UFOVIA - ANO 5 

   Via Fanzine   

 

 

 entrevistas:

 

 Entrevistados nessa página:

J. A. Fonseca

Fernando Grossman

 

 Entrevista com:

J. A. Fonseca

Teúrgico e pesquisador arqueológico

 

Por Cláudio Tsuyoshi SUENAGA*

De São Paulo

Para UFOVIA

 

 

J.A.Fonseca é economista, aposentado, escritor, conferencista, estudioso de filosofia esotérica e pesquisador arqueológico, já tendo visitado diversas regiões do Brasil. É presidente da associação Fraternidade Teúrgica do Sol em Barra do Garças–MT, articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. Mantém um portal exclusivo para seus estudos arqueológicos: www.viafanzine.jor.br/fonseca.

 

É autor de cinco livros, entre eles Simbolismo Esotérico Teúrgico (1997) e Teurgia (1999). É o nome de maior evidência da Ufologia de sua cidade, mesmo tendo se distanciado desta ciência para dedicar-se a outra, a Teurgia, que guarda toda uma gama da sabedoria e da memória humana perdida nos séculos.

Fundou em Itaúna no ano de 1981, o Gepeu (Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas), reunindo pessoas em torno de ideais ligados ao esoterismo e fenômenos ignorados pela ciência ortodoxa.

 

Amigo pessoal de Udo Oscar Luckner, Fonseca teve sua vida completamente mudada após seu contato com o hierofante do Roncador, de quem diz ter absorvido vastas informações acerca do Homem e da Vida.

 

Tem como hobby fotografar sítios arqueológicos e fazer trabalhos de pesquisas pára-arqueológicas. Estará lançando em breve seu novo livro de teor arqueológico: "Enigmas do Brasil", onde faz um aprofundando estudo de ruínas em várias regiões do Brasil e do mundo. J. A. Fonseca dirige em Itaúna o grupo de estudos “Sociedade Teúrgica”.

 

A Teurgia

(introdução)

 

Provenientes do grego théos e ergon, que significam Deus e obra, a Teurgia é considerada a síntese do conhecimento humano global, seja de caráter esotérico ou exotérico, oculto ou profano, com o propósito de preparar os seres humanos para um novo tempo. Portanto, ela envolve conhecimentos de aspectos humanístico, religioso, filosófico, científico, artístico, cultural, social, político e tudo o que tende a conduzir os seres humanos a uma visão universalista de sua vida na Terra. Estudada inicialmente na Índia antiga e preservada por seus adeptos em suas práticas templárias, a Teurgia já foi praticada na China, Palestina, Tibete e Egito. Foi também cultuada na Grécia através dos mistérios de Eleusis e de Orfeu, por Apolônio e Pitágoras, e propagada como masdeísmo ou zoroastrismo. Seus fundamentos coincidem perfeitamente com o advento dos tão discutidos discos voadores e o despertar espiritual da humanidade.

 

Uma das maiores referências em Teurgia no Brasil é o economista José Augusto da Fonseca, autor de cinco livros, sendo eles: “Óvnis e Esoterismo” (1990); “A Transcendental Sabedoria do Evangelho” (1990); “Simbolismo Esotérico Teúrgico” (1997); “A Rota dos Arcanos” (1998) e “Teurgia” (1999), os três últimos títulos ainda se encontram à venda (mais informações: ufovia@ibest.com.br). Fonseca também é o nome de grande evidência quando se fala em Ufologia em Minas Gerais. Residente na cidade de Itaúna fundou o Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas (Gepeu) em 1981 e reuniu diversas pessoas em torno de ideais relacionados ao esoterismo e fenômenos ignorados pela ciência. Atualmente, dirige a Sociedade Teúrgica local. Fonseca recebeu nosso consultor Cláudio Tsuyoshi Suenaga para uma entrevista, em que fala sobre a filosofia teúrgica, seus preceitos e objetivos, bem como trata da vivência transcendental do ser humano e da possível relação de nossos visitantes alienígenas com seres remanescentes de antigas civilizações destruídas por cataclismos. Vamos a ela.

  

Suenaga – Mitos, técnicas, ritos, sonhos e sobretudo a linguagem são sistemas simbólicos. O símbolo instaura a sociedade; ele faz o homem, distinguindo-o do animal. Buscar os sentidos simbólicos que se escondem atrás dos fatos históricos e sociais é uma das chaves para a compreensão do próprio ser humano?

Fonseca – Achamos que sim. O próprio corpo humano é representado nos meios iniciáticos como sendo uma estrela de cinco pontas, o pentagrama sagrado. No momento em que ele se integra à sua consciência mater já não será mais considerado um homem no seu sentido egóico, mas um ser integral com o Universo criado. Os símbolos facilitam nossa vida no cotidiano e, em se tratando da linguagem velada, eles sintetizam o conhecimento tradicional das idades e permitem que os “estudantes sinceros” possam, aos poucos, penetrar no seu sentido mais oculto. Havemos de convir que a causa que levou à ocultação de determinados conhecimentos pelas mentes dos sábios guardiões da Terra foi, sem dúvida, a irresponsabilidade do ego humano em relação à Lei Universal, aos seus princípios e às suas conseqüências. Os mitos, pensamos, sejam resquícios de um grande passado que se perdeu na noite dos tempos, um passado que mais se equipararia a ficção científica segundo os padrões que por nós avaliados, intelectualmente. Técnicas, ritos e sonhos, perfazem, igualmente, esta complexidade que é o homem, quando percebido segundo as potencialidades espirituais e sua inteligência.

 

Suenaga – “Sabemos que todo universo é mental”. Essa vossa assertiva não imbricaria-se com a da física quântica, para a qual o observador modifica o fato ou objeto observado simplesmente ao interagir com ele?

Fonseca – Pensamos que não. A física quântica abriu um novo caminho para a ciência e o raciocínio, demasiadamente lógico dos seres humanos, mostrando uma nova dimensão, tão real quanto a terceira, mas que seria impossível cogitar sobre ela há apenas algumas décadas atrás. Pensamos em algo mais amplo, pois acreditamos que a mente não pode limitar-se aos princípios pensantes da mente concreta com a qual convivemos. A verdadeira mente encontra-se fora do intelecto racionalista, que delimita o conhecimento ao nível das experiências já concluídas e possui uma amplitude jamais sonhada por nossas vãs filosofias ou experimentos científicos. É claro que a física quântica é um grande avanço e pode levar a compreender melhor os mistérios do Universo, mas a mente que o rege, fazendo-o tornar-se em algo perfeitamente atuante, é aquele que tudo envolve e tudo percebe, por ser emanada de Algo Maior que não podemos conceituar. E se tomarmos aquelas outras experiências que não podem estar circunscritas aos instrumentos conhecimentos e que são absolutamente reais, em um outro universo, em uma outra dimensão? Como as explicaríamos? Seria suficiente desacreditar destas possibilidades, simplesmente?

