar de forma
mais rápida e produtiva. Temos combatido a atuação de ambulantes de outras
cidades, que não pagam impostos aqui, não geram empregos e ainda levam
nosso dinheiro embora. Dessa forma, fortalecemos o comércio local o que
gera mais impostos. Também coibimos o funcionamento de empresas
clandestinas, fazendo com que elas se regularizassem e passassem a
recolher tributos aumentando a participação de Itaúna no VAF do Estado.
Estamos credenciando nossos fiscais junto ao Ministério das Minas e
Energia para que eles possam atuar em nome do DNPM e fiscalizar as
empresas de extração mineral da cidade. A sonegação nessa área é muito
grande. Criamos uma assessoria jurídica para a Secretaria de Finanças e
estamos cobrando a Dívida Ativa, o que nunca foi feito. Temos inclusive
adotado medidas judiciais para a cobrança, com resultados satisfatórios.
VF: Temos conhecimento
de várias pessoas que receberam cobrança de débitos em atraso. A
Prefeitura está mesmo executando os devedores?
Elmo Nélio: Não
temos como evitar essa cobrança; é a cobrança da Dívida Ativa. A Lei de
Responsabilidade Fiscal determina que toda receita devida ao Erário deve
ser lançada e cobrada, utilizando todos os instrumentos necessários. O não
lançamento e cobrança dos tributos, assim como a não cobrança da Dívida
Ativa, implica em renúncia de receita, o que não é permitido pela
legislação vigente. A cobrança não agrada a muita gente, mas a maior parte
da população aprova. São pessoas e empresas que pagaram seus tributos, com
dificuldade, e se sentem injustiçadas porque outras não pagam. Além de uma
medida legal, é uma questão de justiça e de necessidade de a administração
municipal receber esses recursos. E se não cobrarmos seremos penalizados.
Não temos escolha.
VF: Soubemos da recente atuação da fiscalização da
Secretaria de Finanças no combate ao comércio ilegal. O que tem sido feito
neste sentido?
Elmo Nélio: A
atuação neste sentido já é rotina, esta última foi noticiada com alarde
devido ao volume apreendido. Temos combatido o comércio irregular na
cidade como também os ambulantes que vêm de vários outros municípios e
estados, com carros, camionetes, Kombis e caminhões lotados de mercadorias
para vender aqui. Coibindo esta prática, combatemos a concorrência desleal
com nosso comércio estabelecido, fortalecendo-o, evitando também que o
dinheiro saia de Itaúna.
VF: Qual a porcentagem
total que perfazem os impostos pagos por pessoas físicas e jurídicas de
Itaúna na receita bruta do município?
Elmo Nélio: Em 2002
a arrecadação total da Prefeitura foi de R$ 39.800 milhões, sendo que R$
6.339 milhões se referem a tributos municipais, pagos diretamente ao caixa
da Prefeitura por pessoas físicas e jurídicas, o que perfaz 15%.
VF: Há alguma novidade,
ou, nova modalidade de arrecadação a ser implantada ainda neste mandado do
prefeito Osmando?
Elmo Nélio: Estamos
tentando cobrar pelo uso de espaços públicos por parte de companhias de
energia e telefonia. Quando se coloca um poste no passeio, está-se
utilizando o espaço público para fins comerciais, mas temos esbarrado em
questões jurídicas que ainda não foram solucionadas. Teremos algumas
novidades para facilitar a vida do cidadão, através de recursos de
informática e internet, como já disse. Algumas estão previstas ainda para
este ano.
VF: As pessoas ainda reclamam de filas no caixa da
Prefeitura, principalmente para pagar o IPTU. Está sendo feita alguma
coisa para melhorar esta situação?
Elmo Nélio: Filas
no caixa só acontecem no dia 15 de cada mês, quando as empresas pagam seu
ISS. Já estamos providenciando para que até o final do ano este pagamento
possa ser feito na rede bancária e nos postos autorizados. Com relação ao
IPTU, ocorrem filas no guichê de atendimento, no caixa é raro. As filas
acontecem quando o pagamento está em atraso e é necessário o cálculo para
atualização e pesquisa nos dados do cadastro. Não podemos admitir mais
funcionários, pois passada a época do IPTU eles ficariam ociosos. Aí, a
população vai reclamar que na Prefeitura tem gente demais. Outra situação
que gera fila no atendimento é quando o contribuinte quer pagar o IPTU em
dia, mas há débitos de anos anteriores. Também são necessários cálculos e
pesquisa no cadastro. Muitas pessoas ainda não entenderam que o dia do
vencimento é o último dia, e não o único dia. Deixam para o último dia e
ajudam a aumentar a concentração de pessoas no saguão.
VF: O contribuinte pode
escolher o dia do vencimento?
Elmo Nélio: Pode,
basta que ele nos informe. Já enviamos correspondência neste sentido a
todas as residências e estabelecimentos comerciais da cidade, e ainda
noticiamos nos jornais, rádios e TV. Até o dia 31 de dezembro a pessoa
pode escolher o dia mais adequado para vencimento de seu o IPTU. No início
do ano seguinte lançaremos o imposto para vencer no dia escolhido. Poucas
pessoas se manifestaram escolhendo um vencimento próximo ao dia do
recebimento de salários. É comum a reclamação de que o vencimento ocorre
num determinado dia em que o contribuinte ainda não recebeu seu salário.
Mas se ele tivesse aproveitado o benefício de escolher o dia, não teria
esse problema. Muitos alegam que não sabiam do benefício. Já observamos
que a população, de um modo geral, não costuma ler os informativos. Aí,
perde o desconto de 10% para pagamento no prazo e ainda paga multa e
juros. E como sempre culpa a Prefeitura, sem razão. Voltando ao assunto da
fila, há ainda uma outra situação interessante. É a de pessoas que estão
com o IPTU normal e em dia e que pode ser pago nos bancos ou nos postos,
mas as pessoas querem pagar na Prefeitura. Algumas vezes instruí pessoas
na fila, informando que a poucos metros da Prefeitura tem uma farmácia e
uma casa lotérica autorizadas a receber o imposto, mas a maioria prefere
continuar na fila. Conclui que gostam de enfrentar fila sem necessidade.
Neste caso não temos como ajudar e estas pessoas não deviam reclamar.
VF: Como estão as contas da Prefeitura?
Elmo Nélio: As
contas estão sob controle. A arrecadação está normal, as despesas estão
abaixo da receita e a dívida está sendo paga em dia. Naturalmente, nossa
situação seria melhor se tivéssemos uma receita maior, mas aumento
substancial de arrecadação só se consegue a longo prazo. Temos procurado
reduzir os gastos, o que também é muito difícil, devido à quantidade e ao
bom nível dos serviços que são prestados à população. Mas os pagamentos
estão todos em dia.
VF: A Prefeitura está
muito endividada?
Elmo Nélio: Não
muito. A Prefeitura tem hoje uma Dívida Fundada em torno de uns R$ 12.500
milhões que está dentro da capacidade de endividamento e o serviço da
dívida está dentro da capacidade de pagamento, com todas as parcelas em
dia. A situação é tranqüila. É comum o endividamento no serviço público,
no Poder Executivo. Isso não ocorre apenas em Itaúna. As prefeituras, de
um modo geral, se endividam para realizar obras de maior vulto, pois as
receitas estão comprometidas com as despesas de manutenção da máquina
governamental e custeamento dos serviços prestados. Parte da dívida
refere-se a obras realizadas, como o projeto SOMMA e as obras do Rio São
João e parte é relativa a débitos previdenciários que se acumularam
perante o IMP e outros que estavam sendo discutidos judicialmente frente
ao INSS. Embora seja uma cifra expressiva, a dívida está dentro da
capacidade e todos os pagamentos estão em dia.
VF: Mas este
endividamento não compromete outras ações?
Elmo Nélio: Não. Os
valores estão dentro da capacidade e tecnicamente é até possível contrair
novas dívidas. Estamos contendo as despesas, reduzindo os gastos com a
máquina e o custo dos serviços. Assim será possível cobrir o déficit
e realizar determinadas obras sem aumentar o endividamento.
VF: O Prefeito nos disse em entrevista que
tomou uma série de medidas para economizar. Estas medidas estão surtindo
efeito?
Elmo Nélio:
Realmente várias medidas foram tomadas, exatamente para reduzir os gastos
com a máquina e com os serviços, as chamadas despesas de custeio. É
necessário gerar recursos para novas obras e para pagar o déficit
público. Nos próximos dias haverá uma reunião com o secretariado para
fazermos uma avaliação dos resultados obtidos.
VF: A legislação exige
que no final do mandato o déficit seja eliminado. Certo?
Elmo Nélio: Sim, é
o que prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal. Um administrador público não
pode mais, nos últimos meses de seu governo, fazer dívidas para que seu
sucessor pague. Esta nova lei pegou todos os prefeitos de surpresa, e o
prefeito Osmando ficou prejudicado nesse aspecto, pois nesses seus dois
últimos mandatos teve que pagar a dívida herdada de R$ 4.600 milhões e não
poderá assumir novos compromissos nos últimos meses de governo.
VF: Nos faça uma
análise sobre a atual situação do desenvolvimento econômico de Itaúna na
configuração do Estado de Minas Gerais.
Elmo Nélio: Desde
1995 nossa arrecadação vem aumentando e a expectativa é de que continue
assim. Fazemos um acompanhamento muito eficiente do VAF o que possibilitou
o aumento de nosso índice de participação do ICMS do Estado nos últimos
quatro anos. Temos conseguido atrair algumas empresas nos últimos anos, o
que irá melhorar nossa situação econômica nos próximos anos. Este processo
de industrialização deve continuar para garantir renda no futuro, pois
apesar de nossa receita vir crescendo, ainda está abaixo do crescimento
das necessidades. Em 1991 estávamos em 22o lugar no
recebimento de ICMS no Estado. Fomos piorando nossa posição até chegar em
38o em 2000. Em 2003 já atingimos o 36o
lugar e a expectativa é de nos manter ou melhorar a posição para 2004.
Independente das dificuldades econômicas que temos enfrentado, Itaúna é a
12a cidade no Estado em IDH, Índice de Desenvolvimento
Humano.
VF: O Senhor é também professor da
Universidade de Itaúna. Nos fale de sua atividade acadêmica.
