Belo Horizonte:
Cruzeiro é campeão brasileiro em 2014
Em tarde histórica, Cruzeiro vence o Goiás no Mineirão e fatura o
tetracampeonato brasileiro.*
Cruzeiro não encontrou facilidades, mas conseguiu a tão almejada
vitória.
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Por tudo que fez durante todo o Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro
merecia confirmar seu quarto título nacional de maneira inesquecível. E
o cenário de sonhos imaginado por jogadores, comissão técnica, diretoria
e pela china azul se concretizou neste domingo. Mineirão tomado por mais
de 56 mil torcedores – apesar da forte chuva que caiu em Belo Horizonte
– e uma vitória sobre o Goiás, por 2 x 1, foram os ingredientes
perfeitos para a enorme festa que tomou conta da capital após o apito
final e que não tem hora para acabar.
Dentro de campo, o time de Marcelo Oliveira fez o que dele se esperava.
Partiu para cima do rival esmeraldino e conseguiu abrir o placar com
Ricardo Goulart. O adversário foi guerreiro e empatou ainda na primeira
etapa, com Samuel. Mas Everton Ribeiro decretou a vitória assegurou o
tão sonhado título.
A conquista, com duas rodadas de antecedência, foi excepcional para o
Cruzeiro, que tira o peso do Brasileirão das costas e agora pode se
preocupar exclusivamente com a finalíssima da Copa do Brasil, que
acontece nesta quarta-feira, contra o arquirrival Atlético, novamente no
Gigante da Pampulha – o Galo venceu o jogo de ida por 2 x 0.
O tetracampeão brasileiro encerra sua participação no torneio que se
acostumou a vencer no próximo domingo, contra a Chapecoense, em Chapecó,
e por fim diante do Fluminense, no dia 7 de dezembro, em Belo Horizonte.
O JOGO
Muita água. Essa foi a tônica da primeira etapa. Com o gramado
totalmente encharcado e povoado por poças d'água, o duelo que definiu o
campeão brasileiro deixou a desejar no quesito qualidade. O Cruzeiro e o
Goiás, além de se enfrentarem, travaram uma verdadeira batalha com o
campo de jogo.
Apesar disso, a vontade dos times - principalmente do Cruzeiro - falou
mais alto no início da partida. Os primeiros 5 minutos foram de posse de
bola quase que exclusiva do time da casa, que tentava sem sucesso
assustar o adversário. No entanto, a calmaria terminou aos 7, com
Marcelo Moreno aproveitando bola alçada na área e quase abrindo o
marcador: o centroavante subiu mais que a zaga, se valeu de saída
atrapalhada de Renan e acertou as redes, mas pelo lado de fora.
E não tinha jeito. Foi pelo alto que o placar começou a tomar forma. Aos
13 minutos, aproveitando o lado direito do ataque - o menos alagado do
gramado - Mayke cruzou na cabeça de Ricardo Goulart, que desviou de
cabeça sem chances para o goleiro goiano. Cruzeiro 1 a 0 e festa nas
arquibancadas!
Após o gol, o time de Minas Gerais manteve a pegada apostando nas
jogadas aéreas sempre pelo flanco direito. O desenho do time em campo
mostrava a clara opção de evitar as enormes poças d'água e,
consequentemente, as subidas do lateral-esquerdo Egídio. Aos 17 minutos,
quem chegou com perigo novamente foram os donos da casa. Em falta
cobrança de falta, do meio da rua, Lucas Silva bateu com violência e
acertou a meta, mas Renan foi muito bem e encaixou sem dar rebote.
Em alguns momentos, chutões do Goiás soavam como contra-ataques, mas em
nada resultavam. Até que aos 22 minutos, em lance de bola parada, o time
que não assustava chegou a um surpreendente empate. David cobrou falta
da intermediária direto na área, a zaga cruzeirense se atrapalhou e
Samuel, sozinho, teve tempo para dominar e bater bonito no alto para
igualar o placar.