 

Suenaga – O senhor afirma que “O presente não chega a ser pleno, pois um futuro está a perscrutá-lo quase que instantaneamente e um passado já o devora em suas entranhas”. Assim sendo, podemos considerar o tempo uma mera convenção ilusória? Regressar ao passado em “máquinas do tempo” será possível um dia?

Fonseca – O tempo em nosso mundo é uma mera ilusão. Convencionamos estabelecer a contagem das horas, dos dias, meses e anos para facilitar nosso dia-a-dia, mas em outras dimensões do espaço tal coisa não pode ser feita desta maneira. Quando experimentamos um simples desdobramento e nos encontramos fora do corpo, podemos já perceber esta diferença, pois deslocamo-nos para um outro mundo, com características muito distantes deste, tridimensional. As barreiras conhecidas desaparecem e podemos ter uma visão mais ampla das coisas. A matéria, como a percebemos e o tempo, se tornam diferentes. A terceira dimensão não consegue mais conter o nosso “corpo” que rompeu com a limitação do “casulo” de carne e osso. Podemos então, com certa prática e permissão, verificar o que ocorreu e o que ocorrerá em determinado espaço de tempo, de um ponto privilegiado. Acreditamos por isto, ser perfeitamente possível a viagem no “tempo” e que, em futuro não muito distante, a poderemos fazer.

 

Suenaga – O que entende por vivência transcendental?

Fonseca – Segundo nossas experiências meditativas, entendemos por vivência transcendental aquela que conseguimos desenvolver fora do corpo, fora da mente que raciocina e limita a compreensão de determinados aspectos da criação e da própria compleição do ser humano. Este veículo da personalidade que determina nossas características nesta encarnação não participa destas vivências.

 

Suenaga – “Deus encontra-se muito além do universo. Não podemos ver senão a emanação de sua consciência”. “O Universo não tem existência sem Deus, porém é único e não tem dependência com o Universo”. Comente, por favor, essas passagens de seu livro.

Fonseca – Deus ou outros nomes quaisquer que se lhe dão sobre a face da Terra, são identificações genéricas dadas por diversos povos ao Supremo Criador de todas as coisas. Porém, aprendemos que Deus não é um Nome, mas um Poder que se envolve de determinadas condições, as quais não se encontram sob nenhuma possibilidade de compreensão por parte de nossa diminuta mente pensante, a não ser algumas daquelas que se manifestaram em nosso campo de percepção material. Vemo-lo como uma Grande Força que mantém tudo em perfeita atividade, enquanto durar um Manvantara e que se recolhe num outro grande movimento cósmico, chamado de Pralaya. A obra não existe por si só e seu autor não dependência com ela. Ela é somente parte de sua consciência, de um momento de sua criação divina. Este Ser não pode, portanto, ser comparado a nada do que é conhecido, pois Ele é Único, é Onisciente, é Onipresente e é Onipotente, além de Eterno.

 

Suenaga – Ainda sobre Deus, como avalia a definição do contatado Dino Kraspedon (pseudônimo de Aladino Félix), segundo o qual “Deus é uma reta isotrópica, paralelo a si mesmo e sobre si mesmo vibrando num ângulo de 90 graus”.

Fonseca – Acreditamos que tal comparação também procura compreender, não definir, uma idéia sobre Deus, considerando-se que as “qualidades” que pretendemos atribuir ao Criador possam ser avaliadas no mundo físico, em quaisquer circunstâncias que as queiramos observar. Pensamos que em nosso limitado plano tridimensional, podemos perceber alguns diminutos relances de um todo criado que é o Universo e quanto ao seu Criador, nada podemos cogitar. Qualquer tentativa seria uma blasfêmia. Ademais, quando nos referimos ao Universo criado não queremos limitar a nossa percepção aos mundos conhecidos pela ousadia da ciência, àqueles que já foram pesquisados e analisados nos seus mais profundos segredos, mas também, e principalmente, aos outros que não podemos ainda perceber e que jamais deixarão de existir pelo simples fato de não crermos na sua existência.

 

Suenaga – O sagrado, de modo geral, é tido pela sociedade como uma força genérica, universal, e a religião, um corpus específico de práticas e crenças que variam de uma sociedade para outra. Enquanto categoria de conhecimento, a dualidade sagrado/profano está na base de todas as classificações. Entendido como uma força coletiva, pode-se dizer que o sagrado se distingue da religião, embora seja sua própria fonte?

Fonseca – Não pensamos assim. Temos em mente que o sagrado e a religião estão inteiramente unificados num mesmo princípio, pois a religião decorre de uma necessidade de se estabelecer contato com a Realidade Maior, a tão decantada individualidade dos ensinamentos milenares, o Sagrado Atmã. Pensamos que todo ser vivo possui em seu cerne a sagrada centelha primordial que vai-se engrandecendo em cada Reino, no decorrer das experiências e encarnações. A religião foi, no decorrer dos tempos, dogmatizada e, no lugar de dirigir e libertar as pessoas aprisionaram-nas em conceitos e crenças individualizadas, deformada que foi no seu sentido real. As Escolas de Mistério ensinam que o termo religião vem do “re-ligare” que significa unir o que foi desunido, o homem terreno ao homem divino.

           

Suenaga – Para a ciência, o pensamento racional configura-se na medida de sua adequação com a realidade objetiva. É a coerência lógica exclusiva da racionalidade?

Fonseca -  Pensamos que sim. Porém, o pensamento racional não explica tudo e o fato de desacreditar ou ignorar alguma coisa não resolve o problema. Além do mais, a realidade objetiva não se apresenta da mesma maneira para pessoas diferentes, pois dependerá de seu posicionamento diante do fato, de suas perspectivas, de sua capacidade mental e de sua inteligência. Um mesmo acontecimento pode ser percebido diferentemente pelas consciências circunstantes, sem, no entanto, perder seu conteúdo real. A coerência lógica se limitará à visão individual sobre o que cada um poderá alcançar, e isto é o que proporciona-nos a racionalidade. Pensamos, entretanto, que a racionalidade pode ser positiva em algumas circunstâncias da vida, mas em muitas outras, principalmente nas espirituais, somente poderemos contar com a intuitividade, pois inumeráveis outras “movimentações” ocorrem em muitas outras dimensões e mundos. Neste momento, poderemos por acaso conceber o que pode estar ocorrendo nos confins de nossa Galáxia?