Elmo Nélio: Sou
professor de contabilidade há 18 anos na Universidade de Itaúna. Lecionei
para o curso de Ciências Econômicas e agora para Ciências Contábeis. Já
lecionei também para outros cursos e outras escolas. Gosto muito disso,
sala de aula, alunos. Eventualmente atuo como perito judicial contábil e
já tive passagens por nove Comarcas no Estado. Estou terminando o mestrado
em Ciências Contábeis, já redigindo minha dissertação. O tema é Finanças
Públicas, com foco nos gastos que os municípios têm cuja responsabilidade
é do Estado e da União. Tenho pesquisado e estudado muito sobre o assunto.
VF: No início do ano seu nome foi cogitado
para ocupar um importante cargo em órgão do Estado. Como se deu isso?
Elmo Nélio: Foi uma
deferência do Deputado Neider Moreira para comigo. O objetivo era fazer
com que Itaúna ocupasse espaços políticos no Estado. Tratava-se da
Diretoria Financeira da CDI Companhia de Distritos Industriais. Houve uma
outra indicação para o cargo, por parte de um outro grupo político que
interessava ao Governador Aécio. Assim, foi feito um acordo com esse grupo
e o cargo foi ocupado por um político que já havia sido prefeito de
Passos/MG e também deputado federal. Quem sabe numa outra ocasião?
VF: Agradecemos pela
entrevista e pedimos para nos deixar suas considerações finais.
Elmo Nélio: Eu é
que agradeço a oportunidade de poder prestar algumas informações.
Aproveito para colocar a Secretaria de Finanças à disposição da população.
Estamos sempre prontos para atender e solucionar as dificuldades,
inclusive para ouvir as reclamações. Obrigado.
²²²
Entrevista exclusiva:
Lúcia Amaral
Artista Plástica
Uma das artistas mais
versáteis e ativas no panorama local nos concedeu esta entrevista, onde
ela revela um pouco mais de seus trabalhos que
se encontram em
cidades de todo o mundo.
Por Pepe CHAVES

Lúcia Amaral com um de seus
trabalhos.
Arquivo Via Fanzine.
Via Fanzine: Como se
deram os seus primeiros contatos com a arte e quais foram suas maiores
influências?
Lúcia Amaral: De
1988 a 1992 trabalhei no Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal
de Itaúna, onde tive contato com grandes artistas de várias modalidades.
Daí surgiu minha paixão pela arte. Naquela época meu maior contato com os
artistas plásticos de Itaúna era com o Vinícius Regal e Levy Vargas, os
quais muito admiro como artistas e amigos. Com o decorrer do tempo comecei
a conhecer mais talentos itaunenses, como Gláucio, Alvimar, Naron, Zélia e
muitos outros. Aliás, o Gláucio Bustamante, o Levy Vargas e a Zélia Hubner
foram meus grandes incentivadores, sendo que os dois últimos foram meus
professores.
VF: Quais técnicas a
senhora tem desenvolvido na pintura?
Lúcia: Já passei
por várias técnicas. O artista que trabalha com criatividade tem tendência
a mudanças de técnicas. Sempre trabalhei com acrílica. Minha arte é mais
contemporânea, adoro brincar com texturas, como colagem, metais, gesso e
outras. Também há o fato de estar sempre participando de salões de artes,
alguns deles são temáticos e então sou levada a fazer também pintura
acadêmica.
VF: Como pode ser
definido o seu estilo de pintar?
Lúcia: Quem conhece
bem o meu trabalho nem precisa ver a assinatura para reconhecer a autora.
Sou fascinada com cores vibrantes. Tenho em mente que cor é vida e aí eu
coloco na tela o que vai no meu interior: vida, alegria. A arte não é um
objetivo, mas um meio para se atingir o definitivo da vida.
VF: Como a senhora vê o
panorama das artes plásticas atualmente em Itaúna?
Lúcia: Vejo em
Itaúna um grande potencial, grandes artistas. Não citarei nomes, pois
poderia cometer o pecado de esquecer algum, tantos são eles. Eu gostaria
de fazer algo para que eles aparecessem mais, serem mais valorizados,
brilharem mais aqui e também lá fora. O panorama está muito fraco. Depois
de conhecer pólos da arte lá fora, dá desânimo ficar parada no tempo por
aqui.
VF: Quais nomes a
senhoria poderia citar como de destaque nas artes itaunenses na
atualidade?
Lúcia: São muitos.
Mas são poucos os que expõem e que estão sendo vistos por aí. Gláucio
Bustamante, Levy Vargas, Bia Vargas, Celina Damaceno, José Augusto,
Maurício, Alvimar, Zélia Hubner, Rosângela são os que sempre vejo em
evidência. Estou me referindo a artistas plásticos com obras em telas.
VF: O que poderia ser
feito no sentido de motivar as pessoas à prática das artes plásticas?
Lúcia: Muitas
coisas. O primeiro passo seria criar oficinas ou escolas de artes, que
dessem oportunidades às pessoas, em qualquer nível, de colocar seu dom em
prática. Daí o próprio artista, tendo um primeiro impulso incentivador,
caminharia com suas próprias pernas. Organizar vários salões por ano, com
temas específicos da época ou não. Criar uma Academia de Letras e Artes,
pois partindo daí é que o artista faz sua carreira, tornando seu nome e
suas obras imortais. É o que eu gostaria de movimentar em nossa cidade,
que tem tudo para ser um pólo da arte. São movimentos fáceis de se criar,
mas que dependem também da unidade dos artistas.
VF: Como a senhora
analisa o relacionamento da classe artística em geral?
Lúcia: Sinto muito
individualismo aqui, competição. Isto nunca deveria acontecer. É junto que
crescemos, trocando idéias, trocando conhecimentos, notícias, convites. Um
artista visitando o atelier do outro. Isto é fantástico. Tenho experiência
lá no Rio de Janeiro, onde sempre nos salões, nas premiações, nas
academias de Letras e Artes do Rio, onde sou acadêmica, tenho vários
convites de artistas de gabarito, como Camões, Natália Hasp, Vera
Figueiredo, Marli Bárbara e outros que me convidam para visitar seus
atelieres para troca de idéias e é sempre um sucesso. E que tal implantar
a idéia aqui? Estou aberta à iniciativa. Já é tempo de evoluirmos, de
parar com picuinhas que só fazem a pessoa ficar parada no tempo. Nunca
vamos encontrar um artista igual ao outro. Pode haver semelhança, mas cada
um tem o seu espaço no mundo. Isto é o de mais concreto que já ouvi dizer.
VF: Este ano não foi
promovido o Salão de Artes da Prefeitura de Itaúna. Como a senhora analisa
a ausência desse evento no calendário cultural da cidade?
Lúcia: Não tenho
como analisar. Só tenho a lamentar. Era o único acontecimento de Artes
Plásticas que tínhamos em nossa cidade. No ano passado fiquei triste
porque eu e muitos outros artistas não ficamos a par da data do evento,
mas o importante foi que, mesmo com poucos artistas, o salão aconteceu.
VF: Como a senhora vê o
futuro das artes em Itaúna?
Lúcia: Quando você
pergunta sobre motivação eu retorno à mesma resposta daquela pergunta: é
necessária toda esta revirada para termos um avanço, uma evolução. Caso
contrário, o futuro será a mesmice.
VF: Os trabalhos da
senhora têm percorrido cidades até de outros continentes, através de
salões de artes. Nos fale dessa experiência de “exportar” trabalhos
artísticos criados em nossa cidade.
Lúcia: É um prazer
muito grande exportar trabalhos itaunenses. É uma experiência que vem me
surpreendendo cada dia mais. Há alguns anos determinei minha meta anual.
Gostaria de percorrer Minas Gerais e realmente fiz inúmeras mostras em
várias cidades mineiras; tive a honra de participar de uma coletiva com
Levy Vargas e Zélia Hubner no Sul de Minas. Foi uma mostra marcante para
nós três, acredito. Filiei-me ao Sindicato dos Artistas Plásticos do
Estado de Minas Gerais – SIAPEMG, onde abri caminho para outros Estados e
convites começaram a chegar. Participo quase mensal ou quinzenalmente de
coletivas, salões, principalmente no Rio de Janeiro, onde tenho ótimos
contatos, como Clube Naval, Escola Superior de Guerra - ESG, Associação
dos Diplomados da Escola Superior de Guerra - ADESG, Escola Naval,
Galerias do Shopping Recreio, na Barra, Casa das Beiras e Casa da Paraíba.
Também no Rio de Janeiro sou Acadêmica da Academia de Letras e Artes de
Paranapuã - ALAP, onde temos salões e mostras freqüentes. Foi através da
ALAP, com o prêmio Salão Brasil Portugal, que tive a oportunidade de ir à
Europa em setembro passado, onde participei de três coletivas em Castro
Daire, Guimarães e Viana do Castelo, todas elas em belíssimos museus, em
castelos medievais. Para lá foram “exportadas” obras de Lúcia Amaral, de
Itaúna. Já sinto saudades delas!
VF: A senhora estará
recebendo neste mês o título de “Cidadã Honorária de Itaúna”. O que
representa este título para a senhora?
Lúcia: Representa
tudo que Itaúna poderia fazer por mim: adotar-me. Já me considerava
itaunense, pois sempre me apresento em minhas andanças como sendo de
Itaúna. Veja só: recebi em 2002 e 2003 o título Gente de Expressão de
Minas Gerais, promoção do Jornal Estado de Minas, como itaunense... Na
Embaixada do Brasil em Lisboa, quando fomos recebidos pelo Senhor
Embaixador, me registrei como itaunense. Aqui está registrado o meu nome
em placa de bronze como fundadora do Centro de Arte e Artesanato Yara
Tupynambá. Este é meu grande orgulho, ver aquela linda casa de cultura,
onde artistas plásticos e artesãos estão desenvolvendo um belo trabalho.
Tenho certeza de que a cada dia vai ser maior o sucesso em nossa Itaúna e
lá fora também. Continuo participando do Centro de Artes e continuarei
enquanto ele existir. Tudo isso me deixava um pouco preocupada, mas hoje
posso dizer que sou itaunense.
VF: Quais as novidades
e planos para 2004?
Lúcia: A partir de
janeiro estarei introduzindo minhas obras na Galeria Palácio dos Leilões,
em Belo Horizonte, além da Galeria Errol Flynn, onde já tenho obras.