A partir daí, um panorama mais equilibrado se apresentou. O Cruzeiro não
era mais tão perigoso pela direita e o Goiás conseguiu ter mais posse,
chegando por diversas vezes com perigo à meta cruzeirense. Aos 30
minutos, a zaga celeste marcou a bola no lançamento e foi encoberta.
Ramon ajeitou dentro da área e bateu para boa defesa de Fábio.
Muitas faltas (não desleais), jogadas atrapalhadas, tentativas de
jogadas aéreas e brigas com a água no gramado foram suficientes para
atrapalhar a tentativa de alterar o placar antes do intervalo. Léo bem
que tentou aos 43 minutos, quando subiu bem em escanteio e cabeceou
firme muito próximo ao ângulo direito de Renan, mas foi só. Nada mal
para o Cruzeiro, que com o resultado e o 0 a 0 no jogo do São Paulo,
desceu para os vestiários bicampeão brasileiro.
Durante o intervalo, a chuva reduzida e o trabalho dos funcionários do
estádio proporcionaram um gramado mais agradável para a prática do
futebol. Os times de fato começaram trocando mais passes, mas nada que
mereça registro foi registrado nos 10 minutos iniciais. Houve um início
de polêmica em um lance de bola na mão na área cruzeirense, mas o
árbitro catarinense Paulo Henrique Godoy Bezerra mandou seguir.
Aos 13 minutos, Egídio entrou em velocidade e escorou para dentro da
área lançamento da intermediária, mas ninguém aproveitou. Neste momento,
com o empate o Cruzeiro não era campeão, já que o São Paulo acabara de
abrir o placar contra o Santos. O placar eletrônico do Mineirão não
mostrou o resultado do clássico paulista, mas a torcida tratou de
acordar e empurrar o time para a vitória.
E o segundo gol chegou: novamente antes dos 20 minutos (aos 17),
novamente pelo alto, mas desta vez pela cabeçada de Everton Ribeiro.
Vindo da esquerda, o cruzamento que encontrou o atacante sozinho dentro
da área foi de William. Nova festa nas arquibancadas, agora talvez com
maior consciência de que a vitória era fundamental.
O jogo ficou mais aberto e, aos 21 minutos, quase que o Goiás empata
novamente. Em jogada confusa de cruzamento, a bola desviou em Bruno
Rodrigo e foi contra o patrimônio. Fábio, atento, operou um milagre e
salvou a meta cruzeirense. Dois minutos depois, o Goiás achou a trave em
chute desviado e, no rebote, defesa à queima-roupa do arqueiro
cruzeirense. A arbitragem já tinha marcado impedimento, mas a torcida
vibrou como se fosse o terceiro gol.
Mesmo à frente no marcador e com a obrigação de segurar a vitória, o
Cruzeiro insistia em ser ofensivo dentro de campo - apostando nas
jogadas de linha de fundo - e dava alguns espaços para contra-ataques.
Como no primeiro tempo, este foi o momento de jogo mais aberto.
Fora das quatro linhas, uma postura mais cautelosa veio do técnico
Marcelo Oliveira. Lucas Silva foi sacado para a entrada de Nilton e,
mais tarde, Marcelo Moreno foi substituído pelo experiente Júlio
Baptista. Do lado do Goiás, Esquerdinha substituiu Ramon, mas o destaque
ficou por conta da disposição da equipe goiana.
A partir dos 30 minutos, a partida se transformou em uma eterna contagem
regressiva para o título com pitadas de emoções fortes. Em uma delas,
aos 40, Fábio salvou mais uma vez em defesa estranha após desvio de
cabeça ter ganhado velocidade com a ajuda do gramado escorregadio.
Aos 45, novo milagre de Fábio - novamente em lance com impedimento já
marcado. Só faltavam então os 3 minutos de acréscimo e um Goiás tentando
melar a festa do título. Em vão. A torcida já cantava o que se
confirmou: o Cruzeiro era mesmo bicampeão brasileiro.
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Cruzeiro lotou o Mineirão e recebeu uma calorosa saudação de seus
torcedores.