 

Suenaga – Como o Senhor definiria o pensamento mítico?

Fonseca – Avaliamo-lo como sendo o pensamento daquilo que não pode ser ainda compreendido pela mente especulativa do ser humano. Algumas verdades relevantes do passado longínquo foram preservadas através do mito e este foi um eficaz instrumento para manutenção de certos simbolismos transcendentais. Extraindo-se as deformações que se agruparam em torno deste, encontraremos surpreendentes revelações da realidade transcendente do homem.

 

Suenaga – Apenas começamos a nos dar conta de quanto é limitada a parcela de possibilidades que exploramos?

Fonseca – É assim que pensamos hoje. Costumamos dar relevância exagerada a assuntos meramente banais e deixamos de lado aspectos importantes de nossa vida e da evolução da espécie. A mente humana ainda encontra-se voltada, excessivamente, para o ego, para o agora, para a satisfação pessoal. A humanidade como um todo ainda não se libertou da cobiça e não consegue ver o bem comum como a solução definitiva para todos os males que assolam o nosso planeta. Apesar do avanço científico, incontestável, e da inteligência humana, nos últimos tempos nada disso serviu para minorar o sofrimento das pessoas e acabar com os conflitos... Acreditamos que ainda engatinhamos na compreensão dos princípios maiores da vivência real entre os seres e da mecanogênese que possibilita a vida neste emaranhado de mundos e galáxias. Estamos ainda muito presos aos nossos próprios conceitos.

 

Suenaga – Em 1949 erigiu-se em São Lourenço, sul de Minas Gerais, um templo dedicado ao Avatara Maitreya, à paz universal e a todas as religiões do mundo. Afirmam os membros da STB (Sociedade Teosófica Brasileira) que essa cidade, situada diretamente sobre a cidade Caijah, que é o centro das outras sete cidades subterrâneas de Duat, será futuramente a “capital espiritual” do mundo, devendo surgir de lá o Avatara Maitreya, que sintetizará os sete avatares precedentes, dos quais Joshua Bem Pandira (o Jesus bíblico) foi o sétimo. Será inaugurada assim a Idade do Ouro com que se iniciará o ciclo de Aquarius, estabelecendo-se na face da Terra uma nova civilização, livre das misérias materiais e morais. O senhor compartilha dessa crença?

Fonseca – A manifestação avatárica é uma realidade cíclica sobre a face da Terra, independentemente se a notamos ou não. A cada ciclo cósmico de 2.160 anos uma nova Consciência Solar se manifesta para inaugurar um novo “estágio” de desenvolvimento para a humanidade terrestre. Com o fim do ciclo anterior, de Peixes, que já dá claras mostras de sua decadência, um novo enfoque é dado para a raça daquele momento. Portanto, quero afirmar-lhe que compartilhamos com esta “esperança” não no sentido de algo inusitado que cairá sobre nós e transformará tudo magicamente, mas no sentido de que somos os reais agentes realizadores desta esperança, que se delineia no horizonte das crises das quais passamos, como uma já quase realidade. Sua concretização se dará, certamente, mas a participação de cada um de nós é fundamental.

 

Suenaga – É verdade que em fevereiro de 1955, um disco voador pousou em São Lourenço e do seu interior saíram tripulantes de alta estatura que saudaram o então dirigente da STB, prof. Henrique José de Souza, e o levaram ao mundo subterrâneo de Agartha, conforme informou o jornalista João Martins da revista O Cruzeiro?

            Fonseca – Tivemos informações de alguns membros da Sociedade Brasileira de Eubiose a respeito desta ocorrência e a aceitamos com naturalidade, pelo simples fato de que o Excelso Senhor Henrique José de Souza era, em realidade, um ser agartino a serviço da Grande Fraternidade Branca sobre a face da Terra. Foi o real representante de Melquisedec neste final de ciclo e o semeador das bases para o advento de um novo tempo para a humanidade terrestre. Portanto, um acontecimento desta envergadura seria tão natural quanto se qualquer um de nós tomássemos um avião e fôssemos visitar um amigo ou um parente distante.

 

Suenaga – Nas edições de 5-12 e 19-2-1955 de O Cruzeiro, Martins veiculou em suas reportagens os relatos prestados pelo comandante Paulo Justino Strauss, oficial da Marinha de Guerra e membro da diretoria da STB, o qual afirmou que os discos voadores provêm de mundos subterrâneos, mais exatamente das cidades de Shamballah, Agartha e Duat. Entretanto, Strauss também afirmou que os discos voadores bloqueariam as estações de rádio no ano seguinte, o que não ocorreu. Que ponderações o senhor faria desse episódio, décadas depois?

Fonseca – Não podemos tecer avaliações sobre esse episódio porque não o conhecíamos. Porém, podemos afirmar que os discos voadores, em sua grande maioria, vêm, efetivamente, dessas regiões no interior da Terra, oriundos de civilizações mais desenvolvidas. O que não implica dizer que se tratem sempre de seres mais espiritualizados...

           

Suenaga – Segundo a STB, dentro da esfinge da Gávea, na Barra da Tijuca (RJ), ficaria o túmulo dos gêmeos Yet-baal e Yet-baalbel, filhos do imperador tiro-fenício Badezir, que teriam aportado na Guanabara milênios antes dos portugueses, a fim de aqui fundarem uma nova civilização. Haveria algum fundamento tal afirmação?

Fonseca – Aceitamos como verdadeira tal afirmativa, considerando-se as revelações ocultas das escolas de mistério que mencionam a vinda do Rei Badezir e de seus filhos Yet-Baal e Yet-Baal-Bei para estas terras brasileiras e, especialmente, as revelações existentes na região do Roncador, transmitidas pelo hierofante Udo Oscar Luckner. Seus fundamentos combinam com certo trabalho feito pela Hierarquia em diversos continentes, para transladação do conhecimento milenar que recebe impulsos novos em determinadas regiões e raças, de forma que suas bases mais relevantes venham ser retiradas de um local, onde já teria terminado seu ciclo evolutivo, para outro, de acordo com o que estabelece a Lei dos Ciclos.

 

Suenaga – Peço que nos fale e emita suas considerações a respeito do hierofante Udo Oscar Luckner.