Pretendo investir em minha carreira como artista plástica, aprimorando
minha técnica em um curso com o famoso artista Camões, do Rio de Janeiro.
Profissionalmente, pretendo conquistar o mercado paulista, pois em São
Paulo, como no Rio de Janeiro a arte é valorizada comercialmente. Pretendo
ainda continuar participando de salões e coletivas. Em junho tenho
proposta para estar novamente em Portugal, a convite da Câmara Municipal
de Viana do Castelo, participando da Feira de Literatura e Artes
Plásticas, com os Acadêmicos da ALAP, do Rio. E, para surpresa de alguns,
lançar meu primeiro livro de poemas, que já tem título:
“Particularidades”.
VF: Agradecemos pela
entrevista e pedimos para nos deixar suas considerações finais.
Lúcia: Pepe, não
poderia fechar minha entrevista sem falar da gratidão que tenho por você e
seu jornal. Em 1997 a minha primeira nota em jornais foi em Via Fanzine.
Tenho no meu arquivo social. Sempre tive um grande apoio e incentivo de
você. Você apostou em mim e eu acreditei. Então as minhas conquistas e
vitórias são nossas. Hoje estou novamente em Via Fanzine,
concedendo uma entrevista em Itaúna pela primeira vez. Já concedi várias
entrevistas, mas em outras cidades. Mais uma vez minha gratidão por tudo e
aproveito para desejar-lhe e aos leitores muita paz,
amor e realizações. Desejo o mesmo a todos os amigos e itaunenses.
- Contatos com a
artista:
luciaamaralrocha@uol.com.br
²²²
Entrevista exclusiva:
Osmando Pereira da Silva
Prefeito de Itaúna
no período de 2001/2004.
Ex-vereador e prefeito pelo terceiro mandato
popular, Osmando Pereira
nos recebeu em seu
gabinete na Prefeitura de Itaúna onde
nos concedeu a
presente entrevista.
Por Pepe CHAVES

Osmando em pronunciamento no
Governo Itinerantes.
Ascom/Arquivo Via Fanzine.
Via Fanzine: O que
difere este seu terceiro mandato dos anteriores?
Osmando: Este é o
mandato da prestação de serviços. A maioria dos serviços foi
municipalizada e nosso maior objetivo é prestar serviços de qualidade.
Nosso desenvolvimento humano nos coloca como 12ª de Minas Gerais na
qualidade dos serviços, enquanto na per capita de receitas estamos
próximo ao número 800. Então nós estamos priorizando a qualidade da
prestação de serviços nós estamos em dia com as necessidades de nossa
sociedade atualmente.
VF: Como é o
relacionamento desta Administração com os governos federal e estadual?
Osmando: É muito
bom! Itaúna ficava muito dividida entre lideranças políticas. Neste último
mandato, com nossa vitória que foi incontestável, frente a outros grupos
políticos, nós conseguimos transformar a Administração na referência
política da cidade. Itaúna passou a ter uma referência de poder e passamos
a ter uma representatividade maior junto aos governos federal e estadual.
E também com uma vinculação a políticos de maior projeção, como Pimenta da
Veiga e depois Rafael Guerra. Isso abriu espaço pra nossa cidade. Além de
que, a cidade se articulou, nossa sociedade civil cada vez mais organizada
serviu de suporte também a este contato com outras esferas de poder. Então
acho que Itaúna está mais forte, e por isso mesmo tem conseguido mais
espaços nas esferas estadual e federal.
VF: Qual é o valor da
dívida municipal atualmente e qual era seu valor quando o senhor assumiu
esse mandato?
Osmando: Os valores
da dívida são muito relativos, porque às vezes você paga e não contrai
outra dívida, porém, em função da política monetária nacional, da política
de juros, a sua dívida aumenta, apesar de você estar sempre amortizando.
Tínhamos dívidas financiadas e restos a pagar vencidos. Estes restos a
pagar vencidos nós liquidamos todos, continuamos pagando em dia os
financiamentos existentes. Tivemos, ao longo principalmente do segundo
mandato, que financiar tetos previdenciários das Administrações passadas e
também de investimentos que fizemos, como no controle das enchentes.
Continuamos o SOMMA e fizemos um financiamento para parte dos gabiões do
rio, no valor de R$ 1.288.000,00. Então estes são os parcelamentos que nós
temos, principalmente de débitos previdenciários e financiamento das obras
do SOMMA e parte dos gabiões do rio São João. São as únicas dívidas que
Itaúna possui, não sei lhe precisar aqui o valor, mas estamos amortizando,
com todos os pagamentos em dia. No total deve ter toda essa dívida num
saldo a longo prazo, um valor aproximado a R$ 12.000.000,00.
VF: Recentemente o
senhor demitiu algumas dezenas de cargos de confiança, entre eles, pessoas
que trabalhavam ao seu lado desde seu primeiro mandato. Comente-nos sobre
estas demissões.
Osmando: Nós
administramos o dinheiro público e temos que ter total responsabilidade
sobre nossas ações. Procuramos nos cargos de confiança, trabalhar com
pessoas da nossa confiança, e seja numa empresa privada, na área pública,
você trabalha com as pessoas que confiaram e ajudaram você a conquistar o
mandato. Você trabalha também fazendo acordos políticos, e para
administrar é preciso ter uma boa situação política, seja na esfera
municipal ou estadual. Então tínhamos na legislação e também a
determinação de que deveríamos chegar ao final do ano conseguindo “domar”
e eliminar o déficit, que desde 97 tomávamos medidas de
contenção... Mas às vezes surgem eventos como enchentes, excessos de
chuvas que demandam investimentos maiores, como manutenção, recuperação e
investimentos necessários à demanda da cidade. Então a Administração é
muito dinâmica, não há como se fazer um planejamento total. Estamos
eliminando o déficit desde 97, mas ele persiste. Hoje até por força da
legislação você não pode chegar ao final de seu mandato com déficit.
Então nós fizemos aquilo que tínhamos que fazer e demitimos cerca de 40
cargos de confiança. A maioria, até por ser cargo de confiança, foram
pessoas que estiveram envolvidas em campanhas nossas. Mas nós sabemos, que
eles sabem que fizemos certo, nós procuramos adequar os cargos de
confiança à Administração. Às vezes se condiciona: “Ah, mas ficou um que
não esteve empenhado na campanha!”, porém, tecnicamente ele atende mais
que o outro. Nós olhamos os aspectos técnicos e os aspectos políticos para
fazermos estas mudanças. Eventualmente uma pessoa que está conosco a 10
anos de mandato não pôde continuar porque na nossa estrutura
administrativa de hoje não há necessidade de seus serviços; ou ele é mais
dispensável do que um outro. Então com estes critérios nós agimos. E
infelizmente, estamos vendo que pessoas que passaram 10 anos conosco, em
cargo de confiança, bastaram 30 dias sem estarem nomeados por nós e já
passaram a nos criticar e atirar. Estes demonstram com isso, que não
mereciam a confiança da nossa parte nestes 10 anos que trabalhamos juntos.
Mas aqueles que não puderam ficar, havendo vagas que atendam ao momento
atual que vivemos na administração, nós estaremos convidando-os novamente
a cada vaga que surgir. Mas também é uma oportunidade para que a gente
conheça aqueles que estavam aqui, mas que não mereciam a nossa confiança,
não mereciam eventualmente estar na nossa Administração. Devo dizer também
que a redução dos cargos de confiança, a redução da estrutura
administrativa de nosso governo foi uma medida para se conter o déficit.
Nós temos uma gama de medidas que tomamos junto com esta para chegarmos ao
objetivo de chegar ao final do ano sem déficit.
VF: Quais tem sido os
principais investimentos na Educação e na Cultura municipal?
Osmando: Temos uma
boa atuação neste setor, dentro dos 853 municípios do Estado. Estamos
classificados por uma tabela da ONU, do índice de desenvolvimento humano,
como o 12º município. Nós temos uma boa média salarial no nosso sistema de
educação, temos um quadro de professores qualificados. Nós queremos
oferecer aos setores de Educação e Cultura, condições para que as pessoas
trabalhem efetivamente. Temos constantes cursos e reciclagens em nosso
quadro. É um quadro que a cada dia mais se enriquece também com
iniciativas próprias. E nosso objetivo é aumentar a qualidade e oferecer
educação a todos os nossos alunos. E isso creio que temos conseguido com
grande sucesso. Temos tido problemas de deslocamento da população de
Itaúna, principalmente na região de Garcias, que cresce muito e isso
provoca constantes investimentos naquela região, em ampliação de escolas e
abrindo novas salas de aula. Temos conseguido oferecer vagas nas escolas
daquela região. E temos com um grande projeto que estamos tentando
viabilizar junto ao governo do Estado, que é a construção de um colégio de
segundo grau, amplo, que possa atender às demandas dessa região. Já tem
uma área destinada para este fim no bairro Aeroporto. E continuamos a
atender o pré, de quatro anos para cima. Um dado que destaco na Educação é
o trabalho de perfeita harmonia com a Secretaria de Estado da Educação,
com as escolas estaduais de nossa cidade. Na área cultural é continuar os
projetos. No meio à tanta carência de recursos o setor tem que ser
dinâmico, temos apoiado a iniciativa dos itaunenses e mantido, ou às
vezes, ampliando os projetos e concursos.
VF: Sabemos que um de
seus maiores anseios, e talvez maior objetivo seria a implantação da
Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) que despoluiria completamente o
rio São João, mas por ter um custo bastante elevado não foi ainda
construída. Quais as reais possibilidades de se instalar a ETE ainda neste
mandato?
Osmando: Este é um
sonho, se não fazê-lo eu sairei frustrado e acho que o que marcou nossa
trajetória política como prefeito municipal foram as ações em favor do
saneamento. Então desde a municipalização do SAAE em nosso primeiro
mandato há todo o trabalho de criar este serviço extraordinário que dá
bastante tranqüilidade à população de Itaúna. Até mesmo as drenagens
pluviais que conseguimos fazer, as obras dos emissários de esgoto e os
gabiões do rio São João, enfim... E por todos os investimentos feitos como
distribuição de rede de esgoto, estruturas de distribuição de água, acho
que merecíamos completar este ciclo com a construção da Estação de
Tratamento de Esgoto. Mas nós somos realistas, lutamos e temos feito de
tudo para conseguir viabilizar os recursos a “fundo perdido”. Mas, temos
aí prazos e até o meado desse ano se não conseguirmos viabilizar os
recursos dificilmente faríamos a ETE neste mandato. Eu não pretendo
iniciar a ETE e deixá-la pela metade, eu somente a iniciarei se tiver a
convicção que a concluiria em meu mandato.