FICHA TÉCNICA
CRUZEIRO 2 x 1 GOIÁS
CRUZEIRO - Fábio; Mayke (Eurico), Léo, Bruno Rodrigo e Egídio; Henrique,
Lucas Silva (Nilton), Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e Willian;
Marcelo Moreno (Júlio Baptista). Técnico: Marcelo Oliveira.
GOIÁS - Renan; Tiago Real, Jackson, Pedro Henrique e Felipe Saturnino
(Lima); Amaral, Tiago Mendes, David (Wellington Jr.) e Ramon; Samuel e
Erik. Técnico: Ricardo Drubscky.
GOLS - Ricardo Goulart, aos 13, e Samuel, aos 22 minutos do primeiro
tempo; Everton Ribeiro, aos 17 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Henrique (Cruzeiro); Tiago Real (Goiás).
ÁRBITRO - Paulo Henrique Godoy Bezerra (SC).
RENDA - R$ 3.609.142,00.
PÚBLICO - 56.769 pagantes (57.129 no total).
LOCAL - Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG).
Para jogadores e comissão técnica, título coroa mais uma campanha
brilhante no Brasileiro
A euforia tomou conta de jogadores, comissão técnica e diretoria
cruzeirense após a conquista do tetracampeonato brasileiro, concretizado
neste domingo com a vitória por 2 a 1 sobre o Goiás, no Mineirão. Para
os envolvidos, o segundo título nacional seguido teve um gostinho ainda
mais especial que no ano passado, por consolidar o trabalho vitorioso
iniciado imediatamente após a frustrante temporada de 2012.
“É diferente de tudo. O bi é mais difícil de você conquistar. Os times
já conhecem sua forma de jogar, já têm um respeito diferenciado, fica
mais difícil. Nosso time mostrou competência, capacidade e união, que
acho que foi o forte deste grupo”, explicou o zagueiro Dedé, que apesar
de contundido participou da festa no gramado do Gigante da Pampulha.
Já o técnico Marcelo Oliveira enfatizou o bom ambiente existente no
clube, algo fundamental para manter o Cruzeiro no caminho das vitórias.
“Foi um trabalho bem feito pela diretoria, que apostou no grupo, dá
apoio e também cobra quando preciso. Estamos com uma sintonia muito boa,
e os jogadores são guerreiros, como sempre. Tudo isso foi um trabalho,
nada veio de mão beijada, nada foi doado, tudo foi construído com muito
sacrifício e superação, além de união”, destacou o comandante.
Marcelo também lembrou que o Cruzeiro foi muito superior aos demais
concorrentes durante toda a competição e que o título é um prêmio por
tudo que foi feito em 2014. “Coroamos um trabalho de sete para oito
meses, como melhor mandante, visitante, melhor ataque, time que mais
ficou na primeira posição, maior sequência de vitórias, time com menos
derrota”, disse.
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Fábio
exibiu com orgulho o troféu oferecido ao Cruzeiro pela Rádio Itatiaia.
Bi-brasileiro coloca Marcelo Oliveira entre os maiores técnicos da
história celeste
O tetracampeonato brasileiro conquistado pelo Cruzeiro, neste domingo,
na vitória sobre o Goiás, no Mineirão, apenas confirmou a supremacia da
equipe estrelada no cenário nacional pela segunda temporada consecutiva.
Com um trabalho inquestionável, pode-se dizer que os dois títulos
seguidos alçam Marcelo Oliveira ao nível dos maiores treinadores da
história do clube celeste.
Os números do Cruzeiro nas mãos do atual comandante são impressionantes.
Em 136 jogos, a equipe venceu 92, empatou 23 e foi derrotada somente 21
vezes. Um aproveitamento de 73%, o maior dentre todos os técnicos da
história da Raposa, superando até Vanderlei Luxemburgo, que obteve 70,4%
dos pontos em 107 jogos à frente do time entre 2002 e 2004.
Puxando pela ordem cronológica das grandes conquistas da Raposa, alguns
comandantes se destacaram ao lado de Marcelo Oliveira. Primeiramente, os
irmãos Airton e Zezé Moreira, que levaram o Cruzeiro aos títulos da Copa
Brasil de 1966 e da Libertadores de 1976, respectivamente, feitos
históricos que abriram as portas para o clube celeste no Brasil e nas
Américas.