Fonseca – Tivemos alguns contatos com o hierofante do Roncador desde 1981 e aceitamos seus ensinamentos, passando a segui-lo desde então. Há onze anos fundamos em Itaúna a Sociedade Teúrgica para possibilitar a um grupo de pessoas interessadas em autodesenvolver-se conhecerem um pouco sobre esta figura insigne, mal compreendida, um verdadeiro mártir de nosso tempo. Concluímos, depois de muito tempo de contatos com ele, direta e indiretamente, que, de fato, ele é um representante da Grande Fraternidade Branca e detentor de um conhecimento milenar, que remonta não somente há perto de sete mil anos de história conhecida, mas há milhares de anos. Não adoramos sob nenhum conceito, apenas respeitamo-lo pelo seu trabalho e pela sua grandeza interior, que pudemos conhecer muito bem. Depois de muitos anos de preparo espiritual sobre seus ombros pesaram o difícil fardo de dar a conhecer aos homens incrédulos deste fim de ciclo o mistério da manifestação da Quinta Consciência do Logos, Deus Salo, e sobre a realidade das civilizações dos mundos subterrâneos com as quais conviveu. É claro que suas palavras foram lançadas em terreno estéril e muito do que ele ensinou não foi compreendido pela mente tendenciosa e excessivamente intelectualizada do nosso tempo. Em futuro não muito distante, da mesma forma que muitos outros, ele será reconhecido como um dos guardiões dos sagrados mistérios milenares do Rei do Mundo.

 

Suenaga – Segundo Tereza, viúva de Luckner, eles teriam vindo da Europa no início dos anos 1970, atraídos pela história de Fawcett e mundos subterrâneos. A 480 km de Barra do Garças (MT), onde fundou o Monastério do Roncador, Luckner teria encontrado uma embocadura e por ali desaparecido – tal como Fawcett, conforme alguns acreditam – para viver no interior da Terra junto com uma civilização extremamente evoluída. O senhor confirma essa versão?

Fonseca – Há histórias distorcidas em muitas coisas que foram veiculadas, especialmente pela televisão. Nossos repórteres não gostam de abordar esses assuntos de forma séria e sempre fazem comentários ou acrescentam opiniões próprias, às vezes destituídas de verdade, impedindo que cada um possa interpretar segundo seu discernimento. O hierofante era de nacionalidade sueca e veio da Europa ainda muito jovem. Sua esposa, D. Tereza, é paranaense. O Monastério Teúrgico do Roncador foi fundado em Barra do Garças em 1968 e o hierofante não desapareceu em nenhuma embocadura. Ele faleceu em 1986. Ambos foram influenciados pela história do coronel Fawcett, um grande iniciado nos mistérios do Rei do Mundo, e procuraram seguir sua trilha. Antes tiveram contato com os mestres incas nos Andes peruanos e durante 18 anos, aproximadamente, ali permaneceram. O mestre Udo Oscar Luckner, após regressar ao Brasil, penetrou pelos mundos subterrâneos, acompanhado de seu “cicerone”, viajou em naves translúcidas em túneis no interior da Terra e visitou cidades, templos, confabulando-se com o Grande Decano destes mundos ignotos. Depois veio transmitir para os homens incrédulos a realidade desses mundos dentro de nosso mundo. Podem parecer loucuras, podem parecer fantasias todas essas coisas, mas para nós que convivemos um pouco com ele e tivemos o privilégio de conhecer alguns lugares por onde ele andou, além de outros pelo Brasil, e meditamos durante anos acerca de determinados aspectos da vida na Terra, podemos dizer que são perfeitamente possíveis e que cremos nelas.

 

Suenaga – Em comparação com os seres da superfície, como seria a estrutura física e espiritual dos que vivem nas extensas cavernas e cavidades que existiriam no seio da Terra?

Fonseca – Este é um assunto muito complexo para ser abordado rapidamente, mas poderíamos dizer que esta classe de seres mencionada é semelhante à humana, um pouco mais altos, bem mais saudáveis, belos e com possibilidades de viver muito tempo mais que a média terrestre. Possuem cidades nas grandes cavidades existentes no interior da Terra, famílias, uma tecnologia avançadíssima e acompanham a evolução humana desde há milênios. Em passado muito remoto faziam freqüentes contatos com a humanidade da face terrestre, mas com a decadência moral, com o advento da violência e da sede de domínio de certos povos, recolheram-se em seus mundos até que esta raça belicosa fosse banida para outros orbes e os remanescentes ansiassem pela volta da paz e se autolibertassem dos liames materiais e conquistassem a Terra. Alimentam-se de frutos e legumes, são harmônicos, adoradores da paz e da prosperidade. Existem, porém, outros tipos, e um destes, revelados pelo Mestre D.K., não seria aconselhado que com eles fizéssemos contato.

 

Suenaga – Rama, Krishna, Buda, Jesus, Maomé e outros que surgiram como condutores de povos e inspiraram a instalação de escolas iniciáticas seriam emissários desses mundos subterrâneos como afirmam os teósofos?

Fonseca – Diríamos que muitos deles representam trabalhadores dessas regiões desconhecidas e ainda ignoradas pela humanidade. Alguns deles são de classe notadamente superior e se encontram ligados ao Grande Centro Planetário, ao Rei do Mundo, sendo que outros representam aspectos da consciência do Logos, e outros ainda, Grande Adeptos da Loja Branca, que sacrificaram-se e sacrificam-se em prol do desenvolvimento da raça humana.

 

Suenaga – Haveria um governo secreto ou oculto regendo e controlando os destinos do mundo?

Fonseca – Aceitamos que um Governo Oculto rege cada planeta, cada sistema solar, cada galáxia e o próprio Universo manifestado. A evolução da vida na Terra, por exemplo, não pode ser autônoma. A natureza, sem uma direção, falha. Além do mais, as variadas manifestações de seres “diferentes” da humanidade comum, com seu trabalho de doação, sua espiritualidade, sua conduta moral, sua vida, já são claras mostras de que algo se movimenta sobre a história do mundo e os destinos das nações. Todo o avanço tecnológico, científico e cultural da raça humana não foi conquistado pelas pessoas comuns nem pelo seu trabalho. São uma minoria de teimosos, incompreendidos na sua época, que se afastaram do comodismo pessoal e das tendências do ego, para trazer até nós métodos novos de vivência, através de seus inventos, de suas descobertas e de suas filosofias de vida. Estes raros trabalhadores do progresso humano somente poderiam estar relacionados a um Governo aonde jamais viesse prevalecer o benefício de poucos em detrimento de muitos.

 

Suenaga – Seriam os discos voadores construídos e pilotados pelos remanescentes das antigas civilizações destruídas por cataclismos e hoje vivendo no interior da Terra?