VF: Qual é o valor
atual para a construção da ETE?
Osmando: O valor
hoje para a construção da ETE considerando a inflação estaria na faixa de
R$ 7,5 a R$ 8,0 milhões. Eu gostaria de destacar que se fizéssemos um
financiamento, num prazo longo, de 17 ou 20 anos, existem muitas linhas
para isso, nós não oneraríamos a população. Nós teríamos que fazer um
acréscimo de menos de R$ 1,00 na conta de água, com este valor em média
teríamos R$ 0,50 para as contas menores, que são a maioria das contas do
SAEE. Mas, infelizmente a população e o meio político não são favoráveis
que se tome empréstimo, que é considerado como dívida. Eu acho que para se
fazer uma ETE e para que a cidade tenha este conforto, este financiamento
seria um grande investimento, sem um ônus maior para a população, que
teria os benefícios imediatamente. Então estamos avaliando e teríamos que
ter uma aprovação de toda a classe política e de toda a sociedade, mas do
contrário não faremos.
VF:
Como o senhor
vê os casos de poluição no município, sobretudo, de poluição industrial,
dilapidando o meio ambiente, conforme denúncias que fizemos aqui,
envolvendo empresas como Incomfral, Itafundi e o Motel Monn Light?
Osmando: Existem
várias formas de poluição, eu prefiro falar inicialmente de uma forma de
poluição que é muito fácil de se resolver, que é a poluição que todos nós
fazemos e pode ser completamente eliminada, se cada cidadão não jogar um
papel na rua, toco de cigarro no chão, não jogar animal morto no rio, nem
atirar lixo em lote vago. Nós temos hoje uma das mais, vamos dizer assim,
perfeitas coletas de lixo do Brasil. Somos das poucas cidades que coleta
lixo seis vezes por semana. Então na há nenhuma necessidade de nós,
cidadãos, poluirmos nossos rios, córregos e lotes vagos. Acho que só
podemos cobrar dos outros, se cada um de nós assumir nossa
responsabilidade de cidadania. A poluição das indústrias, que você se
referiu... As empresas têm feito esforços, não é fácil de resolver, os
investimentos são grandes e todas elas estão numa etapa. A Itafundi está
mudando seu parque industrial para uma unidade onde todos os cuidados
estão sendo tomados. A Incomfral já está iniciando o seu empreendimento,
que dependeu de longos anos para aprovação, inclusive dependendo aprovação
da ETE do município. Temos novos projetos com a nova diretoria que vai
assumir o matadouro municipal, que também resolveu o problema das caixas
de passagem, que tratará os resíduos do matadouro municipal, que é também
um problema que nós temos. Então se fizermos uma avaliação, estamos
evoluindo muito, as indústrias modernas que estão vindo para cá já têm
processos de proteção ambiental. Temos muitas empresas em processo de ISO,
de conseguir certificação ambiental. E o Poder Público está acompanhando
estes processos, junto com o Ministério Público, que é o curador do meio
ambiente e junto com os órgãos estaduais. Temos conseguido aqui, trabalhar
com diálogo e uma unidade nestes setores, sempre procurando aliar o
atendimento ambiental à necessidade e objetivo de ter as empresas
funcionando. Estamos sempre cobrando, mas somos também parceiros das
empresas, no sentido de ajudá-las a conseguir suas licenças e adequar suas
unidades.
VF: Quais as mais
importantes obras de saneamento em andamento no município?
Osmando: Estamos
fazendo obras importantes, como a canalização do ribeirão da Várzea da
Olaria, principalmente nos trechos passíveis de inundação. Temos o grande
objetivo de fazer uma drenagem no trecho mais crítico do ribeirão dos
Escapotos. Também estamos dragando o rio São João abaixo do hospital para
colocarmos os gabiões ali. Estamos dependendo de recursos, pois com
recursos próprios é impossível a colocação dos gabiões. Temos o objetivo
de melhorar a distribuição de água, fazer novos investimentos em
comunidades rurais como Campos e outras. E na cidade temos vários bairros
que reivindicam centros comunitários... Pretendemos fazer quadras, como no
alto do Cascalho, no Leonane e em comunidades rurais e ainda esta escola
lá no bairro Aeroporto. Temos ainda alguns investimentos para fazer na
área da Educação, principalmente para famílias com renda abaixo de dois
salários mínimos. E temos a prestação de serviço que é sagrada, objetivo
número um da administração, não deixar cair o nível dos serviços prestados
e se possível ampliar sempre esta prestação de serviço. Todo cidadão quer
ter o conforto do asfalto, mas esta não é nossa prioridade primeira, nós
sonhamos em fazer asfalto, mas necessitados de recursos a “fundo perdido”
ou mesmo em parceria, como o asfalto comunitário. Há muitos projetos e
objetivos e por eles eu não me candidatei a deputado, pois tinha uma boa
chance e um bom espaço político, mas o sonho de realizar algumas obras fez
com que eu não saísse. Mas, realizá-los ou não, evidentemente vai depender
da situação econômica do país e da receita que teremos.
VF: Itaúna é uma cidade
que não possui favela, diferindo da maioria das cidades brasileiras do
mesmo porte, neste sentido. A que se deve o fato de Itaúna não possuir
favelas?
Osmando: São vários
os aspectos... Começou no governo Ramalho, quando Itaúna fez seu primeiro
plano diretor. E continuou com administrações, nas quais me incluo sem
pudor, Administrações que tiveram responsabilidade com a cidade.
Administrações que sempre optaram pelo básico, ao investir em saneamento e
infra-estrutura, em vez de investir em obras de retorno político mais
fácil, como asfaltamento e outras coisas. Então, Itaúna investiu em
infra-estrutura básica. E hoje nós ficamos tranqüilos, quando a Câmara
Municipal faz reuniões itinerantes e que nós vemos o nível das críticas
que se faz. Nós temos hoje uma sociedade muito organizada que participa e
ajuda, mas também é muito exigente. E as principais reivindicações hoje
são asfaltamentos de ruas já calçadas, porque a pessoa acha que o asfalto
é um conforto melhor que o calçamento e por justa razão. E nós temos hoje
neste período de chuvas muitas reclamações quanto à limpeza urbana.
Enquanto em outras cidades as pessoas reclamam de abastecimento de água,
de rede de esgoto de coleta de lixo que é feita duas ou três vezes por
semana, reclamam salas de aula... Reclamando coisas que em Itaúna não são
nem motivos de assunto. Então se formos comparar no contexto de cidades
mineiras, nós temos hoje uma estrutura muito boa. Se compararmos também em
nossa região, cidades do mesmo nível de receita, ou uma per capta
de receita superior a Itaúna, veremos que temos uma situação equivalente e
na maioria das vezes, superior. Então, é um trabalho de Administrações,
definições políticas, organização e participação da sociedade civil, que é
fundamental para Itaúna ter conseguido este estágio que conseguiu. Isso é
cultura. É população expressiva, organizada, que ajuda o poder público e o
permite que faça investimentos em áreas que às vezes não dará retorno
político fácil, mas que são investimentos importantes para uma comunidade
politizada e expressiva.
VF: Como o senhor
analisa o campo dos empregos, negócios e indústria em Itaúna?
Osmando: Itaúna tem
sido campeã em pequenos negócios! Nossa agência de trabalho municipal que
tem um convênio com o Sine (Serviço, de Informação Nacional de Emprego) é
fantástica. Nós temos um órgão para encaminhar as pessoas ao emprego,
fazer acertos não fiscalizados, é uma agência de trabalho que ajuda a
criação de cooperativas àqueles que querem um recurso para investir na
criação e no crescimento dos seus negócios. E ela tem atingido resultados
fantásticos e coloca Itaúna como uma referência nacional nesta área de
pequenos negócios. Às vezes fica um pouco encoberto porque temos obtido
resultados positivos na atração de negócios maiores, de empresas, de
capitais de outras regiões ou estrangeiros. Temos também apoiado o
crescimento do emprego em Itaúna, há muitas empresas desenvolvendo e
crescendo bastante, numa economia bastante diversificada. E temos
conseguido atrair investimentos de fora. Mais recentemente trouxemos a
empresa Plastubos, que já está instalando suas unidades aqui e temos
também a Metalúrgica Betim, que estará trazendo suas unidades pra cá, além
de outras empresas. Assistimos a um grande desenvolvimento da Itaúna
Siderúrgica, que é uma empresa muito importante para nossa cidade. A Belgo
Mineira Bekaert é hoje referência no mundo com qualidade e produtividade
dentro do grupo. Estamos num processo de reabertura da Metalúrgica Ouro
Branco e estamos transformando num verdadeiro parque de obras os trabalhos
de recuperação dos dois fornos da Vale do Paraopeba, também resolvidas as
questões ambientais. A Safran Linco também está em processo de ampliação
de seu parque industrial em nossa cidade. Então, a oferta de emprego na
nossa cidade, tanto na área comercial como na área industrial têm se
ampliado efetivamente.
VF: Como o senhor vê as
críticas pessoais que lhe são dirigidas?
Osmando: Vemos as
críticas como um direito do cidadão. Mas críticas de ordem pessoal nós
discordamos. A população de Itaúna não me vê nunca respondendo críticas
aos órgãos de imprensa. Nós não o fazemos porque sempre vem a tréplica e
então fica a crítica pela crítica, né? Nós preferimos trabalhar, fazer o
que é necessário. Às vezes nos cobram por viajar. Olha, a viagem nos
sacrifica familiarmente, sacrifica nossos negócios, dos quais estamos, às
vezes, meses e meses ausentes e nos sacrifica politicamente, porque
politicamente, para nós seria mais interessante ficar aqui e atender o
cidadão. Mas cumprimos nosso dever, vamos onde vemos uma possibilidade de
defender e lutar por nosso município. Enfim, nós acreditamos no trabalho;
as críticas passam e os trabalhos ficam.
VF: Mesmo sob algumas
críticas a PMI implantou a coleta seletiva de lixo. O que o senhor tem a
nos dizer sobre este trabalho de reciclagem executado em parceria com a
Coopert?