Depois, vieram Paulo Autuori, que estava à frente da equipe que levantou
o bi continental em 1997, e Luxemburgo, responsável por montar o elenco
campeão da Tríplice Coroa em 2003. Todos estes estão entre os
treinadores que merecem ser lembrados para sempre pelos torcedores
celestes. O lendário Ênio Andrade é outro que tem grande destaque na
‘galeria azul dos técnicos’.
E Marcelo Oliveira entra de vez na lista dos grandes técnicos da
história do Cruzeiro pelos grandes feitos alcançados em dois anos
seguidos de trabalho, sequência que os técnicos citados anteriormente
não conseguiram obter no clube.
Tríplice Coroa
Além do bicampeonato brasileiro, com o time quebrando vários recordes
dentro da competição, Marcelo Oliveira já levou o clube à conquista do
Estadual desta temporada, de forma invicta, e tem a chance de repetir a
Tríplice Coroa se a equipe conquistar o título da Copa do Brasil, nesta
quarta-feira, no Mineirão, justamente no clássico contra o Atlético.
Para isso, a Raposa precisará vencer por três gols de diferença ou
repetir o placar de 2 a 0 do jogo de ida e levar a decisão para os
pênaltis.
Independentemente do resultado na Copa do Brasil, Marcelo já deixou sua
marca. Chegou no início de 2013 bastante criticado por boa parte da
torcida, por causa da forte ligação com o arquirrival, no entanto,
conseguiu provar competência e profissionalismo para cravar seu nome no
Cruzeiro.
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Moreno, Willian e Júlio Batista: uma ataque para a história do clube.
Cruzeiro se torna o clube brasileiro com mais conquistas nacionais dos
últimos anos
Quando o árbitro Paulo Godoy Bezerra apitou o fim de Cruzeiro x Goiás no
Mineirão e a China Azul vibrou a conquista do bicampeonato brasileiro
neste domingo, o clube celeste se tornou o time com mais conquistas
nacionais desde a era dos pontos corridos.
São quatro canecos levantados. Em 2003, foram dois títulos nacionais com
o timaço que faturou a Tríplice Coroa ao levar o Campeonato Brasileiro e
a Copa do Brasil (além do Campeonato Mineiro).
No ano passado, a Raposa também passeou pelos gramados tupiniquins e
levou o troféu com quatro rodadas de antecedência. Agora, com menos
facilidade, mas com folga, o time celeste leva para o Barro Preto mais
uma taça nacional, com dois jogos antes do fim da competição.
Os clubes que mais se aproximam do Cruzeiro são Corinthians, Fluminense
e São Paulo, com três títulos cada.
Veja as conquistas nacionais de cada equipe desde os pontos corridos:
2003
Campeão Brasileiro: Cruzeiro
Campeão da Copa do Brasil: Cruzeiro
2004
Campeão Brasileiro: Santos
Campeão da Copa do Brasil: Santo André
2005
Campeão Brasileiro: Corinthians
Campeão da Copa do Brasil: Paulista
2006
Campeão Brasileiro: São Paulo
Campeão da Copa do Brasil: Flamengo
2007
Campeão Brasileiro: São Paulo
Campeão da Copa do Brasil: Fluminense
2008
Campeão Brasileiro: São Paulo
Campeão da Copa do Brasil: Sport
2009
Campeão Brasileiro: Flamengo
Campeão da Copa do Brasil: Corinthians
2010
Campeão Brasileiro: Fluminense
Campeão da Copa do Brasil: Santos
2011
Campeão Brasileiro: Corinthians
Campeão da Copa do Brasil: Vasco
2012
Campeão Brasileiro: Fluminense
Campeão da Copa do Brasil: Palmeiras
2013
Campeão Brasileiro: Cruzeiro
Campeão da Copa do Brasil: Flamengo
* Informações da Rádio Itatiaia (BH).
24/11/2014
Fotos: Washington Alves/Vipcomm-Light Press/Cristiane Mattos/Futura
Press/Estadão Conteúdo/Ursula Nogueira.
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