Fonseca – Acreditamos que sim, em sua maioria. Segundo reza o conhecimento transcendental, o nosso planeta Terra já gozou de uma Época de Ouro e seus habitantes teriam alcançado um elevado grau de desenvolvimento dos conhecimentos adquiridos. Com a manipulação de forças gigantescas, a Terra perdeu seu equilíbrio e entrou em franca degradação. Alguns desses seres, antevendo o fim, tomaram de suas naves e rumaram para o espaço, estabelecendo-se em um planeta muito conhecido. Muito tempo depois retornaram à Terra, antes estabelecendo-se na Lua, e ao chegarem aqui, de volta, não encontraram mais aquela antiga civilização, senão restos dela, homens enlouquecidos, vivendo em cavernas. Então instalaram-se no interior da Terra com sua tecnologia e sua ciência, orientando gradativamente os que apresentavam melhores condições para restabelecer a evolução entre os seres humanos. Esta é uma pequena parte de uma história antiga que pode talvez explicar a origem dos discos voadores, tão milenares quanto a história conhecida e desconhecida dos homens.

 

Suenaga – Desde quando e por que o senhor começou a estudar os conhecimentos teúrgicos?

Fonseca – A Teurgia entrou em minha vida através do aprofundamento nas pesquisas esotéricas, que passei a estudar por volta de 1972. Foram muitos anos de estudos, leituras e meditações, até que encontrei um grupo de pessoas em Belo Horizonte (nessa época eu residia lá), que estudava a Teurgia e percebi que ele tinha tudo a ver com o que eu pensava e vinha concluindo a respeito dos mistérios da vida e das manifestações inexplicáveis que me ocorriam e também em relação a outras pessoas. Interessei-me pelos seus princípios e com dois amigos visitei o Monastério em 1981, quando conheci o hierofante Udo Oscar Luckner. Desde então, não mais me afastei da Teurgia.

 

Suenaga – O que despertou seu interesse pelos OVNIs? O senhor vivenciou experiências diretas com o fenômeno?

Fonseca – Sempre tive interesse por coisas “diferentes”, mas meu interesse pelos OVNIs iniciou-se a partir de 1968 quando tive uma experiência muito estranha, tanto para os conceitos da época como para mim, especialmente. A partir de então, comecei a pesquisar a Ufologia, para algum tempo depois embrenhar-me nas chamadas ciências ocultas. Já vi muitas coisas estranhas, que não podem ser classificadas como “normais”, mas em se tratando de fenômenos ufológicos tive já oportunidade de vivenciar algumas experiências. Em 1970, aqui em Itaúna, vi uma grande tocha esbranquiçada movimentando-se de sul para norte. Na medida em que ela andava, com certa rapidez, ela ia-se desfazendo, como se derretesse, até desaparecer. Estava em companhia de algumas pessoas, mas foi tudo tão rápido e nem cheguei a comentar com eles. Em 1980, pela manhã, em Belo Horizonte, pude ver com muita nitidez um objeto de formato discóide, metálico, como um prato emborcado, de aproximadamente 20 cm de diâmetro, movimentando-se de oeste para leste. Nessa época eu morava no bairro Santa Tereza. Foram muitos avistamentos, mas o que considero mais espetacular se deu em 15-3-1981, às 17h30min, em Belo Horizonte, no bairro São Pedro. Tinha o formato de um charuto metálico, com aproximadamente 40 cm de comprimento. Era achatado nas pontas e um pouco mais grosso na parte central. Chamei minha esposa e ficamos observando-o durante muito tempo. Ele refletiu a luz solar (o sol se punha no horizonte) e depois mudou de direção, subindo lentamente. Passamos a ver sua parte traseira, chapada, até que desapareceu de vista. O céu estava completamente azul e sem nuvens.

 

Suenaga – Finalizando, gostaria que nos fizesse uma avaliação pessoal do fenômeno ÓVNI e da ufologia em geral sob o ponto de vista teúrgico.

Fonseca – A Teurgia é uma filosofia de vida que procura todos os segmentos do conhecimento humano, nos seus aspectos religioso, científico, filosófico e artístico. Portanto, ela não pode dissociar a pesquisa ufológica de seus enfoques, considerando-se que esses aparelhos desconhecidos fazem parte das revelações de final de uma era para o advento de uma outra mais promissora. Pessoalmente, considero o fenômeno ÓVNI como um assunto como outro qualquer, pois vejo-o como um acontecimento natural e perfeitamente explicável. Não nos cabe, ainda mais como teúrgicos, duvidar de sua existência, nem de outros fenômenos que pudemos vivenciar, pois sabemos que sempre estiveram presentes em nosso meio. Pensamos que a tarefa mais difícil é tentar explicar que eles não podem existir, considerando-se o que a própria ciência propõe, que existem muitos planetas e estrelas, assim como também muitas galáxias neste universo observável, deixando um rastro de dúvida de que a vida ter-se-ia desenvolvido apenas em nossa pequenina Terra. Por que? Pela lógica superior acreditamos num Deus Onipotente e que o Universo é habitado por inumeráveis consciências que o habitam em planos, os mais diferenciados, até o mais denso na forma de humanidades simples ou mais complexas, numa escalada infinita e incompreensível para nós, onde os mais elevados seres procuram auxiliar os mais atrasados, mantendo sempre o inalienável respeito pelo livre-arbítrio de cada um dentro dos parâmetros da Lei que a todos rege.

 

* Cláudio Tsuyoshi Suenaga é Mestre em História pela Unesp.

 

- Foto: Arquivo Via Fanzine.

- Produção: Pepe Chaves.

© Copyright 2004-2007, Pepe Arte Viva Ltda.

 

Visite o site:

www.viafanzine.jor.br/fonseca

 

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Entrevista com:

 Fernando Grossman

Criptozoólogo e ufólogo.

 

Por Cláudio Tsuyoshi SUENAGA*

De São Paulo-SP

Para UFOVIA

 

 

 

 

Fernando Grossmann é um dos decanos da ufologia brasileira e autor da “Teoria Gótica”, segundo a qual, os extraterrestres que nos visitam estariam mais associados a vampiros literalmente sedentos por sangue humano do que a anjos de luz interessados no bem da humanidade.

 

“Um espectro ronda a humanidade, o espectro do vampirismo ufológico...”.

 

Com essas eloqüentes palavras – parafraseando e reciclando o “Manifesto do partido comunista” de Karl Marx e Friedrich Engels – Fernando Grossmann, indica seu “Manifesto Gótico”, libelo que resume quase três décadas de lutas incansáveis contra pretensos “anjos salvadores” que, apesar desse rótulo santificador, ao que tudo indica, não passariam na verdade de perigosíssimos predadores, preocupados apenas em satisfazer suas necessidades biológicas.