Osmando: Hoje a
reciclagem do lixo não é mais uma colaboração da sociedade, ela é um
dever, uma obrigação legal. Nós só vamos ter um tratamento adequado do
lixo, se cada um de nós, destinar corretamente o lixo que produzimos. É
caro o processo de tratamento e destinação do lixo, atendendo todo o
complexo de leis e higiene ambiental. Então implantamos a coletiva
seletiva e criamos um modelo que é o “seco e molhado”, que hoje está sendo
implantado em uma região de Divinópolis e outros municípios. Itaúna está
num nível superior, se comparamos nosso índice de reciclagem por tonelada,
que é muito grande. Mas acho que a reciclagem 100% só vai funcionar
perfeitamente o dia que todo cidadão assumir a responsabilidade da
destinação do lixo que ele produz. Temos Curitiba que é uma referencia no
Brasil em reciclagem desde os anos 70 e que ainda não atingiu o índice de
reciclagem que Itaúna tem. Nós aproveitamos sempre esta oportunidade, para
pedir, que cada cidadão assuma sua reciclagem, com ela não vamos ter
problemas ambientais nem com a destinação do lixo.
VF: Quais os novos
projetos a serem implantados pela autarquia SAAE?
Osmando: O SAAE (SAAE)
que são serviços de administração própria, que só dependem mesmo da
determinação política do administrador municipal, tem ampliado muito a sua
atuação. Em cidades como Muriaé, Poços de Caldas, Santo André e vários
municípios de São Paulo, o SAAE tem assumido tudo o que se refere a
serviço básico de ruas, de vias públicas. É muito mais fácil ter um
serviço só pra isso, é lógico, repassando também para ele alguma fonte de
receita. Serviços de limpeza urbana em geral, centralizados no serviço de
águas, eu acho que funcionária muito melhor! E nós estamos sempre
estudando estas questões e oportunidades. E também os serviços ambientais,
são todos eles entregues ao serviço de águas. Uma outra forma também que
muitos municípios estão optando é a transformação do SAAE numa companhia.
Se o SAAE fosse uma companhia, já teríamos feito a ETE. A autarquia, como
o SAAE é hoje, está sujeita aos critérios de endividamento público, uma
companhia não estaria. E ele poderia, como companhia, tomar um recurso em
20 anos e fazer um investimento importante para nossa cidade. E não é só
no SAAE não, em todos os nossos serviços, estamos buscando atualizar e
modernizar a gestão. E eu acho que é um exemplo, um modelo e um orgulho
para o itaunense, que é o nosso serviço de águas.
VF: Para finalizar,
gostaríamos que o senhor nos deixasse suas impressões sobre a cidade de
Itaúna neste início de milênio.
Osmando: Eu vejo
Itaúna de forma muito otimista, uma cidade que está encontrando suas
vocações, está mantendo a sua identidade cultural. E está conseguindo
manter essa identidade fazendo uma passagem para uma cidade de empresas
modernas, uma cidade aberta e competitiva, com capacidade de enfrentar o
mundo atual. Estamos passando de uma cidade de empresas familiares, para
uma cidade moderna, mantendo as riquezas de uma cidade, onde as pessoas
são ainda identificadas pelo sobrenome de família e mantendo a tradição e
a identidade cultural. Temos raiz, temos cultura, estamos mantendo isso e
nos transformando numa sociedade moderna. Então uma cidade moderna é meu
sonho de cidade, que tenha suas bases assentadas na cultura e na tradição.
E o resultado disso é seguramente uma grande qualidade de vida.
²²²
Entrevista exclusiva:
Dr. Paulo de Carvalho
Juiz da Vara Criminal da Comarca de Itaúna
Uma das
autoridades mais atuantes em Itaúna nas duas últimas décadas, o juiz Paulo
Antônio de Carvalho falou conosco sobre assuntos pertinentes à Segurança
Pública municipal. Dr. Paulo de Carvalho nos recebeu gentilmente em seu
gabinete, onde gravamos a presente entrevista.
Por Pepe
CHAVES

Dr. Paulo de Carvalho.
Jornal Brexó/Arquivo Via Fanzine.
Via Fanzine: O que
levou o senhor a ser um profissional do Direto?
Dr. Paulo de Carvalho:
Desde minha adolescência, eu resolvi fazer um curso superior e me inclinei
pela área de Ciências Humanas e Sociais. Acabei optando pelo Direito
porque sempre me fascinou pela sua capacidade de estabelecer a paz social
e resolver conflitos. Então optei pelo Direito e acabei indo para a
magistratura, onde a função básica é a de resolver conflitos.
VF: Como tem sido
trabalhar em Itaúna há quase 20 anos?
Dr. Paulo: Tem sido
muito prazeroso. Para você ter uma idéia, eu vim para ficar três anos e
estou aqui há dezenove anos. Este sobre-tempo de 16 anos é uma
demonstração clara de que eu realmente gostei da terra, tenho muita
afinidade com Itaúna. Sou cidadão honorário já algum tempo e me entusiasma
em Itaúna essa comunidade atuante que a cidade tem. Para a sociedade
itaunense não há problemas sem solução. A sociedade sempre arregaça as
mangas, aceita o desafio e parte na busca de questões não resolvidas pelos
poderes públicos. Eu acho que aqui, apesar de ser uma cidade de quase 100
mil habitantes, tem muito de minha terra natal que é Conceição de
Aparecida, no sul de Minas, onde as se conhecem, se cumprimentam nas
ruas... Encontrando em Itaúna uma outra Conceição de Aparecida; maior,
mais ampla e mais desenvolvida eu acabei estabelecendo essa relação de
empatia com a cidade e me sinto muito bem aqui.
VF: Como pode ser
analisado o índice de criminalidade em Itaúna?
Dr. Paulo: Nós
temos que fazer uma divisão. Da criminalidade que a gente chama de
“interna”, ou seja, de crimes cometidos por gente de Itaúna em Itaúna; e
da criminalidade “externa”, cometida por gente de fora que vem a Itaúna só
para cometer crimes. Em relação à primeira, essa não nos preocupa. Porque
as autoridades conhecem o perfil desses indivíduos que praticam crimes,
sabem o tratamento a ser dado e vem dando esse tratamento. E, apesar de
ter havido um acréscimo em áreas importantes, como crimes contra o
patrimônio e furto, apesar disso, essa situação não nos preocupa porque
está sob controle. A que nos preocupa é da criminalidade externa. Ou seja,
praticada aqui por gente que se desloca de Betim, Contagem, Belo
Horizonte, Santa Luzia. Eles vêm a Itaúna, unicamente pra praticar crimes,
geralmente contra o patrimônio e crimes violentos, são assaltos a mão
armada, seqüestros... Então, estes desassossegam não só a população, como
as autoridades, pela ousadia e perigo que estes agentes demonstram. Mas,
estas questões têm sido levadas ao Conselho de Segurança Pública de Itaúna
(CONSEPI) e estão surgindo lá propostas muito interessantes para reduzir e
conter esse tipo de criminalidade. E nós temos certeza que à medida de que
estas sugestões estão sendo anotadas, certamente teremos uma resposta
positiva.
VF: O que o senhor
nos diz do trabalho do CONSEPI?
Dr. Paulo: Eu acho
que o CONSEPI tem feito um trabalho muito bom ao se tornar um fórum para
debater a segurança. Porque tem que se ter um local para as pessoas, os
representantes dos diversos segmentos sociais se reunirem, se debaterem e
apresentarem sugestões. Infelizmente, algumas sugestões ainda não foram
implementadas. Acho que isso se deve basicamente porque estamos vivendo
uma época de vacas magras, com muitas dificuldades financeiras. Mas o
importante é que a gente tem propostas boas, propostas a se realizar e
estas há muitas. Acho que gradativamente a gente vai conseguir implementar
essas idéias e isso vai representar um ganho muito grande para a
comunidade. Aliás, só para citar, os CONSEPI têm funcionado muito bem em
outras comunidades. Em Itaúna com esse nível de participação que há da
comunidade, só tem que funcionar bem; tem que funcionar melhor que em
outras cidades.
VF: Temos na cidade
o “Casa Nossa”, um centro de reabilitação de menores infratores, que
difere muito do sistema empregado em outras cidades do Brasil. Nos fale da
função dessa casa assistencial.
Dr. Paulo: O
trabalho do “Casa Nossa” tem sido muito bom. Tem dado resultados que, se
não são os ideais, são resultados que nos deixam muito otimistas! Acho
importante mencionar que o “Casa Nossa” já era uma fundação e existia com
outras finalidades, como pastoral da igreja Católica, destinada à
assistência à maternidade, à infância, como lactário, provendo o leite das
crianças. E foi transformada em “entidade” de acordo com o Estatuto da
Criança e do Adolescente, para executar medidas sócio-educativas,
atendendo à uma reclamação da própria comunidade, que num determinado
momento começou a cobrar providencias mais efetivas do Poder Judiciário
com relação aos adolescentes que praticavam infrações, principalmente
furtos. O processo era feito, instaurado, a medida era aplicada: liberdade
assistida, semi-liberdade e às vezes até internação. Só que essa medida
não saia do papel por não obter uma entidade que executasse. E foi a
partir dessa demanda, da própria comunidade, que surgiu o “Casa Nossa” com
essa nova roupagem para executar essas medidas. E a partir do seu
funcionamento, já cumprindo o Estatuto da Criança e do Adolescente, nós
sentimos que houve uma redução, pelo menos em relação àqueles adolescentes
que ficavam praticando furtos e nada era feito com relação a eles. Então
quando a situação se torna mais grave se leva pra lá e vamos procurar
recuperá-lo. E mesmo com estes resultados sendo bons no “Casa Nossa”, eu
gostaria de destacar: apesar das grandes dificuldades financeiras! O “Casa
Nossa” não recebe recursos públicos de nenhum dos poderes e sobrevive com
doações da própria comunidade. E como tal, está sempre de pires na mão e
às vezes, até sem dinheiro para a alimentação dos adolescentes que se
acham abrigados lá. Mas a comunidade de Itaúna é muito solidária e tem
dado seu apoio, sua ajuda. E graças a Deus, o “Casa Nossa” continua indo
em frente e tenho certeza de que no futuro será ainda melhor.
VF: Nos fale do
índice de delitos cometidos atualmente por menores em Itaúna e como o
senhor analisa a questão do menor carente em nossa comunidade?
Dr. Paulo: O
índice de delitos praticados por menores, adolescentes, 70% deles, estão
na área de patrimônio, principalmente furtos. E vai você pode estabelecer
uma relação entre estes furtos e a questão do menor carente. Quer dizer,
tudo está ligado à pobreza, à exclusão social. Se a gente não acudir essa
população menos favorecida, a criminalidade tende a aumentar, não só nos
menores de 18 anos, como nos maiores. Mas você pode dizer: a pobreza não é
sinal de criminalidade. Não é! Mas você não pode perder de vista que
muitos começam a furtar por necessidade, para saciar a fome. E aí, acaba
depois enveredando por outros caminhos. Mas, se a gente tivesse uma
sociedade mais justa, certamente teríamos muito menos furtos e crimes.
VF: Há uma grande
pressão em alguns segmentos da mídia nacional clamando pela redução da Lei
de Maioridade Penal. O senhor é a favor da regulamentação dessa lei?
Dr. Paulo: Esta
questão voltou à tona agora, tendo como pretexto o recente assassinato do
casal de namorados em São Paulo. E voltou, infelizmente, com um forte
enfoque emocional, o que é muito ruim. Porque sempre que você age
comandado pelas emoções, o coração, você chega a um resultado que não é o
melhor. Então passou a se pregar aí a redução da idade penal de 18 para 16
anos. Eu sou contra por dois motivos. Primeiro, porque você não fixa a
idade penal, de acordo com o seu querer, sua vontade. Isso tem um
contingente científico, pois a pessoa para responder pelos seus atos tem
que estar madura para isso, ela tem que estar completamente desenvolvida.
E os estudos indicam que os menores de 16 anos, apesar de ter um grande
desenvolvimento nessa sociedade de hoje, não estão aptos ainda para
responderem criminalmente para seus atos. O segundo ponto, é que a redução
da maioridade penal seria um atestado de incompetência nossa. Ou seja,
porque não demos conta de reeducar o adolescente infrator aí nós vamos
baixar a idade penal, porque o prendemos, ele vai pra cadeia. E lá vamos
achar que o problema está resolvido. Mas não está. Porque ele vai pra vala
comum, ele vai ficar como condenado maior de 18 anos, vai ficar entregue à
própria sorte, não vai ter a recuperação esperada e vai ter também os
mesmos índices de reincidência, que temos no Brasil hoje, de 85%. Então, é
uma acomodação nossa, quando não conseguimos resolver o problema, a gente
sai por uma solução simplista e baixa a idade penal. Por que em vez de
baixar a idade penal, nós não partimos para um processo mais amplo de
distribuição de riquezas? De inclusão social dessas pessoas, que são 99%
dos casos, pobres, que vão para o crime por causa da exclusão social?
VF: O senhor sempre
foi um apoiador do Método Apac, nos fale sinteticamente desse método e,
por favor, nos cite exemplo de sua eficiência em termos práticos.
Dr. Paulo: A APAC
Surgiu em São José dos Campos há quase 30 anos e criou este método de
valorização humana para a recuperação daquele que praticou um crime e
aproveita o tempo da prisão para desenvolver nele a vontade de viver de
acordo com as leis dos homens e a lei de Deus e no final da pena ele
estará preparado para retornar à sociedade e ser um cidadão honesto. A
gente poderia dizer que a Apac apesar de ter um método fabuloso e dar
mostra de seu trabalho, o que se faz lá é executar a Lei de Execução Penal
(LEP). A LEP estabelece para os condenados, direitos e deveres. Só que a
lei não é cumprida, porque quando é condenado, vai pra uma penitenciária,
uma cadeia, tanto os direitos quanto as obrigações ficam esquecidas. Ou
seja, não dão a remissão, mas também não cobram nada em termos de
comportamento. A Apac cobra isso, ela dá um tratamento solidário,
humanitário, mas em troca ela exige que se adeqüe às normas da
instituição, que trabalhe, que estude. Exatamente para que amanhã este
cidadão seja outro indivíduo que, ao retornar à sociedade não cometa
outros crimes. Em termos de ganho da Apac em relação a este método,
poderia citar dois aspectos positivos: o índice de recuperação lá é
altíssimo, da ordem de 90%, ao contrário da média nacional que é só de 15%
e da mundial que é da ordem de 30%. Então, cremos que é por isso que
outros países têm demonstrando tanto interesse pela metodologia que se
desenvolve aqui; e o outro é o custo, enquanto um preso numa penitenciária
de qualquer Estado fica na ordem de mais de 1000 reais para o Estado, na
Apac fica em um salário mínimo e meio, algo como 350 reais, cerca de um
quarto do custo de um preso numa penitenciária. Então, além de se ter o
ganho na questão da ressocialização, se tem também o ganho no aspecto
econômico e financeiro.
VF: Como o senhor
tem visto as recentes críticas que acusam um tratamento diferenciado em
relação aos presos da cadeia municipal e aqueles que cumprem o Método Apac?
Dr. Paulo: Eu tenho
recebido essas críticas com muita naturalidade, porque as críticas quando
honestas e bem feitas contribuem. Mas aqui, estas críticas não têm essa
conotação. Elas partiram de quem não entende absolutamente nada, em termos
de execução penal e muito menos ainda em termos de comunidade itaunense.
Mas exatamente por isso a coisa tomou uma conotação de que haveria um
tratamento diferenciado entre os presos da Apac e os presos da cadeia. É
uma inverdade, não há tratamento diferenciado. Os presos da Apac são
condenados e recebem lá o tratamento que a LEP manda dispensar a eles; e
os da cadeia recebem o tratamento que a mesma lei manda. A cadeia não é
lugar pra cumprimento de pena. É lugar pra preso provisório. Então lá,
ficam aqueles que estão aguardando julgamentos; ou condenados de outras
comarcas que permanecem ali aguardando transferência à sua comarca de
origem; ou alguns que passaram pela Apac e não se adaptaram lá, pediram
pra voltar ou foram transferidos. Na Apac não há como permanecer aquele
que não quer mudar de vida, que quer deitar lá e ficar assistindo
televisão o dia inteiro. Para esse não tem lugar lá, então ele vem para a
cadeia, até que se consiga para ele uma vaga num outro estabelecimento
prisional. E pra provar que não há tratamento diferenciado com relação à
cadeia, uma comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa fez uma
inspeção lá recentemente. Falou que a cadeia de Itaúna não é pior que as
outras do Estado de Minas Gerais, aliás, é melhor que a maioria delas.
VF: Para o senhor,
como pode ser analisado o trabalho da direção da Apac (que recebeu também
críticas) quanto aos delitos externos cometidos por indivíduos que cumprem
o método?
Dr. Paulo: Nessas
ocasiões que alguém pratica um deslize a gente peca sempre pela
generalização né? Esses denunciantes, da pergunta anterior relacionaram
uns 20 casos de recuperandos da Apac que saíram, praticaram furtos e houve
também este último que assassinou a mulher. Mas estes 20 casos, se você
analisar que a Apac funciona há 7 anos com cerca de 120 presos, que tem
cada um, autorização de saída de 7 vezes por ano, daria em torno de 1.000
saídas por ano, vezes 7 anos, são no total 7.000. Então, 20 em relação a
7.000 é um percentual muito insignificante. Mas quando você coloca a lente
em cima desses casos e só olha eles, você vai pensar que realmente é
muito. Quanto à direção da Apac, temos que pensar o seguinte: a Apac é um
órgão auxiliar da Justiça na execução da pena, e continua sendo e merece
do Judiciário e do Ministério Público, toda consideração e todo apreço.
Porque cumpre muito bem o seu papel. Têm recebido elogios de diversos
órgãos do Estado e fora dele, pelo trabalho que realiza. Então não é quem
vem de longe sem conhecer nada, que vai chegar aqui e denegrir um trabalho
desse, que é antes de tudo, da comunidade itaunense. E a direção da Apac
tem da nossa parte, toda consideração e apreço, pois cumpre rigorosamente
as normas traçadas. A direção não faz “o que lhe dá na cabeça”, ela cumpre
as legislações da Justiça que estão na LEP e as que não estão na LEP, em
portarias. E cumpre muito bem. Então como foi o caso desse rapaz que
assassinou a esposa em regime aberto, ele já estava trabalhando fora e não
se reapresentou e ficou foragido. A direção da Apac tinha que comunicar
que ele estava foragido, isso foi feito e eu expedi um mandado de prisão.
Agora houve o azar de ele usar este tempo ausente para assassinar a
esposa. Agora, se ele não tivesse assassinado neste abandono de
cumprimento da pena, poderia ter acontecido de outra forma, poderia ter
acontecido numa visita dele à esposa. Então, não podemos generalizar.
Temos que olhar os ganhos e não centrar nossa lente em um ou dois casos
que tiveram desacerto em relação a resultado, porque o procedimento foi
correto.
VF: Como tem sido a
repercussão do Método Apac empregado em Itaúna, fora de nossa comunidade?
Dr. Paulo: Hoje a
Apac, graças ao trabalho que desenvolve em Itaúna é conhecida em toda a
América Latina e tem vários estabelecimentos prisionais geridos por ela em
Chile, Colômbia, Peru, Argentina, Equador e em outros continentes e
Estados do Brasil. Mas acho que o exemplo mais significativo é de Minas
Gerais. O Tribunal de Justiça há dois anos, após uma visita do
desembargador Gudesteu Sampaio a Itaúna, se entusiasmou com o que viu aqui
e resolveu apoiar um projeto de humanização de execução da pena. De levar
o modelo da Apac para todas as comarcas do Estado. E hoje, felizmente, nós
já temos sete Apacs em Minas, funcionando como a de Itaúna e geridas pela
comunidade, sem Polícia Civil, sem Policia Militar, sem guardas
penitenciários, em Sete Lagos, Passos, Nova Lima, Grão Mogol e outras
cidades. Mas em decorrência desse projeto do tribunal, temos hoje mais 40
unidades sendo implantadas em Minas. Quando o projeto começou nós só
tínhamos no sistema Apac os 100 presos de Itaúna. Hoje temos no Estado
cerca de 1000 presos no sistema, o que é pouco porque hoje em Minas temos
20.000 presos. Então estes 1.000 correspondem a 5% do total. Mas se você
considerar que em dois anos houve um salto de 1.000%, a gente acredita que
nos próximos dois anos a gente vai estar atingindo uma grande parte da
população carcerária do Estado de Minas. E há um outro fator importante: a
Secretaria de Defesa Social criou também uma assessoria especial pra estar
apoiando a divulgação e a implantação da Apac em outras comarcas do
Estado, inspiradas no modelo de Itaúna.