 

Ufologia Gótica:

'Os Extraterrestres são

predadores da espécie humana'

 

 

 

 

(introdução)

 

Em maio de 1975, no Boletim da Associação de pesquisas Exológicas (Apex), no 4, deu-se o primeiro “brado da letra” no Brasil e no mundo, sobre a atividade hematófaga dos ufonautas, ou seja, sobre o “vampirismo ufológico”. Ao escrever seu artigo “Anjos ou demônios?”, em especial o capítulo “Eram os vampiros astronautas?”, Grossmann criava a “Ufologia Gótica”, ele mesmo filho dos romenos de origem judaica e descendente direto dos habitantes dos Cárpatos.

 

O VAMPIRISMO NA UFOLOGIA - O fenômeno do vampirismo ufológico, fartamente documentado por casos de animais que aparecem mortos, exangues, com marcas características, parasito-vampirescas por estranhos seres, é um fato incontestável. Segundo Grossmann, seriam “extraterrestres que precisam de sangue em sua ‘medicina especial’, tal como precisamos em nossa medicina terrestre. Extraem sangue de suas vítimas por meio de instrumental mecânico sofisticado e hipnotizam por instrumentos e processos ignorados por nossa ciência, mas obedecendo a princípios científicos comuns. Seu comportamento é aleivoso, esquivo, fugido. Sugam nosso sangue e levam nossos órgãos, como peças de transplante, de reposição fisiológica, para eles e, talvez para seus robôs biônicos... São seres biológicos e não ‘seres espirituais’, como pretendem os defensores das ‘correntes angelicais’. Aproveitam-se, inteligentemente, dos fanáticos místicos da Terra, dando cobertura logística, a eles favorável, às mais desenfreados seitas de desvairados...”.

 

Longe, portanto de uma natureza angelical, diáfana, evanescente, imponderável, intangível e outras pieguices místicas, os extraterrestres constituíram-se em autênticos “predadores biológicos” da humanidade. Grossmann concluiu que o ser humano cometeu o erro de julgar-se o degrau mais alto da cadeia alimentar, o predador universal, a espécie que devora todas as demais espécies: “A casuística ufológica nos alertou para o fato de que existiria um predador específico da espécie humana. Eu enquadraria esse predador na categoria dos seres góticos, que além de hematófagos seriam também biotróficos, ou seja, devoradores de energia”.

 

GROSSMANN E A UFOLOGIA - O interesse de Grossmann pela ufologia remota a infância, aos tempos do pós-segunda Grande Guerra, pois acompanhou pelos jornais as primeiras notícias em torno do aparecimento de estranhos objetos voadores nos céus, logo alçados à condição de mito moderno com a repercussão mundial alcançada por casos clássicos como os de Kenneth Arnold e Roswell. Freqüentou a Associação Brasileira de Estudos de Civilizações Extraterrestres (ABECE), fundada em São Paulo em 1974, participou de uma comissão que extinguiu a ABECE e criou em seu lugar a Apex, presidida pelo Dr. Max Berezovsky, e assim como quase todos os seus membros, conforme descobrimos e divulgamos sem trabalhos anteriores, foi alvo da espionagem política dos agentes do Departamento Político de Ordem Política e Social (DOPS). Exercendo ativamente um posto na diretoria e encarregado da pesquisa de campo, investigou casos célebres como o de João Prestes Filho, queimado e morto por uma luz misteriosa em Araçariguama (SP), episódio que serviu de ponto de partida para que elaborasse a “Hipótese Gótica”.

 

Seguidor de Charles Fort, de quem pegou emprestado a frase “Creio que alguém nos pesca”, foi o primeiro no Brasil a relacionar criptozoologia com ufologia. Entomologista e apicultor, Grossmann trabalhou nos laboratórios do Departamento de Zoologia da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura em São Paulo, onde teve oportunidade de conviver com o compositor e zoólogo Paulo Vanzolini, diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (ESP). Conferencista, autor de vários artigos em periódicos nacionais e internacionais, estudioso das questões ligadas ao judaísmo e à historia em geral, necessitaríamos enfim de dispender muito mais espaço para listar todas as suas capacidades e aptidões. Atualmente está aprimorando a “Hipótese Gótica” e preside o Núcleo Espeleológico “Arne Sakhnussem” e a Fundação Carpática de Pesquisas Góticas, sediadas em sua “casa ecológica” numa das áreas mais privilegiadas do Horto Florestal, no bairro de Tremembé, zona norte da capital paulista.

 

            Enquanto respondia pacientemente às nossas insistentes perguntas em frente ao Plenário do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, um helicóptero teimava em rondar nossas cabeças, ao que Grossmann disparou: “Os pássaros são bem-vindos, mas os helicópteros não!”.

 

Cláudio Suenaga – Quando e de que maneira começou o seu interesse pela ufologia?

Fernando Grossmann – Em 1945, mais ou menos aos 13 anos de idade, acompanhávamos pelos jornais as notícias referentes ao término da Segunda Guerra Mundial e ao Oriente Médio. Foi dessa maneira que tomei conhecimento das primeiras notícias ufológicas vindas dos EUA, como Kenneth Arnold e Roswell. Posso dizer, portanto, que meu interesse nasceu junto com o início da chamada “Era Moderna dos Discos Voadores”. Anos mais tarde, passei a freqüentar os fóruns da ABECE [NE.: Associação Brasileira de Estudos científicos e Espaciais], participei da fundação da APEX [N.E: Associação de Pesquisas Exológicas] e fui me tornando um militante da causa ufológica. Passei a pesquisar, a escrever, a fazer conferências e a procurar aprofundar meu nível de conhecimento. Cheguei até a formular uma hipótese ufológica, que considero a contribuição máxima que um ufólogo pode prestar à ufologia, já que toda a bagagem anterior é usada para a formulação de uma hipótese. Ainda continuo ávido por qualquer notícia ufológica que saia na imprensa ou através de outras pessoas. Desenvolvi um sistema de triagem para separar o joio do trigo e não embarcar em alegações ingênuas, e mesmo diante de casos aparentemente sérios, minha conduta é de pesquisar objetivamente, sem deixar escapar nenhum detalhe. A ufologia é uma luta permanente para separar o joio do trigo, o que é confiável do que não é confiável, o que está dentro da lógica e o que é contrario a ela. E isso tudo eu prossigo fazendo até hoje, cada vez com maior entusiasmo.

 

CS: A hipótese que você elaborou e que chamou de “Hipótese Gótica”, incorporou-se ao seu próprio modo de pensar. Esmiúce-nos o que seria essa hipótese e qual a relação dela com suas origens.

FG: Em 1974eu procurava classificar os casos dentro de uma determinada categoria. A certa altura percebi que a maioria tinha semelhanças com os da leitura gótica. Meus pais são da Romênia, destarte, desde criança, estava familiarizando com o folclore das regiões carpáticas e da Transilvânia. Nada acontece por acaso. Sem querer me situar num plano superior a quem quer que seja, eu era a pessoa que reunia as condições de me tornar um instrumento da história e criar uma hipótese ufológica, a Hipótese Gótica. A literatura gótica, como você sabe, trata de vampiros, lobisomens e seres com os mesmos poderes e características daqueles encontrados na casuística ufológica. Penso que o sobrenatural de antigamente é o ufológico da atualidade, interpretado sob dois diferentes contextos culturais. As casuísticas justapõem-se, os contrastes culturais é que seriam divergentes. Antes de cogitar uma explicação extraterrestre, o homem, na ânsia de encontrar uma explicação para os fatos que estavam além de seu conhecimento, apelou para o sobrenatural!

 

CS: Cite-nos alguns casos que se enquadram dentro da categoria gótica.

FG: Em 1977, apenas dois anos depois da publicação do meu artigo “Anjos ou Demônios?”, no boletim da Apex, a Hipótese Gótica se confirmava e se consolidava com o fenômeno chupa-chupa nas regiões adjacentes a São Luís do Maranhão e a Belém do Pará. A onda foi muito bem pesquisada e relatada pelo ufólogo e biólogo Daniel Rebisso Giese em seu livro “Vampiros, Extraterrestres na Amazônia”. Os militares do 1º Comando Aéreo Regional (Comar) de Belém investigaram e a médica sanitarista Wellaide Cecim Carvalho incorporou a sintomatologia médica à ufologia. É importante ressaltar que o fenômeno chupa-chupa não se restringiu ao Pará e ao Maranhão, e nem ocorreu pela primeira vez nesses Estados. Ele é um fenômeno mais antigo e mais disperso, mas a sintomatologia não era conhecida. Embora as testemunhas relatassem alterações fisiológicas, estas não eram valorizadas ou corretamente interpretadas pelos ufólogos, que não incorporavam essa sintomatologia medica ao fenômeno chupa-chupa e nem se quer conheciam por esse nome. O caso mais antigo que encontrei é da década de 1930, acontecido no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, conforme foi descrito no livro “Ufos e Abduções no Brasil”, da professora Irene Granchi. Ela não se tocou que era um caso chupa-chupa, muito menos que era um caso gótico, e relegou a sintomatologia ao segundo plano. O curioso no fenômeno chupa-chupa é o quanto está relacionado com locais próximos à água. Esse caso de Jacarepaguá ocorreu perto de uma represa. Em março de 1946, João Prestes Filho havia acabado retornar de uma pescaria às margens do rio Tietê, quando foi atacado por uma luz desconhecida. Caso similar ao de Prestes ocorreria na Ilha dos Caranguejos, em São Luís do Maranhão, onde o chupa-chupa matou uma pessoa, descarando-a parcialmente, e provocou ferimentos em outras três. Na década de 1960, houve ainda o caso das Máscaras de Chumbo, no Morro do Vintém, em Niterói (RJ), e o caso do litoral fluminense, onde duas pessoas tiveram morte semelhante ao das Máscaras de Chumbo. Todos esses casos reunidos permitiam-me interferir que o mesmo fenômeno pode atuar com diferentes níveis de intensidade. Pode levar simplesmente à perda de um pouco de sangue ou chegar a extremos, com morte e descarnamento, como no caso Prestes.

 

CS: Em seu artigo “Anjos ou Demônios?”, o Senhor conclui, a propósito, que o ser humano cometeu o erro de se julgar o degrau mais alto da cadeia alimentar...

FG: Sabemos que na Natureza, desde os mais minúsculos seres até os mais volumosos, todos devoram a todos. É a chamada cadeia alimentar. Toda espécie possui um predador específico que se alimenta daquela espécie. O ser humano cometeu o erro de se julgar o predador universal, a espécie que devora todas as demais espécies, pois a casuística ufológica nos alertou para o fato de que existiria um predador situado num patamar superior do que o da espécie humana, um predador específico da espécie humana. Eu enquadro esse predador na categoria dos seres góticos, que além de hematófagos seriam também biotróficos, isto é, devoradores de energia. O Prestes, por exemplo, sofreu uma ação biotrófica, toda a biovitalidade dele foi sugada ao extremo, de modo que só restaram tecidos mortos. Enquanto morria, ele dizia categoricamente que não sentia nenhuma dor, apesar de pedaços de carne estarem se desgrudando do seu corpo. Já em outros casos, a intensidade da ação foi suficiente para matar, mas não queimar ou descarnar, como no das Máscaras de Chumbo. Na Ilha dos Caranguejos, houve descarnamento apenas parcial.

 

CS: Por que o mundo dos predadores e o mundo dos predados seriam mundos paralelos?

FG: Tem se falado muito em mundos paralelos, mas a minha concepção foge do convencional. Uns entendem os mundos paralelos como sendo diferentes níveis de vibrações. Outros se baseiam no paradigma de Moebius, a fita do Moebius, que é o modelo físico dos mundos paralelos. Isso não resolve o problema porque as eventuais dobras do espaço do espaço-tempo, etc., situaram-se em nível galáctico, seriam distâncias incomensuráveis, e esses fenômenos atuam junto de nós. Eu proponho um modelo de mundo paralelo baseado na intercalação de ciclos biológicos. Um inicia onde termina o outro, o que torna o mundo dos predadores indiscerníveis, indevassáveis e impenetráveis para os predados. O predador tem a capacidade de penetrar o mundo do predado, mas o predado não tem capacidade de penetrar o mundo do predador. Nós, por exemplo, manipulamos insetos como as abelhas, temos a capacidade de decodificar o sistema de comunicação delas, a linguagem que usam. Elas, porém, não têm a capacidade de discernir como nos comunicamos. Elas apenas podem percebera presença de uma força que interfere no mundo delas, à qual às vezes respondem contra-atacando agressivamente. Até chegam a nos atingir, mas são incapazes de descobrir quem somos e o que pretendemos.

 

CS: Você costuma comparar o procedimento dos UFOs, fazendo analogias com um pescador sentado à beira de um rio pescando lambaris...