VF: Qual seria a
sugestão do senhor para que seja amenizada a precária situação carcerária
no que se refere à cadeia pública? E, emendando: como o senhor vê a
proposta do Governo do Estado de se instalar uma colônia penal em Itaúna?
Dr. Paulo: Olha,
nossa cadeia tem pelo menos três graves problemas: ela é pequena; mal
localizada e tem uma segurança que não é própria para um estabelecimento
desse. Qualquer solução em relação à cadeia tem que passar pela construção
de uma outra. Mas nem por isso a gente pode comprar a idéia que está sendo
vendida pelo Estado, ou seja, de se construir aqui na cidade uma colônia
penal ou uma penitenciária para 250 presos. Nós não precisamos de uma
colônia penal, precisamos de uma cadeia. Para ser muito grande, ela
poderia ter no máximo 100 vagas, nossa população de presos na cadeia é em
média 50/60 presos. Agora, construir aqui uma colônia penal para 250
presos para ser transformada em 500, como foi em Pará de Minas, aí vamos
nos tornar uma comarca importadora de presos de outras regiões mais
violentas que a nossa. Aliás, a colônia penal de Pará de Minas já está
recebendo presos da Furtos e Roubos e da Tóxicos de Belo Horizonte. Não é
que a gente não deva receber presos, mas pregamos que cada comunidade tem
que resolver seus problemas com seus próprios presos. Então não precisamos
de uma colônia penal para 250 presos, porque em Itaúna não tem presos para
preenchê-la e não nos interessa trazer presos de fora.
VF: O senhor já se
sentiu ameaçado ou intimidade alguma vez durante o exercício da profissão
de juiz?
Dr. Paulo: Eu estou
há 25 anos como juiz e 19 deles em Itaúna. Antes daqui, estive em Areado,
no sul de Minas e por Barão de Cocais e Caeté, na Zona Metalúrgica. E
nesse tempo todo, graças a Deus, nunca sofri ameaça nem me senti
intimidado. Acho que se deve em grande parte, pelo fato de eu ter passado
por regiões muito desenvolvidas e nessas cidades não há mais espaço para
esse tipo de coisa, como intimidar juízes para buscar resultados no
Judiciário.
VF: Em recente
editorial, o jornalista Célio Silva, do Brexó sugere a contratação de
profissionais da imprensa para assessorar o Judiciário, visando
aproximá-lo mais da comunidade. Como o senhor vê esta questão?
Dr. Paulo: A
opinião do jornalista Célio vai de encontro ao que o próprio Judiciário
prega a partir de um diagnóstico feito dentro do próprio Judiciário. Ou
seja, do Judiciário sair da sala de audiência e ir para a rua, de encontro
ao povo, se tornar visível, transparente, democrático. E esta é a pregação
também do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Então é a tônica hoje em
todos os órgãos do Judiciário a nível de Brasil. Em relação a Itaúna, eu
acho que esta questão não vai ao ponto que o jornalista colocou, porque na
minha maneira de ver, penso que o Judiciário é muito democrático. As
minhas portas ficam abertas durante todo o dia, atendo as pessoas que me
procuram, não fico enclausurado no meu canto e participo de todas as
iniciativas da comunidade que posso participar e onde penso que posso
prestar alguma ajuda.
VF: Como cidadão, o
que o senhor gosta de fazer nos horários de lazer?
Dr. Paulo: Fora o
trabalho, gosto muito de curtir a família. Gosto de ler, de sítio,
fazenda, plantas e animais. Acho que isso é realmente uma terapia para
recarregar as baterias nos finais de semana e feriados. Essa parte me
agrada muito.
VF: Qual escritor o
senhor tem lido ultimamente?
Dr. Paulo: Tenho
lido Saramago. Eu me fascino muito com o tipo de literatura que ele faz,
do realismo fantástico. Eu gosto muito de poesia também.
VF: O senhor escreve
também?
Dr. Paulo: (pausa)
Não... Só leitor mesmo.
VF: É mesmo? Estou
achando que o senhor escreve... (risos). Agradecemos pela entrevista e
pedimos para nos expressar as considerações finais.
Dr. Paulo: Deixo
meu agradecimento a você e ao jornal por estar abrindo este espaço de
comunicação entre a Vara Criminal do Judiciário e a comunidade. E
aproveito essa época para desejar a você, ao jornal e aos leitores um
próspero ano novo. Um ano de 2004 menos violento, com menos criminalidade
e com mais fraternidade e solidariedade. E com tudo se engajando nessas
causas, para que a gente possa fazer de Itaúna uma cidade cada vez melhor
para se viver.
²²²
Entrevista exclusiva:
José Augusto da Fonseca
Teurgo, pesquisador e escritor
J. A. Fonseca é pesquisador de fenômenos para-normais, além ainda de fazer
interessantes pesquisas da área da geologia. Ex-ufólogo, ele detém ainda um
vasto acervo ufológico, como também, muita sabedoria acerca do assunto.
Fonseca
nos fala do fenômeno vulgarmente chamado de Mãe do Ouro.
Por Pepe Chaves

J. A. Fonseca.
Arquivo
Via Fanzine.
UM POUCO SOBRE O ENTREVISTADO:
O itaunense José Augusto da Fonseca, economista de profissão, se iniciou
na ufologia no princípio dos anos 70, pesquisando e colecionando um vasto
material ufológico. Mais tarde conheceu “o grande hierofante do roncador”,
Udo Oscar Luckner, seu grande amigo pessoal - hoje já falecido – que lhe
transmitiu sabedoria e muitas informações sobre certos “mistérios” da
vida. Membro do Monastério Teúrgico do Roncador, fundado por Luckner no
Mato Grosso, José Augusto desenvolve seu trabalho de teurgia em
Itaúna reunindo-se com um grupo de pessoas diversas. Autor de cinco
consistentes livros, como todo teurgo, José Augusto acredita piamente em
civilizações intraterrenas, inclusive, - sem ignorar a Ufologia - que
sejam responsáveis por grande parte de Ovnis avistados “na superfície”.
Para ele, tais civilizações detêm alta tecnologia e seriam elas,
descendentes de povos milenares que já habitaram a superfície terráquea em
passados remotos. Atualmente, tais civilizações habitariam o mundo intraterreno, onde “um sol interior”,
seria a luz da vida destes seres. Nesta entrevista concedida ao jornal Via
Fanzine nº 61, agosto de 1999, ele nos fala exclusivamente a respeito da
misteriosa luz denominada “Mãe do Ouro” pelos sertanistas brasileiros; ou
simplesmente “sonda” para muitos dos que a pesquisam.
Via Fanzine: O senhor já teve a oportunidade de
observar a “mãe do ouro” ou “luz misteriosa”?
JAF: O fenômeno da
“luz misteriosa” como contado por várias testemunhas, não presenciei
ainda. Porém, já avistei outros tipos de luzes diferentes e “objetos
estranhos” de formas não convencionais.
Via Fanzine:
Para o senhor, estes objetos são sondas de outras civilizações, ou
fenômenos ainda não estudados da natureza terrena?
JAF: Não podemos
afirmar, definitivamente, o que são essas luzes, se tratarem de sondas de
outras civilizações. Existem muitos relatos a respeito, que durante a
Segunda Guerra Mundial, foram avistados pelos pilotos, tanto os aliados
quanto os alemães, luzes estranhas no céu. Algumas delas entravam pelas
fuselagem do avião e se retiravam sem causar quaisquer estragos. Quanto a
estas avistadas em terra, especialmente em áreas mais desertas,
acreditamos tratar-se de reflexos do mudo paralelo, originando então de
plantas e minerais, especialmente os nobres. Minha avó e minhas tias
relataram ter visto a “mãe do ouro”, uma bola de fogo amarelo brilhante
que circulava pelas montanhas, próximo a sua residência, na região hoje
conhecida como bairro Belvedere, aqui em Itaúna.
Via Fanzine: De onde
elas poderiam vir e quais seriam as suas funções?
JAF: Considerando
que se tratem de sondas originadas de centros ou civilizações mais
desenvolvidas, elas poderiam ter a função de fazer levantamentos e
“espionagem” sobre algum tipo de mineral, vegetal, ou elemento da natureza
que lhes fossem de interesse. Se se tratassem de reflexos dos mundos
paralelos, não seriam nada mais dos aspectos vitais, perfeitamente
evidentes e perceptíveis destes “seres” ou “Devas” que habitam os diversos
reinos da natureza. Quando o ser humano destrói o seu meio ambiente com
queimadas, por exemplo, logo a seguir u’a mão invisível começa a
distribuir uma pequena flor ali, ora uma pequena vegetação acolá e em
pouco tempo, tudo está verdejando novamente. Quem seria o responsável por
esta restauração?
Via Fanzine: Supondo
que tais objetos luminosos sejam sondas, quais poderiam ser as intenções
de quem as controlam?
JAF: Caso sejam
“câmeras”, elas certamente querem captar elementos importantes para
aqueles centros que as direcionam, podendo ser até mesmo vitais para a sua
própria sobrevivência.
Via Fanzine: Sendo equipamentos de alta tecnologia,
estas sondas podem atacar pessoas?
JAF: Acreditamos
que determinadas tecnologias podem produzir conseqüências danosas para os
seres humanos ou animais, e até mesmo para todo o meio ambiente.
Entretanto, não conheço casos em que elas tenham causado algum mal, a não
ser muito medo e surpresa para quem as presencia.
Via Fanzine: Numa pesquisa que fizemos, duas
testemunhas narraram sobre uma certa luz verde que se aproxima das
pessoas. O que poderia ser tal luz?
JAF: Não tinha o
conhecimento de qualquer relato sobre o aparecimento desta luz verde.
Posso afirmar, entretanto, que existem determinados seres elementais, que
vivem no reino vegetal eles refletem luzes esverdeadas brilhantes e podem
aproximar-se das pessoas. É importante que reflitamos sobre o momento
especialmente crítico que a humanidade está atravessando. Estamos vivendo
um tempo em que diversas ocorrências, a nível psíquico no ser humano e no
plano etérico planetário estão se tornando mais intensos, podendo
ocasionar tais aparições, além de muitos outros acontecimentos de caráter
independente.