FG: O pescador não tem interesse algum em comunicar-se com os lambaris. Procura não ser pressentido pelas suas vítimas para não despertá-las, e ele conhece muito bem seus hábitos e costumes. E toda vez que surge dentro da água um misterioso objeto não identificado, em forma de anzol, com uma apetitosa minhoca espetada na ponta, um lambari desaparece misteriosamente, sem deixar rastros. Conhecendo profundamente nossos hábitos sociais e psicologia, eles lançam-nos seus anzóis arquétipos via telepática, sob forma de atraentes doutrinas místicas e promessas de salvação. Isto naturalmente em troca de submissão... E milhares de terrestres mordem a isca. Já existia a formosa frase de Charles Fort: “Alguém nos pesca!”.

 

CS: Diga-nos: De onde vienen “Ellos”?

FG:Ellos” no vienen de lejanos mundos de inconmensurables distancias, de millares de años luz. “Ellos” vienen de muy más cercano do que suponia Grasmmostola. “Ellos” vienen del proprio cuerpo de Grammostola, donde realizan sus metamorfosis...

 

CS: O Senhor referiu-se à alegoria da Aranha e da Vespa Caçadora que elaborou para servir de paradigma à interpretação do fenômeno UFO em geral e da abdução e da casuística gótica em particular. No que consiste essa alegoria?

FG: Nós temos um predador específico que seria hematófago e biotrófico e que nos abduz tal como a Vespa Caçadora (Pepsis) “abduz” a Aranha Caranguejeira (Grammostola, também caçadora) para fins reprodutivos. Tudo indica que nós fazemos parte não só do sistema alimentar deles, mas também do reprodutivo. Todo o fenômeno da abdução indica que somos “materiais biológicos” para a reprodução “deles”. Há uma interdependência entre o predador e o predado. O predador não visa exterminar o predado, e sim usufruir dele até um determinado grau. O extermínio do predado levaria também ao extermínio do predador que dele depende pra sobreviver e se reproduzir.

 

CS: Qual a posição que a Criptozoologia ocupa na Ciência e qual a conexão dessas criaturas com as teorias correntes sobre a evolução da vida na Terra?

FG: A posição que ocupa é muito maior do que se supõe à primeira vista. Há seres de que são vistos em relatos há milênios, nas cujas existências ainda dos locais habitados. Os ufólogos procuram explicam os seres criptozoológicos como sendo ufonauta ou seres manipulados pelos ufonautas.É uma teoria interessante que ainda precisa ser comprovada. Eu tenho uma outra, que passa necessariamente pela revisão da origem e evolução da vida na Terra. Há bilhões de anos, a nossa atmosfera era bastante diferente e não contava com a camada protetora de ozônio. Eu acho que a vida veio de fora, estou de acordo com a Panspermia de Svante Arrhenius, e se desenvolveu no fundo do mar e subterraneamente em galerias e bolsões das camadas superficiais da Terra. A superfície da Terra foi a última fronteira a ser conquistada, isso quando o reino vegetal modificou a composição de nossa atmosfera e surgiu a camada protetora de ozônio. Os remanescentes dessa fauna criptozoológica sobreviveram em nichos ecológicos não ocupados ou não detectados por nós e continuaram a aparecer esporadicamente até chegarem à era atual. E justamente agora que estamos destruindo a camada protetora de ozônio degradando o meio ambiente em geral, tornando as condições favoráveis para a proliferação dos remanescentes criptozoológicos, essas criaturas têm aparecido cada vez mais em maior número.

 

CS: Tomando a clássica obra “Viagem ao Centro da Terra”, de Julio Verne, o Senhor admite a existência de civilizações sob a crosta terrestre?

FG: Em primeiro lugar, gostaria de rebater a hipótese inicial da Terra oca, que não tem chance de corresponder à realidade. Mas isso absolutamente não invalida a idéia de mundos subterrâneos. Na minha concepção, existem bolsões mais superficiais, já que a Terra se assemelha a um queijo suíço, cheio de cavidades. Nesses bolsões ou cavidades existem nichos ecológicos não destacados por nossa ciência. Inúmeros casos falam de discos voadores saindo de crateras de vulcões ou do fundo do mar. A hipótese de mundos subterrâneos explica muito mais do que a hipótese extraterrestre, sem exclui-la, naturalmente. Explica por exemplo a presença quase diária de UFOs em nossa atmosfera desde os tempos imemoriais. Em seu livro “Passaporte para Magonia”, Jaques Vallée resgata antigas lembranças e tradições de contatos com inteligências não-humanas registrada pela memória coletiva dos povos ao longo da história.

 

CS: Até agora usamos o termo “extraterrestre” meramente por convenção e força de expressão, por ser esse um termo de uso comum para designar os ufonautas. Todavia, em sua conferência intitulada “Extraterrestres: a hipótese infantil da ufologia”, o Senhor tece severas críticas e lança outras alternativas...

FG: A hipótese interplanetária foi a primeira a ser aceita, mas ela sofreu deformações por ter se tornado absoluta. A veracidade de uma hipótese não exclui a veracidade de outras hipóteses. Quando se fala em confusão do fenômeno UFO com fenômenos astronômicos, meteorológicos, etc., isso é uma verdade que corresponde a uma certa porcentagem da casuística. Quando se fala em armas secretas de litigantes, isso também é uma verdade que corresponde a outros tantos por cento. Quando se fala na hipótese interplanetária, ela continua sendo uma possibilidade que pode estar acontecendo. Quando se fala em mundos paralelos e em viajantes do tempo, também... Uma hipótese não exclui outra! Não obstante, a explicação para a presença quase diária de UFOs desde a pré-história, converge para uma hipótese não interplanetária. Além disso, as seitas místicas e pseudomísticas valeram-se da hipótese interplanetária para justificar todo tipo de atrocidades que cometeram em nome dos novos deuses extraterrestres. Um dos erros mais típicos, uma das doenças do período infantil da ufologia, é que se chegou até a cogitar a existência de civilizações tecnológicas na lua. Com o desenvolvimento, da Astronáutica e dos seus meios de prospecção, os adeptos da hipótese extraterrestre tiveram que ir afastando essas civilizações tecnológicas cada vez mais longe, para Vênus, Marte, para os satélites de Júpiter – sendo que erroneamente escolheram Ganimedes, o maior dos satélites galileanos, quando atualmente se sabe que os melhores candidatos para abrigar vida são menores: Europa e Io –, para os planetas de outras estrelas, etc. À medida que nossos meios prospectivos avançavam, tiveram que ir empurrando cada vez mais para longe a procedência dos discos voadores.

 

* Cláudio Tsuyoshi Suenaga é Mestre em História pela Unesp.

 

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