Via Fanzine:
Considerando que sejam ‘aparatos eletrônicos’, como eles seriam colocados
em ação?
JAF: Não
podemos avaliar uma tecnologia que no momento ultrapassa nosso poder de
compreensão. No entanto, o que não devemos fazer em relação a tais fatos,
é simplesmente ignorá-los ou ‘fingir’ que não existem. Artur C. Clarke
disse num de seus livros: “Toda tecnologia superior pode parecer magia”.
Acrescentamos que tudo aquilo que é misterioso, passa a ser considerado
inverídico pelas pessoas, ou torna-se envolvido por uma aura de excessivo
tom místico.
Via Fanzine: As “luzes”
observadas há décadas, poderiam ser as mesmas observadas mais
recentemente?
JAF: Acreditamos
que o tempo possui conotações bem variadas em relação aos estágios de
evolução que existem no Universo. Séculos para nós, nada
representam em outras esferas de desenvolvimento, enquanto que algumas
horas para determinados seres vivos significam um tempo relativamente
extenso. Portanto, as “luzes”, sejam de que natureza for, podem elas muito
bem ser de uma mesma origem e representam, através de sua cor, aspectos
novos de sua atividade. Sabe-se que através de uma luz pode-se
conseguir muitos aprimoramentos, sendo cada tonalidade um de seus
aspectos, mais ou menos avançados. Em suma, a luz ainda é um dos
fenômenos muito pouco compreendidos pela nossa ciência.
Via Fanzine: O fenômeno
pode ocorrer também no meio urbano?
JAF: Sua
incidência também se dá no meio urbano, mas é muito raro. Acreditamos que
nas cidades não existam os elementos que eles procuram ou a harmonia que
pode ser encontrada nas matas e lugares mais ermos. As cidades
encontram-se muito sobrecarregadas de ‘formas-pensamentos’ de caráter
demasiadamente densos.
Via Fanzine: Há
incidências destas luzes durante o dia?
JAF: Sim. Conheço
casos de aparecimentos das chamadas “Mãe do Ouro” durante o dia. Elas não
têm hora para se manifestarem.
Via Fanzine: Existe
condição de se capturar um objeto luminoso destes?
JAF: Não conheço
nenhum caso a respeito. Focalizaremos que, seja lá o que for, trata-se de
“luzes” e não conhecemos nenhum meio que nos permitiria aprisionar uma
luz em movimento.
Via Fanzine: Por que a serra da Mata da Onça em
Itaúna, se mostra um grande ponto para avistamentos da Mãe do Ouro?
JAF: É bem provável
que ali se encontre algum manancial importante para estas luzes, ou que
haja uma fonte desconhecida de energia naquela região. Alguns locais sobre
a Terra são especialmente interessantes e apesar de nossa tecnologia, suas
potencialidades não podem ser ainda conhecidas por inteiro. Encontram-se
preservadas para o futuro. Apesar do egocentrismo vaidoso que envolve a
raça humana em relação à sua técnica e seu conhecimento, ainda existem
muitas coisas a serem conhecidas.
Via Fanzine: Se existe
uma sonda terráquea andando em Marte, estas “luzes” não poderiam ser
equipamentos criados pelo próprio homem?
JAF: Não
acreditamos nesta possibilidade, uma vez que estas parecem na Terra desde
que o homem elevou-se e passou a andar com os dois pés, na sua posição
vertical, iniciando sua evolução como se pensante.
Via Fanzine: Agradecemos
e pedimos para deixar suas considerações finais acerca deste assunto:
JAF: O que mais
gostaríamos de acrescentar, é que não devemos deixar-nos impressionar por
estas coisas, excessivamente. Encontramo-nos ainda engatinhando em nossas
possibilidades de alcançar outros planetas e mal conhecemos a nossa
própria vida na Terra e o próprio meio, no qual vivemos. Existem mundos
paralelos à nossa volta que um dia serão conhecidos. Hoje, apesar do
grande conhecimento alcançado pelo ser humano, muitos ainda insistem em
sorrir e zombar destas coisas, talvez querendo ocultar sua própria
capacidade de compreendê-las. Podemos afirmar que a história está repleta
de grandes nomes, teimosos, pertinazes, que foram ridicularizados em sua
época por suas idéias avançadas e hoje são consagrados pela humanidade.
Quando Colombo pretendeu sair em alto mar para encontrar a América, ele
foi considerado um visionário pelos intelectuais e religiosos de sua
época, afirmavam ser a Terra plana e que o mar se despencava numa grande
cachoeira. Muitos cientistas foram considerados loucos e muitos
descobridores e inventores foram abandonados às suas “fantasias”. Temos
ainda um longo caminho a seguir. A humanidade contemporânea não aprendeu
ainda a viver a paz e a dividir suas conquistas irmanamente com todos os
povos... Ainda se arma e se mata com a mesma selvageria dos tempos
primitivos... Ela (a humanidade) não pode, portanto, considerar-se
detentora de nenhum saber verdadeiro em relação à VIDA, se ela faz
derramar o sangue inocente e uma grande parte da humanidade encontra-se em
estado lastimável de miséria material e moral plenas. Entendemos que a
superioridade de uma raça não se encontra em sua tecnologia e em
seu poder de matar e destruir, mas na sua condição humanística de
conciliar a ciência com o saber místico que se perdeu na noite dos tempos.
- CLIQUE AQUI para visitar a a página de
J.A. Fonseca nesse site.
²²²
Entrevista exclusiva com:
Cosme Silva
Jornalista e radialista
Cosme silva foi um dos mais populares
radialistas que Itaúna já teve em sua história. Foram décadas e
incontáveis programas na Rádio clube de Itaúna, além de um contato
estreito com toda a comunidade local. Falecido em agosto de 2003, Cosme
Silva deixará para todos os que o conheceram saudosas lembranças de sua
potente voz metálica.
Por Pepe CHAVES

Cosme Silva.
Arquivo
Via Fanzine.
Via Fanzine: Qual
estilo de musica o senhor ouve hoje em dia?
Cosme Silva: Eu
gosto de clássicos, mas comecei pela música sertaneja. O rádio foi uma
escola muito boa pra mim, me aprimorou para que eu gostasse da música
eclética em geral, Então cada música me toca profundamente o coração.
VF: Nos fale de sua
participação na introdução do rádio em Itaúna.
Cosme: Eu dei a
minha colaboração, porque eu tinha um conjunto musical naquela época. Era
um conjunto regional, com cavaquinho, ton-ton, pandeiro e bandolin. E este
conjunto ajudou muito, porque acompanhava os cantores, preenchia as
lacunas, pois não havia som mecânico. Tudo era ao vivo, pouca parte era
programada com aqueles discos enormes de 40 polegadas. O primeiro gravador
que conseguimos possuía somente um fio, as gravações eram feitas nele, mas
a maior parte da programação era feita ao vivo.
VF: O senhor se sente
um homem realizado dentro do rádio?
Cosme: Eu fui para
o Rio de Janeiro aprender rádio-teatro, na Rádio Nacional. E lá aprendi
sonoplastia, contra-regra, direção; tudo eu pude fazer da melhor maneira
possível, para depois aplicar em Itaúna. Então eu fui pioneiro em todo o
Brasil ao fazer rádio teatro no interior. Sem o mínimo recurso, passando
por mil e uma dificuldades, eu era o diretor, o produtor, o contra-regra e
o operador. A primeira novela eu lembro com muito orgulho, foi “A Vida de
Santa Terezinha”, em 1958 até 1960. Apresentei umas três novelas e depois
comecei a fazer programas em série de rádio-teatro. “Almas de outro mundo”
era um programa com características de terror, com participação de grandes
artistas: Zorina, Isa Lousada, Marlene Pércope, a Neusa Rocha do Dr.
Virgílio, o Euzer Dornas, Dr. Carlos Wagner, Napoleão Parreiras, Geraldo
Magalhães, grande figura do cinema e do jornalismo. Desta forma me sinto
muito realizado.
VF: Como se deu sua
formação jornalística?
Cosme: Vou te
contar um fato, até assim, meio engrandecido, mas fui o terceiro
jornalista profissional de Itaúna. Não fiz o curso, mas consegui o diploma
por lei, antes de haver escola de jornalismo. Eu consegui minha carteira
de jornalista profissional pagando o sindicato (como faço até hoje), antes
de existir a escola de jornalismo em Minas. Éramos três jornalistas, o
Toninho do Abelardo (que foi prefeito de Itaúna), o José Waldemar, que
conseguiu estágio no Estado de Minas, também é jornalista nas mesmas
circunstâncias. E depois fui eu, tenho minha carteira datada de 1970.
VF: Quais foram as
maiores emoções na sua vida de homem da imprensa?
Cosme: Foram várias
emoções! Eu recebi uma homenagem “Os Melhores do Ano” no Programa Jota
Silvestre da Rede Bandeirantes, cujo troféu o tenho, que pra mim foi um
prêmio muito grande. Recebi vários troféus do jornal Estado de Minas, do
Diário de Minas. Recebi também o troféu “Destaque”, de Divinópolis e
região. Então é uma carreata de emoções que não dá nem para te explicar!
Na inauguração da TV Record eu fui convidado especial em São Paulo – não é
esta TV Record de hoje, seu proprietário era o Dr. Paulo de Carvalho, que
comandava a C.B.D. [atual CBF]. Também recebi um convite para a
inauguração do Guanabara Palace Hotel no Rio de Janeiro. Quando havia
lançamento de carros eu era convidado para ir a São Paulo com as despesas
pagas. O Governo de Minas, na época de Magalhães Pinto me concedeu um
prêmio. Nós saímos excursionando por toda as Minas Gerais, a melhor
novelista, a melhor rádio-atriz e o melhor locutor. Fora, várias
emoções...
VF: Como foi o início
do trabalho do senhor em jornal?
Cosme:
Primeiramente trabalhei no Avante, um informativo editado pela Companhia
Industrial Itaunense. Depois na Folha do Oeste, e guardo uma lembrança
fantástica do jornalista Piu - que foi um homem correto e descente. Ele
detestava a imprensa marrom e apresentava os fatos com honestidade, sem
querer nada para si, mas para o bem da comunidade. O Piu foi um homem
formidável. Um dos ‘alunos’ dele é o Celinho do Brexó, que faz um tipo de
jornal um pouco mais agressivo, mas com uma exatidão extraordinária!
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